The Triangle Guy and the Pine Tree - One-shots escrita por Belle Cipher


Capítulo 6
But, for us, it doesn't matter




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P.O.V. Bill

Eu estava caminhando em direção a Dipper, que estava com sua irmã e mal pareceu me notar. Sim, você leu direito, caminhando. Eu finalmente consegui o feitiço para ter um corpo humano. Isso é estranho.

Andar com as pernas, comer, dormir, esses cabelos loiros caindo na minha cara e o modo engraçado como as pessoas olhavam para meu olho, como se nunca houvessem visto alguém com um olho só. Sabe, na forma de triângulo eu só tenho um olho. Ou seja, na forma humana também. Mas calma, ok pessoal? Eu uso aquelas coisinhas legais que piratas usam (apesar de eles não precisarem).

Eu não entendi muito bem quando uma garota olhou para mim e pensou: "por que o garoto ciclope fica girando essa bengala na mão?"

Humanos são estranhos.

Ah, eu ainda tenho meus poderes. Mas não posso usá-los muito. Não sou mais um ser feito de pura energia. Claro, ler mentes é algo muito normal para mim, por isso o faço sem muito esforço. Voar também é algo comum, mas na forma humana meu corpo é pesado, o que me faz gastar mais energia na hora do vôo. E claro, feitiços e coisas do tipo gastam bastante energia, então consigo fazer no máximo um por dia e preciso comer logo em seguida.

Eu já imaginava que isso aconteceria. Aprendi essa lição quando estava no corpo de Dipper. Os humanos são repletos de falhas.

Falando em Dipper, enquanto eu estava em meus pensamentos, mal vi o garoto se aproximar.

–Hã...precisa de ajuda?-perguntou, me observando desconfiadamente.

Não deixe ele saber que você é o Bill, pensei.

–Claro. Procuro um tal de Dipper.

–Posso saber quem e por que o procura?

–Você é o guarda costas dele?

–Não.

–Então não o devo explicações-falei abrindo um sorriso.

Dipper me encarou furioso, enquanto eu ria por dentro. Ok, a brincadeirinha já divertiu, hora de ir aos negócios.

–Ok, eu sei que é você, Pine Tree. Eu estava ansioso para fazer algo nessa cidadezinha e decidi pedir conselhos do famoso caçador de monstros.

–Não sou caçador de monstros. Espere...-ele estreitou os olhos-...você me chamou de Pine Tree?

–Claro, Pine Tree. Sempre te chamo assim.

–BILL!-ele gritou, o que fez várias pessoas olharem para o garoto como se ele fosse louco.

–Relaxe, criança. Só quero um pouco de diversão. O que acha de uma aventura na floresta?

–E por que eu confiaria em você?

–Ah, vamos lá garoto. Que tal isso: fazemos um acordo. Você vai comigo desvendar mistérios na floresta e eu prometo não fazer mal a você enquanto estivermos lá.

–Não sei não...

–Ah, vamos lá! Vai ser divertido!

Ele me olhou de um jeito estranho. Pude ouvir ele pensar: "Bill falou exatamente como a Mabel".

O garoto suspirou. Estendi minha mão que brilhava com o fogo azul. Dipper apertou minha mão e sorri.

–Vamos nessa!

–------------------

Caminhamos na floresta conversando pelo que pareceram horas. De repente, Dipper parou.

–Onde estamos? Como voltaremos?

Olhei ao redor. O problema da floresta é que só tem árvores e tudo sempre parece igual.

–Não tenho certeza...-murmurei.

–Esse era o seu plano! Me trazer aqui para algum monstro maluco me devorar!-Dipper acusou.

–O quê?! Claro que não, Pine Tree!

Ouvi um galho se quebrar atrás de mim e me virei. Dipper prendeu a respiração ao ver algo se aproximar.

–Não faça movimentos bruscos-sussurrei, enquanto recuava lentamente.

Um leopardo se aproximava de nós. Ele rosnou e eu soube que só havia uma solução.

–CORRE!-gritei.

Dipper e eu corremos, com o leopardo atrás de nós. Eu sabia que não conseguiríamos muito tempo. Aquele animal nasceu para correr e tem quatro patas. Nós por outro lado...

Dipper parecia que não aguentaria mais correr. Tive uma ideia. Eu correria um certo risco, mas decidi arriscar.

–Se segure em mim.

–O QUÊ?!-ele gritou.

–Confie em mim!

Ele fez o que mandei e levantamos voo. Dipper deu um grito e se agarrou com força ao meu pescoço.

–VOCÊ É LOUCO!

–Que bom que sabe.

Não demorou muito tempo até eu começar a sentir aquelas coisas de humanos. Fraqueza, tontura, falta de ar. Imaginei que já estaria com as energias esgotando.

–Pine Tree...-minha voz saiu como um sussurro-...se segure na árvore.

–O quê? Bill, você está bem? O que está acontecendo?

Antes que ele me bombardeasse com mais perguntas, joguei-o em uma árvore. Mal pisquei após isso e vi que já estava no chão. Minha cabeça doía e imaginei que viraria comida ao ver o leopardo se aproximar.

–NÃO!-ouvi Dipper gritar.

De repente vi algo cair em cima do animal. Espere...DIPPER?, pensei.

O garoto bateu no leopardo com um galho. O animal jogou-o no chão e ameaçou atacá-lo. Com o pouco de forças que ainda tinha, convoquei fogo e joguei no animal. Em seguida, tudo ficou escuro.

–------------------

Acordei em uma cama. Estava em um lugar estranhamente familiar.

–MABEL, ELE ACORDOU!-ouvi Dipper gritar.

Olhei para o garoto. Ele estava o meu lado. Ele estava todo sujo, coberto de poeira, lama, folhas e galhos. Percebi que eu não estava muito diferente.

Mabel apareceu na porta do quarto com um pacote de biscoitos escrito "Doritos". Me sentei e a garota soltou um suspiro aliviado.

–Aqui, coma-ela me entregou o pacote.

Provei um e adorei. Comecei a comer como se nunca tivesse comido nada na vida.

–Mabel, se Bill é um triângulo e come biscoitos em forma de triângulos, isso é canibalismo?-Dipper perguntou.

Ele e a irmã começaram a rir. Eu revirei os olhos.

–Muito engraçado, Pine Tree.

Ele tentou segurar o riso.

–Vou buscar água-ele disse e saiu do quarto.

Olhei para Mabel, que me encarava de um jeito estranho.

–Hã...tudo bem, Shooting Star?

–Sim-ela respondeu-Sabe...você preocupou meu irmão. Muito.

–O quê?

–Ele chegou aqui arrastando você. Gritava desesperadamente por ajuda. Dipper não falou, mas você estava péssimo. Seus lábios estavam roxos, sua pele estava pálida e fria. Você ficou desmaiado por quase meio dia. Nesse tempo todo, meu irmão não saiu do seu lado. Ele não admitiu, mas eu sei que ele havia chorado. Nunca vi ele ficar tão preocupado assim com alguém que não fosse eu. Acho que nesse tempo que vocês passaram juntos, você se tornou especial para ele. Caso não saiba, vocês ficaram na floresta por mais de um dia.

–Isso tudo?

–Sim. Ah, e não fique surpreso por eu saber tudo isso-ela falou ao ver minha expressão-Dipper me contou o que aconteceu.

–O que tem eu?-Dipper perguntou, entrando no quarto com um copo de água na mão.

–Nada, brobro. Eu vou deixar você e Bill conversarem um pouco.

Ela piscou para mim e saiu do quarto.

–Hã...o que foi isso?-o garoto perguntou, me entregando o copo.

–Não sei.

Bebi um pouco da água e coloquei o copo no criado mudo.

–Soube que você ficou bastante preocupado comigo. Legal da sua parte, Pine Tree-comentei.

O garoto corou até a raíz dos cabelos e pude ouví-lo pensar: "Mabel, você me paga!"

–De qualquer jeito, obrigado, Dipper-dei um soquinho de leve no ombro dele e sorri-É bom saber que tem alguém que se preocupa comigo.

Ele me encarava, de uma forma estranha, mas que não demonstrava qualquer emoção específica.

–Você...me chamou de Dipper.

–Eu...não. Foi impressão sua.

Senti meu rosto esquentar. Não sou idiota, eu sabia que chamara ele de Dipper, mas não sou de dar o braço a torcer.

–Sei...-disse Dipper, com um pequeno sorriso.

Ficamos nos encarando por um tempo. Analisei a situação. Dois adolescentes. Sentados na mesma cama. Próximos. Muito próximos. Isso significava algo. Talvez algo certo. Talvez algo errado.

Me aproximei de Dipper e ele me encarou, meio surpreso. Como não tenho essa coisa de timidez e de hesitar como os humanos, o beijei sem pensar duas vezes.

Já estão gritando? Nossa foi rápido. Mas calma. Ainda tem mais.

Ele retribuiu o beijo.

Eu fiquei tipo...o quê? Eu achei que ele recuaria, sairia gritando ou qualquer coisa. Menos isso. Eu me sentia nas nuvens. E eu não sou desses adolescentezinhos românticos que falam sem saber. Eu já estive nas nuvens. Sei o que estou dizendo.

Separamo-nos ao ouvir os gritinhos de Mabel. Lascou. Ela estava com uma câmera na mão e saiu gritando pela casa como uma garotinha em uma loja com tudo em liquidação.

–Ah, que ótimo...-Dipper murmurou.

–Venha, Pine Tree. Vamos ver no que isso vai dar-falei, passando um braço em volta dos seus ombros.

Sorri para ele e ele sorriu de volta. Nos levantamos, indo atrás de Mabel que ainda estava fazendo showzinho.

Dipper e eu não sabemos se o que fizemos é certo.

Não sabemos se o que fizemos é errado.

Mas, para nós, isso não importa.


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