Apocalipse escrita por MapleWolf


Capítulo 5
Está tudo bem...?


Notas iniciais do capítulo

Hey yoo!
Atrasei um pouquinho... Hihih ^^ Favor, não me matarem (se não vocês não saberão do final -muahahahah)
O capítulo está bem... Interessante 3:)
Sem mais enrolação...

—Boa leitura!
~May ♥



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Hades voltou ao carro em segurança, porém, estava arfante. Correu sem parar por uma longa distancia, seu coração pulsava tão rápido e tão forte que seu peito doía. Ele jogou-se no compartimento da picape, de barriga para cima, e cobriu o rosto com o braço, impedindo a luz do sol.

— Já podemos partir, o tanque está cheio. – disse Charles, surgindo de dentro do carro. – Onde está Lua?

O garoto sentou-se no compartimento e respondeu em tom preocupado, ainda ofegante:

— Ela não voltou?! Mas que merda...! – ele passou a mão no rosto.

— Aconteceu algo? – indagou Charles seriamente, mas preocupado.

Hades respirou fundo antes de responder:

— Enquanto estávamos lá, nós-

— Hades... – o garoto foi interrompido por uma voz tremula e baixa, soando desesperada, vinda de seu bolso. – Hades, por favor, me ajuda...

Era Lua, chamando-o pelo rádio. Ele se apressa em pegar o rádio e respondê-la:

— Onde você tá? – ele indagou baixo e preocupado.

— Eu... Eu não sei. Eu consegui me esconder em uma casa para o oeste de onde vocês estão, em uma casa laranja com uma cerca destruída e sangue na escada branca.

— Tá, to indo te procurar. Você tá bem?

— Mais ou menos... Eu torci o tornozelo e não tô conseguindo correr direito.

— Tô indo.

Hades pegou uma bússola, seu revolver e saiu em disparada na direção do oeste, sem dar explicações para Charles.

***

Cerca de dez minutos depois ele avista uma casa laranja. Dez minutos correndo incansavelmente. Já estava tão ofegante que precisou parar para tomar fôlego. À sua frente, uma enorme casa cor-de-laranja, não estava nas melhores condições, estava com as paredes sujas, desbotadas e um pouco descascadas, vidros quebrados, corpos decompostos na grama alta maltratada e o principal: a escada branca com sangue coagulado e a cerca destruída, como se tivesse sido atropelada. Agora ele tinha certeza de que essa era a casa.

Entrou silenciosamente. A casa parecia vazia. Na sala ele encontra o corpo sem vida do cara com o tapa-olho que viu mais cedo. Sua cabeça estava totalmente aberta, podia ver os miolos protegidos pelo crânio totalmente aberto, o sangue ainda estava fresco, o que indicava que houve uma luta há pouco tempo. Lua estaria bem? Estaria viva? O garoto temia pelo pior.

Ele ainda hesitava em respirar a cada passo que dava, passos tão leves que nem pareciam estar tocando o chão, suas pernas tremias e suava frio. Começou a explorar a casa. Tinha uma escada que levava ao andar de cima e outra que levava ao andar de baixo. A jaqueta branca que Lua estava usando naquele dia estava respingada de sangue fresco e jogada na metade da escada que levava para o andar superior. Ele subiu, devagar, mal se ouvia sua respiração. Mais uma vez, a casa parecia deserta. Ele seguiu verificando os quartos. Lua estava desacordada em um deles, amarrada em uma cama de casal. Hades foi até ela. Seu cabelo avermelhado estava molhado com sangue morno e fresco, havia um corte em sua cabeça.

— Lua! – ele disse chacoalhando-a suavemente, tentando acordá-la, sem sucesso.

Ele tentava desamarrá-la, mas quem quer que tenha feito o nó queria garantir que ela ficaria presa ali a qualquer circunstância. De repente sente uma forte dor na cabeça, sente seu sangue morno molhar seus cabelos negros, suas pálpebras ficam pesadas. Ele desmaia sobre Lua.

***

— É sério mesmo que você esperou eu acordar pra me estuprar? – era a voz de Lua, em leve tom de indignação.

Hades finalmente desperta. O homem gordo que vira mais cedo estava sentado na cama de casal do quarto, de costas para ele e de frente para ela. Ele passa a mão em seu ferimento, sua mão fica molhada com sangue. Ele olha em volta, o ambiente estava mais escuro, o céu lá fora estava escurecendo. Por quanto tempo ficara ali “dormindo”?

— É claro. Não teria graça se eu fizesse com você desacordada, eu quero ouvir os seus gemidos... – Hades sentiu a malícia na voz do homem.

— Você me enoja... – a voz da garota soou incrédula.

— Vamos começar, eu já esperei demais...!

O homem rasga a regata de Lua.

Hades finalmente tomou consciência do que estava acontecendo, lembrou-se do que tinha ido fazer naquela casa.

— Você é um desgraçado! – ela eleva seu tom de voz. – Tire essa mão suja me mim!

As mãos do homem começam a percorrer o corpo da garota. Hades se levanta. A esse ponto já não prestava mais atenção nos elogios que o homem fazia sobre o corpo de Lua. Ele tira seu revolver da cintura e aponta para a cabeça do homem, sem que ele percebesse. Seus batimentos aumentaram, ele tentava respirar com calma, em vão, suas mãos ficaram trêmulas novamente. O homem começa a puxar a calça jeans de Lua. Um disparo. Um breve grito de susto vindo da garota. O homem caiu sobre ela, seu sangue sujando todo o seu corpo – sem falar de seu rosto sujo, o disparo fez com que o sangue espirrasse por toda a cama.

Hades se apresou em tirar o homem de cima da garota, jogando-o no chão.

— Me tira daqui! – a garota quase implorava com a voz embargada pelo choro que tentava reprimir.

Ele assentiu com a cabeça e saiu do quarto, Logo volta com uma faca. Ele corta a corda, com muita dificuldade. Enfim, a garota consegue se soltar, seus pulsos finos estavam marcados pela corda. Tudo que ela conseguiu fazer foi abraça-lo, abraça-lo fortemente, e ele a retribuiu, abraçando-a do mesmo jeito, um abraço reconfortante... Não demorou muito para ele sentir as lagrimas dela em seu ombro.

— Obrigada... Muito obrigada... – foi tudo que ela conseguiu dizer.

— Não foi nada... Já está tudo bem... Não precisa chorar... – sua voz soava calma e gentil.

Manteram aquele abraço até seus batimentos se acalmarem. Ela o afasta, enxuga o rosto e sorri:

— Lizzie.

— Nick. – ele sorri de volta.

— Bom... Agora... – ela coçou a nuca, tentando explicar à ele o que queria dizer.

— Sim... Eu sei. Eu vou procurar uma blusa inteira pra você.

— Obrigada...

Nick sai do quarto, deixando-a sozinha com o corpo sem vida do homem. Olhando melhor o quarto, ela vê uma porta, vai até ela e descobre um pequeno banheiro. Lizzie tira o que sobrou de sua regata, umedece com a pouca água que ainda saía da torneira e limpa seu corpo sujo de sangue e seu ferimento na cabeça. Depois de alguns minutos retornou ao quarto e começou a procurar uma blusa limpa na gaveta, mas estavam todas vazias. Talvez alguém já tivesse levado as roupas...

— Lizzie. – Nick retorna ao quarto. – Bem eu... Não achei nenhuma blusa... Mas você pode ficar com a minha.

Ele tira sua blusa e entrega a ela. Lizzie, por sua vez, veste a blusa e agradece.

***

Quando chegaram ao carro já havia escurecido, explicaram tudo ao Charles e montaram um acampamento ali mesmo. Nick fez uma fogueira e todos se sentaram em volta dela. Jantaram sopa enlatada. Conversaram um pouco, mas logo Charles e sua filha voltaram para o carro.

Por volta das 22h, Nick estava sozinho, alimentando a pequena brasa com galhos secos, quando Lizzie surge sutilmente ao seu lado:

— Então... – ela sentou-se ao seu lado. – Você curte mitologia grega, né?

— Uhum. – ele respondeu com um sorriso.

— Eu tenho esse livro que fala sobre isso. – ela ainda passou o dedo indicador suavemente na capa antes de entregá-lo a Nick. – Acho que você vai gostar...

— Obrigado. – ele folheou-o e depois voltou o olhar para Lizzie. – Vou lê-lo assim que chegarmos a Washington...

Lizzie chegou mais perto da brasa quente e fez uma atualização no seu diário:

18 de Abril de 04 P.A.

Hoje eu tive a infelicidade de encontrar o Gordão e o Sem Olho de novo... Tive alguns problemas, consegui me livrar de Sem Olho, mas o Gordão quase me estuprou. Quase. Se não fosse o Hades, ou melhor, se não fosse o Nick.

Ele poderia ter me estuprado depois que matou o Gordão. Eu estava amarrada na cama, totalmente indefesa. Mas ele não me estuprou... Acho que posso confiar nele...

— O que é isso que você tanto escreve? – ele pergunta curioso, se inclinando para tentar ver melhor.

— Isso? Bem... É tipo um diário... - ela o fecha rapidamente.

— Hum... E você escreve, tipo, tudo o que você faz, todos os dias?

— Mais ou menos. Só as coisas mais relevantes. Eu posso passar até uma semana sem escrever se não tiver coisas “impactantes”.

— Legal... Faz isso há muito tempo?

— Desde que meu pai parou de roubar.

— Tipo antes do apocalipse? – ela assentiu com a cabeça em sinal positivo. – Caralho...! Faz muito tempo... E tipo, coube tudo aí?

— Na verdade não. Esse é o segundo...

Nick coçou o queixo e se aproximou da garota, jogou mais alguns galhos secos na brasa e observou-a:

— Sabe... Gosto do fogo. Antes de isso tudo acontecer, nos invernos, eu costumava acender a lareira, e minha irmã sentava-se comigo... Nós ficávamos olhando-a... Até a minha mãe nós chamar para tomar sopa. Era bem legal.

— Você deveria ter uma família muito legal... Nos invernos, aqui no Canadá, eu nem conseguia sair pra fora... – ela soltou uma risada leve. – Então meu pai acendia a lareira e nós nos sentávamos perto dela e montávamos quebra-cabeças, líamos... Ou ele contava histórias pra mim. Era um dos poucos momentos que passávamos juntos...

— Seu pai deveria ser um cara legal. – ele sorriu.

— Ele era... Mas depois que a minha mãe nos deixou, ele ficou mal... Ele perdeu o emprego, passou a gastar o pouco que tinha com bebidas, chegava bêbado em casa... E ele ainda tinha que cuidar de mim, eu era pequena... Mas aí ele conheceu o Steven. Esse cara o levou para o mundo do crime. Meu pai começou a se reerguer. Mas, ele passou a ser procurado, e nós começamos a nos mudar, de Estado para Estado, de casa para casa...

— Você gostava desse Steven? – ele perguntou um pouco mais sério.

— Steven era um cara legal... – ela sorriu. – Talvez o único amigo de verdade que eu tive, antes do Josh... Ele era como um segundo pai pra mim. Ele me ensinou a me virar. Desde então eu comecei a roubar... – ela riu descontraidamente. – Eu roubava doces, livros, jogos... Até celulares. Ele me chamava de Mão Leve.

O garoto riu. Lizzie se levantou e subiu em uma árvore que tinha ali perto. Aconchegou-se em um galho e fechou os olhos.

— Vai dormir aí? – Nick perguntou.

— Vou... Me sinto mais segura aqui...

— E a Aika?

— Ela tá debaixo do carro. Vai ficar bem.

Apalpou a mochila e apoiou a cabeça. Não demorou muito para adormecer.

***

Lizzie se encontrava sozinha no apartamento escuro e frio. Eram 4h da manhã, ela ainda estava acordada, em sua cama quente e macia, não queria dormir, por mais cansada que estivesse. Apenas aguardava...

Logo, o som da chuva fraca que batia em sua janela foi abafado por uma conversa baixa. Dois homens cochichavam alguma coisa, mas não era a voz de seu pai, nenhuma delas.

Ela se levantou, sem fazer barulho, pegou uma caixinha comprida, embrulhada com papel de presente, enrolou-se em seu cobertor e saiu. O corredor estava escuro, mas no fim dele viu um pouco de luz. Ela foi andando, hesitante, enquanto as vozes iam ficando mais altas, porém, ela não tinha certeza se conhecia aquelas vozes, estava um pouco tonta por causa do sono.

Ao chegar à ponta do corredor, ela se abaixou e espreitou os dois homens sentados no sofá. Sobre o que estariam cochichando? Ela esfregou os olhos para ver melhor. Um rosto lhe era familiar, o homem loiro com a barba á fazer era o Steven. Ela o reconheceria mesmo se estivesse misturado à outros homens iguais. Porém, o outro ela não conhecia. Um homem com aparência velha, uma barba cinza longa e olhos de cores alternadas.

Seus olhos correram pelo local. Seu pai estava na cozinha, separando o dinheiro, estava concentrado. Ela não tinha certeza se deveria estar espreitando-os daquela forma. Sabia que seu pai iria repreendê-la mais tarde.

Ele não gostava que ela fizesse isso, ele odiava ser observado.

— É sua filha? – a voz do homem de olhos divergentes ecoou pelo cômodo, uma voz rouca.

Seu pai apenas olhou a filha pelos cantos dos olhos, suspirou e fez um sinal para ela se aproximar.

— Sim, ela é. – ele respondeu e voltou a contar o dinheiro.

Lizzie sentou-se á mesa, na frente de seu pai, e ficou observando-o separar todo aquele dinheiro. Seu pai era um homem alto, robusto, de cabelos pretos e olhos verde-esmeralda, mas ele era inteligente e gentil. Após terminar de contar o último bolo de notas ele encara a filha sonolenta e pergunta:

— O que está fazendo acordada a essa hora?

Sem dizer uma palavra, a garota faz a caixa deslizar sobre a mesa de vidro e volta a encara-lo com um sorriso. Seu pai puxa a caixa e olha-a desconfiado, mas com um leve sorriso:

— O que tem aqui? – ele chacoalha a caixinha.

— Abra... – ela diz com sua voz meiga e sonolenta. Ela observa-o, com os olhos pesados, desembrulhar o pequeno pacote e tirar de dentro um colar com um pingente de ouro. – feliz aniversário. – ela sussurra.

O homem sorri e passa sua mão pesada pelos cabelos avermelhados da garota. Coloca o pingente e o abre: dentro tinha uma foto dos dois juntos.

— De onde tirou dinheiro pra comprar? – ele pergunta sorrindo.

— Quem disse que eu comprei? – ela sorri malandramente e recebe outro cafuné.

— Minha garota...

***

Ela desperta subitamente. Passa a mão no rosto e olha em volta. O sol estava nascendo atrás de nuvens cinza, o céu azul ela quase não conseguia ver. Bufou irritada. O sonho estava incompleto, mas afinal, por que sonhou com isso? Por que esse sonho agora? Seria um sinal? Seu pai estaria vivo? Ela chacoalhou a cabeça, na tentativa de afastar esses pensamentos. Era a primeira vez que sonhou com isso em anos. “Foco no presente, foco no presente...”, ela repetia mentalmente.

Esticou-se. Alongou o corpo como sempre fazia pelas manhãs. Ficou ali, contemplando o nascer do sol por entre as árvores. Tirou uma foto com sua câmera instantânea e guardou-a em seu diário. Um sorriso, espantando seu mau-humor matinal costumeiro. Saltou da árvore.

— Bom dia, Lizzie! – disse Nick, sorrindo, e lhe jogando uma maçã. – Dormiu bem na árvore?

— Bom dia! Dormi sim. – deu uma mordida na maçã.

— Não sei como você consegue... Eu já teria caído.

Ela riu e sentou-se no chão. Ficou observando Ellie acariciar o gatinho cinzento. Tirou um pedaço de sua maçã e jogou para Aika, que estava quase saltando sobre ela para roubar-lhe um pedaço. Aquela manhã estava bem tranquila. Lizzie saboreava aquela doce maçã enquanto observava a mata, os pássaros voando, os esquilos saltando de galho em galho... Observou também que o carro já estava pronto para partir.

— Eu deveria mesmo ir com vocês? – ela perguntou para Nick.

— É claro! Você será de grande importância, não só aqui, mas tenho certeza que você contribuirá positivamente para o grupo em Washington! – ele sorriu. – Por que pensa dessa maneira?

— É que, sei lá, eu to tão acostumada com o Canadá... – ela passou a mão pelos cabelos avermelhados.

Ele sorriu, tomou fôlego para continuar, mas foi interrompido:

— INFECTADOS!! – era a voz de Charles, ecoava perto e desesperada. – VÃO PARA O CARRO!!

Com um movimento rápido, Lizzie atira o resto de maçã para longe e avança em Ellie, pega a garota sem muito cuidado e a põe dentro do carro. Nick chega com Aika, a cadela vai para o compartimento e o garoto para o banco do passageiro. Lizzie salta para o compartimento. Estavam todos prontos.

Charles, enfim, chega. Seguido por um grupo relativamente grande de infectados. Ele entra no carro, arfante, e dá partida. Lizzie e Nick atiravam nos infectados que bloqueavam a passagem da picape, enquanto Charles dirigia o mais rápido possível.

Estavam bem, nenhum deles tinha sido mordido. Mas e Charles? A garota percebeu que ele corria com certa dificuldade.


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Notas finais do capítulo

Tan tan taaaaan!! Será que Charles foi mordido? O pai da Lizzie tá vivo? Eles vão sobreviver a esse ataque? - Isso vocês saberão no próximo capítulo... 3:)
Mas a pergunta é: alguém ja sabia o nome da garota? e.e
Legal o que eu fiz com a Lizzie, né? Só um susto... As coisas podem piorar... e.e
O Nick é legal, tô gostando dele... talvez eu não o mate u.u
Desculpas pelo atraso gente, sério. Mas só consegui postar hoje... T^T
Esse fim de semana tem mais u.u (Juro...)

~May



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