Apocalipse escrita por MapleWolf


Capítulo 4
Problemas


Notas iniciais do capítulo

Heey leitores!
Tirei um tempo para "viver", saí com as amigas, me dediquei à escola... Enfim, tirei um tempo para descansar da fic, e tive umas ideias, modifiquei algumas coisinhas na fic (nada crítico, até porque estou só começando...), escrevi, apaguei, coloquei umas coisas e outras.... Mas finalmente terminei esse capítulo.
Eu ia revelar o nome da Lua nesse aqui, mas vou deixar para o próximo e.e Mas, Porém, Entretanto... Eu acrescentei um pouquinho do passado sombrio dela, no qual ela gostaria de esquecer, mas como eu sou má e.e
Ahh, e uma coisinha: não se apeguem muito aos personagens u.u Eu posso me cansar deles heheheheh 3:)

—Boa leitura!
~May ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/652348/chapter/4

Manhã de sol, praticamente na metade da primavera, a neve já havia desaparecido, as flores estavam desabrochando, os animais reaparecendo - assim como os infectados. O inverno foi longo. Durante esse tempo, Hades sempre pensava em se aproximar de seus parceiros, obteve sucesso com Charles: antes do apocalipse era professor de direito em uma universidade de Toronto, tinha um esposa e duas filhas, porém, ele estava abatido, dias antes de ser salvo por Lua ele perdeu sua esposa e uma das filhas, e agora só tinha Ellie.

Entretanto, não obteve tanta sorte com Lua, ela costumava ser mais introvertida, vez ou outra quando Hades questionava sobre seu passado, ela se engasgava com as palavras, ou desviava o assunto, ou simplesmente fingia não ter escutado.

Hades estava animado, pulou da cama cedo, não tomou café e foi direto para a enorme vidraça da praça de alimentação. Um enorme sorriso se formou quando ele viu a cidade voltando a ficar parcialmente colorida. Ele voltou correndo para a loja de colchões, onde encontrou Charles e Ellie "tomando café da manhã" e Aika com o gatinho cinza, agora já crescido.

— Você acha que a Lua se importaria se incomodaria se eu desse leite para os dois pidões? - Charles perguntou, se referindo aos dois animais que o fitavam com olhos brilhantes.

— Certamente não. Ela faz isso todas as manhãs. Falando nela, você a viu?

— Não. Sinceramente, eu nem vi se ela dormiu na loja. E a mochila dela não tá aqui...

Era notável a aflição nos olhos do garoto, por mais que ele se recusasse a acreditar que ela teria partido. Ele sentiu dificuldade para respirar. Hades correu o mais rápido possível para o parque de diversões do shopping, chamou seu nome, mas o local parecia totalmente deserto. O garoto foi até a capsula do simulador – onde a encontrou dormindo dias atrás – mas só encontrou a mochila vermelha da garota.

Isso era um bom sinal, agora ele sabia que Lua estava por perto, escondida em algum lugar daquele imenso shopping. Hades lembrou-se de que ela gostava de ficar no telhado, observando a paisagem, achava toda aquela calmaria tão bela que tirou uma foto com uma câmera instantânea que encontrou em alguma loja.

Hades foi até lá, esperançoso, correndo pelo 3º piso do shopping quase incansavelmente. Porém ele foi atraído por uma música calma e suave que quebrava o silencio do corredor, que parecia interminável, vinha de uma loja de itens relacionados a música. Ele foi até lá. Lua estava sentada, de costas para a porta, rodeada por fitas de walkman, e em sua frente tinha um walkman conectado a uma caixa de som.

— O que está fazendo? – ele perguntou curioso.

— Ah, oi! – ela virou-se e disse em tom alegre. – Eu estava procurando uma fita de walkman que um amigo gravou pra mim... E eu acabei achando muitas fitas...

Lua colocou as fitas em uma pequena caixa e fez um sinal para o garoto se sentar.

— Um amigo? – ele sentou-se ao lado dela.

— Sim. – ela trocou a fita. – Tinha um rapaz que trabalhava aqui, ele era muito gente boa, chamava-se Josh. Eu vinha aqui para conversar e ficava para ouvi-lo tocar violão. Um dia ele me propôs um desafio: se eu encontrasse uma fita que ele gravou pra mim, ele me daria alguns pôsters de jogos...

— E você aceitou? – ele perguntou, já sabendo a resposta.

— É claro! – sua voz tinha entusiasmo, mas repentinamente baixa e triste. – Uma pena eu não ter concluído o desafio a tempo...

— E como é que você vai saber qual é a fita certa?

— Ele disse que eu saberia, pois é uma das minhas músicas favoritas.

— Hum... – Ele observou-a trocar a fita. – Você não gosta muito de falar do seu passado, não é?

— Não. Por quê?

— Porque nós já estamos há cinco meses aqui e eu não sei nem o seu nome! – ele respondeu como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

Ela suspirou derrotada, estava sem saída. Pensou um pouco, como se tivesse jeito de esquecer essa ideia de saber sobre o seu passado, mas não conseguiu pensar em nada.

— Puta merda! Você é muito insistente... – ela cruzou os braços e desviou o olhar. – Por que tanto interesse assim? Minha vida antiga não era nada interessante...

— Aposto que era sim. Vamos fazer um trato: eu falo um pouco da minha antiga vida e você fala um pouco da sua... Pode ser?

Lua pensou sobre a proposta, pensou se ela valia a pena. Pensou sobre quanto tempo eles teriam que ficar juntos. Chegou à conclusão de que não importava, ele poderia morrer qualquer dia, e tudo o que disse seria em vão.

— Tudo bem... Comece.

— Bom, eu morava em Nova York com meus pais e minha irmã, meu pai era um executivo e minha mãe vendedora. Eu, o mais velho, era um bom aluno, não tinha reclamações... Em casa, ajudava minha mãe. Meu passatempo favorito era jogar baseball, eu jogava no time da escola.

Ela trocou a fita outra vez antes de iniciar:

— Eu... Bem... Minha antiga vida era muito diferente da sua... Eu não tinha um endereço fixo, estava sempre mudando, já morei em Vancouver, Toronto, Quebec... Meus pais eram divorciados, minha mãe foi para a Austrália com minha irmã, e eu fiquei no Canadá com o meu pai, ele era engenheiro de informática antes de ir para o mundo do crime. Eu não ia à escola, por estar sempre mudando, costumava estudar por conta própria, eu também não tinha amigos... As poucas amizades que eu conseguia fazer logo eram destruídas por mais uma mudança de cidade... Então era penas eu e meus livros. Meu passatempo favorito era jogar videogame. Só que um dia meu pai foi preso e eu vim morar com minha tia em Ottawa.

Hades ficou pensativo por alguns instantes. Ele se perguntava se deveria ter perguntado sobre seu passado, mas Lua parecia não se importar.

— Viu? Sua vida era interessante sim. – ele disse depois de algum tempo em silencio.

A garota sorriu e trocou a fita. Uma música em tom calmo começa a tocar, uma música que ela conhecia bem.

— Achei! – ela exclamou vitoriosa. – Ele acertou em cheio: Flaws. Eu amo essa música.

— Bastille?

— Uhum. Gosta?

— Não muito...

Lua desligou o walkman, desconectou-o da caixa de som e saiu – com o walkman na mão.

— Você não vem? – ela perguntou.

Hades se levantou e seguiu-a.

***

Naquela manhã, Hades conseguiu convencer Charles à ir com ele para Washington, para a colônia. Sem outra opção, Lua aceita ir com eles, relutando em silêncio. Ela preferia ficar sozinha naquela cidade abandonada, vagando por aí, criando coragem para fazer algo que ela mesma não sabia o que era. Mas talvez fosse melhor assim, talvez fosse melhor para ela se juntar à Hades.

Horas depois eles arrumaram as mochilas com coisas que poderiam ser úteis e saíram. Lua sugeriu que pegassem um carro, e como ela conhecia bem a região sabia onde tinha um carro perfeito. Foram até uma concessionária que ficava quatro quarteirões do shopping, pegaram uma picape com quatro portas e seguiram caminho.

Lua preferiu ir ao compartimento, pois assim teria uma visão melhor.

***

17 de Abril de 04 P.A.

Já faz um dia que estamos na estrada. Mal tive tempo para atualizar meu diário...

Estamos quase na fronteira com os Estados Unidos.

Outro dia de sol se iniciava. Charles dirigia incessantemente, talvez tivesse dirigido à noite toda. Ela mesma não saberia dizer, dormiu ali mesmo, com Aika. Ainda estava sonolenta quando o carro freia bruscamente.

— Mas que porra Charles! – ela reclamava pela lateral do carro, quase na porta do motorista. – Que merda foi...

A imagem inacreditável que viu a sua frente foi o suficiente para que Charles não precisasse explicar: tinha se aberto uma enorme rachadura no meio da estrada, o que impedia a passagem de qualquer um.

— Me desculpe, me desculpe mesmo Lua... – Charles dizia enquanto descia do carro.

— Wooooow! – exclamou Lua pulando do compartimento.

— Puta merda! Como vamos chegar a Washington? – dizia Hades coçando a cabeça.

— Indo por outra estrada?! – a garota disse sarcasticamente.

— Vai demorar um bocado, e estamos quase sem gasolina... – Hades disse em tom sério.

— Vamos fazer assim: nós voltamos até onde der e pegamos gasolina de outros carros, aí aproveitamos e pegamos outra estrada.

— É uma boa ideia. – Charles disse voltando para o carro.

***

A gasolina só durou mais meia hora, mas foi o suficiente para chegarem a uma cidade interditada por uma série de carros. Lua saltou do compartimento e puxou seu pé-de-cabra. Charles ficou no carro com sua filha. Seguida por Hades, ela foi até um dos carros e quebrou o vidro da frente.

— Super discreta você... – Hades disse em tom irônico.

— Eu sei, obrigada.

Ela puxou a alavanca do porta-malas e depois foi para trás. Tinha muita coisa lá, ferramentas, roupas e até eletrônicos, tudo preenchendo aquele enorme porta-malas. No fundo, ela viu um galão de gasolina, ela se esticou até lá, ficando com o corpo inclinado, de modo que Hades, inevitavelmente, ficasse olhando para suas nádegas.

— Ficar olhando não faz bem para sua imagem... – Ela disse, saindo de lá.

— Desculpa, não consegui evitar.

— Vamos logo, não temos muito tempo. – ela entregou o galão para ele, bruscamente, e voltou para o porta-malas, tirando de lá uma mangueira. – isso deve servir...

Ela enfiou a mangueira na entrada do tanque e puxou a gasolina com o ar, com todo o seu fôlego. Porem, não deu pra encher nem a metade do galão. Fizeram isso com mais alguns carros até que o galão estivesse cheio.

Enquanto Hades levava o galão para Charles, lua procurava alguma coisa que pudesse tirar o gosto da gasolina de sua boca. Passando por algumas lojas, ela encontrou um pacote de chicletes, alguns ela abriu e começou a mascar, o restante colocou no bolso de sua jaqueta. Ainda explorando aquele bairro, até então desconhecido, ela começa a ouvir vozes:

— Vá se foder, desgraçado! Era o meu último cigarro! – um homem com um tapa-olho gritava para o outro.

Lua conhecia esses homens, uma vez que conseguira escapar de ser estuprada. Ela bufou e ficou observando-os.

— Seu cigarro? Quem encontrou o último maço fui eu! – um homem gordo gritava de volta, o que ela tinha mais ódio.

— Dane-se! Você vai achar outro para mim! – o do tapa-olho gritava.

Ela pensou que eles não seriam um problema se eles saíssem dali naquele momento, ela revirou os olhos e deu meia volta. Quando estava voltando, silenciosa com um gato, ela ouve o som de alguma coisa batendo, o que chamou tanto sua atenção, quanto a dos dois homens. De longe ela viu Hades fechando a porta de um carro, bateu a mão na testa como se dissesse “Porra Hades!”. Não daria tempo de fazer algo, os dois homens já estavam indo na direção dele.

Ela escalou rapidamente uma das lojas e espreitou no telhado, Hades a viu e ela fez um sinal para que saísse de lá. Os dois homens procuravam incessantemente quem/o que teria causado tal barulho. A respiração da garota quase parou quando o homem gordo chegou perto demais de onde Hades se escondia. Ela teria que distraí-los:

— Senhores... – ela disse, sentando-se na beirada.

— Ruivinha... – o gordo disse lambendo os beiços. – Que surpresa... Ainda está viva...

— Pois é, vaso ruim não quebra... – ela disse, desviando o olhar para o céu, para que não desconfiassem de seu parceiro. – E me admira você não ter comido seu parceiro ainda...

— Cala essa boca suja! – o do tapa-olho rosnou alto. – Esse maldito não conseguiria me matar nem se quisesse!

— Não, é? Mas não seria uma pena se ele matasse e fizesse ensopado de tapa-olhos? – ela soltou um sorriso provocativo.

— Ora sua malditinha! – o tapa-olho não sabia o que responder.

— Dessa vez você não me escapa, Ruivinha, você teve solte da última vez. Assim que eu te pegar eu vou te amarrar e fazê-la passar todas as noites do resto da sua vida comigo. – o gordo riu maliciosamente.

— Que nojo! Preferiria dormir com um urso a dormir com você!

A esse ponto não tinha nem sinal de Hades, ele provavelmente já desaparecera pelos carros. Isso tranquilizou Lua por uns instantes, mas agora precisava dar um jeito de sair dali.

— Ahh, você iria gostar, eu iria te por de quatro e te foder com força... – o gordo ainda tinha aquele sorriso malicioso nos lábios.

— Ahh, não, muito obrigada, to bem assim, muito bem mesmo.

Ela se levantou e deu as costas para os dois homens. Não aparentava, mas ela estava desesperada, não fazia ideia de como sairia dessa. Ela poderia pular dali e sair correndo – pois tinha a vantagem de estar sem mochila – ou talvez se esconder por entre os carros e escapar dali na primeira chance.

— EEEI! Isso não é uma opção! – o gordo gritava enfurecido, enquanto ia atrás dela.

“Merda!” ela pensava “Não vai ter jeito de eu sair dessa, virgem.”

Ela pulou de mau jeito e torceu o tornozelo, o que a fez soltar um gemido de dor. A garota começou a correr, com certa dificuldade, para longe do carro onde estavam seus parceiros. Corria sem rumo, em total desespero. Sua respiração já estava ofegante, seu coração acelerado, e seu tornozelo torcido doía mais a cada passo. Ela conseguia suportar toda aquela dor se isso fosse salvar seu pescoço – e sua virgindade – outra vez.

Lua entrou em uma casa e rapidamente se escondeu em um dos cômodos – um armário, talvez. A garota abafava sua respiração ofegante com as mãos, enquanto ouvia os passos pesados se aproximando. Ela estava tão silenciosa que podia ouvir seus batimentos acelerados se acalmando aos poucos. Não demoraria a ser encontrada, estava ciente disso, porém ela não conseguia pensar em nada que fosse útil.

Abriu um pouco a porta do armário e viu o homem do tapa-olho andando pela cozinha, muito próximo de onde ela estava, mas logo desapareceu. Então se lembrou de um rádio que carregava consigo.

— Hades... – ela dizia com voz baixa e tremula. – Hades, por favor, me ajuda...

— Onde você tá? – ele perguntava baixinho também para não chamar a atenção dos homens.

— Eu... Eu não sei. Eu consegui me esconder em uma casa para o oeste de onde vocês estão, uma casa laranja com uma cerca destruída e sangue na escada branca.

— Tá, eu tô indo te procurar. Você tá bem?

— Mais ou menos... Eu torci o tornozelo, não tô conseguindo correr direito.

— Tô indo.

Ela guardou o rádio de volta no bolso, fechou os olhos e passou a mão no rosto. Pensava em como sair dali. Olhou outra vez pela brecha: o tapa-olho estava na sala dessa vez. Então ela tomou uma decisão insana: iria matá-lo, assim seria mais fácil de fugir do gordo. Ela abriu a porta lentamente, segurando o pé-de-cabra com firmeza, seguindo agachada e com o máximo de calma que conseguia juntar naquele momento. Como um gato caçando ratos numa noite escura e silenciosa, ela se aproximou de seu inimigo, pôs-se de pé atrás dele, e com um golpe certeiro e rápido, ela faz uma abertura em sua cabeça. Mas não foi o suficiente. Golpeou outra vez. Agora o homem estava caído no chão, o estrondo com certeza chamou a atenção do parceiro. Ela tinha que ser rápida, com mais alguns golpes, a cabeça do homem já estava totalmente aberta, o sangue vermelho e vivo se espalhava pelo assoalho, o pé-de-cabra já totalmente sujo, respiração ofegante e respingada de sangue.

Escondeu-se novamente e viu o gordo surtar:

— SUA FILHA DA PUTA!! EU VOU ACABAR COM A SUA VIDA!!

A garota aproveitou aquele momento de surto para sair pelos fundos. Mal conseguia respirar e quase não tocava o chão. Ela já estava vendo-se livre quando foi puxada de volta pela toca da jaqueta:

— Agora você vai ver...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Credo! A fanfic mal começou e já tem treta?! É claro! Vocês não viram nada ainda... Muahahahahah!!
Vamos ver o que vai aconteceu com a pobre Lua...

Beijo seus lindos ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Apocalipse" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.