“Uma vez que se acostuma com o barulho, o silencio se torna um som perturbador”

Thomas estava começando a considerar aquilo agonizante, dizer pra si mesmo que ia olhar a hora não era mais uma desculpa conveniente, decidiu pensar, tudo acabava voltando pra ele, qualquer caminho era só uma desculpa pra falar de si mesmo.

Respirar doía, pelo menos agora era seu pulmão e não sua cabeça, ele pensou.

Sentia falta de sua mãe, o que não fazia sentido por que ela continuava por perto, ele que estava indo, sentia-se mal pó deixá-la assim, queria poder ajudar sua amiga, ela precisava de ajuda, toda vez que tentava dizer isso, acabava morrendo mais.

Opiniões sobre coisas passadas não importavam, ele estava entediado. Olhou o que estava acontecendo, todos tinham saindo e ele ficou a sós com o garoto que gostava, o mesmo não acontecera novamente pois ele não estava presente, sentiu uma grande necessidade de... Queria poder completar suas frases mais vezes.

Ele imaginou uma conversa simples.

Thomas: Oie, cê vai fazer o que hoje a noite:

Aaron: Nada, porque?

Thomas: Não quer ir ao cinema?

Aaron: é que...

Thomas: Mais gente vai, se você quiser aparece lá.

Thomas seria esperto mais correria o risco de ver o filme sozinho, mas não foi o que aconteceu, o pobre Aaron apareceu lá.

Em outra versão aquilo tinha acontecido tantas vezes que Thomas não precisou mais mentir pra levar Aaron pra uma sala escura, não era preciso dizer que mais gente iria, Aaron era capaz de entender que o convite estava extenso apenas pra ele. Um dia aconteceu assim, em outras linhas de pensamento eles já haviam se beijado algumas vezes. Essa não seria diferente. Thomas avançou, Aaron o empurrou enquanto mastigava, ele apontou pro saco de batatas fritas.

— Sem beijos, eu to com bafo de cebola.

Thomas pegou algumas no pacote e comeu, esperou Aaron engolir tambem.

— Ta vendo, agora você não é o único com bafo de cebola.

Aaron riu e dessa vez deixou, não ligaram se parecia nojento, talvez sem ninguém por perto ele o amava.