Depois de vestido, Gil molhou meu rosto. Depois abriu o armário de remédios, espalhou tudo por cima da pia.

– O que você vai fazer Gil? – Disse com um tom sussurrante, porém ansiosa. Queria sair daquele problema que Gil havia me metido, mesmo que com meu consentimento. A culpa sempre seria dele se passasse por uma vergonha daquelas. Acredito que ele sabia.

Gil por fim bagunçou meu cabelo, e pegou uma gilete, fazendo um corte no próprio braço. Gil segurou-se para não gritar, o corte havia sido mais fundo que o planejado por ele mesmo.

– Você esta louco? - Falei incrédula.

– Não, te acalma. – Ele não conseguiu me acalmar com este tom de voz.

Ainda ouvíamos piadinhas do outro lado da porta. Tentávamos não nos concentrar nelas enquanto Gil terminava.

Pegou rolos de papel higiênico para estancar o sangue, e jogou alguns pedaços sujos no chão.

– Abra a porta. – Ele ordenou com convicção.

Eu abri.

– Pronto. – Disse com uma cara braba. Podia sentir-me uma atriz por esconder o nervosismo. – Estão loucos? Precisam mesmo ficar batendo e gritando?

– O que houve com o Gil? – Morgan me perguntou.

Boa resposta. Gil não havia me contado seu plano. O que eu ia dizer?

– Você sabe como ele é tonto. Se machuca fácil. – Pisquei.

– Mas isto está feio. – Disse Manuel intrometendo-se.

– É, a gente já percebeu. – Respondi de modo seco, minha paciência com Manuel era nula, e cada vez ficava menor.

– Calem-se. – Catherine intrometeu-se antes que se armasse uma briga. – O que houve?

– Sar passou mal por causa daquele gole de Smirnoff. Ela veio ao banheiro, eu vim ajuda-la. Fui no armário de remédios procurar algo para ela tomar, e acabei me cortando com a gilete. Foi apenas isto. – Ele me olhou, como se precisasse da minha confirmação.

– E a porta estava trancada por? - Morgan perguntou ironicamente com um sorriso malicioso nos lábios.

– Chega de pergunta pessoal. – A história estava muito boa, podia começarmos a nos enrolar. – Esse corte está feio – e realmente estava, Gil exagerou – acho melhor levarmos Gil no hospital para ver isto.

– Eu também acho. – Christian apoiou-me.

– E você tem que achar algo? – Gil respondeu sério, estava visivelmente com ciúmes de Chris pelo que havia ocorrido algumas horas atrás.