- Mais pro lado...

 

- Eu não sei se eu alcanço...

 

- Consegui sim...

 

- Eu... acho que não vai dar...

 

Ruki olhava a cena e começou a rir, me fazendo desequilibrar e finalmente cair. E logo depois senti Uruha cair sobre mim. E Kai cair sobre ele. E Reita coroar o "montinho". Bem que eu não tinha sido muito favorável à idéia de jogar Twister no pátio do templo. Logo em seguida vi os pés de Ruki se aproximar de nós numa velocidade maior do que o normal.

 

- MONTINHOOOOOOOOO!!! \\o/

 

- EU QUERO RESPIRAAAAAR! - Gritei em resposta, lá de baixo.

 

Depois de uns cinco minutos, tempo que os outros quatro demoraram pra sair de cima de mim, eu pude finalmente respirar. Uruha estava sentado no chão do meu lado, rindo.

 

- Da próxima vez você fica embaixo, Uru.

 

- A culpa não é minha se você acabou esbarrando no meu pé e se desequilibrando. E que graça teria se ninguém caísse?

 

Eu só o olhei atravessado e depois sorri, bagunçando seus cabelos. Ele se encolheu, tentando fugir.

 

- Mas que mania!

 

Eu comecei a rir, indo pra cima dele e lhe fazendo cócegas. Era bom ouvir sua gargalhada tão espontânea. Sentei em cima de seu quadril, as mãos atacando seu abdômen, enquanto Uruha se contorcia.

 

- Pára! Eu não consigo respirar!

 

- Sofra o que eu sofri!

 

Depois de um tempo, eu parei, colocando as mãos na cintura, vendo Uruha parar de rir, secar as lágrimas e tentar respirar. Ele era realmente lindo. Levou alguns segundos pra que ele conseguisse respirar de novo, depois me olhou, as mãos pousando nas minhas coxas.

 

- Ainda vai me atacar?

 

Por alguns segundos eu não consegui responder. Não com aquelas mãos em mim. Vi um sorriso de canto no rosto dele, e isso fez meu cérebro funcionar novamente, e sair de cima dele.

 

- Não, não. Acho que já te puni o suficiente.

 

Estendi a mão, puxando-o pra cima. Fomos até a casa de Kai, tomar alguma coisa. Parecíamos um bando de crianças. E eu ainda estava perturbado com aquelas mãos nas minhas coxas. E... aquele sorriso sarcástico de Ruki na minha direção estava me irritando muito. Não fosse pelo tamanho de Reita, eu já teria ido tirar satisfações com o menor. Mas eu ainda tinha amor a vida.

 

 

 

- Eu vi...

 

- Cala a boca, Ruki.

 

O baixinho ria, rolando no sofá da minha casa. O infeliz teve a brilhante idéia de ir na minha casa no dia seguinte ao dia do "volte a ser criança" no templo de Kai. E ainda bem que ele estava sem Reita. Eu poderia socá-lo a vontade.

 

- Mas... Falando sério, Aoi. Será possível que nem você percebeu?

 

- Percebi o quê? - respondi, grosseiro.

 

- Meu deus! Não acredito que você é tão lerdo assim! Não é possível!

 

- Vai falar ou eu vou ter que te bater? Hoje eu posso te socar sem risco de vida.

 

- Encoste a mão em mim e Reita te quebra no meio, Aoi-neko.

 

- Vai valer a pena.

 

- Okkay, já entendi! Parei.

 

- Ótimo.

 

- Mas ainda não acredito que você não percebeu.

 

- Percebi o quê, inferno?

 

Ele se sentou, me olhando com um sorriso maroto. Parecia uma criança prestes a contar o final do filme para aquele primo que é sempre o saco de pancadas. É, era uma comparação bem válida.

 

- Aoi, você é tão lerdo, mas TÃO lerdo que não percebeu nem o que você sente.

 

- Ahn... Vontade de te expulsar da minha casa a pontapés?

 

- Não, seu baka... Eu me refiro a Uruha.

 

Suspirei, fechando a cara. Fiquei olhando, esperando o Tarzan de samambaia concluir.

 

- Será possível que você não percebeu que... Droga, Aoi, você ama ele!

 

Fechei mais a cara, tendo plena noção de que o meu rosto estava vermelho. Claro que eu já tinha percebido isso. Foi isso que me fez voltar atrás da minha decisão de me afastar de Uruha. Mas eu não precisava de um jardineiro de bonsai pra me jogar aquilo na cara. Ruki voltou a rir, se divertindo. Depois de alguns segundos, recuperou o fôlego - infelizmente.

 

- E se você nem tinha percebido isso, mais do que óbvio que você não percebeu o que o Uruha sente...

 

- Não fale do que você não sabe, Ruki. - meu tom sério fez ele parar de rir. - Eu não quero criar falsas esperanças.

 

- Tudo bem, eu peço pro Uruha pendurar um cartaz no pescoço. Quem sabe você percebe alguma coisa, não é?

 

- Você nem sonhe em falar alguma coisa com o Uruha, entendeu?

 

Ruki sorriu de canto.

 

- Tudo bem... Mas você deveria ser um pouco mais atento, Aoi.

 

Suspirei, cansado.

 

- Não é questão de ser atento... Eu só... não quero me iludir.

 

- Iludir? Aoi, você está esperando ele se jogar nos seus braços e dizer "faça sexo selvagem comigo a madrugada toda"?

 

- Eu realmente não quero saber de onde essa frase surgiu.

 

-...

 

- Só me diz que você não falou isso pro Reita.

 

- Não seja idiota, Aoi.

 

- Que bom. E além do mais... Eu não quero magoá-lo, Ruki. Não de novo.

 

Ruki ficou me olhando, o cenho franzido. Eu encarava as minhas mãos jogadas no meu colo.

 

- Você sabe que depois da transformação eu fico com um mau humor insuportável e saio dando patada em todo mundo...

 

- É, eu e Kai sabemos muito bem disso.

 

- Vem cá, você veio aqui pra me dar um apoio mesmo?

 

- É.

 

- Não ta parecendo.

 

- Desculpa se eu não sou delicado como o Kai. Mas... já ta me irritando! Caramba, você gosta dele, ele gosta de você - nem venha dizendo que não, porque ta mais do que na cara... Droga, por que vocês não estão juntos? Deixa de ser covarde, Shiroyama!

 

-...

 

-...

 

- Eu vou agora ligar pro Suzuki.

 

- Hã?

 

- É. Você amadureceu, Ruki.

 

Foi a vez dele abaixar a cabeça, um rubor nas faces. E eu ri de seu constrangimento, mas sabendo que ele tinha razão. Eu só... não sabia como eu iria fazer o que ele havia mandado.

 

 

 

Continua...