Vice-versa escrita por Anmi


Capítulo 1
Wanda era seu tudo, e vice-versa.


Notas iniciais do capítulo

Desde que lançou o filme em fevereiro, eu me vi presa aos gêmeos de uma forma que não sabia explicar sdyuifjd surtei horrores, sofri com o final, e ainda sim levei meses até finalmente tomar a iniciativa de rever o filme para poder me aprofundar na história deles, para só então escrever algo digno. Ou pelo menos tentar.
Como avisado no disclaimer, essa história contém incesto. Se você não gosta, você não vai ler.
Aos shippers de maxicest, espero que gostem! ♥



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Vice-Versa / adv. / de maneira recíproca; que se faz ou se realiza mutuamente.

 Depois de uma bomba tomar a vida de seus pais, as ruas lhes tiraram o resto da infância e os trouxe à cruel realidade da guerra em que viviam. Não haviam palavras que bem expressassem o quão difícil fora seus primeiros anos sem moradia fixa, sem a certeza de que estariam vivos no dia seguinte. O único pretexto que os guiavam, eram eles mesmos, enquanto tivessem um ao outro poderiam seguir em frente.

Sendo gêmeos fraternos, apontavam desde cedo características das quais não combinavam, sendo uma delas a cor de seus olhos, mas isso nunca os trouxe problemas. Estiveram juntos desde o útero da mãe, podiam contar nos dedos as vezes que separaram-se por mais de uma noite, aquilo os fizeram dependentes. Pietro não suportava a ideia de ter Wanda longe de si, e após os acontecidos envolvendo um tal Stark, era incogitável estarem afastados. Afinal, eram a única família um do outro. Gêmeos quaisquer tinham uma intensa ligação entre si, mas o que os Maximoff tinham levava outro nome.

Voluntariar-se aos experimentos de Strucker não foi uma decisão tomada do dia para noite. Foi um assunto que trouxe discussões entre os irmãos, Pietro não concordou de início, sua prioridade como único homem na vida da irmã, era mantê-la sã e salva, trazer de volta a vida que lhe fora roubada, não podia permitir algo que não sabiam qual sequela teria em suas vidas. No fim, Wanda o convenceu a sua maneira.

Foram perfurados, inalaram diversas substâncias das quais sequer sabiam a origem e enfim passaram nos testes. A pior dor que os gêmeos passaram, não foi a física, mas a sentimental de estarem separados. Depois dos testes, seus corpos ainda tinham que completar o processo de aceitação, e tudo teria sido mais fácil se pudessem aguentar aquilo juntos. Foram cinco dias sem se ver. Cinco dias infernais para ambos. Pietro controlava da forma que podia seu novo metabolismo, e Wanda passou a tentar entender sua nova mente. Ela sobretudo, estava psicologicamente instável, de um minuto para outro chorava e movia tudo a seu redor só por estar longe do irmão. Era impossível dormir para ele, e quando as luzes do laboratório se apagavam, o pânico de pensar sobre sua irmã lhe tomava a ponto de afetar suas moléculas alteradas. Os cientistas perceberam que aquilo não teria avanço, era necessário que os gêmeos estivessem juntos para o experimento funcionar. Foi quando os moveram para salas divididas por apenas uma parede. Eles não se viam, mas se sentiam. Estarem perto os confortou de tal jeito, que nenhum dos homens mais inteligentes do projeto pode explicar. Conversavam através de batidas pela parede de tijolos, e nunca entenderam ao certo o que falavam, mas sempre esteve claro que a sequência de três toques marcava a pronúncia equivalente à três palavras: eu te amo.

Poucos dias em seguida e os resultados positivos apareceram, os gêmeos haviam se tornado aprimorados, os únicos sobreviventes de um projeto secreto da HYDRA.

Havia um pequeno pátio livre no prédio, o qual Pietro batizou de campo de treinamento. Ele corria ali sempre, especialmente por estarem no período de recuperação. Wanda o assistia sentada em uma mureta, rindo sempre que o irmão parava ofegante, ainda habituando-se ao novo metabolismo. Semana passada ela levitou um vaso no caminho em que ele percorreria apenas para provocá-lo, surpresa por ele simplesmente desviar, mal percebeu quando foi pega no colo para um “passeio”. Pietro foi sincero quando disse que ela gritava muito quando estava assustada, mas não a culpava, até ele ainda se admirava com a velocidade que chegava a atingir.

Estavam de novo ao pátio, e novamente Wanda o via correr, notando a resistência de Pietro ter aumentado significativamente. Aquilo arrancou um sorriso involuntário da irmã, vê-lo evoluir lhe fazia feliz tanto quanto fazia ele. Ela reparou nos trapos velhos que o gêmeo vestia, calças largas e uma camisa de mangas rasgadas, achando somente que podiam ter lhe dado melhor. Algo que os Maximoff compartilhavam em comum, era o pensamento altruísta; sempre achariam que um ao outro merecia o melhor. Wanda faria de tudo para Pietro ter do melhor que pudesse conseguir, e vice-versa. Ela o queria formado, com uma carreira estável e um lar para chamar de seu, por isso acima de tudo, insistiu tanto em voluntariar-se aos experimentos de Baron Von Strucker, queria que ele principalmente ganhasse uma chance de levar uma vida melhor do que tinham. Ele desejava o mesmo, todavia a queria junto a si, numa distância que pudesse apertá-la em seus braços se necessário.

― Por quê você tá com essa cara? ‒ estranhamente, gêmeos pareciam saber quando o outro não sentia-se bem.

― Estou bem. ‒ respondeu ela, vendo-o aproximar-se suado seguido de rastros azuis indicando onde seu corpo passara.

― Wanda. ‒ advertiu-a, se colocando entre as pernas da irmã sentada, relevando as diferentes suas alturas..

― É só que, ‒ suspirou. ― as coisas estão finalmente dando certo agora. ‒ passou um braço pelo pescoço do irmão, descansando a mão em seu peito arquejante. Estando de costas um para o outro, ela pode sentir quando ele sorriu.

A relação dos gêmeos sempre fora composta de momentos singelos como aquele. Houve dias que nenhuma palavra foi dita, mas a troca de afetos fora o suficiente para substituir a comunicação. Não havia discriminação quanto o como relacionavam-se, pelo menos não da parte deles. Antes mesmo de Wanda adquirir o poder para manipular mentes, ela já o controlava. Seu título de irmão doze minutos mais velho nada valia quando se tratava da irmã supostamente mais nova.

Há muito tempo, quando se descobriram, haviam decidido que não se importariam com segundas opiniões; Pietro amava sua Wanda e Wanda amava seu Pietro, provocando um sentimento mútuo, um típico vice-versa. Não era necessário muito mais que alguns minutos perto dos gêmeos para distingui-los amantes, além do que qualquer cego via o íntegro laço que os atavam.

Ela procurou os fios escuros do cabelo do irmão, trançando os dedos numa carícia gentil, puxando-os levemente da nuca. Permitiu-se deitar a cabeça entre a curva do pescoço de Pietro, inalando sua essência masculina exalada num inspiro. Seu cabelo bagunçado juntou-se ao dele, formando uma mistura homogênea devido as cores idênticas. Ele curvou os braços alcançando as coxas da irmã, onde passou a acariciá-la também, a fim de devolver os afagos de Wanda. Pietro atentou-se a textura do vestido que ela usava, era grosso e maltrapilho, e ao julgar aquela cor suja; até antes de pertencê-la, não lavavam aquilo há tempos. Ele pessoalmente não se importava com o que usava, mas sua Wanda não, ela merecia muito mais, não se conformava em ver tamanha beleza mal preservada.

Virou a cabeça para conversar algo sobre exigir roupas novas para ela, encostando a bochecha contra a cabeça da gêmea, empurrando-a levemente como se quisesse acordá-la de seu ombro, ainda que soubesse que ela não estivesse mesmo sonolenta.

― Pietro, não se mexe! ‒ assustado, ele a obedeceu, e antes que pudesse questionar a irmã, sentiu-a puxar um fio de cabelo seu. ― Eu não acredito. ‒ sua voz soou surpresa, com um tom de descontentamento no qual o gêmeo não soube identificar ao certo o que ela expressava.

― O que foi?! ‒ desencostou-se, virando frente a frente com a irmã. Enrolando o fio curto nos dedos e analisando-o como uma profissional, Wanda bufou irritada. ― Wanda, o que foi?! ‒ indagou nervoso por ela tê-lo ignorado.

― Seu cabelo, ‒ finalmente esticou o fio na palma da mão para que o irmão também visse. ― está mudando de cor. ‒ Pietro aproximou o rosto, forçando a visão e só então enxergando o fio metade grisalho e metade sua cor natural. Ele piscou algumas vezes, alternando o olhar entre a irmã e o fio estendido em sua delicada mão, confuso. ― Têm vários, como não percebi antes?! ‒ sua destra livre estendeu-se até o cabelo do irmão outra vez, bagunçando os fios escuros, vasculhando por mais daquele que acabara de encontrar.

Pietro tomou o rosto da irmã com as mãos em sua bochecha, a forçando a olhá-lo diretamente, querendo transpassar alguma confiança. Não havia lágrimas em si, mas ele via o quão úmido estava os olhos de Wanda. Colou sua testa a dela, sentindo o quão preocupada estava, movendo seus dedos numa carícia terna a sua pele suave que dizia estarem bem. Wanda fechou os olhos, deixando que uma única lágrima escorresse, não demorando em senti-lo enxugá-la com o indicador. Havia sido ela quem sugerira os experimentos, e ela mesma havia sido a mais afetada. Seus poderes não se limitavam a apenas mudanças físicas, ela teve sua mente alterada e ainda tentava adaptar-se aquela teia de informações que ganhara. Não podia limpar um canto novo de seu cérebro sem que não tivesse variações de humor, era complicado, abstruso, e havia muita coisa da qual ela não havia testado. Ver Pietro ganhando massa muscular, correndo numa velocidade humanamente impossível e agora também perdendo a cor original de seu cabelo a fazia odiar todas essas mudanças, inclusive as quais não se adaptara em seus próprios poderes.

― Era supostamente para sermos gêmeos. ‒ sussurrou ela.

― Nós somos.

― Meus olhos mudam de cor sempre que eu vejo ou levito algo. Você está ficando grisalho. Até quando isso vai continuar nos alterando?

― Strucker nos avisou, irmã.

― Eu só não quero te perder. ‒ encarou a íris clara do irmão, perdendo-se momentaneamente naquele mar azul, sentindo tudo de ruim ser expelido de si. Suas mãos alcançaram as deles ainda postas sobre sua face, fechando os olhos mais uma vez se permitiu deleitar-se do toque do irmão.

― Você nunca vai se livrar de mim. ‒ provocou.

Pietro desceu as mãos até pouco abaixo do quadril dela, onde impulsionou-a para cima para poder carregá-la. Wanda rodeou as pernas pela cintura dele, deixando-se ser mimada como uma criança. Sentia ser apanhada pelas fortes mãos do irmão em sua coxa, e sabia para onde ele caminhava. Não evitou um beijo carinhoso no canto dos lábios dele, como agradecimento, como mocinhas de filmes fazem quando são salvas por seus heróis.

Talvez, mas só talvez, fosse ele quem estivesse sendo salvo por ela do próprio medo não conhecido de perdê-la; Wanda era seu tudo e vice-versa.


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Notas finais do capítulo

Essa pode ser a minha primeira vez na categoria, mas garanto que não será a última!
Caso tenham visto erros gramáticos, por favor me avisem para que possam ser consertados o quanto antes. Estou sempre aberta a críticas e sugestões, comentem por favor.
Até mais.