Além dos Fatos Desconhecidos escrita por Anikenkai


Capítulo 1
Desespero no avião




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"Se você não se desesperar durante a queda de um voo, você tem muito mais chances de sobreviver. A maioria das pessoas morrem por terem agido de forma errada no momento de desespero, como tirar o cinto de segurança ou querer se levantar e etc..."

Fatos Desconhecidos (maio/2015)

 

 

Bem. Aquele deveria ser um momento feliz e empolgante para o jovem jogador de basquete, cujo nunca tinha tido a oportunidade de andar de avião. Quando era mais novo, sempre via vários aviões passando por cima de sua cabeça, subindo até as nuvens; pois morava ao lado de um famoso aeroporto.

O rapaz possuía um sonho: subir em um daqueles gigantescos aviões, saber como era por dentro, e a sensação de voar nos céus. Ouvir música em sua cabine, beber água com gelo oferecido pelas belas aeromoças e olhar pela janela lá do alto. Sua mãe, lhe alertava com frequência o quanto aquilo era bobo. "Sonhe com coisas melhores!" dizia ela. Mas ele a ignorava. Faria de tudo para conseguir seu objetivo de voar.

Explorou então um talento nato, ser jogador de basquete. Treinou arduamente, todos os dias nas quadras dia e noite, participou de torneios dos diferentes tipos. Até que então um empresário convocou seu time para jogar em um campeonato fora do estado, fora do país.

Aquela era sua chance! Por ser pobre, nunca tinha realizado seu sonho até então. Mas com uma chance daquelas, teria suas despesas todas pagas, inclusive, as sonhadas passagens aéreas. Feliz, ele juntou suas coisas na mala e se despediu aos pulos de sua velha mãe. Era seu momento de subir aos céus!

Ele chegou então ao aeroporto bem cedo, ainda escuro junto com sua equipe promissora em um ônibus alugado pelo empresário. Desceram pelo estacionamento, e tomaram o elevador, chegando até o saguão do aeroporto, indo atrás da fila que estaria o portão de embarque. O rapaz não largava sua passagem de jeito nenhum; apertava em suas mãos, eufórico, olhando os aviões decolando do lado de fora.

Finalmente, chegara o momento. Entregando a passagem para a aeromoça responsável (uma moça elegante, de coque alto e batom bem vermelho nos lábios) seguiu em um túnel que dava acesso para o avião. Chegou seu acento, "A5". Foi surpreendido pelo Comandante, que estava na porta cumprimentando os passageiros. Quase o abraçou, mas preferiu apertar sua mão, entusiasmado demais. Procurou seu acento, e ficou sentado na janela, ao lado de uma mãe com uma menina ao lado.

"Senhores passageiros, aqui é o Comandante da aeronave. Agradecemos a preferência, decolaremos em instantes."

O rapaz apertou seu cinto de segurança, com um sorriso de orelha à orelha. Mal podia esperar! Então o avião começou a andar, correndo pela pista, e então se pôs a subir, chacoalhando as cadeiras, dando aquele frio na barriga de enjoo. Após poucos minutos, tudo voltou ao normal, e ele soltou seu cinto.

Momento único na vida. Olhando pela janela, via tudo tão minusculo. O avião atravessava as nuvens, e ali de cima, podia se ver o sol mais brilhante e lindo. Os olhos do garoto brilharam de euforia, se lembraria daquele momento para sempre...

Tarde demais. De repente, um apito assoou, e era um mal sinal. Algo havia acontecido. De repente, uma aeromoça correu desesperada, gritando, pedindo ajuda. O rapaz se levantou, correndo até ela e descobrindo que o piloto havia desmaiado por não dormir a dias, e acabara batendo sem querer no copiloto, que caíra desacordado também.

Aquela situação não poderia estar acontecendo... era muito improvável! Desesperados, os passageiros se soltaram se seus cintos, buscando uma forma de se salvar. Naquele momento, o avião já se deslocava no ar de um lado para o outro, com uma das aeromoças tentando controlar a situação e pedir ajuda para a central.

Calmamente, empurrando as pessoas, o jovem voltou para seu acento, pondo seu cinto e observando calmamente a janela. Um dos seus colegas de equipe berrou seu nome, desesperado, para que fizesse alguma coisa. Mas o jovem estava tão feliz por estar realizando seu sonho de andar de avião, que estava bem tranquilo. Até demais.

Mesmo desconhecendo, abraçou a mulher com a filha no acento ao lado, as acalmando que choravam. E então a aeronave começou a descer, descer, até ter um pouso drástico: a asa direita bateu em algum lugar, despedaçando enquanto pousava em um campo vazio. Em seguida, um dos tanques explodiu, matando metade dos passageiros.

Abrindo os olhos, o jovem percebeu que não estava morto. Todo enfaixado, encontrava-se em um hospital, próximo onde havia caído com o avião. O médico se aproximou, dizendo que havia somente sobrevivido ele e mais algumas pessoas - incluindo a mulher e sua filha - pois haviam mantido a calma total e não saído do lugar. Intrigado, o médico ainda lhe questionou:

"Como não se desesperou na queda? Na explosão?"

E sorrindo, o jogador respondeu:

"Ora, doutor. Eu estava andando de avião e realizando meu maior sonho! Porque eu iria querer sair do meu lugar, com uma visão tão linda da paisagem da janela do avião como aquela?"

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Vamos para os próximos! ^^



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