Narrado por America.
Fiquei pensando no que faria. Deixar minha família, principalmente Owen, para voltar a ficar no palácio me parecia uma péssima idéia, mas eu não tinha escolha. Apesar disso, cogitava não ir ao palácio. Do que Maxon seria capaz se eu não fosse?
O mês se passou e eu vi que não tinha outro jeito. Eu não queria pagar para ver do que Maxon seria capaz. Mas eu levaria Owen, custasse o que custasse.
O mês passou muito depressa, e enfim o dia 19 de abril chegou. Acordei cedo para arrumar as malas. Não tinha arrumado para adiar ainda mais essa sensação horrível de deixar minha família. Coloquei algumas roupas minhas e de Owen, além de produtos de higiene em uma mala grande. Em outra menor, alguns brinquedos de Owen.
Depois que acabei, tomei um banho bem demorado, pensando em como seria quando eu chegasse ao Palácio. Será que Kriss sabia? Se sim, devia estar bem chateada.
Vesti um vestido azul ciano de alcinha, bem leve. Calcei sapatilhas brancas penteei os cabelos, mas sem fazer nada de especial.
Quando já estava pronta, fui chamar Owen, que ainda dormia. Me sentei na beirada da cama e comecei a passar a mão pelos seus cabelos para acorda-lo. Quando vi que ele abriu os olhos, falei:
– Bom dia meu amor. É hora de acordar – ele não respondeu, só resmungou. – Tá na hora, Owen. Tenho uma surpresa pra você. – assim que eu falei, ele se sentou na cama rapidamente e eu ri.
– Que surpresa? – ele perguntou, com a voz sonolenta.
– Vamos passear! – eu disse, esperando que ele reagisse bem.
– Viajar? – ele perguntou, esfregando os olhos. – Onde?
– Pra onde. – eu corrigi. – Pra um lugar bem bonito. Um castelo, igual o das histórias que o papai contou pra você.
– Com príncipes e princesas? – ele perguntou, inocente.
– Isso, meu amor. Mas tem que levantar.
Ele se levantou e, depois de tomar o café, eu o ajudei a se arrumar. Assim que os ponteiros do relógio marcaram 9h, tocaram a campainha.
Eu já sabia que eram os funcionários do governo, então antes de abrir a porta, dei um abraço apertado em May, Gerad e na minha mãe.
– Vamos, meu amor? – chamei Owen, que estava entretido com a televisão.
– Vamos, mamãe. – ele me deu a mãozinha, enquanto eu arrastava as malas.
Assim que abri a porta, os guardas pegaram as malas e colocaram no porta-malas.
O carro que nos levou foi escoltado por um com quatro guardas, que foi logo atrás.
No caminho até o aeroporto, Owen estava maravilhado. Apontava para todos os lados e tagarelou o caminho todo. Isso porque ele não sabia que iríamos de avião. Quando viu o jatinho que iria nos levar até Angeles, ficou super animado, pois nunca tinha andado de avião.
Eu, que planejara tirar um cochilo durante a viagem, nem tive como. Mas também não me importei com isso. Owen estar feliz, para mim já era mais que suficiente.
A criada que nos acompanhou durante a viagem, desempenhando o papel de aeromoça, estava bem tímida no começo, mas eu tentei deixá-la confortável durante o vôo. Fomos conversando, e ela ficou encantada por Owen, e o mimou com balas e doces.
Eu estava tranquila, porém no momento em que o avião pousou em Angeles, comecei a ficar nervosa. A criada, que eu descobri se chamar Melanie, tentou me acalmar mas não deu muito certo.
Outro carro nos levou ao palácio. A viagem até lá foi bem curtinha.
Owen ficou boquiaberto com o palácio.
Melanie nos guiou até o quarto que fora preparado para mim
– Cadê os príncipes mamãe? – ele perguntou, olhando para todos os lados.
– Não sei meu amor.. Devem estar almoçando. – eu disse, me dando conta de que era hora do almoço.
– É esse, senhorita. – Melanie apontou para a porta, e logo em seguida a abriu.
Dei uma olhada no quarto: menor do que haviam me dado na Seleção, mas luxuoso como. Os guardas deixaram as malas perto da porta e foram embora.
– Eu serei uma das suas criadas, senhorita. – Melanie me explicou – Mas serão só duas. A outra está costurando seus vestidos. É a Louise.
– Vestidos? – eu fiquei confusa. – Vou ficar tanto tempo assim?
– Não dá pra saber até quando. Como na seleção, até quando Maxon quiser. – ela explicou e eu bufei. – E eu vou tentar arrumar uma cama para o Owen, mas é que a senhorita não avisou... – ela dizia, mas eu interrompi.
– Não, Melanie. Não precisa. Ninguém sabe que ele está aqui. Ele pode dormir comigo. – eu disse e ela não insistiu.
Depois de um tempo, Melanie disse que iria encontrar Louise e me deixou sozinha com Owen. Mais um tempo depois, trouxeram o meu almoço. Não trouxeram para Owen pois, como já disse, não sabiam que tinha alguém comigo. Eu não estava com fome, então apenas Owen comeu. Estava muito nervosa. Ficamos sozinhos durante quase a tarde toda. Owen brincou no tapete do quarto, mas logo se cansou e então dormiu ali mesmo, sobre o tapete. O coloquei em cima da cama e ajeitei a bagunça que ele fizera.
Me deitei ao lado dele para ler um livro mas, sem perceber, adormeci.
Acordei um tempo depois e dei uma olhada pelo quarto. Owen ainda dormia, e Melanie estava sentada em uma cadeira, ao lado de quem pensei ser a outra criada, Louise. As duas cochichavam, tentando não me acordar.
Esfreguei os olhos e levantei da cama devagar, para não acordar Owen.
– Oi... – eu disse e só então as duas perceberam que eu já tinha acordado. Ambas se levantaram e Louise se apresentou.
– Senhorita America – ela disse tímida – sou Louise.
Eu a cumprimentei e tentei deixá-la tranquila. Depois de um tempo conversando, Melanie deu um tapa na cabeça, como quem se lembra de algo, e disse:
– Me esqueci, senhorita. O príncipe esteve aqui. Eu disse que a senhorita estava dormindo, e ele disse que viria depois do jantar.
Fiquei um pouco nervosa. Ainda faltavam uma hora e meia para o jantar, se ele ainda era servido no mesmo horário que a Seleção. Eu não estava pronta para reencontrar Maxon.
Tomei um banho demorado e depois me vesti. Escolhi uma calça jeans, justamente para mostrar para Maxon que eu ainda era a mesma. Vesti uma blusa bem soltinha e calcei as sapatilhas que tinha usado na minha chegada.
Quando o jantar chegou eu novamente não tinha fome, mas me forcei a comer. Dividi com Owen, que já estava acordado. Quando acabei, Louise foi levar o prato. Disse para ela ir descansar, e ela foi, um pouco relutante, mas eu ainda precisaria de Melanie aqui, para ficar com Owen se eu saísse do quarto.
Minutos pareceram séculos até que, finalmente, eu ouvi uma batida na porta.