Todos nos trocamos, tiramos os pijamas e colocamos alguma roupa para poder levar Gil ao hospital. Como não foi decidido quem iria ou quem ficaria, todos acabaram indo. Foi uma comitiva de dois carros para levar uma pessoa com o braço cortado ao hospital. Chegando lá, o hospital estava lotado, alguns loucos, alguns bêbados, e alguns Gils! Como teria se cortado tão feio por um motivo tão ínfimo?

Dentro do consultório entramos apenas Gil e eu. O médico assim que viu o corte de Gil, saiu para buscar materiais para os pontos. Deixando-nos a sós.

– Por que fez isto? Preferia que dissesse a verdade que tivesse se machucado assim. – Desabafei.

– Verdade? – Ele me fitou.

– Agora que você já fez, deixa assim. – Virei o rosto, mantive-me séria.

– É bom saber que ainda se importa comigo. – Ele sorriu para mim e mais uma vez tive de admitir que sorriso lindo que ele tinha.

– Bem diferente de você não é?

– Eu me importo com você. Se não me importasse não teria feito tudo isto apenas para que não passasse vergonha perante seus amigos. – Fitou-me.

– Não foi o que me pareceu naquele dia na praia. – Queria que aquele assunto terminasse, não queria que se iniciasse uma nova discussão sobre este momento.

O médico entrou no consultório. E com esta sorte o assunto se encerrou.

– Como foi que você se cortou mesmo? – O médico perguntou enquanto fazia os pontos em Gil.

– Ehr. – Gil tentava manter a versão que havia dito a seus amigos. – Sar passou mal, e quando fui ajuda-la acabei me cortando com a uma lamina de barbear que estava no armário de remédios. Sar não é acostumada a beber, e com apenas alguns goles, sentiu-se péssima.

– E você não se cortou? Sente-se melhor?

– Eu não. – Fitei o médico. – O único abobado aqui é ele. E sim, sinto-me bem melhor.

– Boba. – Gil fez careta para mim, em seguida fez uma cara de dor quando o médico terminou os pontos.

– Esses namorados de hoje em dia. – O médico sorriu nos olhando enquanto terminava o receituário.

– Não! Não! Nós não... – Olhei para Gil. – Nós não somos namorados.

Pela expressão do médico ele não acreditou muito em mim. Depois de terminar o receituário, ele fez um curativo por cima dos pontos, e nos liberou para ir para casa. Voltamos tão cansados pela espera no hospital, que a única coisa que queríamos fazer era dormir.