“Atenção meliantes”

Escuto a voz horrorosa da Umbridge saindo das caixas de som e ecoando por todas as partes desse hall.

“Sei que muitos de vocês não devem estar muito satisfeitos com o que está acontecendo por aqui, mas isso não é motivo para toda essa baderna que vocês da Audácia estão causando na nossa pacata e harmoniosa cidade. Sem ressaltar que tudo isso começou com a chegada das pessoas novas por aqui.”

Isso é uma coisa que eu não posso negar. Desde quando descobri que vinha pra cá deu para perceber que a cidade era bem pacífica. Temos que levar em conta de que as pessoas aqui eram muito devagar para tomar uma iniciativa. Sei que ninguém estava muito feliz com tudo o que estava acontecendo por aqui então acho que alguém deveria ser o líder de tudo isso. Nesse caso, fui eu novamente.

“Dona Beatrice... Sei que você está aí, seria estranho era se você não estivesse. Sei do seu passado e sei que você acabou com o governo de sua cidade, mas não deixarei que uma coisa dessa se repita por aqui, não sobre os meus olhos...”

Estou achando esse discurso dela bem forçado, como se estivesse lendo algo. Isso está bem estranho.

“... Mas enfim... Tenho que falar o que realmente eu vim falar para todos vocês: todos vocês devem estar achando estranho não haver ninguém por aí ou alguma resistência contra todos vocês, mas sinto informar que as coisas não vão ser fáceis para vocês. Toda a segurança está conosco os andares mais acima de vocês. Garanto que para vocês poderem passar será um pequeno... Vamos dizer... Perrengue. Nós não iremos baixar nossas guardas e gastarmos nossas energias descendo até aí para lutarmos contra vocês. Vocês que querem mudanças, vocês que querem revolução, vocês que querem guerra, então vocês que terão de vir até mim.”

E com essas palavras a transmissão foi encerrada. Os murmurinhos volta à me envolver.

– Já estou cansado de ouvir toda essa baboseira – digo revoltada mas para ninguém em especial.

– Nem me fale – diz Tobias

– Gente, só eu que achei esse discurso da Umbridge meio forçado? Sinto que ela estava preparando isso a um tempo. Sabe... Como se tudo isso aqui estivesse armado. – faço um movimento com os braços como se fosse para abranger tudo que está em nossa volta, quando por um momento eu olho para as janelas e percebo que tudo continua preto.

Continuo sem entender o que está acontecendo, não dá para se ver nada do lado de fora da Sede. Corro até a porta para tentar sair, mas ao pegar no puxador de metal da porta de saída eu tomo um choque bem grande.

Saio voando no sentido contrário da porta até cair deitada de peito para cima no chão e batendo minha cabeça até tudo ficar escuro...

***

Vou abrindo os olhos calmamente. Sinto uma dor na minha cabeça, no lugar que eu bati no chão, está doendo mesmo, ao ponto de eu me desconcentrar de todas as outras coisas. Estou meio tonta, mas nada pior do que eu já passei. Começo a perceber que Tobias esta acariciando a minha cabeça. Percebo também que tem vários olhos me mirando, Tobias, Caleb, Harry, Christina e outras pessoas das quais eu não conheço .

– Não toquem naquela porta - digo rindo um pouco

Todos riem do que eu disse. Sinto uma pontada de alegria dentro de mim.

– É… Ela está bem – diz Christina

– Por quanto tempo eu dormi? – pergunto

– Umas duas horas mais ou menos – diz Harry. – Até agora não fizemos nada. Não que eu esteja reclamando, muito pelo contrário, estou até aliviado de ter descansado um pouco.

– Acho que não precisamos fazer nada por agora, mal temos um plano. – digo.

– Na verdade nós temos... – diz Tobias.

E então ele começa a me contar o seu plano.

O plano consistia em nos separar em grupos iguais e ser mandado para cada setor da Sede. A Erudição era dívida em três setores, o terceiro era o nosso destino, onde se encontrava Umbridge. Como cada setor estava equipado com uma alta segurança, eles decidiram se dividir para não dispersar toda a segurança. Um bom plano, mas acho que só faltava uma coisa …

– Tobias … ok, o plano está muito bom, gostei, bem planejado, mas só falta uma coisa … o que nós faremos quando chegarmos à Umbridge?

Olho para todos e vejo que estão em silêncio. Sinto que ninguém pensou nisso em todo esse tempo em que eu estava desmaiada. Já percebi que quando eu não estou na liderança ou no comando, as coisas não terminam tão bem quanto elas deveriam realmente terminar.

– Nós realmente não tínhamos pensado nisso ainda – Tobias esclarece – Pensávamos que quando chegássemos lá íamos realmente saber o que fazer, sabe … ter a conversa com ela … ela dizer o porque de tudo isso, essas coisas.

– Então você acha que quando chegar lá vai bater uma papo com uma xícara de chá e bolo com a Umbridge? – digo – Tobias, eu tive experiências com verdadeiros vilões, e eu sei que as coisas não acontecem bem assim.

Continua em silêncio.

– Podem deixar que eu sei exatamente o que fazer. Já sei exatamente o que me espera lá em cima. Posso garantir para cada um de vocês que, com certeza, não é a Umbridge que está lá esperando por nós.

Eles fazem cara de espanto. Já esperava por essa.

– O que você quer dizer com isso? – pergunta Harry. Sinto que por essa ele não esperava. – Não sei quem mais pode estar por trás disso. Não tenho ideia mesmo.

– Meus amigos … vocês terão que estar vivos para descobrir. E garanto para vocês que vai ser bem surpreendente.

Tobias ri um pouco.

– Do que você está rindo? Não lembro de ter contado nenhuma piada. – falo bravamente para ele.

– Não é que … eu não tenho ideia de quem mais pode estar nos esperando lá em cima sem ser a Umbridge. Sei que você não quer dizer os Comensais. Garanto que eles não estão na sala dela, devem estar pelos setores. Nesse momento a segurança dele é mais que tudo, mesmo se tiver que dar a vida dos comensais dela para isso.

– Também pensei que os Comensais estarão pelos Setores e não com ela lá no terceiro.

Paro e penso um pouco.

– Se vocês pararem para pensar … – começo – Os Comensais da Morte não significam mais nada. Pensem bem todos nós podemos soltar as maldições em todos agora. Não tem mais exclusividade como antes. Todos somos iguais aos Comensais. Depois que Caleb desarmou … – me interrompo e percebo que Caleb ainda não falou nada desde quando eu acordei. Ele parece estar assustado, mas, ao mesmo tempo, apreensivo.

– Caleb? O que foi que você está assim? Não falou comigo desde quando eu acordei do desmaio.

– É que… eu estou sabendo das coisas mais do que eu deveria.

O que ele quis dizer com isso? Que tipo de coisas?

– Como assim Caleb? Conte-nos! – falei para ele com um tom de pressa.

– Não posso. Se não irão me matar. Não posso falar! – Caleb fala com tom de desespero, aprece que ele está ficando psicótico. – Beatrice … – enquanto ele fala o meu nome ele vai se afastando de nós.

– O que? – pergunto. Percebo que ainda estou sentada, tento me levantar e vejo que não tenho forças para me levantar.

– Por favor – ele junta as duas mãos, como se estivesse implorando – tenha muito cuidado, você vai se surpreender com o que está lá em cima e também la fora – ele aponta para as grandes janelas da parede oposta, a que eu tomei um choque.

– O que tem lá fora Caleb? – Quem está lá em cima?

– Não posso falar. Mas por favor. Tenha cuidado. – Caleb começa a chorar – Me desculpe. – ele mira a mão no próprio coração.

– CALEB NÃO! – grito para tentar impedi-lo

– Avada Kedavra. – e com essas palavras Caleb some de nossas vistas.