The Eyes Of a Panther escrita por Jibrille_chan


Capítulo 5
Capítulo 5




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- Esse anel não vai deixar seu dedo... não... Até que você aprenda... que você compreenda...

Estávamos deitados de bruços no chão, na beirada do lago. Eu fitando as carpas do Kai, a boca salivando e Uruha do meu lado, tentando me convencer a não fazer o que estava em minha mente.

- Mas Aoi, o Kai vai ficar furioso com você! Mas...

Me virei, olhando-o, curioso.

- Estou curioso quanto às suas habilidades felinas, Aoi!

Rodei os olhos, negando com a cabeça. Ouvi sua risada.

- Ne... Aoi?

Senti ele se aproximando, e me assustei um pouco.

- Você ronrona?

Arregalei os olhos, olhando-o. As vantagens de não ser humano em horas como aquelas era que eu não estava ruborizado. Mas antes que eu pudesse me afastar, senti seus dedos macios no pêlo negro, acariciando atrás da orelha. E não pude impedir o instinto de fechar os olhos. Só abri quando ouvi a risada de Uruha novamente.

- Você ronrona! Que bonitinho!

Grunhi, deitando a cabeça entre as patas, fechando os olhos e apreciando aqueles dedos em mim. Acho que ninguém tinha feito aquilo, apenas... um carinho. Sem outras intenções. Sem malícia. Apenas... carinho, gentileza.

- Eu sempre quis ter um gato. Mas eu moro em apartamento... e o meu prédio não autoriza a criação de animais.

Seu tom de voz era o de uma criança triste. Não pude evitar de sorrir internamente. Havia momentos como aquele em que Uruha realmente parecia uma criança. Tão adorável. Ouvi o loiro suspirar, e depois senti um peso sobre mim, e me assustei ao ver que era... Uruha.

- Começando a ficar cansado...

Comecei a cutucá-lo, apontando pra direção da saída, torcendo para que ele entendesse. Ele franziu o cenho, confuso, depois olhou na direção que eu mostrava.

- O quê? Ir embora? - acenei afirmativamente. - E perder você voltando ao normal pra eu te zoar que você ronrona? Nunca!

Ele riu, deitando-se de costas no chão, os braços atrás da cabeça. Não demorou muito para que seus olhos se fechassem e sua respiração se tornasse ritmada. E a culpa me corroia ao vê-lo dormir no chão tão desconfortavelmente apenas para não me deixar sozinho. O mínimo que eu poderia fazer, era velar seu sono.

Uma rajada de vento mais frio passou, fazendo com que o loiro se encolhesse um pouco. E a culpa me açoitar mais. Suspirei, levantando-me, e colocando as patas dianteiras e a cabeça sobre o tórax de Uruha. Não poderia deixá-lo congelar. Mas foi bom sentir um de seus braços me envolver.

A coisa que eu mais detesto, em todo o planeta. Acordar com o sol no meu rosto. Franzi o cenho, sem nem mesmo abrir os olhos. Até estranhei estar em cima de algo mais macio que o meu colchão. Só então eu lembrei. Arregalei os olhos, olhando para Uruha, que continuava com os olhos fechados. Não havia mudado de posição; um dos braços fazendo as vezes de travesseiro e o outro ainda sobre mim.... e as minhas roupas ali do lado, dobradas.

Me desvencilhei do loiro, vestindo-me o mais depressa que pude, e depois fiquei olhando pra Uruha. O que eu iria fazer? Ele parecia estar dormindo em um sono tão profundo... mas se continuasse ali, causaria alguns problemas. Sem falar nas dores. Olhei ao redor, tentando achar alguma solução. Suspirei. Cada situação que eu me metia...

Com todo o cuidado que eu pude reunir, peguei o loiro no colo, carregando-o. Fui caminhando, notando que ele nem era tão pesado. Parei de frente à porta da casa do templo, onde Kai morava, batendo com cuidado. O moreno abriu a porta sonolento.

- Aoi? O que...? - seus olhos recaíram sobre Uruha, e o vi abrir a porta pra começar um escândalo.

- Shhh! Ele está dormindo. Me empresta sua cama?

- Como é que é?

- Pro Uruha dormir, seu pervertido.

- Ah... Mas eu não pensei nada!

- Certo... Vai, deixa eu colocar ele lá.

Kai deu espaço, e eu entrei, indo até o quarto de Kai e colocando Uruha na cama. E no momento em que eu puxei um cobertor para cobri-lo, pensei na cena que constituíamos. Aquilo era estranho. Mas certas coisas é melhor deixar pra lá. Depois de conferir se o loiro estaria devidamente confortável, fui até a cozinha, onde tinha certeza que encontraria Kai.

- Então... como Uruha acabou adormecido nos seus braços?

- Ele não quis ir embora ontem.

- Ontem? Mas ontem não...?

- É.

- Então ele...?

- Sim, sabe.

- E ele?

- Ahn... O fato de ele estar aqui diz algo de positivo, não?

Sorri, sarcástico. Depois de alguns segundos, Kai sorriu, compreendendo. Incrível como ele ficava lento de manhã.¹

- Então tudo bem?

- Quer que eu desenhe, Kai?

- Incrível como você chega de manhã com esse mal humor depois... depois... ah, você sabe.

- Se considerar o que acontece comigo, é perfeitamente normal.

- Sério, aquela cigana não jogou maldição em você, foi em nós!

Fiquei quieto, sem responder. Meus olhos se prenderam em algum lugar da mesa.

- Aoi, eu não quis dizer...

- Eu sei, Kai.

- Não, foi só uma brincadeira, estúpida, mas uma brincadeira...

- Eu já entendi, Kai.

- Não leva a sério, por favor...

- Já disse que entendi, Kai!

O silêncio pesou sobre nós, desconfortável. Sabia que não havia sido intenção de Kai dizer algo como aquilo... mas se ele havia dito, era porque, mesmo que ele mesmo não quisesse, pensasse. E o fantasma de incomodar os outros que volta e meia me assombrava estava lá, bem na minha frente. Suspirei, cansado, e me levantei, indo pra porta.

- Quando Uruha acordar... pede pra ele não me procurar.

- Mas, Aoi...

- Por favor, Kai.

- ... Tudo bem, Yuu.

Franzi o cenho ao ouvir o meu nome verdadeiro. Sem dizer mais nenhuma palavra, saí do templo, indo pra casa. Precisava dormir. Mesmo já sabendo que eu teria pesadelos.

Continua...

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Notas finais do capítulo

¹ Inspirado na Hana 8D *apanha*



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