E se eu ficar? escrita por Day Real


Capítulo 32
Como pais e filhos.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora. Espero que aproveitem bem esse capítulo! A fic está chegando a sua reta final.



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A cidade continuava chuvosa, fria e muito nebulosa. Barba ia levando prontamente Olivia a um hospital mais próximo para descobrir os mistérios das dores ao pé de sua barriga que sentia com muita intensidade. Estamos falando de gravidez, automaticamente cremos que sua bolsa deva ter se rompido e deixado rastros no chão da cozinha - Gracie e Oliver estariam prontos para vir ao mundo. Se formos comentar e avaliar o fiel amigo da tenente ao volante seria um completo transtorno, devido sua direção estar desgovernada e acelerada. Era drástica a situação de Olivia no banco de trás, era quase arremessada de um canto ao outro do carro a cada virada em atalhos de ruas estreitas que Barba dava. Dá para pensar positivo sobre ela chegar inteira ao local. Annelyn acordava de seu longo cochilo um pouco atordoada sob os efeitos fortes dos remédios em que toma. Vai até a sala, cambaleando, se apoiando ao móveis e vê que a porta do apartamento estava totalmente aberta e a cozinha meio bagunçada. Com todo esse alvoroço e sozinha, sente que algo esta errado, o primeiro da lista do seu celular a ser discado e consultado sobre o que se sucedeu ali era mesmo o Barba.

– Alô... Alô? - atende a ligação e bem nervoso, Barba, com uma mão tentando segurar o celular e outra pressionando sem parar a buzina. O trânsito neste momento estava infernal.

– Rafa, sou eu Annelyn. Filho, acabei de levantar da cama aqui... tudo está revirado, não estou entendendo nada. Aonde está a Olivia? - o indaga temerosa e assustada, olhando para as bagunças ao seu redor.

– Annelyn, quero que fique calma, tá bom? Estou com ela aqui dentro do meu carro à caminho do New York Memorial... - tenta tranquilizá-la.

– Meus netos irão nascer?! Rafael eu tenho que estar perto para vê-los! Você deveria ter me dito... - altera a voz e fica insatisfeita pela atitude dele.

– Mas... queria lhe poupar! Olhe, quero que fique calma e não se altere, é a segunda vez em que peço isso a você. Preciso desligar, estou perto do hospital e ela está aqui desmaiada... - fala um pouco mais calmo, põe o celular no viva voz e o joga no banco do carona para poder dirigir melhor. Olha para trás rapidamente e vê que Olivia ainda está do mesmo jeito.

– Rafa, eu vou para o hospital rapidamente. Não vou deixar a Olivia só nessa situação! Até daqui a pouco! - diz com certa angustia em sua voz.

– Não... fique calma ai! Eu... Annelyn! Annelyn! - grita dentro do carro em total desespero, mas vê que a ligação já havia sido finalizada por ela.

A tensão só iria aumentando. Barba finalmente chega a porta do hospital, estaciona na parte reservada à emergência e grita por socorro logo dali. Ele pega Olivia em seu colo com bastante cuidado do banco de trás do carro, quando ameaça entrar no local, avista vindo em sua direção um médico socorrista e mais dos enfermeiros com a cama móvel de emergência. Pelos corredores, indo até a sala emergencial, Olivia iria sendo levada com bastante rapidez, o doutor checava sua respiração e os batimentos cardíacos dos bebês em sua barriga para ver se estava tudo bem. Barba continua acompanhando eles a levando até o trajeto final, antes disso, e aos prantos, não consegue dizer nada e se despede ao dar um beijo rápido na teste de Olivia ao acariciar seus cabelos - as gotas de suas lagrimas pingam no rosto dela que ainda está desacordada. Levam-na para dentro, a porta se fecha e Barba fica ao chão.
Períodos depois, uma enfermeira do centro cirúrgico vem rapidamente procurar por ele a mando do médico que socorreu Olivia, na primeira porta da emergência que ligava ao corredor central. Sem querer, ela abre por completo uma parte da porta justamente onde ele estava e acaba o atingindo - olha para baixo e se depara com ele totalmente inconsolável.

– Ei, você é o pai dos bebês que irão nascer? - pergunta, ela.

Ele confirma ao balançar a cabeça, com as mãos ao rosto secando suas lágrimas. Ela se comove ao olhá-lo tão cabisbaixo.

– Vamos lá assistir ao parto? - pergunta novamente, acompanhando um sorriso simpático.

– Sim. Vamos. - responde e tenta sorrir em reciprocidade pela simpatia da enfermeira.

A gentil enfermeira o levantou do chão do corredor e foi o direcionando até uma sala reservada com uma vasta janela de vidro transparente, onde alguns médicos ficam para assistir a certos procedimentos cirúrgicos para fins de aprendizado que ocorrem naquela enorme sala em que sua amiga estava. Barba não continha a emoção, era choros seguidos por soluços quando podia ver Olivia deitada e totalmente sedada quando os médicos estavam começando a fazer sua cesariana. Ele não ficou só, a enfermeira estava ao seu lado o tempo todo mesmo tendo coisas a fazer.

– Não era para o Mike ter ido embora. Ele deveria ter ficado aqui para ver o quanto são lindos. - sorri. Seus olhos já começam a umedecer e dar sinais de que logo estará aos prantos. Mas, antes disso, os enxuga pegando um lenço que estava no bolso externo lateral de seu blazer creme.

– Tudo vai ficar bem! Ele deve estar orgulhoso aonde quer que esteja. Ele, com certeza, irá transbordar de felicidade por saber que ela tem alguém aqui por perto em que se importe com sua vida e está torcendo para que ocorra tudo bem em seu parto.

Barba não consegue falar mais nada, ao menos que por uma simples concordância ao balançar sua cabeça que dá como resposta.

Ele sente a enfermeira afagar seu ombro suavemente. Isso faz com o que suas lágrimas desçam novamente e fique em mais evidência, outra vez. O parto dos gêmeos seguia. Era a vez dos médicos trazerem Oliver Alexander William Dodds e Gracie Elena Anne Benson à vida.

Com os destinos entrelaçados, pais e filhos jamais se separam, corporalmente e espiritualmente falando - mesmo que haja uma certa distância de milhares de quilômetros - aborrecimentos e mágoas - entre eles. O que distingue um ser e outro são apenas os espaços, ocupações, problemas, vontades, defeitos e virtudes - os denomino de indivíduos aqui. Cada um pode viver o que quiser, ter e ser, mas sempre estarão entrelaçados pelas correntes sanguíneas e da alma, mesmo que não desejem mais. Assim acontecerá com Mike e seus filhos ao manter-se afastados deles, e como se sucede a seu "paralisado e deficiente" pai, William Dodds, que precisará de sua ajuda para sobreviver após complicações sérias de saúde. Há quem tenha compaixão estampado em seu nome e há aqueles que são mais que compostos pela mesma.
Mike está no quarto onde seu pai está internado. Fica totalmente estático e perplexo, um pouco afastado, ao vê-lo completamente inválido sobre uma cadeira de rodas, próximo à cama. Seu pai ficava paralisado, lutava para manter seus olhos bem abertos, não poderia esboçar qualquer tipo de sentimentos e estava sempre com os sua atenção fixada a um quadro que continha avisos hospitalares de doenças, bem na parede à sua frente. Era um silêncio totalmente instigante, pesado e sofrido estabelecido no local. Mike pôs uma de suas mãos em sua boca não acreditando presenciar o estado de saúde em que seu pai ficou - aquele mesmo pai em que o colocou na prisão, traiu sua mãe, abandonou a família em busca de mais poder. E, para que serviu tanto poder assíduo se acabou inválido ao sofrer cinco paradas cardíacas, ser reanimado em todas elas, sofrer um AVC que tomou todos os seus movimentos motores e cognitivos? Parece não ter servido para nada. Só parece ter chegado ao seu fim. Mike se ajoelhou com um semblante morno perante seu pai, colocou seus braços debruçados no joelho dele, abaixou sua cabeça encima de suas mãos e não segurou sua dor ao derramar suas lágrimas em profunda tristeza. Spivot passava semanalmente pela ala onde o pai de Mike está internado e o observava em seu quarto ao ser tratado pelos médicos e enfermeiras que sempre o examinavam. Repentinamente, ia caminhando como de costume por lá quando olhou para dentro do local, através de uma janela enorme revestida em vidro do chão até o teto que dá para o corredor, de que pai e filho finalmente se reencontravam. Ela fica meio receosa de entrar e atrapalhar todo o momento, mas resolve investir na vontade. Adentra em silêncio, Mike percebe e se levanta do chão e fica de costas rapidamente impossibilitando que ela o veja chorando.

– Ei, Mike. - sussurra, Spivot.
Ele reconhece a voz dela, mas, ainda sim, se mantém na mesma posição e não responde. - Fico feliz que esteja aqui. - sorri.

Ele balança a cabeça como concordância pelo o que ela diz.

– Não vai se virar e ver como estou feliz em lhe ver novamente? - pergunta, ela, ainda sussurrado e com o seu sorriso perfeito.

– Talvez eu só queira um abraço neste momento. Pretendo ficar nele. - resolve respondê-la, com certo pesar em sua voz e muito sentido.

– Então quero que você venha me abraçar. Quero que fique o tempo que for nele! - observa ao ver o ímpeto de Mike ao vir em sua direção, com um olhar triste e muito cabisbaixo, como uma criança que procura pelos braços de sua mãe com muito medo de ter visto algum mostro em seu quarto escuro. Ela o sente envolver seus braços fortes em sua cintura chegando-a para mais próximo de seu corpo. Retribui ao abraça-lo forte, com toda a força que era necessária no momento.

Voltemos o grande momento.

Enquanto isso na sala de operação do NY Memorial, depois de alguns minutos do procedimento cirúrgico de abertura da barriga de Olivia, se ouve o primeiro choro. É emocionante para Barba presenciar os médicos pôr ao mundo a primeira membro da família Benson-Dodds, Gracie Elena. A pequena tem sim os pulmões extremamente fortes, olhos delicados e uma boca bem desenhada e aberta em demasia - como chorava. Sua minúscula lingua tremia sem parar. Seus cabelos são castanhos bem lisos poderiam ser perceptível mesmo estando com um pouco de sangue. O médico lhe dá a uma enfermeira que a limpa com todo o cuidado e carinho, desobstrui suas vias áreas, a pesa, põe em seu delicado pulso direito uma fitinha escrito com o nome de sua mamãe. Olivia. Barba, que estava do outro lado do vidro era só sorrisos.

– Que princesa mais linda! - elogia ele, com a voz suave e trêmula. - Quando vou poder segurá-la?

A enfermeira apenas sorri. Ao acenar com as mãos para sua colega que estava com a pequena Gracie em seu colo - envolvida com uma pequena manta branca do próprio hospital e em seus braços, imediatamente se aproximou do vidro para que ele pudesse vê-la. O promotor derrama suas inevitáveis lagrimas ao admirar uma coisa tão miúda e adorável à sua frente. Toca o vidro com o seu dedo indicador na direção do rosto da pequena - parece que ela sentia e demostrava isso ao se mexer constantemente.

– Você quer ouvir o choro dela? - pergunta, a enfermeira, com a mão no sistema de som que situa-se na parede ao lado, como tem na UVE.

– É possível? - ele a olha surpreso.

– Sim, claro que sim! - sorri.

Eis que ela ativa ao som, Gracie vai mostrando toda a sua cantoria que é transmitida sem ruídos para o "pai" Rafael Barba, que sorri e chora instantaneamente com o seu coração enobrecido.
Com o sistema de som ainda ligado, ouve-se um miado e não bem um choro. O pequeno e forte Ollie acabara de nascer. Ele não chega a ser um chorão assumido como a irmã, logo que o segundo médico lhe tirou da barriga, estava bem encolhido e quieto - deu alguns resmungos bem breves demostrando estar um pouco bravo por ter saído do quentinho que estava dentro de Olivia. Ollie tem os traços parecidos com os de sua irmã - boca pequena e bem desenhada, cabelos lisos castanhos e um semblante com traços angelicais. Lindo. Sobre os olhos, bem, poderá puxar os verdes de Mike ou os castanhos de Olivia. Saberemos com o tempo. Que a torcida ou a disputa comecem.

– Senhor, olhe bem para aonde o pequeno está com as mãos. - alerta, a enfermeira, bem próxima de Barba com uma mão apoiada ao ombro dele e outra utilizando seu dedo indicador batendo ao vidro para mostrá-lo. - Você viu?

– Mas o que o Ollie está tentando me mostrar? - leva uma mão ao queixo e sorri, ainda olhando para onde ela apontava que era a direção real aonde o bebê estava.

Com todo o alvoroço percebido pelo segundo médico na sala reservada, ele mesmo pega o menino - já limpo e com os procedimentos já feitos como o da irmã - se aproxima do vidro e o apresenta ao promotor.

– Ele está chupando o dedinho. Oh, que fome môdeuso! - diz, ele, como uma voz mole e carinhosa como de pais que fazem ao mimar seus filhos.

– Os gêmeos mais lindos que eu já vi. Meus parabéns! - felicita, a enfermeira, ao estender a mão para cumprimentá-lo.

– Muito obrigado. - sorri e retribui ao cumprimento.

Depois de ter se submetido ao parto com urgência e todo ele ter tido êxito, Olivia já se encontrava em seu quarto particular ainda dormindo. Barba a aguardava acordar sentado em uma confortável poltrona reclinável ao lado da cama dela. Ele dormia, mas não se esquecia de manter seu braço esticado e segurando a mão de Olivia. Por sua vez e de imediato a tenente despertou, reparou o local em que estava - estranhou por só se lembrar que tinha desmaiado na cozinha de seu apartamento - olhou para sua mão e para Barba ao sentir que a mão dele não deixou de estar encima da sua.

– Oi Liv.- diz sussurrando, Barba, ao despertar vagarosamente.

– Oi amigo. Não deixou de sair do meu lado se quer um minuto. - vira o pescoço para o lado, o olha com um pouco de dificuldades por estar com a visão pesada devido aos efeitos da anestesia e alguns calmantes. Não deixa de sorrir para seu amigo demostrando gratidão por seu empenho.

– Não deixei. - confirma ao balançar a cabeça. - Amigos são para essas horas. Apenas os melhores!.

Ele se levanta e fica de pé ao lado da cama com um semblante feliz. O cansaço era visível em suas pálpebras que se arrastavam todas as vezes em que piscava seus olhos.

– Aonde estão os meus bebês, Barba? - indaga, ela, um pouco mais agitada. - O que fizeram com os meus filhos?

– Olivia, calma! - torna a segurar na mão dela. - Eles estão bem. Precisam ficar na unidade neo natal por um tempinho, nasceram de sete meses e precisam, segundo os médicos.

– Eu passei quase o parto inteiro sedada e não pude ver seus rostos. Quero poder segurá-los, Barba! Não é justo... tinha que vê-los primeiro. - lamenta, ela, quase que inconsolável e ensaia chorar.

– Eu sei, mas... - suspira profundamente, Barba. - Não se preocupe, tá? Seus filhos são as coisas mais lindas em que eu já vi. - diz sorrindo, a fim de tranquilizá-la.

Olivia apenas balança a cabeça em concordância ao que ele diz. Disfarça ao permanecer com a cabeça baixa por estar enxugando seus olhos que já estavam criando as primeiras lágrimas.

– Aonde está o Mike? - levanta a cabeça e o olha. Era inevitável que seus olhos não começassem a ficar úmidos e encharcados novamente logo de cara com a pergunta - e assim foi.

– Mike se foi, Liv. Você não lembra? - Barba franze a testa.

– É que por um momento eu estava disposta a esquecer de tudo o que ele fez, só para tê-lo aqui bem perto de mim. Isso seria pedir muito? - bufa.

– Não. - a responde de imediato e logo se senta onde dormia antes. - Eu estando aqui não sou o suficiente para você? - brinca.

– Você é o melhor amigo em que alguém poderia ter me dado. Eu te daria a minha vida se você precisasse dela! Eu te amo! - abre um sorriso enorme para ele, mesmo estando com o seu rosto meio inchado.

– Eu também te amo. E muito! - sorri timidamente e pisca com um olho.

Barba se levanta e dá um beijo carinhoso na testa de Olivia. Senta na ponta da cama, passa seu braço nos ombros dela e a chega mais perto. Olivia sorri e encosta sua cabeça no peito dele. Barba recosta a sua cabeça à dela, fecha seus olhos sustentando um singelo sorriso ao seu rosto de satisfação por tê-la sempre perto.

No exato momento em que Olivia perguntava por Mike, ele, em Chicago, já tinha uma foto em seu celular de seus dois filhos enviados pelo próprio Barba - que foi tirada na unidade neo natal. A reação de Mike não poderia ser melhor ao vê-los, além de se derramar em lágrimas com a imagem, tem uma legenda escrita com a seguinte frase em que o escancarou de vez: "Papai, queremos você aqui com a mamãe. Te amamos!"


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