Gabriel dormia em minha cama, nu, com o edredom em cima de seu quadril.

Observei seu rosto sereno, encostado à janela, enquanto bebericava o café em minhas mãos.

Seu sono era tranquilo, e aquilo me deixava feliz. Eu o amava.

Lembro-me que, três anos atrás, quando me assumi para ele e, no dia seguinte, peguei em sua mão no meio de toda a escola, Gabriel ficara extremamente feliz. Seus olhos brilharam para os meus e lembro perfeitamente do quão forte meu coração bateu.

Meus amigos julgaram, nos xingaram e cometeram horríveis bullying com ele. Enquanto comigo, apenas tentaram convencer que eu estava cometendo um erro.

Eu disse que erro era me enganar, machucar os outros e passar mais um segundo longe dele.

Quando eu encontrei Gabriel aos soluços, cheio de lágrimas em sua face, meu coração afundou contra meu peito. Sangue saía de seu nariz.

Se aproveitavam dele por ser bom e frágil. Assim que me viu, pulou em meus braços, afundando o rosto em minha camisa e contou tudo.

Eu o protegi. Depois daquilo, ninguém mais ousou encostar nele ou zombar dele.

Me justapor à ele fora a melhor decisão da minha vida. E tudo por ele, eu faria.