Nós começamos a nos organizar para a festa. Mandamos algumas mensagens convidando alguns amigos nossos, mas como muita gente sabe, boatos sobre uma festa se espalham mais rápido que um incêndio em uma fábrica de papel. Estava um pouco receoso em relação à festa, porém, a animação de Amy e Niall acabou por me contagia e também, além disso, essa é a minha primeira festa, a primeira que ajudo a organizar. Isso me deixa muito animado e me faz esquecer os receios.

Apesar de andar com Amy e Niall que são extremamente populares na escola e já foram a várias festas, é claro que eu os acompanho, mas meu nível de popularidade não chega nem aos pés dos deles. As pessoas só me conhecem por causa deles. Quero mostrar a todos que sou legal. Que sou uma pessoa divertida.

***

A festa está sendo um arraso. Sensacional! E o que era pra ser apenas um encontro de amigos se transformou, ganhando vida e virando uma enorme festa de arromba. A casa está lotada há tantas pessoas as quais nem conheço, pessoas até mesmo mais velhas com dezoito, dezessete e dezesseis anos. As luzes fracas e coloridas brilhando, dando uma leve sensação de desorientação se forem encaradas por muito tempo, a música eletrônica alta, muita bebida da qual eu nem sei de onde veio. Praticamente todos os convidados têm um copinho vermelho em mãos com guarda-chuvinhas. Garotas dançam na sala, rebolando, deslizando suas mãos sensualmente pelos seus corpos, com seus vestidos curtos e indecentes. A mesa lotada de comida, doces e salgados dos mais variados.

A festa começou há apenas uma hora e meia e está vibrando. Estávamos a recepcionar os convidados na entrada. No começo me assustei um pouco e contei meu receio a Amy e Niall, mas eles apenas riram alegres e me mandaram relaxar. Esses dois... Amy puxou a nós dois pela mão e nos levou para o meio da sala e começou a dançar no meio de nós dois. Eu estava meio tímido no começo, mas depois que tomei um pouco de um liquido amargo do copo de Niall eu comecei a me sentir diferente.

Então foi o que fiz, eu relaxei. E foi assim que acabei vindo parar no meio da sala, dançando como um louco, como se não houvesse amanhã com os olhos fechados. Sinto um par de mãos envolverem minha cintura. Penso ser Niall brincando, como ele sempre faz com essas brincadeiras idiotas de me agarrar. Então encosto minha cabeça em seu ombro rindo em seguida tirando suas mãos da minha cintura e me virando para encará-lo, pronto para lhe dá uma bronca. Mas o que vejo me deixa completamente pálido e sem reação.

–O quê? –Digo ainda tentando entender o que está acontecendo. O moreno a minha frente sorri, segurando minha mão, me fazendo girar e me puxando para os seus braços, esfregando seu nariz no meu pescoço. O que me provoca pequenos arrepios.

–Meu nome é Victhor. –Sussurra em meu ouvindo, mordendo o lóbulo da minha orelha. Dando um beijo em meu pescoço.

–Qual é o seu nome? –Pergunta com uma voz grave e extremamente sensual. Ele deve ter uns dezessete anos.

–Jayden. –Digo um pouco zonzo, não sei se com a aproximação ou se é efeito da bebida. O cheiro amadeirado do seu perfume inunda minhas narinas e sinto uma sensação extasiante enquanto ele distribui selinhos e pequenas mordidas em meu pescoço. Seu corpo másculo colado ao meu. Minha mente e coração são levados a loucura. Sua mão aperta minha cintura, enquanto a outra desliza até minha bunda, dando um aperto nela. Sou acordado do transe, voltando à realidade. Abro os olhos olhando em volta um pouco assustado. Onde estão Amy e Niall. E o que eu estou fazendo com esse cara? Empurro levemente seu peito o afastando de mim.

–O que foi? –Ele questiona sem entender. Com um belo sorriso malicioso no rosto.

–Eu... –Gaguejo olhando ao redor a procura de meus amigos. Onde estão aqueles dois?

–O que foi? Relaxa. –Ele pede, segurando minha mão, passando o polegar delicadamente por ela.

–Desculpe, eu preciso ir. Tenho que encontrar meus amigos. –Digo em extremo nervosismo me desvencilhando de sua mão. Ele apenas concorda em um aceno de cabeça. Começo a atravessar a multidão de corpos dançantes sentindo os olhos de Victhor sobre as minhas costas, não ouso olhar para trás. Minhas bochechas estão quentes, certamente rubras, vermelhas como um semáforo em sinal de pare!

Ao chegar à cozinha, vejo algumas pessoas envoltas da mesa, rindo, levantando as mãos pra cima, gritando em comemoração a algo do qual não consigo ver. Aproximo-me da mesa e do centro de toda a euforia com curiosidade. No centro uma menina se encontra deitada, com as costas sobre a mesa e a barriga pra cima a mostra. Um garoto coloca um pouco de bebida sobre o umbigo da jovem e sal, solvendo em seguida o liquido. Ao termino o grupo a volta explode em um couro de alegria e comemoração. Volto a caminhar a procura de Amy e Niall. Subo as escadas em direção ao quarto de Amy. Ela pode estar lá. Ou Niall. Não faço ideia. Tudo o que sei é que estou começando a me sentir um pouco atordoado no meio de toda essa gente que não conheço.

No corredor do segundo andar algumas pessoas se pegam. Faço uma careta ao passar por um casal quase transando no corredor. A menina se encontra com as penas em volta da cintura do rapaz, puxando-lhe os cabelos com força, gemendo enquanto tem o pescoço e a boca tomada pelos beijos ávidos do rapaz que a aperta sem pudor sem um em todos os lugares. Deslizando sua mão sobre os peitos da garota de cabelos pretos repicados. Os ignoro e continuo seguindo.

A porta do quarto de Amy está entre aberta e dele posso ouvir gemidos. Abro a porta de vagar e encontro Niall aos beijos com Selena. Os dois estão sentados sobre a cama, a garota sentada sobre o seu colo, sem camisa com o sutiã rosa e seus belos pares de peitos a mostra. Niall a beija com volúpia e Selena geme puxando a camisa dele para cima. Não entendo o motivo, nem sei o porquê, mas sinto meu sangue ferver, e tudo o que sinto é raiva nesse momento. Raiva por Selena o está agarrando desse jeito. Por esta com suas mãos imundas sobre ele. Eu literalmente odeio essa garota.

Nossos olhares se encontram, meu e de Niall e seu rosto perde a cor imediatamente. Selena também me olha, com um belo sorriso malicioso em seu rosto de víbora e um olhar destilado de veneno dirigido a minha pessoa. Nunca entendi o motivo de esta garota me odiar tanto, mas o ódio prece ser recíproco nesse momento. Inspiro pesadamente batendo a porta com muita força ao fechá-la. O que assusta o casal que estava a se pegar no corredor. Eles me encaram por alguns segundos se entender nada, mas depois volta a me ignorar e a se beijarem como loucos. Desço as escadas às pressas. Correndo, praticamente pulando de dois em dois degraus.

–O que foi gato? Por que essa pressa toda? –Uma garota loira segura minha cintura, me abraçando. Ela parece estar em um leve estado de embriaguez. Com as bochechas levemente avermelhadas e um sorriso meigo. Olho pra cima assustado, vendo Niall que acabou de surgir no topo da escada. Ele para, encarando a cena. Selena surge, apertando suas bochechas e o beijando com fervor.

–Preciso sair daqui. Agora. –Digo sentindo uma enorme dor em meu peito. O que é isso? Não sei bem o motivo de estar me sentindo desse jeito, não sei se “enciumado” é a palavra certa. Nunca havia me sentido desse jeito em relação a Niall. Tudo o que sei é que preciso me afastar dele. Preciso de ar fresco. Tenho que me afastar ou posso explodir.

–Claro! –A garota que me abraça sorrindo mais ainda.

–Vamos lá pra fora, tem um amigo meu que quer te conhecer. –Ela segurando minha mãe ela começa a me puxar, me levando para o quintal atrás da casa de Amy. Sentamo-nos em baixo de uma árvore, a mesma a qual tem um balanço. Com as costas encostadas no tronco. Ela encosta sua cabeça em meu ombro, suspirando pesadamente.

–O que foi? –Questiono.

–Por que as pessoas são tão idiotas?

–Como assim? –Ela levanta a cabeça me encarando.

–Vamos tomar como exemplo você.

–Ei! –Protesto.

–Eu não sou idiota! –Afirmo.

–Não? Tem certeza? Por que pelo que eu vi você estava fugindo do seu amigo, pois gosta dele, mas não tem coragem de se declarar. –Inicialmente fico chocado com suas palavras e com o quão direta essa garota é. Minha mete se torna pensativa e fico em silencio, abaixando a cabeça.

–Viu! Eu estou certa! –Ela bate em minha coxa com um enorme sorriso no rosto, comemorando.

–Você não me chamou aqui pra conhecer alguém não é? E não está tão bêbada. –Seu sorriso se alarga ainda mais.

–Bingo! Você está quase certo em tudo. Eu não estou bêbada. Aquela ceninha lá dentro era só teatro. E, eu realmente quero que você conheça melhor uma pessoa... Na verdade você já o conheceu. O nome de é Victhor. Vi vocês dois dançando juntos. Ele é meu irmão mais velho.

–Não estou entendendo. Por que está fazendo isso?

–É simples. Meu irmão já sofreu demais e de uns tempos pra cá ele só tem estado deplorável, mas hoje eu o vi sorrindo novamente depois de muito tempo. E tudo isso por sua causa. –Ela sorrir, feliz.

–Eu? –Fico surpreso, ainda sem entender muita coisa.

–Sim. –Ela confirma com um aceno de cabeça.

–Por sua causa seu bobinho ele está feliz. –A garoa continua a esboçar um magnífico sorriso.

–Mas não quero falar do meu irmão agora. Quero saber tudo sobre você e esse seu amigo.

–Não é nada... –Digo envergonhado. Tentando desviar o assunto.

–Ah, para com isso! Vamos, se abra comigo. Pode confiar. –Ela segura a minha mão a apertando levemente.

–Eu nunca havia pensado nele desse jeito. –Admito. Suspirando pesadamente, sentindo um enorme alivio ao dizer essas palavras. Ela continua a me encara me incentivando a continuar.

–Eu sempre vi os meninos de forma diferente. Os acho muito mais interessante que as meninas. Nunca cogitei a hipótese de estar gostando do meu melhor amigo. Mas quando eu o vim com aquela nojenta da Selena... Aí, eu tive vontade de arrancar cada fio de cabelo daquela garota, um a um. Como Niall vai reagir quando souber? Ele vai passar a me odiar. –Sinto a mão delicada da garota louca que me arrastou até aqui tocar minha bochecha, limpando uma lágrima traíra que resolveu escorrer e só então percebo está chorando.

–Vai ficar tudo bem. Infelizmente a gente não manda nessas coisas. Não escolhemos a pessoa que vamos gostar. Nosso coração idiota simplesmente escolhe e somos nós que nós ferramos no final. –Concordo com um aceno de cabeça.

–Não acho que seu amigo vai passar a te odiar quando souber dos seus sentimentos. Pra mim ele, quando o vi ele parecia estar tão confuso quanto você. Vi isso no olhar dele. Talvez ele sinta o mesmo por você e ainda não percebeu. Ou não quer admitir. –A encaro com esperança.

–Você acha isso mesmo? –Ela sorrir confirmando com a cabeça.

–Mas que falta de educação a minha. Chamo-me Irina. –Ela estende a mão para mim. Aperto sua mão.

–Meu nome é Jayden, mas pode me chamar de Jay. –Sorrio. Acho que acabei de fazer uma nova amiga.

–Irina! –Alguém a chama. Ao olhar na direção da voz meu coração dar uma descompassada. É Victhor. Que agora sei ser irmão mais velho de Irina.

–Por onde andou pequena? Você sumiu. –Diz sério, questionando a irmã que apenas ignora o fato de seu irmão se encontrar um pouco puto com seu sumiço.

–Por aí... –Responde sorrindo.

–Olha quem eu encontrei! Arrumei um mais novo amigo. –Irina diz evasiva, não dando muita importância ao fato de seu irmão está irritado com seu desaparecimento repentino. Ao invés de respondê-lo ela desvia a atenção dele para mim. O que funciona, pois ao seu olhar cruzar com o meu ele dá um lindo sorriso que me faz perder o ar.

–Jayden. –Ele me cumprimenta.

–Victhor. –Também sorrio timidamente.

–Que legal! Vejo que vocês se conhecem. –Irina diz se fazendo de desentendida. Como essa garota atua bem.

–Encontrou seus amigos? –Ele pergunta, com sua total atenção sobre mim. Encarando-me com seus incríveis olhos azul celeste. Como ele é bonito. Mordo os lábios em nervosismo o analisando de cima a baixo. Ele é alto. Mas alto que eu. Seus cabelos negros e ondulados estão levemente bagunçados. Olhos azuis hipnotizantes. Em um rosto másculo. A barba rala. Lábios fartos e queixo quadrado. Ele veste uma camisa de algodão branca escrito: foda-se! Uma calça jeans Skinner preta, apertada nos lugares certos e coturnos da mesma cor.

–Sim. Eles estão ocupados curtindo um pouco. –Respondo a sua pergunta relembrando a cena que vim no quarto o que faz meu sangue esquentar. E dizer as palavras de uma forma um pouco ácida.

–Hum... É uma pena. –Diz, ignorando o fato de minhas palavras terem sido ditas um pouco venenosas.

–Espero que possamos nos encontrar novamente algum dia. Estamos indo embora. Vamos Irina. –Ele chama a menina que cruza os braços de forma emburrada.

–Eu não quero ir! –Diz de forma manhosa, fazendo birra.

–Irina, por favor, não me faça te arrastar para fora dessa festa te carregando nas minhas costas como um maldito homem das cavernas. –Ele diz sério, mas assim que eu e ela começamos a rir ele nos acompanha nas risadas.

–Vic, vamos! Eu quero ficar mais um pouco.

–Irina! Já esta tarde. –Ele a repreende cruzando os braços.

–Podemos ficar só mais um pouquinho? –Implora.

–Tudo bem. Mas essa festa está ficando chata. –Ele cede, se sentando na grama a nossa frente.

–Que tal para animar e deixar as coisas mais interessantes brincarmos de verdade ou desafio?

–Acho melhor não... –Victhor faz uma careta diante da proposta da irmã. Nem parece que eles são irmão, são tão diferentes. Tanto em personalidade quanto aparência. A única coisa da qual os dois compartilham são os incríveis olhos azuis.

–Você sabe o que aconteceu da última vez... –Diz receoso.

–Fala sério Vic! Foi hilário. Você tem que admitir. –Ele fica com uma expressão fechada.

–Foi horrível! Não foi você que teve que dar a volta pelo quarteirão pelado.

–Quem mandou não beijar a Aly? Era só um beijo. -Diz emburrada, com os braços cruzados.

–Só um beijo? Sabe que se eu beija-se aquela garota ela ia ficar me perturbando. Já falei pra ela que não gosto de mulher. –Diz emburrado.

–Me dar um beijinho Vic. –Irina faz biquinho. Não resisto e caio na gargalhada, sou acompanhado pelos dois irmãos que também riem.

–Não tem como verdade ou consequência não ser divertido. –Irina diz com uma expressão de: Eu sou demais! Victhor concorda com um aceno de cabeça.

–Tudo bem. Podemos jogar um pouco, mas já digo que se me fizer andar pelado pela rua de novo eu corto seu cabelo. –Ameaça. A garota leva as mãos ao cabelo, mostrando a língua para o irmão.

***

E assim, estávamos reunidos na área de serviço da casa. Uma pequena roda havia se formado. Várias pessoas apareceram, totalmente entretidas com a brincadeira de verdade ou consequência. Uma garrafa se encontrava no centro da roda e a cada vez que ela era gira as pessoas ali, umas se empolgavam outras ficavam extremamente nervosas com a ideia de ela apontar para elas.

Selena e Niall apareceram, curiosos com a pequena agitação na área de serviço, assim como Amy que estava agarrada a um menino de cabelos loiros, alto e com um sorriso sedutor. Eles também entraram na roda. Niall, assim como eu evitávamos a nos olharmos no olho. Ainda não entendo o que aconteceu lá em cima quando vi ele se agarrando com essa garota ridícula. Mas acho que não dá mais pra esconder. Eu gosto dele.

Estou muito nervoso. Nunca havia jogado essa brincadeira. E pelo que eu entendi muitos aqui estão com o objetivo de ficarem com alguém. Eu nunca beijei ninguém e estou com medo de ter que pagar a consequência ou pior, das pessoas descobrirem esse fato e me zoarem.

–Sua vez! –Irina me entrega a garrafa, animada. Seguro a garrafa em minha mão, receoso. Eu queria ficar por fora, parado só vendo eles brincarem, mas Irina é extremamente convincente. Já me sinto apegado a essa garota um pouco louca. Dou impulso na garrafa a fazendo girar. Ninguém tira os olhos do objeto que lentamente vai parando e aponta para Niall. Ele levanta a cabeça e nossos olhares se encontram.

–Verdade ou consequência? –Irina pergunta me encarando, com um olhar de quem vai aprontar.