Finalmente chega a segunda-feira. Depois de vários dias exaustivos – mas estimulantes – finalmente chega o dia do seminário. Satisfeita com a maneira que as coisas se encaminharam durante todos os encontros e ensaios. Na manhã Maya, passou uma semana sem tocar no assunto: Dylan. Desconversava todas as vezes que tentei saber o final dessa história. Mal vi o Scott essa semana, no campus não nos encontrávamos muito já que ele saia ao meio dia e eu as cinco, no final da tarde.

Resolvi prender o cabelo hoje. E lembrei do Martín, o colar que uso no pescoço foi ele quem me deu quando completamos dois anos. Não sei porque ainda uso isso, mas é tão lindo e foi em um momento tão importante.

Chegando ao campus. Tudo parece estar normal. Angel de ressaca, Sam e Scott falando sobre o ultimo rolézinho. Aceno de longe e sigo o meu caminho de sempre. Sei que não é muito padrão, mas o Scott convidou-me para jantar hoje em uma temakeria. Um mês que moro aqui em Ottawa e não conheço muitos lugares. E não sei como ele adivinhou, mas amo sushi.

Entro na sala e o Joseph já está na sala. Ele é professor de inglês barbudo e calmo. A Língua inglesa é uma disciplina da matriz curricular de medicina. Feliz por isso, agora já vou conseguir traduzir muita coisa. A última aula foi de programa comunidade de aprendizagem, a Angel filou essa aula.

Na volta para o Blue, tento entrar em um consenso com a Maya sobre a roupa que vou usar hoje à noite. Cinto borboletas no estomago, isso chega a ser um problema, porque já vejo isso como um quase namoro. Quando na verdade é só um encontro.

A noite logo chegou. Fiz um babyliss. Maquiagem não muito forte. Troquei de roupa umas três vezes, o vestido vermelho ficou muito sensual. Coisa que eu não sou. Então optei por um vestido rosa e um salto preto. É só um jantar em plena segunda-feira. Peguei a bolsa de mão preta. Estou pronta e Scott já está a minha espera lá em baixo.

― Oi Jess. – a cumprimento assim que abro a porta.

― Nossa, onde vai assim tão linda? – ela me abraça entrando, ela vai fazer um trabalho com a Maya. Fico feliz, não queria deixar a Maya sozinha.

― Vai a um encontro. – grita Maya da sala. ― Ao menos alguém estar feliz aqui.

― Nossa, com quem? – pergunta Jessie curiosa.

― Com o Scott. – grita Maya antes mesmo que eu responda.

― Sério? – diz Jessie surpresa.

― Sim, agora deixa eu ir. Que não fica elegante deixa-lo esperando. – digo saindo do apartamento. ― Bom trabalho meninas. – desço as escadas.

Scott está excepcionalmente muito lindo. Ele está encostado no carro olhando no relógio, aparentemente não sou a única nervosa aqui. A camisa dele é branca, uma calça justa e um casaco preto. Elegante e casual. Ele levanta o olhar quando me ver aproximar. A posição que a mão está apoiada ao queixo mostra o seu relógio prata.

― Senhorita. – ele diz abrindo a porta, dou um sorriso envergonhada e entro no carro.

Chegamos a temakeria. O Lugar é aconchegante e bem dividido. A voz de fundo é o Tiago Iorc deixando o ambiente bem mais calmo. Me arrependeria com certeza se tivesse vindo de vermelho, iria me confundir com alguma garçonete. Sento-me na frente do Scott.

― Então, você gosta de comida japonesa? – pergunta ele.

― Sim. – respondo olhando ao redor.

― Além de sorvete de flocos, sushi... O que mais você gosta?

― Nossa, essa é uma pergunta difícil. Obrigada. – respondo enquanto pego o cardápio. ― Porque gosto de muitas coisas, difícil é saber o que não gosto.

― De mim por exemplo, você gosta ou não gosta? – pergunta ele, tirando o cardápio de foco.

Meu rosto corou. Que droga. Baixei a cabeça, envergonhada, e o pior sem resposta.

― Bom, pela a forma que seu rosto corou agora posso deduzir que você é boa em maquiagem natural também, é um novo blush? – ele brinca.

Não contive o riso. Então ele sabe o que é um blush?

― Que engraçadinho. – faço bico. ― Vamos pedir?

― Vamos. – ele ri pegando o cardápio.

Scott foleou o cardápio umas três. Ele parecia não entender uma palavra que tinha ali. Certamente, não tem o habito de comer comida japonesa. Sugeri um Uramaki Japa Ura, são tiras de salmão recheado com camarão, cream cheese e cebolinha sem alga.

Enquanto esperamos foi impossível contar quantas vezes o Scott me deixou constrangida assim como me fez dar gargalhadas. As histórias dele são piores do que as da Angel, apesar dela estar presente em quase todas. O Uramaki chegou e Scott se enrolou todo com os palillos, mas logo pegou o jeito.

― Nossa, esse nunca tinha experimentado.

― Gostou?

― Sim, muito.

Scott não estava suportando mais a voz do Tiago Iorc ao fundo. As suas caretas eram engraçadas, eu pedia pra ele parar. Não deixou-me dividir a conta, bom cavalheiro. Descubro que não sou a única antiquada aqui, ou, isso chama-se machismo? Atualmente, isso é confundido entre as mulheres.

― Vamos ouvir um bom som agora. – diz ele ligando o som do carro. ― Austin Donner.

É a primeira vez que saiu, que estou voltando cedo para o Blue. Conseguir me sentir confortável ao lado de Scott. E isso me surpreendeu. Acho que estou verdadeiramente me reconhecendo.

― Entregue cinderela. – ele diz parando em frente ao prédio.

― Nossa, o Sam disse a mesma coisa quando me deixou da outra vez.

― Aprendeu com o mestre. – gaba-se Scott, já tinha até me esquecido desse lado convencido dele.

― Então, tchau né? – digo abrindo a porta.

Ele me puxou pelo o braço e beijou-me. Segurei a sua cabeça com as duas mãos e o beijei, um beijo demorado. Scott enterrou as mãos nos meus cabelos, e o vidro começa a ficar embaçado. Ele se afasta entre risos.

― Agora sim, tchau. – ele pisca.

Desço do carro. Sinto-me como uma criança. Ele espera que eu entre no prédio e depois arranca com o carro, assustando o Peter, que levantou em um sobressalto. Ri subindo as escadas, ele é realmente maluco. A Jessie já não está mas fazendo o trabalho com a Maya, que inclusive está com um pote de pipoca à minha espera para contar tudo. Coloco a bolsa e as chaves sobre a mesa, jogo-me no sofá ao lado rindo. Começo a contar tudo desde dos olhares ao beijo.

Sinto meu celular vibrar atrapalhando a minha conversa com Maya.

“Dorme bem princesa, vou sonhar com você. Já estou no Red. Beijos, teu Scott” – Mostro o visor para a Maya que ri da minha cara abobalhada, me jogo no sofá em suspiros.

― Tá namorando, tá namorando. – cantarola Maya.

Levanto-me do sofá e estou prestes a ir para o quarto. Quando Maya aponta para a porta do apartamento. Dá para ouvir os gritos, mas quem brigaria a está hora? Olho para o relógio já passa das duas da manhã.

― É a voz da Jess. – reconhece Maya, levantando-se correndo.