— Mamãe! Mamãe, acorda! – Owen chamava, cutucando a “mãe”.
— Bom dia. – ela disse sonolenta.
— Bom dia. - ele respondeu, animado. – O príncipe veio aqui.
— Veio? – ela perguntou, se sentando na cama.
O filho concordou, e disse:
— Ele vai voltar depois. – Owen disse, embolado.
— Então vai tomar banho, Owen.
Owen foi pro banheiro, obediente. Ele estava numa fase em que queria aprender tudo, queria fazer tudo sozinho. Já tinha até aprendido a encher a banheira.
America arrumou a cama, depois foi conferir como o filho estava se saindo no banho. Ele ainda estava de pijamas, sentado na beirada da banheira, esperando encher.
— Já ta bom assim, Owen. – America disse. A água já ia até quase metade da banheira.
— Quero bem cheia hoje, mamãe.
— Está bem, mas só mais um pouco, ta? – ela disse e voltou para o quarto. Separou suas roupas e as de Owen.
— Bom dia, senhorita. – Louise entrou no quarto, equilibrando uma bandeja em uma das mãos. – Acordaram cedo hoje, desculpe por demorar com o café.
— Não se preocupe. – America sorriu para ela. – Podem tirar o dia de folga hoje. Vou ficar com o Owen e com Maxon.
— Tem certeza? – Louise perguntou, receosa.
— Claro, não se preocupe.
— Certo. Até amanhã então, senhorita.
— Até amanhã.
America voltou ao banheiro, para dar outra olhada em Owen.
— Já chega, Owen. – ela disse, e fechou a torneira. Colocou o sabonete líquido na banheira e agitou a água com as mãos, para fazer espuma.
— Não demore. – ela disse, apesar de saber que seria inútil. Se deixasse, Owen levaria horas brincando na água.
Tomava seu café pacientemente, quando ouviu uma batida na porta. Jogou um robe por cima da camisola e deu uma breve arrumada nos cabelos, para só então abrir a porta.
— Bom dia. – Maxon disse, dando um selinho na moça. Ele estava lindo, de calça, camisa e sapatos sociais.
— Bom dia. – ela sorriu. – Acho que estamos um pouco atrasados. Quer entrar?
— Não vou incomodar? – ela negou com a cabeça. – Tudo bem então.
— Owen está no banho. – ela disse, indicando o sofá para que ele se sentasse. Ele o fez, e ela também, se sentando na beirada da cama.
— Mamãe! – Owen gritou do banheiro. America e Maxon deram uma risadinha, e ela foi até lá para ver o que o filho queria.
America ajudou o filho a se secar e a se vestir, e depois foi para o banho, enquanto Maxon ficava com Owen. Tomou um banho rápido e vestiu um vestido verde-água, que era justo até a cintura e depois ficava leve, esvoaçante. Calçou saltos prateados, não muito altos, e deixou os cabelos soltos. Era incrível como ela se vestia pensando no que Maxon ia achar.
Saiu do banheiro, encontrando Maxon e Owen sentados no chão, montando alguma coisa com peças de lego.
— Estou pronta. – ela disse, já que os dois ainda não a tinham notado. – O que vamos fazer hoje? -
— Bem, eu pensei em um passeio pelo jardim, depois poderíamos ver um filme, comer alguma coisa... – Maxon disse, ainda brincando com as pecinhas de lego. – A propósito, você está linda. Pra variar.
— Obrigada. – ela disse e sorriu, sem graça. – Vamos então?
— Espera, mamãe. – Owen disse, concentrado no brinquedo. America riu e se sentou na beirada da cama, observando a brincadeira dos dois.
— Pronto. – Owen disse, após alguns minutos. – Olha nosso foguete, mamãe! – Owen apontou, animado.
— Uau, meu amor! Mas agora temos que ir. Quem sabe outro dia vocês possam construir um avião. – America sugeriu, e pegou no armário um casaco para o filho e uma jaqueta jeans para ela. Nunca se sabe quando se pode sentir frio...
— Ou um helicóptero! – Owen disse animado.
— Ou um navio! – Maxon entrou na brincadeira.
— É, um navio! – Owen concordou.
Primeiro, foram assistir a algum filme. Owen insistiu por “Procurando Nemo”. Depois, foram almoçar. O lugar escolhido por Maxon foi o jardim. Uma mesa e três cadeiras tinham sido colocadas sob a sombra de uma árvore.
Almoçaram calmamente, e America não ficou surpresa ao ver que, para sobremesa, tinha torta de morango. Tal “mãe”, tal filho. Owen amou a torta.
— Vamos jogar bola! – Owen chamou o casal, que conversava ainda na mesa, apesar de todos já terem terminado.
— Vou arranjar uma. – Maxon disse, afinal eles não tinham trago nenhuma.
— Enquanto isso, vamos chamar o Dylan, né filho? – America disse, e Owen concordou.
Os dois foram até o quarto da mãe do menino que, é claro, deixou o filho ir. Alice, mãe dele, era nova ainda, mas tinha sempre uma expressão de cansaço no rosto. E demonstrava também ser uma boa mãe.
Quando voltaram ao jardim, Maxon já tinha voltado e tentava fazer embaixadinhas com a bola, sem sucesso, e America riu com a cena.
Logo os três já estavam jogando. America estava sentada ao canto, observando.
— Senhorita? – ela ouviu uma criada chamar. Era pequena, e talvez jovem demais para um trabalho como aquele.
— Oi! – America sorriu, e percebeu que a criada estava bem envergonhada.
— A senhorita aceita alguma coisa? Digo, para beber ou comer...- ela disse, atrapalhada.
— Ah, sim. Pode trazer uma jarra de suco? Assim todos poderemos beber. – America pediu.
— Sim, claro. Com licença.
Logo a criada trouxe a jarra, e o suco acabou em minutos. A essa altura, Maxon já tinha tirado os sapatos. Incomodavam demais, ele disse. Claro que Dylan e Owen eram pequenos demais para jogar, por isso Maxon era paciente e brincava de um jeito que os dois pudessem acompanhar.
America observou Owen. Ele estava crescendo rápido demais, e agora America sentia um alivio pelo fato de que iria se casar com Maxon. Owen agora teria uma figura paterna forte. Não, ela não queria que Owen esquecesse Ethan. Jamais. Mas o menino ainda era pequeno e iria precisar de uma figura paterna.
De repente, lhe veio um pensamento: faltavam apenas duas semanas para o aniversário de Owen, e ela queria fazer com que esse dia fosse especial para ele.
— Já chega por hoje né? – America gritou, para que a escutassem. – Daqui a pouco é o jantar e eu já estou com fome.
— Ela tem razão. – Maxon disse. – Outro dia a gente joga mais.
Jantaram em uma das salas de estar do palácio, e levaram também Dylan. Afinal, não era justo com o menino deixá-lo com a mãe para só então ir jantar. America tinha plena consciência de que a comida servida aos empregados nem chegava aos pés da que seria servida para eles. Depois, deixaram o menino com a mãe, e Maxon levou America e Owen de volta ao quarto.
— Então... – America disse, quando chegaram. – Obrigada pelo dia incrível. Owen também adorou.
— Eu é que tenho que agradecer. Em breve passaremos juntos todos os dias de nossas vidas. – ele disse, e ela sorriu.
— Espero que sim. Boa noite.
— Boa noite. – ele deu um beijo em sua testa, e depois um selinho, e saiu pelos corredores.
America deu um banho em Owen, e logo ele já dormia feito pedra. Depois de tomar um banho, ela também adormeceu, desejando que os dias felizes jamais acabassem.