Novamente Alice - Stories escrita por Sol


Capítulo 1
Certo dia especial


Notas iniciais do capítulo

HEEYY Estou começando essa coleção com umas cenas super fofass, msm q meio tristes, narrada pelo Alli fufuxo
Nesse cap ele tem nove anos, o Erick tem 10 e o Loke tem 13 :3



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Alli

—Que isso? – Perguntei desanimado enquanto Loke balançava o potinho vermelho na minha frente.

— Biscoito. – Ele respondeu como se não fosse óbvio, olhei para Erick, ele estava com um sorriso pequeno no rosto, mas parecia distante, eu não o culpo, sua função exige muita dedicação, mas eu queria que ele tivesse mais tempo pra mim.

— Eu sei que é biscoito Loke, só quero saber por que você esta aqui na minha casa com essa cara de idiota e um pote de biscoito.

— É um lanchinho para comermos no caminho.

— O que?

— Hoje é feriado em copas, ninguém pode trabalhar e os nobres não saem de casa, vocês também foram dispensados não é? – Ele estava radiante, tão feliz que me irritou.

— Sim, mas... – Respondi e ele já foi me puxando pra fora de casa. — Espera, Loke, a casa está toda aberta. – Reclamei, mas ele apenas olhou para a casa e ergueu a mão, depois a abaixou e para minha surpresa todas as portas e janelas se fecharam, ele segurou a mão de Erick, e nos puxou rua a fora, simples assim. — Me ensina esse truque? Onde estamos indo? Esse biscoito é de que? A gente esta indo na sua casa? Esse é o caminho da sua casa não é? Erick nunca foi na sua casa não é mesmo?

— Ah! Uma coisa de cada vez, cruzes tem hora que você parece ligar o motor das perguntas e não desliga. – Loke reclamou e eu mostrei a língua.

— Concordo. – Erick afirmou e sorriu pra Loke, o que me deixou feliz, meu primo é muito legal, mas as pessoas parecem ter medo dele e por isso ele não tem amigos.

Como eu suspeitava nós fomos para a casa de Loke, Erick ficou encantado com o que viu, a casa ficava praticamente dentro do território do castelo e de lá um lindo e enorme jardim se entendia. Em um canto via-se um ‘muro’ feito de roseiras, obra do pai de Loke, não sei como, mas ficou lindo, nós avançamos com cuidado pelo jardim e vimos o pai dele, Charle, trabalhando em alguns detalhes no muro, ele nos viu e sorriu, Loke o abraçou e correu pra dentro, para guardar o pote, que aliás estava vazio, ele comeu metade dos biscoitos sozinho, Charle bagunçou meu cabelo e estendeu a mão para Erick.

— E ai, eu sou Charle e você? – Ele perguntou animado e Erick demorou uns dois segundos para responder, o que eu achei engraçado.

— Erick, senhor. – Ele apertou a mão de Charle e sorriu, notei que ele encarava o pai de Loke com um brilho de admiração nos olhos.

— Que nome lindo! Mas não precisa me chamar de senhor... Eu me sinto velho! – Ele exclamou sorrindo e nós rimos, Loke surgiu e saiu nos puxando pra dentro, por trás do muro tudo era mais encantador, a casa era simples, mas bonita e havia flores para todos os lados.

Nós entramos na sala e Tolke imediatamente nos recebeu com um abraço, nós tínhamos a mesma idade, eu o adorava, mas também sentia um pouco de inveja de sua infância tão calma e alegre, eu nem infância tinha mais. Depois Cinne surgiu e quis conhecer Erick, ele então começou a fazer tantas perguntas que me senti ser superado.

— Cinne, pelos céus, pare de fazer tantas perguntas. – Lianni surgiu e repreendeu Cinne, que saiu correndo no mesmo instante, eu a encarei, ela tinha olhos profundamente azuis e os cabelos loiros claríssimos, esboçava um sorriso doce e meigo, e possuía uma voz suave, Tolke a abraçou e ela o pegou no colo, dando um beijo em sua bochecha, como uma mãe de verdade faz, depois ela pôs Tolke no chão e veio falar com a gente. — Olha só, parece que Loke arrumou um novo amigo, como é seu nome? – Ela se dirigiu a Erick, dessa vez ele foi rápido.

— Erick, é um prazer. – Ele respondeu sorrindo.

— Ah! Você parece um anjinho. – Ela comentou e por um breve segundo eu vi o sorriso de Erick falhar, Lianni se voltou a mim e nessa hora vi Erick limpar uma lágrima, eu não entendi porque ele estava chorando, mas aquilo me fez querer chorar junto. — Alli! – Ela exclamou e eu a encarei sorrindo, ela me abraçou e eu senti o doce perfume de rosas que ela usava, eu nunca compreendi o significado de coisas como abraços, beijos ou qualquer outro tipo de demonstração de carinho, mas eu sabia que era bom, porque meu coração sempre parecia se acalmar e se aquecer. — Você sumiu e eu fiquei preocupada.

— Tá tudo bem... Eu só fiquei atarefado. – Respondi e ela tocou minha testa, exatamente onde estava machucado. — Ai! – Exclamei e ela me fez sentar no sofá.

— Menino seu rosto tem no mínimo uns três hematomas, o que aconteceu? - Ela disparou e eu tentei pensar em uma resposta ao mesmo tempo que tentava pronunciar he... Hema... Hema... To... Hematom... A... Desisto. Como se não bastasse, Erick e Loke juntaram a ela e me lançavam olhares aflitos.

— Ah! Nada não esses hem... Machucados, tão ai porque eu caí. - Respondi correndo, rezando para Hem.. hea.. heto.. esse negócio, significar machucado. Lianni me lançou um olhar de “Sério isso?”, e eu fechei a cara, muito bem Allister, você esta tentando enganar uma médica, seu imbecil, mas o que eu ia dizer? Ah! Nada demais, tive que receber um nobre bêbado e ele socou a minha cara, ah, mas não se preocupe, antes dele outro nobre descontou toda sua raiva em mim.

—Loke, pode pegar minha caixa de trabalho, por favor? – Ela pediu e Loke correu até o fundo da casa, Lianni se sentou ao meu lado e puxou Erick para perto — E você onde conseguiu esses cortes no braço em? – Ela o interrogou e ele baixou os olhos. — Vocês são tão jovens, tão pequenos. – Ela abraçou Erick, e o sentou em seu colo. — Você é o Cheshire não é? – Ela perguntou docemente e Erick a encarou com medo, afinal o nome do assassino mais jovem de copas havia se espalhado por toda a parte, depois ele abaixou a cabeça e disse que sim, eu notei que Charle estava parado na porta com um sorriso triste. — Não se preocupe, eu não vou ter medo de você, nem te odiar, olhe pra mim. – Ela pediu e ele a encarou, seus olhos estavam marejados. — Qualquer amigo de Loke é bem vindo aqui.

— Isso mesmo. – Charle concordou e veio até nós, ele se ajoelhou e passou a mão no cabelo de Erick, que sorriu sem tirar os olhos dele, no começo eu não entendi o porquê, mas depois eu vi, Charle tinha incríveis olhos verdes e Erick não conseguia parar de observá-los, Loke voltou com seu ajudante, Tolke e Lianni pediu para que sentássemos em um banquinho na varanda, fazendo os curativos com a ajuda de Cinne, ele era realmente bom nisso, os meus foram rápidos, mas os de Erick demoraram um pouco mais, ele estava com o braço todo cortado, depois que terminamos Lianni nos convidou para almoçar, eu admito que me senti estranho no começo, uma mistura de inveja e emoção, quando eu vivia em Jadis, na maioria das vezes a hora do almoço só era boa pra mim quando papai estava em casa, porque fora isso, mamãe nem me dirigia a palavra, toda sua atenção era voltada a Carime, quando olhava pra mim ela parecia me colocar no mesmo lugar que os nobres me colocam, no lixo. Mas aqui era diferente, todos falavam com todos, todos riam, trocavam olhares amigos, Erick se sentou ao meu lado e bagunçou meu cabelo, depois Loke apareceu e se sentou do outro lado, sorrindo pra mim, eu admito, desde que cheguei aqui, nunca me senti tão seguro quanto me senti naquela hora.

Nós almoçamos tranquilamente e depois Erick e eu passamos a tarde toda brincando e rindo, coisa que eu não fazia a muito tempo, Charle não tinha muito oque fazer então ele Lianni apenas nos observavam, Loke fazia os brinquedos se moverem sozinhos, ele conseguia ser incrivelmente bom com magia, Cinne contava histórias malucas para mim e Tolke e por vezes recebia ajuda de Erick, somente quando começou a escurecer nós resolvemos ir embora.

Por mim, iriamos sozinhos, mas como estava tarde Charle nos levou até perto da minha casa, depois que Erick garantiu saber o caminho nós nos despedimos.

Quando chegamos Erick me levou até lá e eu pedi para que dormisse na minha casa, um pedido infantil, sim, mas eu me sentia tão sozinho, e ele era minha única família, já que minha irmã tinha ido morar com o chapeleiro e parece ter me esquecido, Erick sorriu e aceitou.

A noite eu improvisei um colchão, uns edredons e uns travesseiros para ele dormir.

— Alli! – Ele me chamou e sentou ao meu lado.

— Que?

— Desculpa. – Ele pediu sem olhar pra mim.

— Por que Erick?

— Eu te deixei vir pra cá e agora você está todo machucado, eu prometi que te protegeria, mas nem ao menos tenho vindo aqui. – Ele disse com sinceridade.

— Mas Erick você está ocupado, tem seu trabalho que é pior do que o meu. – Tentei alegrá-lo, era difícil ver ele triste.

— Não queria que fosse assim, você é meu irmãozinho e eu não quero que sofra, já estou cansado de te ver todo ferido desse jeito. – Ele me abraçou e ficou pedindo desculpas.

— Eu não te culpo por nada, você fez tanto por mim, mesmo antes de virmos pra cá, eu não te culpo. – Respondi e ele sorriu, depois me obrigou a dormir, ele me deu um beijo na testa e eu fechei os olhos. — Boa noite, te amo.

— Também te amo maninho. – Ele disse e eu sorri, depois simplesmente apaguei.

Com o sol na minha cara eu acordei desanimado, olhei pra o lado e vi que Erick já tinha acordado, ainda meio sonolento eu levantei e olhei ao redor a procura de um relógio, o que não foi difícil de achar já que minha casa tinha um monte, eu vi a hora e era bem cedo ainda, com muita força de vontade eu consegui sair do quarto e ir até a cozinha, onde encontrei meu primo.

— Bom dia, eu já estava indo te acordar. – Ele me abraçou e sorriu.

— Que você está fazendo? – Perguntei enquanto o seguia.

— Chocolate quente. – Ele respondeu e eu me sentei á mesa. — Dormiu bem?

— Sei lá eu não lembro. – Comentei com sinceridade, ele riu e trouxe um copo pra mim logo indo fazer o dele, quando o via trabalhando assim parecia que ele era muito mais velho, na verdade ele sempre parece ser muito mais velho do que é, eu provei o chocolate. — Uau! Isso é muito bom.

— Sim, chocolate é muito bom mesmo. – Ele concordou e se sentou ao meu lado com o seu.

— E você dormiu bem?

— Claro, eu sonhei... – Ele começou a falar, mas por algum motivo se interrompeu. — Com a casa na árvore que a gente brincava lembra?

— SIM! – Exclamei animado e ele sorriu, ele estava mentindo, eu sabia, assim como sabia o significado do trabalho dele, assim como sabia o significado dos insultos dos nobres, assim como sabia que não iria mais voltar pra casa tão cedo. — Erick! Erick! Você viu a Carime? – Perguntei e ele pareceu se surpreender, depois sorriu e passou a mão no meu cabelo.

— Não Alli, desculpa. – Ele respondeu docemente e eu me senti péssimo.

— Tudo bem, não queria ver ela mesmo. – Resmunguei emburrado, voltando a tomar o chocolate quente.

— Vou fingir que acredito... – Ele ironizou e sorriu. — Talvez sua fofura a ofusque e ela tenha ficado cega.

— Idiota. – Reclamei virando a cara, ele terminou o chocolate quente e se levantou, olhando no relógio, esse vicio de ver hora pega, depois suspirou e foi ao banheiro, eu sentei na sala fiquei olhando o nada até decidir trocar de roupa, quando voltei pra sala Erick estava com um sorriso idiota no rosto. — Mais falso impossível. – murmurei e ele riu, depois baixou os olhos e seu sorriso diminuiu.

— Você fica até parecendo uma criança decente nessa roupa social, estaria melhor se você conseguisse deixar o cabelo arrumado e menos rebelde. – Ele brincou.

— Meu cabelo não é rebelde, ele só tem vontade própria. – Retruquei oque o fez rir. — Estou falando sério seu bobo.

— Eu sei que está! – Ele afirmou sorrindo e bagunçou mais meu cabelo, pobrezinho do meu cabelo, todo mundo gosta de bagunça-lo. — Ei Alli agora eu vou ter que ir, mas vou tentar voltar logo.

— Ah! Poxa. – Me senti tão abalado que certamente deixei transparecer, eu o abracei e ele retribuiu, sorrindo tristemente. — Promete que volta?

— Prometo. – Ele respondeu me abraçando mais forte e eu sorri. — Agora vá se preparar, o chapeleiro acabou de enviar uma carta... – Meu sorriso desapareceu.

— Viajantes? - Perguntei na esperança de ouvir um não, mas infelizmente ele confirmou, eu deixei os braços caírem e baixei os olhos.

—Não fique assim Alli, olha eu estou com você nessa, estamos juntos, então... – Ele parou de falar, até porque não tinha como compensar em palavras. — O chapeleiro disse que são três, mas não afirmou mais nada, acho que eles vão encontrar um portal logo e você vai ter que encontra-los antes que eles cheguem ao castelo e leva-los a mim, tudo bem? - Erick tentava ser o mais doce possível, mas me incomodava, eu os encontraria e os levariam depois morreriam nas mãos de Erick, a pessoa mais bondosa que eu conheço. Eu não queria tocar no assunto, pois sabia que ele não gostava de falar sobre seu serviço, mas eu precisava saber.

— Erick, Eles vão sofrer muito? – Ele não pareceu entender minha pergunta, ou melhor, fingiu que não entendeu, como sempre. — Quando você mata-los eles vão sofrer ou você vai mata-los rapidamente como da ultima vez? – Disparei e pela primeira vez meu primo ficou sem palavras, da ultima vez, foi quando eu tive que levar um viajante diretamente para a floresta, isso acontece muitas vezes, só que nessa foi diferente, o homem estava um pouco desconfiado e eu tive que acompanha-lo até mais fundo que pude, depois de um tempo acabei avistando Erick, foi tudo muito rápido, ele fez sinal para que eu me escondesse atrás de uma árvore e fechasse os olhos, eu fiz isso, o homem gritou apenas uma vez, depois silenciou para sempre, Erick imediatamente me levou para fora da floresta, estava sujo de sangue e visivelmente assustado, aquele grito nunca mais saiu da minha cabeça.

— Ah! Alli... – Os olhos dele encheram de lágrimas e eu me senti um pouco culpado. — Eu... Não sei tudo depende do momento, você sabe, depende muito... – Ele sorriu. — Eu odeio tudo isso também... Mas o que podemos fazer? Olhe pra mim anjinho. – Ele pediu e eu olhei. —Vai ficar tudo bem. – Ele foi até a porta e eu o segui, quando ele saiu vi que enxugou algumas lágrimas, depois se virou pra mim sorrindo. — Desculpa, isso vai acabar um dia Alli, ainda vamos voltar pra casa e então vamos proteger a todos, e nunca mais machucaremos ninguém, vai tudo voltar a ser como antes. Mas até lá... Tente sorrir um pouco mais. – Ele se virou e correu pra longe, eu sorri, suas palavras me deram uma nova esperança, mesmo que soubesse... Que não tínhamos mais uma casa pra voltar.


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Notas finais do capítulo

Alli como sempre otimista né...
E espero que tenham gostado :333



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