Quem é você, Anna Rossi? escrita por Le petit Audrey


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Como vão? Queria pedir mil perdões por ter deixado de postar o novo capítulo. Tive uns problemas de volta as aulas da faculdade quase no final do ano e não tive e não vou ter férias e a faculdade veio com tudo e dificultou um momento propício para eu parar e me dedicar a escrever a história. Mas nada tão grave que vai me fazer parar de escreve-la. Ela está inteira aqui na minha mente e não vou desistir de contar para vocês. Então, novamente, desculpas!! Segue aí o cap 6! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/652371/chapter/6

Antes de dirigir até a parte central da cidade, Emma pediu a Anna que ficasse no banco traseiro do carro. De preferência, deitada e escondida. Anna não só fez como colocou de volta a peruca na cabeça.

— Precisamos ser cuidadosas – disse Emma.

Anna permaneceu calada.

E foi assim o trajeto todo: no silêncio.

Porém Emma estava cheia de inquietações na cabeça. Tentava, mais uma vez, enxergar o ponto positivo disso tudo: a entrevista com Anna e a popularidade que conseguiria ao final dessa história se tudo acabasse bem. Mas em seguida se sentia novamente culpada, o peso na consciência aumentava e não sabia se esse peso era motivado por ajudar Anna como um favor ou se essa trama que Anna estava envolvida era perigosa demais e afetava completamente a zona de conforto de Emma. Os lapsos de desespero apareciam constantemente e teve cuidado para não demonstrar esse pânico interno à Anna.

— Chegamos – disse Emma, virando-se para Anna – se esconde aí para as câmeras da rua e do prédio não filmarem você.

Os filmes e séries que Emma viu tinham de servir num momento desses.

Anna apenas assentiu com a cabeça. Emma se aproximou do prédio, pegou uma espécie de controle remoto no porta luvas e apertou um dos botões. Logo se viu o portão da garagem do prédio abrir caminho.

Quando estacionou o carro, sentiu Anna se aproximar de seu ouvido e sussurrar:

— Você não precisa fazer isso.

Emma tomou um susto. Trocaram olhares apenas pelo retrovisor.

— Não. Tudo bem. Chegamos até aqui e temos que ver até onde mais chegaremos – disse com convicção.

Apesar do medo, precisava correr esse risco.

Não esperou qualquer resposta de Anna e rapidamente saltou do carro.

No elevador, se encontrava atenta a toda pessoa que entrava ali. Tinha receio que percebessem seu crime, por que agora podia ser considerada criminosa por esconder, encobrir e omitir uma suspeita de assassinato.

Comemorou internamente quando chegou no seu andar.

Tirou do bolso as chaves e destrancou a porta. Entrou em sua sala e parou por um instante, tentando lembrar o que tinha de fazer. Olhou seu notebook no sofá e logo tornou a relembrar. Respirou fundo, correu em seu quarto e abriu seu armário. Retirou algumas peças de roupas, roupas intimas e separou uma calça jeans. Pegou sua mochila vermelha e colocou dentro dela tudo que podia. Em seguida, voltou à sala, jogou a mochila no sofá e foi em direção a cozinha. Recolheu uma pequena sacola de papelão e começou a colocar algumas frutas, como maça e banana, e um saco de pães. Abriu a geladeira e pegou geleia de amora, requeijão, uma garrafa de suco de uva tinto, uma garrafa de 1,5 L de água, queijo branco e presunto de peru. Organizou tudo em uma grande bolsa térmica.

Antes de deixar a cozinha, Emma parou um instante e em seguida, foi em direção à gaveta de talheres do armário. Pegou rapidamente um canivete que estava ali e o colocou em seu bolso.

Voltou para a sala para pegar seu notebook e carregador e colocou-os na mochila. Apagou as luzes e trancou seu apartamento.

***

Aproximou-se de seu carro, e visualizou Anna sentada em postura ereta no banco de trás, olhando para frente. Parecia criança quando nota adulto chegando e rapidamente se comporta. Emma preferiu não pensar na possibilidade que Anna aprontava algo enquanto esteve fora.

Abriu a maçaneta do carro na parte do motorista.

— Peguei uns suprimentos para nossa pequena viajem – disse sem demonstrar expressão alguma. Jogou sua mochila e sacolas no banco do passageiro.

Do retrovisor analisou Anna vasculhar com o olhar as sacolas no banco.

— Está com fome? – perguntou Emma.

Anna, que parecia sem graça, assentiu para os olhos castanhos de Emma no retrovisor.

Emma remexeu a sacola e retirou de lá uma maça e uma banana.

— Aqui – deu à Anna.

— Obrigada.

— Mais tarde paramos e lanchamos melhor. Precisamos cair na estrada agora.

Anna assentiu com a cabeça pois sua boca estava ocupada mastigando a maça.

Emma respirou fundo e antes de ligar o carro, lembrou que tinha de ligar para sua tia avisando que ficaria na casa dela no final de semana. Pegou seu aparelho e discou. Tia Margot atendeu no terceiro toque.

Sim?

— Ei, tia! Como vai? É sua sobrinha, Emma.

Ah, oi, meu bem. Vou bem e você? Viu a mensagem que te passei?

— Era exatamente isso que eu queria lhe falar. Eu estou querendo muito ir passar o fim de semana lá.

Claro, minha querida. Nem precisava me ligar, a casa é toda sua.

A voz alegre de sua tia deveria lhe deixar mais aliviada, porém um peso na consciência foi crescendo.

— Ah, obrigada tia Margot.

Nada, meu bem. E você vai levar seu namorado?

Emma não sabia o que responder. Raciocinou rápido: se respondesse sim a conversa pararia por ali.

Sim, ele vai comigo.

Ah, ótimo! Olhe, a cópia da chave está naquele lugar no vaso de flores. Sabe não é?

— Sei sim tia. Muito obrigada!

Depois de beijos de despedidas, desligaram.

— Não quero nem imaginar se minha tia descobre o porquê realmente quero ir para lá.

— Relaxa. Vai dar tudo certo. Se caso der algo errado, nunca citarei seu nome e nada vai te acontecer. Eu prometo – disse Anna em um tom seguro e sério.

Ao ouvir aquilo, Emma se sentiu um pouco mais tranquila. Olhou no retrovisor e encontrou os olhos de Anna. Respirou fundo e ligou o carro.

A música Scar Tissue de Red Hot Chili Peppers tomava conta do carro. Já fazia mais de uma hora em que estavam a caminho da Serra. Emma e Anna trocaram pouquíssimas palavras durante até ali e a música disfarçava a tensão das duas. Até que Emma lembrou dos pais de Anna que iriam depor naquela tarde. Olhou para o retrovisor e viu uma Anna com os olhos pregados na janela sem expressão nenhuma. Hesitou um pouco antes de perguntar:

— Você tá sabendo que seus pais chegaram em São Francisco para darem depoimento sobre você?

Anna pareceu levar um susto. Rapidamente se aproximou de Emma.

— Meus pais? Aqui? Puta merda! – levou a mão à testa preocupada.

Emma já previa que Anna não sabia.

— Pois é. Eles chegariam hoje e iriam direto à delegacia.

— Eu... não entendo. Faz um tempo que não vejo eles, como eles poderiam... Puta que pariu.

Anna demonstrava-se surpresa. Não parava de coçar a cabeça.

— Está com medo que eles falem alguma coisa que prejudique você? – Emma perguntou se mostrando atenta a expressão de Anna.

— Aposto que é o que vão fazer de melhor.

***

Jane Goffman tomou o último gole de seu expresso antes de entrar na sala de interrogatório onde já se encontravam os pais de Anna Rossi e seu colega Toddy Walters. Entrou na pequena sala e se sentou ao lado de seu parceiro que se encontrava de frente aos Sr. e Sra. Rossi. Se apresentou ao casal e foi direto ao ponto.

— Vocês tem ideia da onde sua filha possa estar nesse momento? Ela agora é considerada foragida, visto que foi vista no local de um crime a tornando principal suspeita.

Sr. Rossi deu uma risadinha irônica, demonstrando impaciência.

— Faz quase dois anos que não vemos Anna. Apesar de sermos os pais dela, eu acho uma perda de tempo fazermos essa viagem até aqui sendo que não temos como colaborar com... Tudo isso!

Jane levantou uma sobrancelha, um pouco surpresa. Não sabia se ele falava aquilo para ela ou para a esposa ao lado. Olhou para a figura elegante, com traços finos, cabelo curto louro com os olhos mirados na mesa com uma expressão negativa revelando que não gostou do que acabara de ouvir de seu marido. Jane esperou uns segundos afim de que pudesse ouvir mais alguma coisa, principalmente da mulher mas não aconteceu.

— Bom Sr. Rossi, precisamos saber mais a respeito do que conhecem e sabem de sua filha, o comportamento, as amizades, se lembram de algo...

— A última vez que a vi ela estava extremamente chapada.

— Kevin! – interrompeu sua esposa com a voz firme e fria sem olha-lo.

— O que? Estou mentindo, meu bem? – olhou para a esposa, em seguida se voltou a Jane – desde que entrou naquela droga de faculdade de História, Anna mudou completamente. Sempre com amigos estranhos e suspeitos. Até o que mais temíamos aconteceu: começou a usar drogas. A partir de então a coisa foi ficando tão absurda que planejamos uma mudança para fora do país, ela poderia continuar o curso ou fazer outro novo na França. Mas não aguentou muito tempo e voltou para cá.

Jane ia falar algo, mas Sra. Rossi adiantou-se.

— Bom... Acredito que ela não tenha se tornado uma obsessiva com as drogas...

— Ah, qual é Susan...

— Por favor, deixe eu terminar – levantou uma mão em protesto ao marido, totalmente séria e com tom frio – enfim, Anna estava sim usando certas drogas ilícitas porém acho que não era a ponto de ficar totalmente maluca viciada. E Kevin, você sabe muito bem que Anna só foi embora de lá por conta de seu comportamento opressor em cima da garota! – levantou os olhos verdes ao marido.

Jane e Toddy trocaram olhares intrigados. Jane tinha que considerar as versões de ambos. Queria muito acreditar no pai de Anna, pois o que ele disse era o que esperava ouvir: Anna era realmente usúaria de droga, assim como Leonard e fazia jus a teoria que tinha na cabeça sobre o motivo do assassinato. Porém a mãe a fez ficar intrigada. Tinha um ar classudo, sério e frio. E se tinha alguma reação emocional em relação a filha, escondia muito bem.

— Então, Anna usava drogas mas não era uma viciada? Não demonstrava nenhum comportamento agressivo? – Jane perguntou a Sra. Rossi.

— Bom... As vezes ela reagia ao tom severo de Kevin. Na verdade durante toda a sua vida ela reagia a ele, o enfrentava antes mesmo de usar essas drogas.

— O que está querendo dizer, querida? – Kevin deu uma risada irônica fazendo uma expressão confusa – Que a culpa de Anna ter se rebelado, entrado no mundo das drogas e do crime, é minha?

— Não, por Deus! Só quero dizer que Anna não tinha um comportamento agressivo, nem quando estava... Chapada! E ter mal comportamento por estresse de casa é diferente de mal comportamento por uso de drogas!

Jane percebeu que a mulher mudou sua expressão relativamente calma e fria para uma desesperada e perdida logo após o comentário de seu marido.

— Susan, meu amor, acorda! Olhe onde estamos! Dane-se essas diferenças de comportamento da sua filha querida, ela nos trouxe aqui para depor porque está foragida por aí suspeita de matar uma pessoa!

Sra. Rossi o fuzilava com o olhar.

— E você está jogando mais lenha na fogueira?

Jane observou o controle que a mulher estava criando para não avançar no marido. Os olhos verdes dela pareciam queimar.

Sr. Rossi ia falar algo, mas se conteve. Ele respirou fundo e não disse mais nada.

— Entendi, Sr. e Sra. Rossi. Mas vocês chegaram a conhecer o Leonard?

— Não. Inclusive estou surpreso – respondeu Kevin.

— Por quê?

— Anna não é de se relacionar com rapazes. – Sr. Rossi disse muito rápido.

Jane ficou confusa, esperou um dos dois acrescentar algo porém a sala ficou em silêncio. Olhou para Toddy e ele deu de ombros. Se voltou ao casal.

— Ela é... lésbica?

— Sim. - respondeu Susan.

— E vocês não faziam ideia do que era o relacionamento de Anna e Leonard?

— Devia ser só o traficantizinho dela – Sr. Rossi disse de braços cruzados com o olhar semicerrado à Jane como se tivesse dizendo o óbvio.

Ela não gostou.

— OK. Vocês conhecem lugares dos quais ela possa estar escondida?

Os dois negaram com a cabeça. O pai com o olhar irritado em Jane e a mãe olhava para a mesa.

Jane esperou Toddy dar continuidade com perguntas de coisas como o que Anna gostava e não gostava seus hobbies, suas atividades, seus amigos e seus inimigos. As respostas eram vagas e sem muita contribuição da parte deles. Não era como se estivessem escondendo alguma coisa, mas pareciam não conhecerem muito da única filha. Jane achou a mãe a mais retraída, falava menos. Se impôs a algumas respostas dele e o corrigia. Tentava manter certo controle no marido. Jane se perguntava se eram felizes.

Ao término, reparou no quanto ambos eram elegantes: Sr. Rossi estava de terno e gravata, parecia tudo feito à medida e muito caro. Sua mulher estava com um vestido estilo "tubinho" cinza na altura dos joelhos de cor azul escuro. Pareciam o casal presidencial, elegantes e com muita classe. Sairam de mãos dadas da sala de interrogatório.

***

Emma ficou aliviada quando reconheceu pela paisagem de enormes vales e montanhas que estava chegando ao seu destino.

— Talvez em 15 minutos estaremos lá! – disse à Anna.

— Que bom – Anna respirou fundo.

Segundos depois, Emma consegue ver de longe uma barreira policial. Desacelera a velocidade e se desespera.

— Droga! Estamos ferradas! – Engoliu em seco antes de se virar para olhar Anna.

Anna não entendeu a expressão de desespero de Emma até olhar direito na direção que Emma olhava.

— E agora? Voltamos? Fazemos o que? – disse não podendo controlar sua voz já embargada quase ao choro.

— Calma... Eu... Preciso pensar – disse Anna nitidamente nervosa também.

Emma virou para olhar Anna mais uma vez esperando uma resposta para o que fariam.

— Segue em frente, não para. Pode levantar suspeita – disse Anna – acho que tenho uma ideia do que fazer.

— O que? – perguntou Emma aflita.

Anna não respondeu. Rapidamente ajeitou sua peruca platinada e escondeu sua mochila no chão do veículo e pulou para o banco da frente derrubando as sacolas que lá estavam. Emma assustou-se.

— O que pensa... Ficou louca? Não era mais fácil se agachar lá atrás? – Emma estava incrédula.

— Olha só, Emma, relaxa eu sei o que estou fazendo. Eles não vão nos pegar. Por favor preciso que fique calma para eu também ficar – Anna disse mantendo certo controle.

Por uns segundos os quais Emma conseguia olha-la nos olhos, viu que eles estavam também muito assustados. Tentou fazer o que ela disse. Respirou fundo e tentou acalmar seu medo. Estavam se aproximando da barreira policial estadual.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quem é você, Anna Rossi?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.