Viajantes - O Príncipe de Âmbar [HIATUS] escrita por Kath Gray


Capítulo 19
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo

Heey!
Desculpem a demora... última semana de aula, duas provas mais multidisciplinar, trabalho de artes, bloqueio criativo...
Eu cheguei a terminar o capítulo uma vez, mas acabei tendo que tirar o trecho por motivos de contexto maior.
Mas aqui estou eu! ^^
Obrigada àqueles que comentaram no último capítulo!
Espero que aproveitem! ^^



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– Ei, olhem isso!

Katherine ergueu o pequeno objeto o suficiente para Dean enxergá-lo de trás dela. Ty olhou por cima do ombro para ver o que ela mostrava.

– Acabei! - exclamou, radiante.

Nas mãos, ela segurava o que antes fora um simples anel tecido com fios de palha, largo o suficiente para envolver três dos dedos da garota, mas que agora era uma miniatura do que Dean conhecia como 'filtro de sonhos'.

– Que bonito! - comentou Dean, admirado. - Como você fez isso?

A garota sorriu.

Muuuita prática! - respondeu ela. - Eu sempre gostei de tecer fios de palha. Dá para fazer umas coisinhas bem interessantes com isso.

– Ficou bonito mesmo! - concordou Ty.

Katherine sorriu para ele.

He!

Nos últimos dias da viagem, a garota parecia ainda mais sorridente do que de costume. Quando Dean a questionava a respeito, ela apenas alargava o sorriso.

– É que falta pouco! - dizia, alegre. - Estou com saudades de Shira e Elliot. Vai ser legal poder vê-los de novo.

Ainda era cedo quando Dean deixou passar despercebido um pedaço de raiz parcialmente emerso do chão.

Os reflexos rápidos de Katherine sempre impediam-no de cair quando alguma coisa acontecia. Nesses momentos, seus rostos frequentemente ficavam inesperadamente próximos.

E era nessas horas que Katherine sorria. Era como se dissesse 'tudo bem, todo mundo tropeça de vez em quando.'

Ela parecia executar uma espécie de missão autoimposta e interminável, de sempre afastar de qualquer um qualquer dúvida ou incômodo, por mais sutis que fossem. Como, por exemplo, a vergonha de tropeçar sem motivo algum.

Missão essa que ela executava com perfeição, com o auxílio de seus sinceros sorrisos.

A garota não sabia assobiar, mas às vezes ela punha-se a cantarolar alguma coisa, com sua vozinha baixa e ligeiramente agradável, como o som de sinos delicados em harmonia.

A única diferença entre as músicas que ela compunha e as que ela já sabia era que, nas que ela já sabia, muitas vezes Ty a acompanhava, se juntando a ela na canção.

Seria uma cena até engraçada para qualquer um que visse de fora: na frente, o garotinho loiro, cantarolando; logo em seguida, a garota também cantarolando e andando no ritmo da canção, quase saltitando; e, no final, o garoto maior, de longe mais alto que os outros, balançando a cabeça com a música, os cabelos escuros acompanhando o movimento. Eram como um trio alegre em uma caminhada matinal pelo campo gramado do parque no fim da rua.

Um clima alegre pairava sobre os três jovens, fosse pela cantiga ou pela expectativa do iminente fim da longa viagem, que já se estendia por nove dias inteiros.

Nos últimos dias, o período de descanso vinha ficando cada vez mais curto. Dean sentia que estava finalmente se acostumando com o ritmo dos outros dois, e isso o deixava satisfeito consigo mesmo.

O sol brilhava forte quando eles chegaram a uma área aberta.

– Certo! - exclamou Kath. - Hora da pausa.

Com os familiares gestos que haviam feito inúmeras vezes, os três deixaram as mochilas caírem dos ombros para o chão. Dean sentou-se ao pé de uma árvore, Ty procurou algo para comer e Katherine ficou bem debaixo do sol, erguendo o rosto com os olhos fechados como que para recebê-lo.

Os três suspiraram em uníssono.

.

– Ei, o que você está lendo?

Katherine ergueu os olhos. Ela estava sentada com as costas apoiadas na árvore, os olhos protegidos pela sombra de sua copa.

O gesto foi súbito, e o chamado, inesperado, mas ela não estava surpresa. Dean tinha a ligeira impressão de que nada poderia surpreendê-la.

– Ah, é um mangá - respondeu ela, tornando os olhos para a revista. - Saiu umas três semanas atrás.

– Você lê mangás? - ele ficou curioso. Sem pensar muito, o garoto sentou-se ao lado dela, espiando as imagens da página aberta.

– Adoro! - sorriu ela. - Na verdade, eu adoro quase qualquer forma de narrativa. Livros, pergaminhos, quadros escritos em partes e marcações em pedra... Sempre achei as histórias uma coisa incrível. Heróis e aventuras, tensão e mistério... é tudo tão incrível! Mas os mangás sempre estarão entre os meus preferidos.

– Não perde a graça ler esse tipo de história depois de vivê-la? - perguntou Dean, meio confuso.

Katherine sacudiu a cabeça efusivamente.

– De forma alguma! - respondeu. - Viver aventuras é uma coisa intensa, mas a parte da ação é o de menos em uma narrativa. Pessoalmente, eu acho muito mais importante a empatia que sentimos pelos personagens, e muitas vezes a própria relação entre eles mesmos. Sempre achei a amizade e a lealdade duas das maiores virtudes dos seres vivos.

Isso não era surpresa. Mesmo sabendo tão pouco sobre ela, ele já conseguia visualizar um pouco dela como um todo, e seus valores estavam entre as coisas mais claras de sua personalidade.

– É por causa desse mangá que você estava no meu Domo... sabe, naquele dia? - perguntou o garoto.

– Bom, é claro que tinha vários outros motivos também... Nós costumamos fazer visitas esporádicas aos Domos para reabastecer, rever velhos amigos e ver se tudo está em ordem. - disse ela. Então, riu. - Mas, sim, esse era um dos principais motivos naquele dia em especial.

Dean lembrou-se de algo que o incomodara havia algum tempo.

– Kath, - começou. - Por que eu desmaiei naquele dia? Quando te toquei?

A garota corou um pouco ao ouvir a pergunta.

– Acho que foi culpa minha... - respondeu, um pouco sem jeito. - Eu estava com um machucado meio feio no ombro. Quando você tocou, eu acabei gritando sem querer, e... bem, a Imperatriz reagiu instintivamente. Me desculpe... te causei muitos problemas?

Dean imediatamente balançou a cabeça, em negativa. Então, percebeu o que ela havia dito.

– A Imperatriz? - estranhou. - Ela não era só a... a pessoa que levava os Viajantes de um Domo a outro?

Mais uma vez, Katherine sorriu. Aquele sorriso distante, de uma pessoa que se lembra de alguém que não vê há muito tempo.

– Hmm... não exatamente. - respondeu ela, enigmática.

Ao fim do tempo definido, eles mais uma vez jogaram suas coisas sobre os ombros e puseram-se na trilha.

Finalmente, estavam chegando perto.

.

Na manhã seguinte, eles partiram ainda mais cedo do que de costume.

Os primeiros raios amarelos de sol mal começavam a desabrochar. A brisa fresca da manhã ajudava a despertá-los, e todos estavam tão preparados quanto jamais estariam.

De tempos em tempos, Katherine escalava até o topo das árvores, ágil como uma acrobata e cada vez mais rápida, e de lá de cima olhava em volta, à procura de seu destino. Por lá, percorria os próximos minutos do trajeto, para somente em seguida descer e se juntar aos garotos no chão.

– KATH, O QUE VOCÊ VÊ? - gritou Ty para a irmã no alto.

Por alguns instantes, eles esperaram a resposta, encarando o denso emaranhado de folhas que formava o topo das árvores em expectativa.

Então, o tronco da garota emergiu, de ponta-cabeça, seu corpo sustentado apenas pelos joelhos dobrados em volta do galho firme.

– Garotos... acho que vocês vão querer ver isso! - respondeu ela, não gritando, mas projetando sua voz através da distância que os separava.

Foi inconscientemente que os dois abriram ainda mais os olhos e alargaram as bocas em sorrisos largos.

Ty subiu rapidamente, e Dean, mais rapidamente do que costumava. Já estava pegando o jeito.

Finalmente no topo, eles ergueram-se acima do nível das folhas. Katherine estava de costas para eles, segurando com a mão esquerda o topo fino e absoluto do tronco, como um marinheiro segurava a corda do barco que navegava com tanta habilidade. Seu cabelo balançava com o vento.

Os dois colocaram-se de pé e olharam pela primeira vez para a paisagem atrás da garota.

O céu ainda clareando, naquele amarelo alaranjado ardido, mas suave ao mesmo tempo, em uma contradição impossível. O topo das árvores em uma massa verde que se estendia em todas as direções.

E, ao longe, o primeiro vislumbre de uma cidade murada, rodeada por grandes paredes de pedra atravessadas por grandes aberturas que pairavam entre o arco alongado e o ogival, como portões sem porta.

Todos tinham em mente um único pensamento, e foi Katherine quem o pôs em palavras, a voz suave como o vento.

Nós chegamos.


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Notas finais do capítulo

Vocês gostam de curiosidades?
Se quiserem eu poderia começara postar curiosidades aqui nas notas de história de vez em quando. Se conseguir publicar um dia, pretendo criar um livreto só de curiosidades, além de alguns extras como aventuras do Dean e da Kath entre os livros principais, depois e algumas das primeiras aventuras da Katherine.
Aliás, vocês gostariam de ler algum desses? Quais vocês gostariam mais? Só por curiosidade minha ^^'



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