Grenada escrita por ElenaraCastro


Capítulo 10
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– ''Spread your wings, across the universe. It's your time to, it's your time to shine '' - Skyler cantava enquanto tocava piano. A professora de teatro deixava que ele usasse antes da aulas, ás quatro e meia. - ''There's a light inside all of us. Soon, you'll find that it's your time to fly''.

Ouviu aplausos. Eram da professora, a Sra. Allen. Ela levantou de uma das cadeiras do auditório e subiu no palco.

– A cada dia sua voz fica mais bonita, se é que é possível. - Elogiou fazendo com que Skyler ficasse vermelho. - Tenho certeza que o lar de idosos conseguirá muitas doações, as pessoas sabendo que você ira cantar este ano.

– Espero que sim. Eles estão realmente precisando. - Olhou as horas no celular, quase quatro e meia. - Obrigada por está deixando eu usar o piano daqui, eu ainda não sei como meu pai vai arrumar um piano para eu tocar daqui a algumas semanas. Mas ele disse que vai. - Sorriu. - Agora eu já vou, daqui a pouca seus alunos estão chegando.

– Você não atrapalha, querido. Mas como sei que seu pai vai ligar daqui a pouco para saber se você está em casa, acho melhor você ir.

Skyler riu. Ela tinha razão, por isso precisava ir. Pegou sua mochila que estava no canto do auditório e beijou a bochecha da mulher ao passar por ela.

– Até quinta-feira. - Despediu-se recebendo um '' até'' da professora.

Ela lembrava muito a sua mãe, não na aparência, mas no jeitinho esperto e delicado. Skyler a adorava, e por ter essa lembrança, tinha medo de perde-la. Como se nunca mais a veria como... Como a mãe. Sua garganta ardeu e ele respirou fundo, lá fora, no campo de futebol, o time treinava. Skyler viu Matthew e ele também o viu, como se sentisse que Skyler estivesse ali. Acenou e sentou na arquibancada, tinha perdido a vontade de ir para casa. Quem sabe Jordan não poderia dar uma carona para ele, já que morava a duas quadras depois da sua.

– Oi, e aí? - Matthew apareceu, muito suado, ao seu lado. Bebeu um pouco de água na garrafa plástica.

– Oi. - Respondeu calmamente. Esperou que Matthew falasse alguma coisa, pois não tinha o que falar.

– Você vai esperar por mim? - Perguntou piscando, o suor caía em seus olhos.

– Vou esperar o Jordan, que tem um carro.

Matthew levantou. Ficou de pé em frente a Skyler.

– Bem, eu vou ter um logo logo.

–Mas por enquanto, eu vou esperar Jordan. - Sorriu.

Matthew cuspiu e voltou correndo para o campo, onde o treinador já reclamava. Skyler esticou-se na arquibancada, colocou a mochila ao lado e apoiou o braço esquerdo nela. Sentiu o celular vibrar no bolso da frente da mochila, e já sabia quem era.

– Oi, pai. - Falou baixo, mas suficiente para Ben ouvir.

– Já está em casa ou ainda na escola?

– Na escola, estou esperando Jordan para me dar uma carona.

– Quando termina o treino?

Skyler revirou os olhos, já tinha dito o horário não sabia quantas vezes. Mas voltou a repetir que era até cinco horas, ou seja, ainda faltava muito para Skyler ir para casa, mas não estava com vontade de ir para casa.

– Você vai ficar esperando? - Ben perguntou.

– Vou, eu vou ler um pouco. - Mentiu para que o pai não insistisse, mas Ben era Ben.

– Eu acho que posso pegar você aí... Só vou demorar um po...

–Não, pai, não precisa. Eu chego em casa cinco e dez. Não se preocupe, eu vou ficar bem.

Ben ficou em silêncio no outro lado da linha, e respondeu logo depois.

– Tudo bem, só tenha cuidado. Vejo você às seis e meia.

– Tchau. - Desligou, antes que Ben mudasse de ideia e resolvesse ir buscá-lo.

Ficou olhando o treino, mas como não entendia nada sobre futebol americano, desistiu e olhou para céu que ainda estava um pouco nublado. Tinha chovido muito pouco, e não estava mais frio.

Matthew olhava para Skyler sempre que podia, e o treinador reclamava da sua falta de atenção sempre que podia também. Matthew sabia que Skyler estava triste, mesmo que ele não dissesse que estava, ele sabia. E sabia também que era por causa da mãe dele e da semelhança com a professora de teatro, pois Skyler já tinha falado isso para ele.

– Muito bem, meus rapazes, já podem ir e intupirem-se de besteiras, no entanto que não prejudique a nossa vitória.

Matthew saiu rapidamente e foi direito para o vestiário, também não demorou lá. Quando voltou para o campo e procurou na arquibancada onde Skyler estava, ele já estava pegando a mochila e colocando nas costas.

– O Jordan vai demorar um pouco.

– Ele não seria o Jordan se não demorasse.

– Bem, então, acho que vamos caminhando mesmo.

– Vida de pobre não é fácil. - Skyler brincou. - Só, por favor, comporte-se como gente na rua.

– Eu não vou sair tocando companhias... De novo.

– Hum, sei. - Caminhou na frente, Matthew o acompanhou facilmente.

– Ei, sabe aquela mulher, aquela cigana que estava na porta da lanchonete naquele dia?

Skyler lembrou da mulher. Como era o nome dela mesmo? Esther? Bem, ele lembrava da maluca.

– Ela é meio maluca.

– Meio? - Matthew chutou uma pedra. - Ela veio conversar comigo sobre... Esse colar. - Apontou para o colar no pescoço do amigo. Ficava muito bem ali. - Ela queria o colar.

– Meu colar?! - Sua mão foi direito para a pedra, a apertando. - Por que ela quer meu colar?

– Ela disse que era da bisavô, sei lá, dela. E que também... - Sorriu debochado. - Tinha um feitiço e " tals".

– O que? Como assim " um feitiço"?

– É besteira, eu não acho que tenha nada aí. - Apontou novamente para o colar. Você acha?

Skyler soltou o colar. Nunca acreditou nisso, mas também não desacreditava totalmente.

– Acha que devo devolver? - Olhou para Matthew.

– Ela não tem provas que pertence à ela. Não tem nada com esse colar, é só uma pedra.

Skyler olhou para o chão. Sentiu Matthew segurando seu braço e olhou para cima novamente.

– Não se preocupe. Não vai acontecer nada. Não tem nenhum feitiço ou sei lá o que aí.

Skyler sorriu. Matthew tinha razão, não tinha problema nenhum... E nada iria acontecer.


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