Dean e May escrita por esterjuli


Capítulo 8
O plano


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês! Espero que gostem



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Pov. May

O dia seguinte passou mais devagar do que eu gostaria, por ser domingo ainda aproveitamos a companhia do Tio Phill que tentava manter o dia menos monótono. O médico tinha recomendado que o Dean ficasse o dia todo de repouso, então todos da casa estavam se revezando para ajudar quando fosse preciso, afinal queríamos vê-lo recuperado logo. Sugeri que jogássemos algum jogo, víssemos algum filme ou série, mas Dean mantinha os olhos vidrados no computador, vendo as inúmeras postagens e mensagens nas redes sociais sobre o jogo de ontem.

— Ah não! – Disse Dean desapontado, dando um soco na mesa. Olhei para ele, esperando que dissesse o motivo de sua frustração – Empatamos, por muito pouco, se o Bomba não tivesse marcado uma cesta de 3 pontos no fim da partida, estaríamos fora do campeonato.

— Pelo menos vocês não perderam – Respondi

— Sim, May. Mas eu sei que se eu estivesse lá, a gente ganharia – Falou confiante, porém com um tom de voz frustrado.

— Tá, mas agora não adianta chorar pelo leite derramado, não tinha como você jogar naquele estado. Tente da próxima vez não se esforçar acima dos seus limites no treino. – Falei, enquanto me dirigia da cozinha para o sofá segurando um “balde” cheio de pipoca.

— Como se não bastasse, as pessoas não param de me perguntar porque não apareci no jogo de ontem, achei que o pessoal do time já tivesse contado a todo mundo. Como posso responder sem parecer um idiota que se machucou no treino? – Ele perguntou ainda olhando para a tela do computador, coçando a cabeça em sinal de dúvida.

— Não tem como, você sempre vai parecer um idiota, porque você foi um idiota – brinquei, então ele olhou pra mim com impaciência. – Meu conselho é que seja honesto, ao menos que queira pagar o maior mico quando a notícia do verdadeiro motivo de sua ausência no jogo começar a se espalhar e as pessoas para quem você mentiu perceberem como você foi covarde em não revelar a verdade. – Continuei, ao me ouvir ele suspirou, aparentemente concordando que esse era o caminho certo. Logo, voltou-se novamente ao computador e começou a responder as pessoas. Fui até perto dele, curiosa para saber como escreveria.

— Poderia me dar um pouco de privacidade? – Ele perguntou apesar de estar ciente de que a resposta era não. Então ele minimizou a aba da rede social, me fazendo voltar ao meu lugar, frustrada. No pouco que pude observar, vi alguns posts do pessoal da escola que ovacionava Bomba por ter salvado o jogo, como se ele fosse um grande herói. Qual é, ele só conseguiu empatar, não era pra tanto, Dean joga bem melhor do que ele. Além do mais, aquele cara não me passava muito caráter, não sei se estou julgando sem conhecer ele direito, mas é uma das pessoas que menos gosto naquela escola, não sei como Dean ainda o considera um amigo.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho da porta se abrindo, quando olhei era Rich. – E aí? – Ele falou enquanto entrava, como tia Lucy e tio Phill estavam em casa, imaginei de cara que era ele, afinal era a única pessoa além de nós que sabia que a porta estava sempre destrancada.

— Rich!! Ainda bem que você chegou, já não aguentava mais o Sr. Privacidade. - Falei, claramente me referindo a Dean que revirou os olhos.

— Ih, acho que alguém está de mau humor – Rich falou depois de me abraçar e ir cumprimentar Dean que permanecia sentado à mesa do PC. – Isso tem alguma coisa a ver com o jogo de ontem? Ou com o fato de todo mundo estar achando que você não jogou porque amarelou e essa história de torção é fachada? – Perguntou Rich, falando exatamente o que Dean menos queria ouvir.

Dean olhou pro teto e bagunçou o cabelo demonstrando a raiva que sentia dessa situação. – A resposta pra primeira pergunta é sim e a segunda é nova, parece que tenho mais um motivo pra me estressar – Respondeu Dean com ar de impaciência.

— Palma, palma, não priemos cânico – Rich tentou levantar o astral de Dean com um pouco de comédia – A gente pode resolver isso num instante, eu posso simplesmente falar que fui te visitar e que você estava de repouso absoluto, acabando assim com os boatos. – A ideia de Rich era fofa, porém um pouco ingênua demais

— Rich, sem ofensas, mas não acho que o seu depoimento vá fazer com que os boatos acabem. Você é um dos meus melhores amigos, poderia muito bem estar mentindo para limpar a minha barra. – Parecia que Dean tinha pensado o mesmo que eu ao responde-lo dessa forma. Precisávamos de um plano melhor.

— Precisamos de mais testemunhas – Pensei em voz alta, tentando organizar minhas ideias – A gente pode tentar postar alguma foto ou vídeo, comprovando que viemos te visitar e que você realmente está machucado. – Parei um pouco e pensei antes de continuar – Mas, pelos mesmos motivos de Rich e por eu não ser muito famosa nas redes sociais a ponto de repercutir na escola, acho que é melhor que não seja eu a pessoa que vai postar. – Olhei para Rich esperando que ele se voluntariasse

— Ah, e eu não tenho mais redes sociais, percebi como me tirava o tempo em que poderia estar fazendo coisas mais interessantes – Aprovei o ato de Rich, esperando que continuasse manifestando sua esperteza de menino prodígio ao continuar a frase – Agora tenho mais tempo para jogar vídeo-game – Eu e Dean nos entreolhamos e então gargalhamos, afinal Rich ainda era o superdotado mais humilde que existia.

Comecei a pensar em quem poderia ser tão próximo de Dean a ponto de querer fazer esse favor, contudo que também fosse alguém que tinha muita influência no meio escolar. A sugestão que meus pensamentos me deram veio como um balde de água fria. Passei a odiar minha ideia, mas era nossa única opção.

— Dean, e se você chamasse a Susan pra te fazer uma visita? Garanto que ela não perderia a chance de postar pra todo mundo que estava visitando seu ruivinho dodói e iria te livrar dos boatos. – Os olhos de Dean se iluminaram como se finalmente tivesse alguma ideia que pudesse realmente dar certo.

— Você é brilhante, May! – Ele respondeu já correndo (a medida do possível, já que a torção ainda estava se recuperando) em direção ao telefone. Fiquei feliz pelo elogio e por poder vê-lo animado de novo, mas sabia que daqui a algum tempo me arrependeria dessa ideia.

Passou-se algum tempo até que ouvimos o barulho do motor de um carro sofisticado, certamente era o de Susan. Em seguida, a campainha tocou, me levantei com o intuito de abrir a porta, mas Dean apesar de ainda estar usando as muletas para se locomover, se prontificou de atender às pressas.

— Ruivinhooo! Que saudade de você! Como você está?! Soube do seu machucado e fiquei louca pra te ver. Você fica bonito até de com o pé enfaixado – Ela entrou sem fazer cerimônia, se certificando de sufoca-lo com seus abraços e de enche-lo de marcas de batom pelo rosto. Revirei os olhos diante dessa cena, enquanto Rich esperava o momento em que ela iria notar que estávamos ali e iria nos cumprimentar. Depois de mais algum tempo de conversa entre os dois, ela finalmente percebeu que havia mais pessoas na sala.

— Ah, oi Meg. Tudo bem? – Ela perguntou me dando um tchauzinho seco com a expressão enojada que sempre tinha quando se dirigia a mim.

— Oi Susan. Tudo bem sim – Respondi sem fazer questão de que ela soubesse meu nome, pouco me importava, ficava até feliz de saber que pessoas como ela se mantinham tão longe de mim a ponto de nem decorar meu nome.

— E você é? – Ela perguntou se dirigindo a Rich.

— R-Richard, mas pode m-me chamar de Rich – Rich ficou nervoso de repente ao falar com Susan, aparentemente Dean não era o único a ser hipnotizado pela Medusa.

— Hum, prazer em conhece-lo, querido – Ela respondeu já dando as costas para falar com Dean, mas o “querido” aparentemente fez com que Rich alimentasse esperanças.

— Rich, ela não é boa coisa – Alertei a ele, falando baixinho e tentando fazer com que voltasse a seu estado não normal. Já não bastava Dean todo bobo perto daquela ali, ainda tinha raptado meu outro amigo. A tentativa foi em vão, continuou olhando para ela, mesmo vendo seu entusiamos na conversa com Dean. Suspirei, já era tarde.

— Susan, você aceita um copo d’água? – Perguntei tentando cortar o clima estranho que tinha se instalado e tentado fazer com que prosseguissem com o plano. Ela me olhou com desdém até finalmente me responder.

— Não, não estou com sede agora. Mas, me diga uma coisa, você parece tão à vontade aqui, me oferecendo água e tudo. Parece até que mora aqui – Ela disse, me lançando um olhar desafiador

— E-eu, na verdade sou vizinha do Dean, desde sempre, então às vezes passo mais tempo aqui do que na minha própria casa. – Ela claramente não gostou de saber que eu era tão próxima do ruivinho dela

— Sim, como eu disse antes pra você, a May é minha melhor amiga desde que eu nasci – Dean falou, sorrindo para mim. Fiquei feliz em saber que ele tinha falado de mim para ela, afinal ele não escondia nossa amizade tanto quanto eu pensava. Susan parecia bufar de raiva, num instante ela pensou em uma maneira de se sobressair na situação, pegou seu celular e imediatamente passou a fazer vídeos com Dean, falando sobre como ela o tinha ido visitar (ocultando o fato de que ela só tinha ido à casa dele porque ele tinha a chamado e não porque realmente havia se preocupado). Enfim, meu plano estava dando certo, vi Dean olhar pra mim com aprovação e dar uma piscadinha, dava pra ver que estava orgulhoso do êxito do plano. Mesmo Rich saiu do transe para comemorar.

— Deu certo, May! – Ele sussurrou e eu assenti. Algum tempo depois, Susan já tinha cumprido o que queríamos que ela fizesse, porém ela se recusava a ir embora. Afinal, nenhum plano é perfeito, esse principalmente. Foi um teste de paciência ser obrigada a assistir um filme inteiro ouvindo os comentários idiotas que ela soltava de tempos em tempos sobre o mesmo. Mesmo Rich já havia se cansado dela, o único que parecia não se importar era Dean, comecei a me perguntar se ele realmente gostava dela, ao meu ver era a única explicação para toda essa paciência. Resolvi parar de pensar nisso e voltar a minha atenção para o filme novamente. Até que foi fácil, afinal assistíamos “As patricinhas de Beverly Hills” (sugestão da Susan claro), ela ficava repetindo constantemente como se achava igual a Cher. Franzia meu nariz toda vez que ouvia isso, porque por mais que a Cher fosse uma patricinha como a Susan, ela ao menos demonstrava ter um coração, coisa que a “Sue” parecia não ter.

Pensei que talvez estivesse julgando demais ela sem conhecer, mas tive certeza de que minhas acusações eram válidas, quando ela criticou o final do filme, dizendo que Cher não deveria ter mudado e que era muito mais legal no começo. É, eu estava certa. Já começava a escurecer, então o pai da Susan ligou dizendo-a que seu motorista já iria busca-la. Ela, depois de muito insistir pra ficar mais, aceitou a ordem de seu pai. Me senti aliviada. Susan se despediu rapidamente de mim e de Rich e sugeriu a Dean que esperasse a chegada de seu motorista com ela, lá fora. E lá se foram os dois para a frente da casa.

Não sei porque, mas assim que eles saíram senti uma vontade imensa de espiar. Num impulso fui até a porta e observei pela pequena fresta dedicada a receber cartas.

— May, isso é invasão de privacidade – Disse Rich em pé no meio da sala, evidentemente com vontade de espiar também, porém com mais obediência aos códigos morais do que eu. Não consegui evitar, agora que estava vendo não podia simplesmente sair. Vi os dois dando um abraço de despedida e então para minha surpresa (ou mesmo decepção) Susan se afastou um pouco dele e passou a aproximar seus lábios dos dele, enquanto lentamente fechava os olhos. Não queria ver aquilo, mas agora já era tarde demais.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que achou do capítulo? Se chegou a ler essa nota, peço que comente sobre o capítulo, o que posso melhorar e o que já está bom! Agradeço demais a interação de vocês. Bjs



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