When two are actually one escrita por Nekoclair


Capítulo 7
Discovery


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/653468/chapter/7

A aula havia acabado há pouco mais de três horas e agora eu me encontrava em casa, na companhia de Mayu, que havia vindo buscar uns mangás emprestados.

Sentados lado a lado na minha cama, jogávamos conversa fora, pulando de um assunto ao outro; se bem que era mais eu falando e ele balançando a cabeça de vez em quando, o habitual. Mayu não era alguém de muitas palavras, mas tudo bem. Eu não via seu silêncio como um problema; inclusive, era bem reconfortante às vezes.

Um calor contagiou-me o peito ao que me lembrei do conforto da quietude de suas palavras. Um sorriso me veio aos lábios e eu não conseguia parar de encará-lo; não era exagero dizer que eu me perdia neles constantemente, por mais constrangedor que isso seja.

Recuperei minha consciência apenas quando senti seus dedos se entrelaçando aos meus, o calor de sua mão sendo transmitida à minha. Ele então me beijou, da mesma forma que sempre fazia. Era sempre ele que iniciava, não que isso fosse motivo de orgulho pra mim. Eu simplesmente não tinha culhões para tomar a iniciativa, o que eu sabia ser um problema a ser resolvido.

Depois de separar nossos lábios por alguns segundos, Mayu chegou seu corpo mais perto do meu e brincou com meu cabelo, para então depois repousar uma mão em minha nuca. O beijo que começou tenro não demorou para se tornar mais agressivo. Seus lábios devoravam os meus de uma maneira que não combinava com ele. Não era a primeira vez que nos beijávamos – afinal, já fazia quase dois meses que estávamos saindo – mas nunca antes eu o havia visto tão cheio de desejo. Mas não é como se eu não o desejasse também, então deixei que ele continuasse. Foi só quando ele apoiou uma mão em meu ombro e me jogou contra o colchão que senti que a situação começava a se complicar.

Ele deixou meus lábios de lado e beijou meu pescoço. Sua mão, que até então repousava em meu ombro, desceu em direção ao meu tórax, explorando o interior da minha camiseta. Sua mão era quente e minha pele fria, e isso me causou um arrepio.

— Espera... Mayu…

Mas ele não pareceu me ouvir, por estar ocupado demais explorando meu corpo pelo que seria a primeira vez. Eu, porém, sentia meu coração acelerar mais e mais por uma antecipação da qual eu não estava gostando nem um pouco. Sua mão desceu um pouco mais...

— Tempo! Tempo! – Eu agarrei seus ombros e o empurrei, não o suficiente para o afastar, mas pelo menos serviu para que ele saísse do transe em que havia se metido. Ele olhou para mim, sua franja parcialmente cobrindo seus olhos. Suas expressões eram as mesmas de sempre, exceto pelo leve rubor presente em seu rosto.

— O que foi?

— Eu, ahm… – Desviei o olhar. – Não estou me sentindo muito bem. E tenho lição de casa para fazer. Sabe…

Mayu moveu seus lábios, um sinal claro de que desejava falar algo; ele, porém, conteve-se. Eu não sabia se ele notara o meu desconforto ou o quão tenso eu estava, mas de qualquer forma ele se afastou e saiu de cima de mim, o que me deixou de certa forma aliviado. Depois de alguns segundos de um silêncio onde um esperava o outro falar algo, mas sem desejar ser o primeiro a quebrar o silêncio desconfortável, Mayu se levantou da cama e apanhou suas coisas.

— Acho melhor eu ir.

— É. Acho que sim. Desculpa. – Uma pequena pausa. Eu ainda não conseguia olhar em seus olhos. – Muita coisa pra fazer, e tals. Trabalho pra entregar,..

Mayu apenas anuiu a cabeça e seguiu em direção à porta.

— Até. Não precisa me acompanhar até a porta. – Ele disse, antes de sair e me deixar sozinho em meu quarto.

Fiquei na mesma posição, ajoelhado na cama, até que minhas pernas não aguentassem mais. Então, joguei meu corpo para trás, caindo de costas no colchão. Olhei para o teto, e para a luminária. Encarei as lâmpadas, sua luz amarelada. Suspirei, de repente bastante cansado.

— O que foi isso? – Murmurei, mas não obtive qualquer resposta.

Fiquei deitado na cama por sabe-se lá quanto tempo, tentando manter minha mente livre de quaisquer pensamentos. Quase cai no sono algumas vezes, mas a vibração de meu celular foi suficiente para me despertar.

.

[Mayumayu] Sono~ Hoje foi um dia longo. Tdb?

[Mamiko ♡] Sim. Você?

[Mayumayu] Tbm… Mas tem certeza que está tudo bem? Você me parece meio desanimado.

[Mamiko ♡] Sdds dos meus emoticons??ヽ(>∀<☆)ノ

[Mayumayu] Vc n é vc sem eles :’)

[Mamiko ♡] (◕‿◕)♡

[Mayumayu] Bem, se vc diz q está td bem então ok. Mas qlq coisa estou aqui, viu?

[Mamiko ♡] Okay!! Obg! Mas está td bem sim! Só estou um pouco cansado. ( ̄ρ ̄)..zzZZ

[Mayumayu] Vou deixar vc descansar então. ;)

[Mamiko ♡] Boa noite!!

[Mayumayu] Noite. Até amanhã.

.

Com um sorriso nos lábios, larguei o celular na cômoda junto à minha cama, a fim de carregá-lo. Havia um calor no meu peito, um sentimento confortável. Eu tinha sorte de ter os amigos que tinha; e mais ainda por ter alguém como Mayumayu na minha vida. Uma garota doce, apesar de um pouco preguiçosa, e que sempre parecia saber o que se passava comigo melhor até que eu mesmo. Alguém que mesmo sabendo dos meus sentimentos não se afastou, e deu uma chance para nossa amizade. Alguém que, mesmo eu nunca tendo visto sequer uma vez, era-me tão importante quanto uma melhor amiga.

Confortado pela presença dela em meus pensamentos, adormeci sem problemas.

.

xxx

.

Passar as tardes na casa de Nozaki já havia se tornado mais do que um hábito. Normalmente, sentávamos na mesa de centro e desenhávamos cada um em sua respectiva folha, conversando vez ou outra sobre o enredo ou algo mais específico, como a fluidez de um quadro, por exemplo. Hoje, porém, não era esse o motivo de eu ter ido visitá-lo. Ficar em casa havia se tornado insuportável, pois toda vez que eu olhava para a minha cama eu pensava no Mayu e, bem… Eu me sentia estranho, e desconfortável. Eu ainda não sabia como conseguiria encará-lo depois do que havia acontecido.

Depois de olhar para o teto durante cinco minutos e de perguntar mais de cinco vezes se precisavam de ajuda, recebendo sempre a mesma resposta negativa, puxei a revista que repousava na mesa e comecei a folheá-la. Era a edição do mês, onde “Let’s Fall in Love” era publicado. Decido por dar uma olhada no capítulo, apesar de já saber de cor cada um dos diálogos; ver a edição impressa era algo que trazia um sentimento quente ao peito. Ver as flores que eu desenhei com tanto carinho estampadas para o mundo todo ver trazia-me uma sensação de orgulho e satisfação.

Eu buscava a página onde estava o capítulo quando vi meus olhos se prenderem na imagem diante deles; flores lindas, detalhadas, linhas delicadas e leves. Eu mentiria se não dissesse que fiquei admirado, e até com um pouco de inveja. Decidi então por ler o capítulo do mangá desconhecido, que pouco demorou até ter minha atenção capturada. A história era interessante, além de muito bem desenhada, e isso me fez pedir a Nozaki os volumes antigos da revista, que eu sabia ficarem guardados no armário. Isolei-me no canto da sala, uma pilha de revistas ao meu lado, enquanto Sakura e Nozaki trabalhavam no capítulo do próximo mês.

As horas passaram mais rapidamente do que eu gostaria e, antes que eu desse por mim, Sakura já se retirava, o que seria a minha deixa de ir embora também para que Nozaki pudesse descansar um pouco depois de desenhar a tarde toda. Ergui-me às pressas e caminhei em direção a Nozaki.

— Posso levar pra casa? Queria terminar de ler.

Nozaki encarou-me por alguns segundos antes de responder, seu cansaço evidente no rosto.

— Claro. Sem problemas.

E com isso segui atrás de Sakura, certificando-me pelo menos duas vezes antes de sair que meu celular estava em meu bolso.

.

xxx

.

Quando cheguei em casa, já havia anoitecido, meus pais ainda não haviam chegado e não mostravam sinais de que chegariam tão cedo. Mas não é como se isso me incomodasse, afinal eu já estava acostumado a ficar sozinho.

Um miado chamou minha atenção. Um gato surgiu da cozinha e se emaranhou em minhas pernas, olhando-me com olhos grandes e carentes. Um leve sorriso brotou em meus lábios enquanto eu me abaixava para acariciar o bichano.

— É, talvez não tão sozinho assim.

Depois de encher a vasilha de comida de Kaori, segui para meu quarto e larguei a pesada sacola de revistas junto à minha mesa. Puxei o celular e, ao ver que eu tinha mensagens de Mayumayu, apressei-me em responder.

.

[Mayumayu] Férias. Preciso. ~.~

[Mamiko ♡] Nem me diga... Não aguento mais! (@A@)

[Mayumayu] Desculpe demorar tanto para responder. >.

[Mamiko ♡] Tdb. Vc avisou que talvez sumisse.

[Mayumayu] Ainda assim…

[Mayumayu] E vou ter que sumir de novo. Estão me chamando.

[Mamiko ♡] Até mais tarde ( ´ ω ` )ノ゙

[Mayumayu] :’)

.

Coloquei então o celular para carregar e o larguei sobre a cama. Depois de pegar alguma coisa para comer na cozinha – eu não tinha a mínima vontade de cozinhar algo decente – apanhei as revistas e retomei a leitura de onde eu tinha parado.

Cada capítulo era mais interessante que o anterior, e a arte em momento algum desapontou, por isso, quando dei por mim já era quase duas da manhã e eu não tinha ainda vontade de deixar o mangá de lado, até porque os protagonistas finalmente mostravam sinais de reconciliação depois de uma briga alguns capítulos antes. Eu não podia parar agora! Eu precisava ver o que ia acontecer! Por isso, continuei a ler mesmo sabendo que eu não devia porque eu tinha aula no dia seguinte.

Virei uma página e depois outra, e mais outra. Só fui parar quando uma cena em específico interrompeu meu ritmo de leitura. Afastei os olhos da revista, largando-a ao meu lado. Uma cena de sexo não era algo com o que eu pensei que ia me deparar.

Depois de passar alguns instantes me questionando sobre continuar ou não lendo, decidi por prosseguir. A história era boa demais para ser abandonada por algo assim e eu duvidava que teriam mais cenas do tipo, afinal só faltava mais uns quatro capítulos para o fim. Era só uma cena de sexo! Não é como se eu nunca tivesse visto uma! Teve aquela vez, naquele jogo que me emprestaram!... Okay, aquele não é o melhor exemplo afinal eu não consegui terminá-lo. Enfim, decidi continuar. Li. Senti-me meio estranho durante algumas partes, curioso em outras, e com várias perguntas. Resultado: não consegui dormir.

.

xxx

.

Acho que não preciso dizer o quão péssimo foi o meu dia, não que eu esperasse algo diferente depois de uma noite de más escolhas. Depois de passar a noite lendo, passei o resto da madrugada angustiando com perguntas e dúvidas com as quais eu não sabia bem o que fazer, e pensando no Mayu, e na gente… Resultado: dormi na aula de Matemática. Eu não levava uma bronca tamanha desde o semestre passado, quando ele me pegou no celular.

Kashima me bateu no ombro levemente, mas eu estava cansado demais para lidar com ela agora. Eu queria silêncio, e uma boa noite de sono. Lamentavelmente, teríamos aula a tarde; ou seja, eu não teria o conforto da minha cama tão cedo. Ela me cutucou novamente e vi-me então sem escolhas além de virar em sua direção.

— O que foi?

Ela piscou algumas vezes. Pensei que ela fosse fazer alguma reclamação em relação ao meu comportamento, mas ela apenas apontou em direção à porta e disse:

— Nozaki e Sakura estão te chamando.

Olhei na direção em que ela apontava, encontrando um par de fitas vermelhas. Sakura acenou. Nozaki disse alguma coisa para ela. Ela corou e olhou para o outro lado. Típico.

— Ah, sim. Almoço. Já tinha esquecido.

— Vai ficar segurando vela?

Franzi as sobrancelhas, tentando pensar em alguma coisa para dizer em resposta, mas nada me veio à mente.

— Eles me chamaram para almoçar com eles...

Kashima balançou a cabeça e se afastou, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Talvez eu devesse mesmo procurar outras companhias de almoço. Levantei-me e segui na direção deles, uma sacola em mãos com uns pães recheados que eu havia comprado no dia anterior.

Seguimos para o exterior do prédio, para o local habitual. Sakura sentou no meio do banco e Nozaki e eu nas beiradas. Como sempre, Sakura tinha recebido seu almoço de Nozaki, algo que já havia há algum tempo de tornado um hábito. Não sei sequer quando foi a última vez que a vi com um almoço que não fosse todo enfeitado e rosa. Nozaki, em contrapartida, comia um lanche preparado por Sakura; simples e cheio de sentimentos. Abri um pacote de pão e dei uma mordida, enquanto observava-os interagir. Eu não entendia como era possível eles não estarem namorando.

— Ah, Mikorin, – olhei na direção da garota – como está aquele mangá que você levou ontem para casa? Ele é muito bom, né?! A autora é uma das minhas preferidas!

— Estou perto do final. Ele é bem legal sim.

As memórias, dúvidas e pensamentos da noite anterior voltaram num estalo. Virei o rosto, sentindo-o quente. Nozaki e Sakura observavam-me confusos, o que era justificável visto meu comportamento totalmente inusitado.

— O que houve?

— Eu... – Respirei fundo e virei em direção a eles. – Nada. Não foi nada.

Sakura franziu as sobrancelhas e Nozaki olhava-me atentamente, ainda confuso. Tentei manter um sorriso nos lábios mas não consegui. Abaixei a cabeça, já me arrependendo das palavras ainda nem proferidas.

— Eu, ahm, não sabia que permitiam aquele tipo de conteúdo na revista. Fui pego meio que desprevenido…

— Que conteúdo? Do que está falando?

— ...Volume 7, página 16.

— Você não espera que eu saiba de cor, né? – Sakura olhava com olhos indignados. – Fala logo. O que foi?

— ...Sexo. – Murmurei, implorando mentalmente para que ela não me pedisse para repetir.

Nozaki ergueu uma sobrancelha e Sakura olhou na sua direção, tão confusa quando ele. Enquanto eu procurava um buraco para me enterrar, Nozaki começou a se pronunciar.

— Não é tão estranho assim.

— Não foi nada muito explícito também, pelo que me lembro…

— Mas é um mangá shoujo! Não tem crianças que leem?!

— Tem mangás shoujos com temas mais adultos. Não é algo tão incomum assim hoje em dia. – Explicou o mangaká.

— Por que tanto choque, Mikorin?

— Eu fui pego desprevenido! Só isso! – Apesar do meu esforço, acabei por me exasperar.

— Ahn, okay...

Ficamos em silêncio por algum tempo, ninguém aparentemente sabendo como proceder o assunto daquele ponto.

— Mamiko e Suzuki também então? Um dia… Sabe.

— O quê? Não! – Exclamou Nozaki. – Eles são puros demais para esse tipo de coisa!

— E não acho que cairia bem o estilo da história.

Sem mais saber o que dizer, levei um pedaço de pão à boca. Eles fizeram o mesmo. Comemos em silêncio e depois nos separamos, cada um indo para sua respectiva sala de aula.

.

xxx

.

O professor de História lotava a lousa com conteúdo e eu copiava, sem muita certeza do que eu estava escrevendo. Eu continuava sem conseguir prestar a devida atenção, o que ia contra meu planejamento. Eu esperava que pelo menos as aulas da tarde rendessem, mas as minhas incertezas e dúvidas continuavam tão latentes em minha mente quanto quando acordei pela manhã. Talvez eu devesse procurar alguém com quem eu pudesse conversar sobre, alguém que me escutaria e me levaria a sério. A pergunta é: Quem? Normalmente, eu falaria com Mayumayu ou com Sakura, já que normalmente elas que eram minhas confidentes, mas não acho que esse seja um assunto que eu desejo conversar com uma garota. Na verdade, não sei nem se conseguiria.

Foi então que um nome me veio à mente, e foi atrás dele que me direcionei ao que a aula enfim acabou. Felizmente, Wakamatsu fazia parte do clube de basquete, o que tornava mais simples minha tarefa de localizá-lo. Caminhei pelos corredores, a alça da mochila sendo esmagada pelos meus dedos ansiosos durante todo o trajeto até o andar térreo. Eu atravessava o pátio, indo em direção às quadras, quando o avistei andando um pouco a frente.

— Wakamatsu! Oi! – Segurei-o pelo braço, tentando agir como sempre  mas falhando miseravelmente. O garoto deu um salto e olhou em minha direção assustado, mas então sorriu.

— Ah, Mikoshiba-senpai! Oi. Eu… Eu pensei que era a Seo. – Ele olhou para o chão por alguns segundos. Eu tentava ler suas expressões mas não conseguia. – Então? O que foi? Precisa de mim? Ah! É o Nozaki?

— Não, ahm. – Procurei as palavras no fundo da garganta, de repente me sentindo sem coragem. O fato dele me olhar com tanta ansiedade tampouco colaborava. Olhei para o chão, tentando fugir do seu olhar antes que fosse tarde. – Eu queria falar com você sobre umas coisas.

— Que coisas?

— Err, coisas... – Olhei ao redor, nervoso. Wakamatsu observava-me atentamente e ele não mais sorria.

— Certo. Vamos para um lugar mais vazio.

Anui a cabeça e segui atrás dele, em direção aos fundos atrás da quadra. Para nossa sorte, não havia ninguém; o que eu menos precisava no momento era interromper alguma confissão amorosa. Ele virou na minha direção.

— Então?

Fiquei em silêncio por alguns segundos, enquanto brincava com os fios vermelhos do meu cabelo. Respirei fundo. Não tinha motivos para eu estar nervoso. Era o Wakamatsu, apenas o Wakamatsu. Não havia dúvidas de que eu podia confiar nele.

— Hm, você e a Seo… Vocês estão saindo?

Ele arregalou seus olhos, obviamente surpreso. Suas mãos, que até então mantinham-se estendidas ao lado de seu corpo, agora brincavam com o tecido de sua blusa, inquietas.

— Hm, não. Por quê? Você gosta dela ou coisa do tipo? – Ele não mais me olhava nos olhos. – Não que você gostar dela seja um problema. Ela é ótima. E divertida. E até fofa se você prestar atenção e ver pelo ângulo certo…

— O quê? Não! – O seu mal entendido causou-me um arrepio. Eu nem sabia como ele podia ter pensado uma coisa dessas. – Eu, ahn, estou saindo com alguém.

— Ah. – Seus olhos voltaram-se novamente para mim e um sorriso surgiu em seus lábios. Sakura certamente ficaria satisfeita com aquela reação. – O que foi então? Problemas de relacionamento?

— É, acho que sim… – Ele não disse nada mas seus olhos falavam por si, pedindo para eu continuar. – O que você acha de sexo?

Wakamatsu ficou obviamente surpreso com minha pergunta, mas suas feições me deixaram confortável o suficiente para eu continuar a falar.

— Eu nunca fui do tipo de falar dessas coisas, então não sei dizer. E é a primeira vez que estou saindo com alguém… O que acha?

— Bem, eu também nunca estive num relacionamento sério então não sei. Mas eu adoraria guardar esse tipo de coisa para depois do casamento. Mas isso é uma opinião bem pessoal.

— Ah, certo.

— Talvez fosse melhor você procurar conselho de alguém mais velho. Alguém que tenha experiência com essas coisas. – Um apito soou dentro da quadra. Ele olhou por cima do ombro, na direção da origem do som. – Eu tenho que ir agora. Estou atrasado.

— Desculpe.

— Tudo bem.

Despedimo-nos com acenos. Fiquei onde estava por mais alguns instantes, sozinho, pensando nas coisas que ele havia me dito. Eu não sabia bem o que pensar sobre o “guardar para depois do casamento”, mas sua sugestão de falar com alguém mais velho me parecia uma ideia válida.

Voltei pelo caminho de onde eu havia vindo, a cabeça nas nuvens. Entrei no colégio, sem vontade de ir para casa ainda. Talvez eu pudesse criar um post num fórum na internet?... É. Talvez não seja uma má ideia.

Eu virava um corredor, indo em direção à biblioteca, quando trombei com Kashima. A garota sorriu e acenou, pronta para continuar seu caminho, quando me vi segurando seu braço.

— Espera! – Olhei em volta, constatando que o corredor estava vazio. – O que você pensa sobre sexo?

Foi depois que as palavras saíram de minha boca que percebi o porquê de eu não ter considerado perguntar para Kashima até então, apesar dela ser uma pessoa próxima e de confiança. Kashima era uma garota, e eu tinha que começar a lembrar desse fato mais frequentemente.

— Err, deixa pra lá. Desculpe. Isso… Não foi muito apropriado.

Larguei de seu braço, com claras intenções de continuar meu caminho. Ela, porém, agarrou-me pela blusa, seus olhos sérios, suas expressões as de alguém que não precisou de muito para entender a situação.

— Tudo bem. Eu não vejo problema em responder. Não se preocupe. Melhores amigos, certo?

Virei em sua direção, um sorriso leve presente em meus lábios. Eu não devia ter esperado algo diferente dela. Acima de tudo, Kashima era Kashima.

— Então? O que acha? – Perguntei.

— Eu acho que alguém está progredindo as coisas com a namorada. – Ela sorriu, obviamente tirando sarro. – Que você precisa me apresentar, sério. Prometo não roubar ela de você. – O sorriso em sua face se alargou.

Enquanto isso, minhas feições se tornaram indignadas. Realmente, eu não sei onde estava com a cabeça. Kashima era Kashima. Eu devia saber que ela não me levaria a sério sem se divertir com a situação primeiro.

— E sobre sexo, eu acho que quando dois querem, dois fazem. É tudo uma questão de desejo, de vontade. Não é nada muito sério, nem algo para se estressar como você parece estar se estressando. Mas acho que isso é inevitável, já que você é virgem.

Eu estava prestes a implorar para ela ficar quieta e não falar mais nada quando uma luz apareceu no fim do corredor; uma luz sombria, pequena e nem um pouco feliz. Hori vinha em nossa direção obviamente raivoso, mas Kashima não se moveu, apenas abriu os braços e começou a acenar.

— Hori-chan-senpai!

Ele a agarrou pela blusa antes que ela pudesse falar qualquer coisa e a puxou em sua direção.

— Está atrasada! Quando vai aprender a ir para a sala do clube sem eu ter que ir atrás de você?

— Eu estava indo! Mas o Mikoshiba me parou para perguntar algumas coisas e eu não podia deixar ele na mão!

— Que coisas? – Ele olhou em minha direção, suas sobrancelhas franzidas. Estremeci, não gostando nem um pouco daquela situação.

— Nada.

— Sexo! – Exclamou Kashima.

Hori olhou de mim para Kashima e então de volta para mim. Minhas expressões eram as de alguém desesperado e sem chão, que era exatamente como eu me sentia naquele momento. Eu pensei que Hori fosse se irritar e gritar comigo ao que vi ele soltar a blusa de minha amiga, mas ele apenas a mandou ir na frente.

— Por quê? – Perguntou Kashima, obviamente desagradada. Afinal, qual era o ponto dela se atrasar de ele não fosse com ela para o clube de teatro?

— Obviamente que eu vou falar com o Mikoshiba.

Tanto eu quanto Kashima ficamos chocados com a situação, e sem qualquer reação. A garota partiu, sem olhar para trás apesar de estar certamente curiosa. Quanto a mim, só me sobrou a opção de esperar até que ele falasse mais alguma coisa, angustiando a espera de suas palavras.

— Então… Sexo, ahn? O que quer saber? Não que eu ache que possa ajudar muito, mas fale. Sou todo ouvidos.

— Err, tem certeza?

— O quê? Acho que sou uma opção melhor que Kashima.

— Isso certamente. – Respondi, vendo razão em suas palavras. Realmente, acho que não custava nada. Apesar de eu não o conhecer lá muito bem, Hori sempre me pareceu uma pessoa séria e de respeito.

Ele balançou os ombros, um gesto evidente de sua paciência – ou falta desta.

— Eu estou namorando e não estou sabendo bem como lidar com esse tipo de situação.

— Sexo?

— É. Sexo.

— Olha, eu nunca me importei muito com esse tipo de coisa e no fim tudo que eu posso te dar são opiniões.

— Tudo bem. Melhor que nada.

— Eu acho que sexo é uma coisa que acontece naturalmente e que você não tem que se estressar, nem se sentir pressionado. Quando tiver que acontecer, vai acontecer. Também pode ser que nunca aconteça. Pessoas são diferentes entre si e cada uma tem seu jeito de se relacionar e ninguém tem que se sentir obrigado a nada.

Suas palavras faziam sentido, mas ainda assim não foram capazes de me livrar totalmente do peso que eu carregava nos ombros. Algo ainda me incomodava, mesmo depois de tudo, mesmo depois de me falarem mais do que uma vez para eu não me estressar com algo assim. A pior parte é que eu nem sabia exatamente o que tanto me deixava incomodado. Hori ainda olhava em minha direção, e eu na dele, todavia ninguém dizia nada.

— Posso ir então? Ou você tem mais alguma pergunta? – Ele perguntou depois de algum tempo.

— Err… Dói?

Fui recebido por expressões confusas.

— Por que doeria? Que tipo de sexo excêntrico você está pretendo fazer? Apenas a prepare bem e seja gentil, e então nada deve dar errado. Faça umas pesquisar se tiver dúvidas. A internet existe para isso.

— Ah, claro… – É, realmente devia ser mais simples em sexo hétero. Mas já que não estou afim de comentar sobre minha sexualidade, pelo menos não ainda, deixei o assunto morrer.

— Vou indo então.

— Okay. Obrigada.

E com isso nós nos separamos. Decidi então por ir para casa, sabendo que pesquisar a respeito podia ser um bom primeiro passo, e talvez ajudasse a acabar um pouco com minhas incertezas.

Errado.

Fui para a cama aquela noite traumatizado, a cena do pornô que eu havia tentado assistir em replay na minha cabeça. Talvez aquela não tivesse sido uma boa ideia afinal.

.

xxx

.

Era pouco depois das quatro da tarde. O videogame estava ligado, e o controle na minha mão. Havia um pacote de salgadinhos na minha frente, de onde eu me servia de vez em quando. Eu, porém, não estava em casa; não na minha casa.

— Mikorin, se você não quer estudar com a gente por que não vai para casa? – Sakura perguntou, um sorriso nem um pouco alegre no rosto. Não era difícil ver sua insatisfação com a minha presença ali, naquele dia em que ela deveria ficar a sós com seu amado Nozaki.

Não a respondi, apenas me servi de mais salgadinho e continuei jogando.

— Não vê que está nos distraindo?

Continuei sem dar qualquer resposta. Sinceramente, eu não tinha bem o que falar. É verdade que eu não devia estar ali, atrapalhando qualquer mínima chance do romance deles florescer. Entretanto, eu não queria ficar em casa, nem ficar sozinho. Eu estava cansado de ser alfinetado por meus pensamentos.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não. – Respondi, sem muita vontade.

— Não acredito em você. Você está agindo estranho. – Ela se virou em direção ao moreno que se encontrava sentado ao seu lado. – Não acha, Nozaki?

— Ele me parece o mesmo de sempre – ele respondeu, enquanto virava a folha do caderno e continuava a complementar seu resumo.

— Viu? Você está imaginando coisas, Sakura. Estou bem. Só um pouco entediado. – Menti.

Sakura suspira e larga a lapiseira sobre o caderno aberto, seus olhos cheios de sua típica determinação – que mais me parecia teimosia naquele momento.

— Não sei não… Meu sexto sentido não costuma estar errado.

— Há uma primeira vez para tudo. – Eu falei, pressionando os botões do controle quase que mecanicamente.

Ela apoiou a cabeça numa das mãos, e o cotovelo na mesa.

— É o Mayu? Vocês brigaram? – Senti-me ser alfinetado pelo seu palpite, mas tento não reagir a fim de não me entregar. – Bem, acho que todo relacionamento tem seus espinhos.

A garota apanhou a lapiseira e prosseguiu no exercício que havia a pouco começado. Enquanto isso, virei em sua direção, inconformado com suas palavras. Como ela pode dizer isso na frente do Nozaki?

— É. Amigos brigam. – Tentei melhorar a situação, o que obviamente não deu certo. Tentei até mesmo cobrir meu desconforto com uma risada, mas esta saiu tão forçada que acabou se mostrando a pior das minhas decisões.

— Não acha meio tarde para isso? – Sakura perguntou, com uma sobrancelha erguida.

Nozaki simplesmente balançou a cabeça, concordando com a garota, e naquela hora eu fiquei sem saber o que falar a seguir. Eu sentia que devia ficar feliz com sua aparente aceitação quanto ao nosso namoro, mas estranhamente eu não estava; eu tinha um pressentimento ruim, na verdade. Eu só esperava não virar referência para seus mangás, porque isso certamente seria embaraçoso.

Depois de alguns instantes de silenciosas trocas de olhares, decidi me abrir para eles.

— Eu apenas não consigo olhar na cara dele. – A cara de confusão dos dois me incentivou a continuar. – É que aconteceram algumas coisas…

— Não é melhor vocês apenas conversarem e se acertarem? – Sakura perguntou.

— Não sei… Falar com ele…

— Apenas entenda que cada dia que você adia, fica mais difícil para trazer o assunto a tona. – Nozaki falou, seu tom sério o suficiente para encerrar aquele assunto.

Abaixei a cabeça e eles voltaram a estudar, deixando-me a sós com os pensamentos que eu tanto tentava evitar mas que, naquele momento, não me pareciam mais tão assustadores – só um pouquinho. Segui em sua companhia até alcançar o conforto de minha casa, onde Kaori me esperava com olhos solitários; um sinal de que meus pais ainda não estavam em casa.

Ainda sem saber bem o que fazer, decidi apelar por um último conselho. Apanhei meu celular, indo contra minha ideia original de não envolver Mayumayu nessa bagunça. Se ela não se sentisse confortável com a pergunta, então pronto. Não é como se ela fosse obrigada a me dar qualquer tipo de resposta, afinal.

.

[Mamiko ♡] Oi!  

[Mayumayu] Oi. Tdb? Como foi o seu dia?

[Mamiko ♡] Um tédio. Como sempre. ( ̄o ̄) zzZZzzZZ

[Mayumayu] Quando n é?

[Mamiko ♡] Exatamente.

[Mamiko ♡] Enfim. Eu queria te fazer uma pergunta.

[Mamiko ♡] Mas não precisa responder se não quiser.

[Mayumayu] Conselhos?

[Mamiko ♡] Sim...  ( ; ω ; )

[Mayumayu] O que houve?

[Mamiko ♡] Lembra daquela garota que eu te falei, a que eu estava saindo…?

[Mayumayu] A sua namorada? O que tem? Vocês brigaram?

[Mamiko ♡] Não é bem uma briga…

[Mayumayu] Então o que foi?

[Mamiko ♡] Aconteceram algumas coisas e as coisas ficaram estranhas e n sei o que fazer qnd vê-la.

[Mayumayu] Como assim?

[Mayumayu] Ela fez algo que te deixou desconfortável?

[Mamiko ♡] Bem… Talvez? Acho que sim. Não sei.

[Mayumayu] O que exatamente aconteceu?

[Mamiko ♡] Digamos apenas que não sou o mais maduro da relação apesar de ser o mais velho… E que descobri isso da pior maneira.

[Mayumayu] Acho que estou começando a entender o que aconteceu.

[Mamiko ♡] Enfim. Não sei o que fazer. O bom é que não nos vemos muito. Nem trocamos mensagens. Dá pra acreditar que estamos saindo há meses e ainda não tenho o telefone dela? ( ; ω ; )

[Mayumayu] Não é tão estranho assim… Tem gente que não tem o hábito

[Mamiko ♡] Não sei... Um dia as coisas vão fazer sentido (talvez). Vai ver ela não gosta muito de mim, simples assim.

[Mayumayu] Tenho certeza que não é nada disso. Mas, voltando ao assunto, vcs tem que conversar e se acertar. Tenho ctz que td vai dar certo se vcs conversarem.

[Mamiko ♡] N sei… E vê-la seria meio…

[Mamiko ♡] N sei se conseguiria. Eu não saberia o que falar para ele.

[Mamiko ♡] ela* e tenho medo de piorar a situação

[Mayumayu] hm

[Mayumayu] Onde está?

[Mamiko ♡] ?

[Mayumayu] Onde você está agr?

[Mamiko ♡] Em casa

[Mayumayu] Vai sair?

[Mamiko ♡] Não

[Mayumayu] Ótimo

.

Mandei mais algumas mensagens para Mayumayu, perguntando o que significava tudo aquilo, mas não recebi qualquer resposta da garota. Por fim, desisti e decidi simplesmente esperar até que ela mostrasse sinais de vida. Seja lá o que fosse, eu só descobriria o que era quando ela voltasse ao chat. O que me deixou com bastante tempo livre para pensar nas mais variadas coisas e, como não podia faltar, em Mayu.

Pensei nele e nos momentos que passamos juntos. Lembrei da vez que ficamos esperando por Nozaki e acabamos indo parar no apartamento da Miyako. E da vez que ele foi comigo àquele goukon. E teve também aquela vez que fomos ao cinema, e fomos stalkeados pela Sakura e pelo Nozaki; se bem que isso é mais recente...

Antes que eu desse por mim eu estava sorrindo, e a preocupação que até então surgia quando eu pensava nele se tornou um sentimento muito mais caloroso e confortável. Respirei fundo, de repente me sentindo bem mais confortável com toda aquela situação. Talvez eu realmente estivesse fazendo tempestade em copo d’água…

Pensei em seu rosto e em seus raros e discretos sorrisos, no perfume que seu corpo exalava depois dele tomar banho, da sensação dos fios de seu cabelo em meus dedos. Pensei em seu corpo robusto, e em quão menor eu era em comparação. Pensei em sua voz contra minha orelha, num tom sempre baixo e exausto. Pensei nos seus lábios contra os meus, no meu corpo junto ao seu. Pensei no meu coração batendo acelerado enquanto ele me acolhia em seus braços. Pensei então em como nada disso parecia ser ruim, ou assustador. Pensei por fim em como eu havia sido um idiota.

Eu ainda estava preso em meus devaneios quando a campainha tocou. Confuso, afinal eu não esperava ninguém, caminhei até a porta. Mayu me aguardava do outro lado, seus olhos despertos. Meus lábios se abriram, numa confusão silenciosa. Convidei-o para entrar, sabendo que não podíamos continuar para sempre na porta de casa. Caminhamos até meu quarto, em silêncio. Ofereci-o água, ele recusou. Pensei no que dizer a seguir, mas eu não tinha certeza se o motivo de sua visita era o que eu achava que era.

— Não se preocupe. Eu vou esperar. – Ele falou, de repente.

Sinceramente, não fiquei surpreso por eu estar certo quanto às minhas suspeitas. Por que mais ele apareceria aqui com expressões tão sérias, afinal? Tampouco fiquei surpreso com suas palavras – talvez porque muitos me falaram que essa seria a conclusão óbvia do meu estresse. Porém, algo parecia errado. Não comigo, nem com ele, mas com a situação. Por isso, tentei “corrigir” as coisas, torná-las corretas.

Quando dei por mim eu já o havia empurrado na cama e me posto sobre si. Mayu me olhava com uma expressão surpresa, os seus olhos arregalados e suas sobrancelhas erguidas. Eu o encarava com feições sérias e determinadas. Sentado em cima de seu tórax, desabotoei minha camisa e a joguei ao pé da cama. Mayu se mostrava sem reação; apenas me observava, atento às minhas ações.

Agachei-me e plantei um beijo em seus lábios, ao qual ele correspondeu. Mayu me envolveu por seus braços e no momento seguinte vi meu mundo rodar. Minhas costas bateram contra o macio do colchão, o que me trouxe à realidade no mesmo instante.

Mayu havia se afastado e agora terminava de jogar sua camiseta no chão. Seu tórax era largo, e seus braços fortes. Ele começou a se aproximar, uma de suas mãos explorando meu corpo enquanto a outra o impedia de me esmagar. Meu coração acelerou e respirar ficou difícil. Eu puxava o ar mas meus pulmões não pareciam nunca satisfeitos. Eu não sabia onde colocar minhas mãos, que tremiam apesar do calor. Meus olhos ardiam e Mayu estava cada vez mais perto. Fechei os olhos.

Esperei. Os segundos pareceram anos e os centímetros quilômetros. Eu não sabia se abria os olhos ou se isso só seria pior. Enquanto eu angustiava com o que fazer, senti seus lábios beijarem-me perto dos olhos, que abri imediatamente. Mayu me encarava com olhos gentis e um discreto sorriso. Suas expressões eram suaves e trouxeram sossego ao meu coração disparado. Ele se deitou ao meu lado e me abraçou, trazendo-me para mais perto de si. Seu coração batia acelerado…

De repente, senti-me um idiota. Eu sabia que não estava pronto, mas me iludi com pensamentos otimistas. E agora eu o havia decepcionado, de novo, e tudo por causa de um impulso.

— Desculpa – murmurei, sentindo as lágrimas escorrerem. Mayu me abraçou com mais força. – Desculpa. Desculpa.

— Tudo bem. – Sua voz era reconfortante. – Eu te amo, Mikoto. Eu não preciso transar com você pra saber disso.

— Um dia… Um dia com certeza. Só espere mais um pouco.

Mayu beijou o topo de minha cabeça. Eu não via o seu rosto, mas eu tinha certeza que sorria. Eu simplesmente sabia. E então ele se afastou, e eu vi que estava certo. Era um sorriso lindo, e seus olhos brilhavam enquanto ele olhava para mim.

— O tempo que precisar – ele disse, antes de me beijar mais uma vez.

.

~Fim~

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá! Este é mais ou menos o último capítulo então obrigada a você que se deu ao trabalho de pelo menos ler esse troço todo!
Quanto ao ser "mais ou menos o último capítulo"... O caso é que eu tenho mais 2 extras planejados para escrever, que devem ser postados na semana que vem. Esses extras contém coisas que eu queria incluir na fic mas não tive como (eu planejava fazer mais um capítulo, mas mudei de ideia, e isso acabou enrolando algumas coisas no meu planejamento).
Além disso, ainda estou aceitando pedidos de extras (ver capítulo 2 para mais informações). Para isso, contate nekoclair.tumblr.com e me mande um ask. :)
Obrigada por tudo. Desculpe o OOC que não consegui evitar totalmente. Qualquer erro de gramática é só avisar.
BJJS~ Clair ♥
—-----
Mudei os nomes dos capítulos.
Amanhecer - parte 1................Delight
Amanhecer - parte 2................Denial
—--------
Gin, obrigada por tudo. Não sei o que seria de mim sem você e toda a sua paciência.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "When two are actually one" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.