Brown Eyes escrita por Leonardo, Leonardo Alexandre


Capítulo 7
Capítulo Bônus- O Fim é só o Princípio


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores...
Eu sei, estou atrasada... Mil perdões... Mas espero que curtam...
"Leoa, a fic ainda não tá marcada como terminada." Pois é... Eu não sei lidar com o fim dessa fic, então pra extrair o último do último que posso, farei um Ask Us da fic... "O que é um Ask Us, tia Leoa?" É simples, vc faz perguntas pra qualquer personagem ou pra própria autora e ela faz um último capítulo respondendo a todos esses questionamentos...
Legal, né? Perguntem, eu sei que querem... Perguntar algo da Bibi...
Enfim, boa leitura...

P.s.: Nesse rola tanta coisa interdependente que nem soube que música sugerir... Bem... Escutem uma playlist alegre...



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Durante o trajeto de volta para casa, Karen não conseguia desviar os olhos da mulher atrás do volante nem sequer por um segundo. Mesmo que daquele ângulo só pudesse ver um pedaço do rosto e muito do cabelo de Esther, não tinha alto controle o bastante para parar de admirá-la e acha-la linda, depois de tanto tempo.

Ao ouvir sua mãe dizer que a amava e que não era sua culpa o que aconteceu com Bonnie, foi como se o ar voltasse aos seus pulmões depois de longos meses. Porém, ao encará-la dirigindo com tanta atenção pelas ruas movimentadas, perguntou-se se aquilo era um fato.

Seu lado racional repetia mil vezes “não é sua culpa, não é sua culpa”. E continuava a repetir incessantemente. Mas algo bem diferente de saber, é sentir. E o que sentia naquele momento era a vergonha voltando a formar um nó em sua garganta. Lágrimas subiram em seus olhos, mas não permitiu que elas caíssem. “Não é sua culpa, Karen Pfeifer. Não é sua culpa. Não é.”.

Com essa batalha acontecendo dentro de si, a garota de olhos castanhos falava apenas o mínimo com sua mãe nos dias que se seguiram.

Quinta-feira, depois do almoço, Karen estava sentada em sua cama lendo O Mundo De Lena quando Esther bateu na porta do quarto.

— Entre. — Disse baixo enquanto fechava o livro e colocava-o sobre a cômoda.

— Quero conversar com você, bebê. — Karen afirmou com a cabeça e Esther sentou ao seu lado no colchão. — Conversar, querida. Não falar.

— Ok.

— Eu quero... Desculpar-me com você. — Coçou a nuca olhando para baixa ao invés de encarar o rosto da filha. — Depois daquela noite eu estive meio fora órbita. Meu mundo girava em torno de você e da sua mamy e de repente eu não tinha mais isso. Passei pelo meu período de luto e não vou mentir dizendo que não estou mais triste e as coisas vão ser mais fáceis. Eu só te prometo sair dessa inércia e tentar ser forte pra apoiar você.

— Ah. Tudo bem, mamãe, eu entendo. — Lutando ao máximo para não hesitar, Karen passou os braços ao redor do corpo de Esther em um gesto de carinho. — Só não sei o que é “inércia”.

A mulher riu afagando os cabelos da menina e murmurou. — Inércia é... Tipo assim, a tendência de permanecer no mesmo estado. Como eu não ter reagido à morte da Bonnie.

— Entendi. — Karen se remexeu, sentindo-se desconfortável. Mas não saiu do colo de Esther.

— Uma das consequências disso foi que eu não percebi que, além de inconveniente e desagradável, a Doutora Nicole é totalmente antiprofissional. Se ela agia daquela forma na minha presença, como deveriam ser as suas consultas?

— Melhor nem falar sobre isso.

— Não, tem que ser falado. Ainda mais porque eu estive conversando com a Shinara e ela me contou sobre o que você ouviu. Foi nojento. Essas duas tem que ser denunciadas.

— Não. — Imediatamente o corpo pequeno enrijeceu.

— Não? Por quê? — Esther franziu o cenho, confusa.

— A senhora sabe o que eu teria que fazer, mamãe. Teria que ir lá e falar pras pessoas todas as coisas que eu ouvi. — Fechou os olhos com força e bagunçou o próprio cabelo. — Não quero que outras crianças passem pelo que eu passei, mas não posso fazer isso, mãe. Pelo menos não agora.

— Tudo bem, tudo bem. Eu entendo. Só vamos trocar sua psicóloga. Chequei a ficha e todas as referências, a Doutora Claudia parece ser muito competente. Se não gostar dela, me diga e trocaremos de novo na mesma hora. Combinado?

— Sim, claro. — Respirando fundo para esquecer o assunto, Karen retomou a postura e sorriu para Esther. — Então a senhora andou conversando com a Shi?

A mulher riu um riso muito exagerado sem motivo específico, então seu celular tocou anunciando que faltava quinze minutos para as duas da tarde. — Sim. Mas eu tenho que ir trabalhar agora. — Beijou a testa da filha e se levantou verificando se as roupas não estavam amarrotadas. — I love you.

— Obicham te. — Sorriu grande como sua Mamy costumava fazer. — Bença, mãe.

— Deus te abençoe.

Karen se inclinou para o lado para pegar o livro e tornou a abri-lo enquanto Esther deixava o quarto.

***

— Eu comentei com a minha mãe sobre vocês e ela ficou super feliz de eu ter feitos amigas esse ano. — Anninha disse baixo para Karen e Cecília enquanto a baderna de último dia de aula rolava solta pela colorida sala do segundo ano B. — Então ela falou que eu podia chamar vocês pra ir lá em casa.

— A minha mãe vai ficar tão feliz de eu ter duas amigas que aposto que ela mesma arruma minha mala e me manda pra sua casa as férias inteiras de uma vez. — Cecília brincou fazendo as outras duas rirem. — Com certeza eu vou.

— Você vem também, não é, Karen? — Anna tornou a falar. — Não vai ser a mesma coisa sem você.

A menina abriu a boca e tomou ar, mordeu o lábio rosado e olhou para os lados, fechou os olhos castanho-achocolatados e tornou a fixa-los nas duas morenas. — Claro, será divertido.

Anninha agarrou o braço de Cecília e esta deixou o queixo cair em surpresa.

— Você ouviu isso, Ceci?

— Minha nossa, ela falou!

“Eu consegui? Eu consegui! Cara, eu consegui!” Karen comemorou mentalmente enquanto oferecia um sorriso imenso às amigas.

— Mas você não vai falar mais? — Ceci franziu a testa. — Sua voz é tão fofinha.

Karen coçou a nuca e entortou a boca, então balançou a cabeça de forma negativa.

— Não vai falar ou não pra pergunta dela? — Questionou Anna Luíza.

— Não pra pergunta. — Respondeu engolindo em seco. — Mmm... Mas não... Não vou falar sempre. É estranho. Ainda.

— Oh. Entendo. — Ainda era Anninha quem falava. — Tudo bem, a Ceci também era assim no começo.

— Falou a matraquinha. — Cecília interviu com um biquinho emburrado. — Pra falar a verdade, você não fala muito nem agora.

As três deram risada e a voz de Shinara se sobrepôs á baderna da turma. — Minha nossa, pessoal. Eu sei que o último dia antes das férias deixa a gente animado, mas parece que deram Redbull pra vocês na merenda. — Alguns riram e outros não entenderam a brincadeira, a professora apenas continuou. — Que tal a gente cantar uma musiquinha pra ver se distrai e acalma um pouquinho enquanto o sinal não toca? — Os alunos gritaram e bateram palmas concordando. — Okay, vamos lá. Um, dois, um, dois, três e... Eu sou um bolinho de arroz.

“DE ARROZ”

— Minhas perninhas vieram bem depois.

“BEM DEPOIS”

— Minhas mãozinhas ainda estão por vir.

“ESTÃO POR VIR”

— E eu não tenho boquinha pra sorrir, Por quê? Por quê?

“PORQUE EU SOU UM BOLINHO DE ARROZ”

As vozes das crianças e da professora ecoaram pela sala até serem interrompidas pelo som do sino anunciando que todos já estavam DE FÉRIAS. Muitos correram para fora, Karen permaneceu em seu canto com Anninha e Ceci, e Gustavo se adiantou para perto de Shinara sendo seguido bem de perto por Gabrielle.

— Ei, Professora Shinara. Queria lhe desejar boas férias e dizer que vou sentir saudade de você esse mês. — Declarou com um belo sorriso estampando o rosto cheio de sardas.

— Aff, Gustavo, não precisa dessa melação até no último dia de aula. — A ruiva implicou revirando os olhos cor de mel, idênticos aos do irmão. — Todo mundo sabe que estávamos ansiosos para as férias chegarem.

— Não disse que não estava, só disse que vou sentir saudade. — Gustavo ralhou dando língua, como no primeiro dia de aula e novamente Shinara teve que segurar uma risada.

— Eu também vou sentir saudade, meu príncipe. — A mulher respondeu de forma gentil. — E de você também, Gabrielle.

Respirando fundo e jogando os longos cabelos para trás, a garota disse. — Bibi. Pode me chamar de Bibi. — Shinara levou as mãos ao coração sorrindo e tomando ar para falar, mas antes Gabrielle completou. — Não se empolgue demais, eu não gosto de você. Só não... Te detesto.

— Vindo de você já basta, posso te abraçar? — Disse rápido desobedecendo a dica sobre se empolgar.

A ruiva revirou os olhos mais uma vez enquanto soltava um risinho divertido. — Tá, mas só dessa vez, viu?

Shinara se inclinou e envolveu Gabrielle com os braços pelos poucos segundos que ela permitiu. — Tá bom, tá bom. Agora vamos, Gusta. — A menina exclamou e saiu puxando o gêmeo.

A professora riu e seguiu os alunos até a porta, avistando Esther no final no corredor. Olhou para trás e viu Anninha dizendo algo para Ceci e Karen, então aproveitou para falar um instante com a mãe de sua pequena grande amiga.

— Oi, Esther.

— Oi, Shi. Eu... Vim buscar a Ka.

— Sei... Ela tá conversando com as amigas dela.

— Conversando? — Ergueu a sobrancelha, incrédula.

Conversando. — Riscou aspas no ar enquanto dizia. — As três são muito tímidas e resolvi juntá-las pra ver se elas se sentiam confortáveis umas com as outras, tem dado certo. De um jeito peculiar, admito. Mas tem. Enfim, como você está?

— Estou bem. Levando a vida. — Coçou a nuca e levou ambas as mãos aos bolsos da jaqueta jeans. — E você?

— Estou muito bem, obrigada. — Cruzou os braços e se recostou na parede. — E a sua relação com a Karen? Como anda?

— Bem. Eu acho. — Franziu o cenho e fez uma expressão pensativa. — Ainda não está “o ideal”, por assim dizer, mas estamos nos reconectando aos poucos.

— Ótimo. Fico feliz. — Shinara sorriu, mas logo ficou séria outra vez. — E... Sobre a Bonnie... Ela já acredita que não foi culpa dela?

— Não. Não de verdade. — Novamente, Esther coçou a nuca. — Nem eu levo fé cem por cento que não foi culpa minha. Mas isso é com o tempo, vivendo um dia de cada vez. O importante é, como você disse, ser racional pra apoiar a Karen. E ela tá me apoiando também só de estar falando comigo.

— Entendo. — De repente, a professora não sabia que assunto puxar e acabou ficando sem graça. — Eeee... Enfim, você deve estar cansada, não vou te atrapalhar mais...

— Ah, imagina. — Esther riu. — Você também deve estar cansada e tals...

— Bom... A gente se fala depois por mensagem?

— Claro. Então... Tchau?

— Tchau.

Ambas acenaram se despedindo e riram ao perceber que ainda iam para o mesmo lugar. Depois de sair da sala, seguiram até o estacionamento e foram para suas casas.

***

Era sexta-feira da última semana de férias e Karen estava sentada em uma cadeira na varanda de Shinara esperando Esther chegar para lhe buscar.

— Ei, pequena. Nunca cheguei a te perguntar: você gosta da sua psicóloga nova?

— Ah sim. A Doutora Claudia é o máximo. Tirou a impressão ruim que eu tinha de psicólogos dos oito meses que passei com a Nicole em apenas quatro sessões.

— Hm. Que bom, né?

— Opa, meu detector de ciúmes acionou aqui, porque será?

— Oooooh. Nem é. To super feliz que você gostou dessa doutora aí.

— Sei, sei. — Karen riu fazendo Shinara revirar os olhos. — Olha só, ela pode até ser legal, mas não é uma Shinara da vida. Não se preocupe.

— O que quer dizer “uma Shinara da vida”?

— Quer dizer “ser a melhor amiga que uma pessoa pode ter”. E isso, só você, Shi.

***

Segunda-feira chegou e logo cedo a sala do Segundo Ano B já estava cheia de crianças animadas conversando alto sobre como foram as férias.

Karen e Esther estavam entrando juntas da escola Tarcísio Garcia quando a filha decidiu perguntar: — Mãe, porque não chamamos a Shi pra almoçar na nossa casa sábado? Eu já fui tantas vezes na casa dela e ela nunca foi na nossa. Seria legal, né? Vamos chamar? Por favorzinho.

— Claro, gosto muito da companhia dela. — Respondeu sorrindo. — Mas lembre-se que aqui na escola, devemos chama-la de Professora Shinara.

— Okay, falha minha. Então eu chamo e a senhora pergunta.

— Ahn? Mas porque eu que tenho que per...

— Professora, a minha mãe quer falar com você. — Karen se apressou chegando alguns passos antes que sua mãe.

— Pois não. — Shinara encarou Esther com aquele sorriso doce e encantador.

— An... Eu... E-eu... — Pigarreou antes de prosseguir. — Eu só queria saber se você não quer almoçar comigo e a Karen lá em casa no sábado.

— Ah, claro, eu adoraria. — Sorriu ainda mais.

— Okay. Então te vejo lá.

Esther estendeu a mão e Shinara aceitou o aperto. Assim que suas palmas se tocaram, uma sensação estranhamente boa percorreu o corpo de ambas, fazendo-as olhar-se nos olhos e prender-se ali por longos segundos.

Karen observou aquela estranha com o cenho franzido durante algum tempo e então se virou para ir para sua mesa, mas com o movimento rápido acabou topando com alguém que quase se desequilibrou na tentativa, mas conseguiu segurá-la.

— Opa, foi mal lindinha. — Gustavo sorriu prendendo os olhos cor de mel nos castanho-achocolatados de Karen. — Não disse que a gente ainda se topava?

A menina se separou do colega e enrolou uma mecha de cabelo nos dedos como sempre fazia, mas diferente das outras vezes, ao invés de correr para longe, ela disse: — Pois é, acho que sou meio distraída.

Gusta arregalou os olhos surpresp, mas, achando-se deselegante, logo tratou de disfarçar a expressão de espanto com um sorriso. — Sua voz é bonita, lindinha. Devia mostrar mais. Assim como esses seus olhos de chocolate.

Antes que Karen pudesse responder, Gustavo saiu em direção à própria mesa. E ela tentou seguir para a sua também, como era o plano inicial, porém foi abordada por Anninha e Ceci que disseram, respectivamente.

— Karen.

— Conta tudo.

O Fim

De Novo


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!! Gente, só eu que piro com Gustaren? Não pode ser só eu!!! E a BIBI!!!!! Gente, a Bibi!!!!!!! Pela luz de Brody vibrem comigo por esse momento...
E aí? O que acharam do cap. bônus...
Não esqueçam das perguntas do Ask Us...
xoxo
Atenciosamente, Leoa Santana....