Carta de Hoje escrita por Lua


Capítulo 1
1.


Notas iniciais do capítulo

Todo enredo, assim como os personagens, são totalmente de minha criação. Saboreie!



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Querido amor,

Já é quase meia noite, e eu não fui pra cama ainda. Na verdade, estou esperando você aparecer pra me pôr para dormir. Isso soa meio patético, quero dizer, eu não sou nenhuma criancinha, embora me pareça bem mais jovem do que realmente sou, mas ainda estou esperando. É o que acontece quando duas pessoas estão apaixonadas, o patético torna-se tão natural quanto café, caderno e lápis juntos. Mas este não é nosso caso; nós nem temos um caso. Esta carta nunca chegará até você, eu acho, e você não vai realmente aparecer hoje, nem nunca. É um amor não correspondido, uma admiração secreta que não é tão secreta assim, porque é claro que você sabe que eu te olho, é tão evidente quando o faço. Eu quero que seja, mas eu nunca vou admitir isso, nunca além de frases mal ditas e escondidas. Você já leu uma centena de vezes todas essas palavras, você sabe das coisas, ou pelo menos é no que eu vou acreditar. Essa é a vantagem de se ter um amor que só existe na sua cabeça, você pode imaginá-lo como quiser, pintá-lo como preferir. Eu pinto você assim.

Tudo me parece um tanto distante quando penso. Eu sou a garota de óculos, tímida, desajeitada, que gagueja e mistura as palavras quando tenta falar, um tanto fora do padrão. Você é o cara bonito, inteligente, simpático, cheio de amigos e boas histórias, que quer garotas e se divertir.

Você fala, e eu me calo, você passa, e eu aspiro seu cheiro, deixo que me faça cócegas. Eu deliro e te odeio, porque você sempre está certo, porque sempre está se esforçando pra me fazer acreditar que você não se importa, porque você de fato não se importa. Mas nunca te odeio tempo suficiente pra não ficar imaginando cenas, que nunca vão acontecer.

Eu sei que eu poderia me arrumar algum dia, ir te encontrar, te dar um beijo, ou dizer alguma coisa. Eu poderia ser a garota que escreve esta carta ao invés de ser a garota da carta, e te roubar o fôlego. Te mostrar que não me perdeu, e que vai gostar disso. Te deixar ver que eu não sou comum. Eu poderia ter o que fico pintando todas as noites, e ainda mais. Só que eu vou ficar aqui, olhando de longe mesmo, porque é o melhor.

Prefiro que as palavras nunca sejam ditas, prefiro que você nunca me deixe te amar de fato, prefiro que não tenhamos memórias fotografadas, nem piadas e manias particulares. Prefiro não ter sorrisos compartilhados, ou olhos nos olhos, nariz em nariz, boca e pescoço. Sussurros ao pé do ouvido. É melhor que não tenhamos nada agora pra não haver muito depois. Imagine só, ter demais pra esquecer! Me pergunto quantas promessas ainda vou fazer, e quantas mãos diferentes vou segurar, só para abandoná-las todas. Mãos e promessas. A sua não estará na lista; eu me importo o bastante.

E eu sei que meu coração vai virar mil e um pedaços partidos de novo quando você aparecer com uma mulher ao lado, ou quando for embora. Talvez eu chore. Ao menos não vou precisar te ver me deixando, porque você nunca terá me tido na realidade. Vou fazer de você pouquíssimo para não ser superado, vou te esquecer ainda mais depressa do que me apaixonei. Mal vou me lembrar do sentimento que me leva a escrever hoje, e é exatamente por não saber, no futuro, nada do que se passa aqui, que essa será a minha melhor história, meu amor.

O fim não é realmente o fim, se acaba antes de começar. Nós, então, somos eternos.

Por favor, não estrague tudo.

Durma bem e sonhe comigo.

Com carinho,

Para Sempre Sua


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Notas finais do capítulo

A última, ou a primeira carta?