Um ano depois...

- Ah, Yuu! Eu quero!

- Jura que não poderia ser outro? Olha, tem golfinhos, girafas, ornitorrinco... Nossa, um ornitorrinco de pelúcia??

Uruha riu, afirmando com a cabeça. Eu o abraçava por trás, o queixo apoiado em seu ombro. Não estávamos realmente ligando para os olhares que recebíamos das pessoas que passavam por nós naquele festival, no templo de Kai. Uruha estava escolhendo um bichinho para pegar de prêmio na barraca de tiro.

- Mas... uma pantera, Kou?

- Claro! Homenagem a você!

Eu ri, negando com a cabeça. Peguei a pantera de pelúcia, encarando-a. Certo... aquilo já fazia parte do passado mesmo. Coloquei o bichando de pelúcia nas mãos de Uruha.

- Tudo bem, tudo bem. Mas não vai dormir na cama.

- Ciumento.

Apenas ri, beijando seu rosto. Fomos indo em direção a uma outra barraca, se espremendo. É, daquela vez o festival estava bem movimentado.

- Diga, menino... você acredita no amor?

Parei, estático, olhando pra trás. Não era possível... Mas era real. A mesma cigana que havia aparecido pra mim a onze anos estava ali, de pé. A uns metros de mim, conversando com um menino moreno, com porte de arrogante. Devia ter os mesmos quinze anos que eu tinha quando eu a vi pela primeira vez.

- Claro que eu não acredito nessa besteira.

Sorri de canto, memórias antigas sendo revividas. Eu me via naquele menino. E sabia o que viria a seguir.

- Então eu vou te dar esse anel... – ela colocou o anel no dedo do menino. – ele não vai sair... até que você acredite...

- No quê? Que a senhora é uma velho louca?

- No amor, seu mal-educado.

Eu ri, negando com a cabeça. Ah, aquele menino tinha muito o que aprender. Eu só esperava que ele não levasse dez anos como eu levei. E por uma fração de segundos, a cigana me viu, me lançando um sorriso gentil. Depois sumiu, e eu vi o menino olhar assustado para os lados. Um garoto loiro foi ao seu encontro.

- Tora! O que aconteceu? Você sumiu!

- Não foi nada, Saga... Não foi nada. Vamos achar os outros.

Eu acabei por rir mais alto, e isso chamou a atenção de Uruha.

- Yuu? O que foi?

- Nada. Eu só... vi uma coisa muito interessante.

- É? E o que era?

- Na hora certa você vai saber...

Sorri de canto, roubando um beijo discreto do loiro. Realmente esperava que o menino, Tora... Não levasse tanto tempo quanto eu pra entender o que um dia nós chamamos de besteira. Uruha sorriu, ainda sem entender.

- Ah, Yuu! Sabe o que eu andei pesquisando?

- O quê, Kou?

- Uma feiticeira... que aparece na "Ilíada", de Homero. O nome dela era Circe... e ela tinha o péssimo hábito de transformar humanos em animais.

- Se eu fosse você, tirava esse verbo do passado, Kou.

- Huh? Por quê?

- Já disse... você vai saber na hora certa. – pisquei, maroto.

~ F i m ~