Era dia 15.

O apartamento estava uma bagunça, mas era o momento de antepor nossas vontades individuais para levar em consideração o que queríamos em conjunto.

Compramos o apartamento dos nossos sonhos. Era menor que o esperado e localizado num lugar longe do centro, mas tornava-se aconchegante com os móveis.

Eu estava muito preocupado com o que essa mudança traria. Na verdade, era por isso que tinha pavor de casamentos: morar juntos, aprender a conviver... Tornavam-se detalhes cruciais para definir uma relação. Ali, os defeitos estariam numa balança e poderiam pesar mais para um lado ao invés de equilibrarem.

“Calma, Túlio. A gente dá conta de pagar todas as dívidas... E eu conheço cada defeito seu na palma da minha mão, meu bem. As qualidades também. Se tiver respeito e confiança tá tudo resolvido”.

“Sempre quis ter um cantinho só meu. E com você aqui isso está muito melhor que o esperado. Agora é nosso! Nós vamos ser muito felizes. Vamos passar por esse atoleiro da mudança, certo?”

“Certo. Nenhuma situação é eterna. São ciclos, fases. Temos que aproveitar cada um deles de uma maneira. Agora anda, vem ver essas orquídeas raríssimas que achei para trabalhar no meu projeto...”