TRIIIIIM!
Segunda aula. Educação Física. Como eu já disse, sou um lixo em Educação Física, eu sou meio preguiçoso, sabe? Eu não gosto de fazer exercícios, prefiro coisas mais intelectuais, como caça-palavras, palavras-cruzadas, sudoku, etc. Mas é claro que a escola não pensa nessas pessoas, e não se dão ao trabalho de criarem clubes para pessoas como eu. Então sou obrigado a aguentar essa peste dos infernos que nós chamamos de Professor De Educação Física.
Ele é rico e poderoso? Não.
É bonito? Não.
É um velho do capeta que nos obriga a fazer esportes que não vamos usar para nada em nossas vidas? Sim.
Nós estamos aprendendo Basquete. Eu odeio basquete. Odeio. Eu sou meio baixinho, então é óbvio que não sirvo para nada na quadra a não ser andar na velocidade de uma tartaruga deficiente. O professor separa as pessoas em três times, e ele tem essa mania irritante de me por em qualquer time, e quando eu vou para o tal time, todas as pessoas dele (exceto meus amigos Emilly, Josh, Mike, Sam, Matt, Jess e Ashley) gritam:

–O Chris não, professor! Ele não serve para nada no time!

Então ele simplesmente me troca de time, sem dar uma única bronca nesses capetas que reclamaram. Do meu ponto de vista, se eles querem me odiar, eu vou dar motivos para eles. Então, como eu disse antes, eu ando na velocidade de uma tartaruga deficiente. Nossa sala tem 27 pessoas, e é por isso que o professor nos divide em três times. 27 é divisível por 3.
Os times de hoje foram:
Time 1: Eu (originalmente do time 2, mas o professor me trocou), Matheus, Sam, Gustavo, Maria, Mellany, Mike, Vinicius e Rachel.

Time 2: Josh, Matt, Emilly, Samira, Kauane, Caio, Julio, Isabella e Thomas.

Time 3: Kauã, Ashley, Jess, Otávio, Paola, Carlos, Luana, Henrique e Eduardo.

Os primeiros times a jogarem foram o 1 e o 2. O 3 ficava sentado assistindo. Eu, ao invés de jogar, ficava vendo o Josh jogar. Adoro fazer isso. Ele fica muito lindo com o uniforme do time. Se por coincidência (ou milagre, na maioria dos casos) a bola chegasse até mim, eu fazia uma cena e acabava (propositalmente) jogando a bola pro outro time. O meu time fica muito brabo quando eu faço isso, mas, como eu disse, se eles querem me odiar, vou dar motivos. Então acabou o tempo do nosso jogo, e o 3 entrou para jogar com o 2 (eu sei, é injusto o time 2 jogar duas vezes, mas eu é que não vou reclamar) e nós sentamos e ficamos assistindo. Eu só ficava olhando o Josh, como sempre. Então uma bola veio na minha direção e acertou meu nariz em cheio. Meu nariz estava sangrando. E adivinhe o que veio de bônus ? Meu óculos quebrou. Então o professor parou o jogo imediatamente, e perguntou se alguém poderia me levar para a enfermaria do colégio. Do meu time, ninguém se ofereceu, por causa do meu passe pro outro time. Mas então o Josh disse que ia comigo, e na hora todo mundo fez um "Hummmm" como se ele tivesse me cantado ou feito uma serenata para mim. Então o professor repreendeu todo mundo e disse que o Josh só estava fazendo uma boa ação. Então saímos da quadra e fomos para a enfermaria. No meio do caminho, falei:

– Obrigado, Josh.

– Por nada, aquele bando de hipócritas não sabem que seu coração é bom e ficam te desprezando. Mas eu não sou assim. Eu sei te valorizar, Chris.

Foi quando chegamos na enfermaria. A enfermeira disse que podia estancar o sangramento com um pouco de algodão. Mas que quanto ao óculos eu devia ir para a diretoria falar com a pedagoga. Então ela pegou um pedaço de algodão, fez uma bolinha e colocou no meu nariz. Agradeci e fomos para a diretoria. De novo, falei:

– Sabe, Josh, ontem cheguei no meu armário e tinha uma carta lá.

– Uma carta? Parece que alguém está afim de você. De quem era? - Ele perguntou.

– Esse é o problema, Josh. Eu não sei quem enviou. Na assinatura só estava escrito: " De: seu (sua) Admirador(a) Secreto(a)" . - Respondi.

– Estranho. Muito estranho. - Ele disse.

– Pois é. - Falei.

– Chris, preciso te contar uma coisa. - Disse ele, olhando para mim com aqueles lindos olhos azuis.

Então chegamos na diretoria. Mostrei o óculos para a pedagoga, mas ela disse que não podia fazer nada a respeito. Na hora soube que estava ferrado, porque seria difícil convencer meu pai a abrir mão de R$ 400,00 para comprar um óculos novo. Falei isso para a pedagoga, e ela disse que lamentava muito. Então, sem muito o que fazer ali, saímos e seguimos o corredor para voltar à quadra. No caminho, Josh disse:

– Chris, eu compro um óculos novo para você.

– O que? Josh, você não pode fazer isso, aquela merda foi mais de 400 reais! - Eu disse.

– Que se dane, Chris. Eu estou nadando eu dinheiro, limpando a bunda com dinheiro. 400 reais não vai ser nada. - Disse ele, sorrindo para mim.

– Tá bem, Josh, obrigado. - Eu falei, sorrindo para ele também. - O que você queria me contar?

– Hã? Ah, sim, eu mandei o bilhete. - Disse ele, com uma cara simpática.

– O QUE? Josh, isso é impossível. Estava escrito "Te amo. ♥ " no final do bilhete. - Falei, muito surpreso.

– Exatamente, eu te amo. - Ele respondeu. Então ele me agarrou e me beijou.

Foi quando chegamos na quadra. E adivinhe? Ele ainda estava com os lábios colados ao meu...