Enquanto a aula passava eu notava que era quinta-feira, dois dias que restavam pra super festa.

Assim que o Eduardo leu o bilhete ele riu, estava terminando de escrever quando o professor se dirigiu a ele, tinha que ser logo aquele careca que sempre que pegava os bilhetinhos lia em voz alta para a turma inteira ouvir, seria uma sentença de morte, a cada passo que ele dava, eu tentava alarmar o Eduardo, mas ele continuava escrevendo, minhas pernas começaram a tremer, até que o professor chegou na classe dele, e pegou o bilhetinho.

-Olha turma, temos um novo casal.

Eu vi as orelhas do Dudu ficarem vermelhas, e as minhas bochechas também senti ficarem, eu estava perdida, todos iriam olhar pra mim. Odeio esse careca ambulante.

A turma inteira tinha olhando pra ele, os que estavam conversando pararam de conversar, os que estavam copiando pararam de copiar, o Lucas, a Jéssica e a Mari me olharam, como se soubessem já que o bilhete era meu.

-Professor, por favor. Não me mate de vergonha! – O Eduardo dizia enquanto balançava as pernas inseguravelmente.

-Á, você está com vergonha senhor Eduardo? Na hora de dizer a Juna que estava amando ela não teve vergonha!

Pronto, eram risadinha de todos os cantos. Toda a turma olhava diretamente pra nós, iríamos virar boato na escola, ta certo que muita gente desconfiava, mas era tão bom quando as pessoas só desconfiavam, e não sabiam exatamente. Agora todos iriam saber, e em minutos a escola inteira, incluindo o ensino fundamental iria estar comentando.

- E você, Juna.. Não esta com vergonha, afinal o seu ‘namoradinho’ sonhou com você.

-HMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM- a turma inteira com seus pensamentos idiotas.

-Professor, é a troca de período, esta na hora do senhor ir em bora não é?!

Ele analisou o relógio, realmente eram 9 e 25, o Lucas estava com a razão. Amo ele por ter me salvado dessa, mas isso não mudava nada, afinal a turma inteira sabia. Depois tinha educação física, a pior e a melhor aula de todas, pois a turma inteira iria ficar olhando para mim e para o Dudu, que ficávamos a aula inteira juntos conversando. Agora todos iriam se ligar na gente.

-Bom turma, está na hora mesmo! E casalzinho, quero que prestem mais atenção na aula e namorem em casa! Juna, eu achei que você fosse ingênua.

HAHAHA, como se eu não fosse.

Assim que o professor saiu, todos se levantaram como de costume para irem de classe em classe conversar sobre algo novo, algum boato, alguma fofoca. Dessa vez a fofoca era eu e o Eduardo. Ele veio até a minha mesa, e suas orelhas estavam menos vermelhas, mas ainda se notava que ele estava com vergonha.

-Juna, desculpa.. Desculpa mesmo! Eu não fiz de propósito, eu sei que fui um besta de deixar aquele careca ver, mas desculpa, não queria que todo mundo soubesse assim, dessa forma.

-Ei, ei, ei, Eduardo olha pra mim.  Não fica assim, ta tudo bem esse bando de metido vai fica falando. Não faz mau, a gente supera. Mas ei, isso  não prova que você gosta de mim.

Ele sorriu, me olhou nos olhos, tive a impressão de que ele iria me beijar, e eu ia deixar acontecer, mas ele simplesmente beijou minha bochecha, e nossa, eu tinha ficado realmente vermelha, não pelo beijo inocente. E sim, porque todos os curiosos de plantão estavam nos olhando, parecia que tínhamos uns três holofotes em cima de nós, e aqui era o show.

-Juna, Eduardo. Desculpa estragar o clima, mas está todo mundo olhando! – A Jéssica nos alertava, como se já não soubéssemos.

-Err.. É que já percebemos Jéssica, e agora a professora chegou.

O Eduardo falava enquanto passava as mãos no cabelo.

A professora nos viu um na frente do outro, e apenas nós estávamos de pé. Ela deu uma risadinha de deboche, na certa aquele careca metido teria falado pra ela, do bilhetinho.

Ele não deve nem ser casado, por isso que sempre está atrás dos namorados da escola, ele que fica nos recreios separando-nos, e dizendo que escola é lugar para estudar e não para namorar.

-Eduardo, Juna sentem-se por favor!

Novamente as orelhas do Dudu estavam vermelhas.

-Turma, fila aqui fora. Vamos ter que voltar a descer em fila, por causa do barulho no corredor, a diretora andou reclamando.

Entre reclamações, e inícios de protestos, pelo fato de estarmos no segundo grau e termos que descer em fila conseguimos nos organizar. Descíamos as escadas discretamente. Ta de verdade, era um barulhão, todo mundo conversando. Quando chegamos no ginásio cada um foi para um canto, eu e o Eduardo resolvemos tentar jogar vôlei, mas assim que ele me deu uma bolada no rosto, meus olhos se encheram de lágrimas, pois tinha ido com toda força no meu nariz, onde mais doía.

-Junaaa, calma.. Ain meu Deus eu sou um animal, como eu consegui fazer isso.

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Notei que tinha escorrido algumas gotas de sangue, ék, eu não conseguia ver sangue me deixava enjoada. O Dudu realmente estava com medo, as mãos dele tremiam.

-Dudu, ta tudo bem. Eu só preciso de gelo, e um pano, e err.. dar um jeito de limpar isso, não gosto de ver sangue.

Ele olhou para os lados e gritou: Professora, a Juna machucou o nariz, vou levá-la para a enfermaria.

Ele pos o braço envolta de mim, e me fez apoiar nele. Enquanto íamos caminhando eu sentia cada vez mais enjôo, Não suportava ver o sangue, ele tremia coitado, estava com medo, mas a culpa não era só dele eu que era uma burra que não sabe jogar vôlei.