Nossos Problemas escrita por Anne B Farrell


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Recomendo que vocês escutem a musica enquanto leem;
Versão brasileira: https://www.youtube.com/watch?v=KIk4xGt5Y34
Musica original: https://www.youtube.com/watch?v=FxplhJA-GbE

Boa leitura :D



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Sou seu problema

Em busca de tentar abrir aquela porta sugeri que deveríamos improvisar uma música. O problema das músicas improvisadas é que elas podem transpor sentimentos indesejados, sentimentos que estavam largados em uma gaveta. Assim, quando comecei a dedilhar meu baixo, deixando que ele reproduzisse belos sons, não planejava cantar sobre ela. No entanto, Bonnie sempre acabava se infiltrando na minha mente, mesmo tendo certeza de ter fechado todas as portas.

Laradadada

Vou te enterrar aqui no chão

Laradadada

Vou te enterrar com essa canção

Antes que eu perceba estou cantando o começo daquela música. Aquela que cantei no meu primeiro show, estava esperando tanto por isso, há tanto tempo e finalmente tinha chegado. Talvez por amor ou por confiança em você, decidi tocar sua música preferida na abertura. Abro os meus olhos, só um pouquinho. O suficiente para ver seu rosto cor de rosa, enquanto toca o BMO que parece sentir cocegas. Será que você ainda se lembra da letra? Deveria se lembrar, foi a primeira música que tocou em seu Reino Doce, na época recém construído.

Eu vou beber o vermelho

Do seu lindo rosto rosa

E eu vou...

Estou de olhos fechados, enquanto toca essa música que faz eu sentir-me afundada nas lagrimas que chorei durante esse mil anos. De todas as minha memorias, você é a mais triste de todas.

Estou no meio de uma frase, quando você me interrompe. Isso é tão a sua cara, interromper os outros falando de maneira autoritária.

“Marceline, que falta de gosto!” Como pode dizer isso, compus essa música para você.

“Ah! Você não gostou?” sinto o meu corpo fervendo de raiva por dentro, as palavras que nunca perguntei escapam, na erupção do momento “Ou será que só não gosta de mim?”

Escorrego os meu dedos com força nas cordas do baixo, fazendo o som soar alto e com a força da raiva que sinto no momento. A raiva não é de você, é das palavras que contive dentro de mim por todo esse tempo. Mágoa vira uma doença coesiva, quando se mantém dentro do coração.

Desculpa se não de trato como Deusa

É isso que você espera de mim

Desculpe se não de chamo de perfeita

Como todos os seus súditos assim

Você queria uma coroa e um reino, pois bem agora você os tens. Queria ter perguntado se valeu a pena. Devia ter perguntado antes de partir. Aliás, tenho uma lista de coisas que queria ter perguntado, mas não tenho coragem de ouvir as respostas.

Eu queria ser livre, você queria cumprir com os seus deveres. Isso ilustra as nossas diferenças, você é as cores, eu sou a falta delas. Mesmo assim, por um tempo pareceu que iria dar certo. Um engano.

Quando os nossos dedos estavam entrelaçados. Quando seus braços enlaçavam meu pescoço e saiamos voando por ai. Quando você sorria ou ficava com as sobrancelhas franzidas, após eu fazer alguma gracinha. Quando isso acontecia, parecia que iria durar, que ia dar certo. Essa nossa combinação estranha.

Desculpe se não sou de açúcar
Se não sou doce o bastante pra você

De todas as perguntas que eu quero fazer, a primeira seria se você ainda me ama, ou se todas as nossas brigas azedaram tudo. Você criou um reino doce, mas não sou um de seus experimentos, não pode simplesmente acrescentar um pouco de açúcar na receita. Mas nossa história era doce, pelo menos para mim.

Por isso sempre me evita

Sou um incomodo enorme para você, bem

Depois que eu voltei. Poderia ter ido falar comigo, Jiloba, mas você não o fez. Decidiu simplesmente ignorar, me pôs de lado. Do segundo lugar na sua lista de prioridades, passei a nem estar na lista.

Sou seu problema, sou seu problema
É como se, gente, eu não fosse
Será que sou?

Sou seu problema, bem

Estávamos ambas sozinhas em uma Terra devastada, na época ainda éramos menos que adolescentes e pouco mais que crianças, mesmo assim éramos velhas, você mais ainda. Sempre se desenvolveu tão rápido. Eu estava acostumada a ficar sozinha, você veio falar comigo, trazia na mão o Hambo. Havia jogado ele em um rio, em um ataque de fúria, já estava ficando tão louca quanto o Rei Gelado. Mas você, minha querida, devolveu-me mais que um ursinho de pelúcia, devolveu minha sanidade.

Depois de uma breve discussão eu perguntei o seu nome:

“Meu nome é Jujuba”

“Que tosco” Falei rindo, você fez a sua primeira careta que logo viraria uma marca registrada.

“Por que? Combina perfeitamente com o fato de eu ser feita de doce” – Mesmo ainda jovem, você falava com todo um ar de superioridade.

“Por isso mesmo é tosco. Não tem um nome de verdade?”

De repente você ficou tristonha, com o olhar vago. Conhecia bem aquele rosto, é o mesmo que eu fazia quando olhava para um passado bem mais além. Entendi que você nunca teve um nome de fato. Analisei seu rosto cor de rosa, e soltei:

“Você tem cara de Bonnibel”

Acho que você gostou, porque sorriu.

Nenhuma de nós esteve sozinha depois disso, tínhamos uma a outra.

Eu não tenho que justificar o que fazer

Eu não tenho que provar nada para você

Você mudou Bonnie, depois que te colocaram aquela coroa. Coroas mudam as pessoas, aprendi isso ainda com o Simon. Você passou a achar ser dona do mundo e de mim. Esqueceu-se que não sou um de seus súditos, e sim sua companheira. A garota que esteve ao seu lado sempre, sua primeira amiga, seu primeiro amor. O que você queria, afinal? Queria que provasse ser digna de uma sangue azul, de uma princesa. Desculpe, mas você mudou, eu não.

Onde foi parar aquela minha Jiloba. Que eu beijei.

Desculpe por existir

Na sua lista negra entrei sem resistir

Agora você me odeia. Para você eu virei um erro, um problema, algo em um passado que você quer apagar. Não acredito que quis deletar as noites, que dormíamos abraçada, pois fazia frio. Se esqueceu das vezes que fugimos de monstros, de mãos dadas. Esqueceu-se que arriscávamos a vida uma pela outra. Eu ainda faria isso, se você precisasse.

“Tá dando certo! Olhem a porta!” Finn gritou, fazendo- me abrir os olhos.

De fato está dando. Continuo o meu canto, com uma dor no coração.

Mas não sou eu quem devo fazer as pazes, com você

Então...

“Então vá embora” É difícil de acreditar que essas palavras saíram de sua boca, Bonnie. A mesma boca que eu beijei, a mesma que disse que me amava. Com lagrimas no rosto, você gritou para eu ir embora, não do seu reino, mas da sua vida. Também chorei naquele dia. Pensei que já não tinha mais lagrimas para chorar, mas você conseguiu destruir um coração já arrasado. Você agiu como o terremoto que vem depois do outro, apenas para destruir mais ainda. História de amor só tem finais tristes, se não, não haveria um fim. Você causou tanto dor, quando amor, eles não podem ser separados. Não é mesmo, Jiloba?

Você é inteligente para a maioria das coisas, mas não com assuntos do coração.

Porque eu quero, porque eu quero

O que eu quero? O que eu quero de você Jujuba. Estou olhando para o seu rosto. O mesmo que eu sempre achei a coisa mais linda de se ver, em um mundo tão feio. Quero aquela época de volta, você de volta. Mas há muita mágoa, muitas coisas que já aconteceram.

Te enterrar no chão

E beber seu sangue

Canto isso, porque não tenho coragem de colocar em palavras tudo aquilo que penso. Vou voando até perto de Jujuba, e repito as mesmas palavras que uma vez disse no passado, quando ela ainda me observava compor minhas músicas:

“Grr, para de olhar pra mim você está me desconcentrando!”

Eu amava quando você me distraia.


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Notas finais do capítulo

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