What If?Convergente-Final escrita por Tales of Grimm


Capítulo 3
Mentiras e Memórias




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Não preciso de explicações. Provavelmente o mundo está bem, e como Johanna Reyes disse, demorou, e tirou a paz dela para que ela pudesse alcançar a paz. Posso não saber o passado dela, mas está claro que deu a ela um novo olhar ao mundo.

Assim como deve ter acontecido com o Tobias do passado.

Ando pensando nessas coisas todo dia. Nesse complexo, tem muita pouca coisa no que fazer. A única coisa que faço aqui é consertar alguns computadores que vem da minha cidade, que eu não sei nem como consigo consertar computadores nem como o antigo Tobias se sentia em relação a cidade. Talvez eu nunca serei o Tobias que existiu.

Alguém se aproxima de mim. Estou a um dia nesse complexo, então pouca gente falou comigo. Gente que não conheço. Matthew. Zeke. Pessoas que chegaram para mim e me disseram: "Oi", "E ai, Tobias".

A pessoa que se aproxima usa uma camisa azul e calças pretas, um cabelo longo e moreno, e uma postura rígida. É uma mulher.

–Tobias. Onde você esteve? Christina me contou que você pegou um jipe...

–Christina? Quem é essa?-o nome voa pelo fundo da minha mente vazia.

–...e um soro da memória. Por que, Tobias? Por que?- ela grita e pergunta ao mesmo tempo.

–Quem é você?-pergunto.

–Eu sou Cara, Tobias! Por que diabos você fez isso?- ela está nervosa. Não sei o que responder.

–Você não sabe, não é?- ela responde por mim. -O que você fez é tão covarde!

–Olha aqui... Cara. -eu digo, nervoso também. -Por que você está fazendo isso? Você conhece o meu passado! Você deve saber se eu sofri ou não...

–Sim! Você sofreu sim! Mas eu também! Minha família está morta!-ela está com os olhos vermelhos.- Minha facção foi destruída e você acha que foi o único? O namorado da Christina, o MEU irmão foi morto pela sua namorada! Muita coisa aconteceu! Não foi só com VOCÊ.

Processo as informações por um momento.

–Eu tinha uma namorada?- eu pergunto.

–Sim. Tris.- ela responde, se sentando do meu lado.

–Ela era uma assassina?

Ela evita rir. -Não, mas ela com certeza já matou.

–Por que ela matou o seu irmão?- eu pergunto.

–Era uma simulação de ataque, que controlava todo mundo. Mas sua namorada foi uma dos únicos que resistiu ao soro.

–Como?

–Ela era Divergente.- depois que ela termina a fala, processo a palavra. Divergente. Não é uma palavra que eu conheça, mas parece que sim.

–Então, ela estava tentando se proteger.

–É.- sua resposta não poderia ser mais completa.

–Onde ela está? Por que ela não me reconheceu?

–Por que, Tobias? Sua namorada está morta.

Parece que meu passado faz sentido, e que eu querer apagar a memória fosse a opção mais clara no mundo.

–Posso ver o corpo dela?- eu pergunto. É um desejo bem estranho. Mas eu quero assim mesmo.

Nós vamos juntos até o necrotério. É um lugar frio, para manter os corpos em preservação. Acho estranho que eu não sinto nada pela notícia de que eu já tive uma namorada. Talvez as memórias são ligadas com as emoções.

–Aqui.- Cara diz. Ela abre um pano de conservação, revelando um corpo pequeno e cabelo curto em uma cor marrom e preta. Nós não falamos mais nada. Eu fico imaginando de como deveria ser quando esse corpo tinha vida, sentimentos, amigos. Será que eu sentia algo mesmo? Será que nós já fomos felizes juntos? Não sei dizer. Examino o corpo mais perto. Parece falso, até. Sua pele não está maleável, como deveria ser a pele dos mortos em conservação.

Pelas costuras, seu corpo já está sem órgãos. Mas a veias ficam. Verifico o pulso.

–Ela já está morta, Quatro.- ela me diz.

–Quatro?-pergunto, curioso em saber porque ela me chamou assim.

–Era seu apelido- como ela dá respostas diretas.

–Ah. Eu não estou verificando a pulsação.- eu digo. -Se o corpo for verdadeiro, ainda dará para sentir suas veias.

Não sinto nada.

–Esse corpo é falso.- eu digo. -Mas bem convincente.

–Por que alguém iria querer esconder o verdadeiro corpo dela?- Cara parece confusa, tentando coletar todas as informações. Tudo.

Mas eu também não tenho memórias da minha própria namorada para começar.

–Eu não sei. Eu não faço a menor ideia- eu digo. -Quem foi que colocou o corpo dela aqui?

–Um dos cientistas. Ethan Harrison, talvez.- ela não tem certeza.

–Vou ter uma conversa com ele.- me levanto para sair, mas Cara não permite.

–Eles perderam a memória! Eles não sabem o que aconteceu. Nós apagamos as memórias de todo mundo. A sua namorada apagou.

Penso um pouco, e depois digo: -E se alguém tivesse ido até ele?

–As únicas pessoas que foram inimigas de Tris e que estão vivas foram Peter e David, o presidente desse lugar. Nenhum deles tem a memória de antes.

–E se esse David tivesse saído do complexo nessa hora?

–Não daria.- Cara não considera a minha teoria. - Ele matou Tris. Estava numa cadeira de rodas, e usando uma roupa contra um soro da morte.

Soro da morte? Eu penso.

–E se ele não tivesse em cadeira de rodas?

–Ele levou um tiro na perna! Todo mundo viu!- mas eu não posso acreditar.

–Tecnologia, Cara! Ele tinha uma roupa contra o soro da morte! Por que não?

Mas Cara não acredita.

–Ele podia ter se vacinado contra o soro da memória.- eu digo, sem saber de onde vem essas palavras.

Dessa vez, Cara não retruca. Ela só me olha, e nada mais, como se finalmente sua mente tivesse terminado de pensar 24h.

–O que significa...- continuo. -Que David nunca foi afetado pelo soro da memória. Ele ainda pode andar. E mentiu para a gente todo esse tempo.


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Notas finais do capítulo

Tomara que gostem! Essa história ainda não acabou.



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