Dean e May escrita por esterjuli


Capítulo 22
O Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Que emoção! Após longos (quase) 10 anos, finalmente consegui terminar essa história. Me comove só de pensar quanto essa história se tornou importante pra mim ao longo desse tempo e que agora essa fase acabou. Mas, também me sinto muito feliz de ter conseguido dar um ponto final que me agradou. Enfim, sem mais delongas, aqui está o último capítulo de Dean e May. Espero que gosteeeem!



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Pov. May

Sinto que só quando saí do avião e senti o ar gélido de Londres, foi que a minha ficha caiu. Eu tinha tomado uma decisão muito corajosa, mas por dentro me sentia muito covarde, porque estava morrendo de medo de ter sido a escolha errada e tudo só piorar. Mesmo assim, sentia que valia a pena fazer o teste, só assim poderia saber se ao menos uma pequena parte da minha mãe realmente me amava ou se teria que lidar com o fato de que a minha única família verdadeira, não é a minha família de sangue.

Assim que passei pelo portão do desembarque, vi que minha mãe me aguardava com um cartaz feito a mão que dizia "Bem-vinda, minha florzinha!" e admito que aquilo aqueceu meu coração. Não pude controlar a emoção ao ver minha mãe depois de tanto tempo e a abracei forte, um abraço que tinha sido muito aguardado por mim. Me senti muito feliz ao ver que ela me abraçava tão forte quanto e me dizia como tinha sentido a minha falta. Eu sei, é um pouco difícil de entender os seus motivos e é fácil duvidar da veracidade do que ela me diz, afinal já fui muito machucada durante toda a minha vida, mas, sinceramente, dessa vez eu só queria baixar a guarda e esquecer tudo que aconteceu antes. Ela precisava de mim e eu precisava dela, e eu sentia que podíamos finalmente ter um merecido recomeço.

Durante o caminho para o apartamento da minha mãe, fiquei deslumbrada com a vista da janela do táxi, tudo parecia como nos filmes. Londres realmente era uma cidade fantástica (e fria) e o sotaque inglês das pessoas me fazia me sentir em um dos filmes de Harry Potter. O apartamento não era tão longe, então logo chegamos, fiquei um pouco surpresa ao entrar e perceber que o tamanho do apartamento que iria morar agora, tinha o tamanho da sala de estar da casa do Dean, mas ainda assim, me senti em casa. Era difícil explicar, só conseguia pensar que finalmente estava realizando o sonho de morar com a minha mãe e isso fazia qualquer outra dificuldade ser mínima.

— May, sei que não é tão grande, mas espero que se sinta em casa - ela disse e eu sorri.

— Não se preocupe, mãe. Eu já me sinto em casa - a abracei e ela sorriu.

— E você ainda nem viu a minha parte preferida. - ela disse e me levou até a varanda do apartamento que tinha váaarias flores, de todos os tipos, o que já era de se esperar da minha mãe, mas ver aquilo me deixou tão feliz. - Florzinha, eu queria falar com você.

— Pode dizer, mãe. - falei enquanto me sentava no sofá.

— Eu... eu queria te pedir desculpas, eu sei que nunca fui uma boa mãe pra você e tenho que dizer que me arrependo tanto de não ter sido melhor, de não ter acompanhado seu crescimento, de não ter te visto "florescer". - ela dizia e seus olhos já se enchiam de lágrimas - Quando você me disse que queria morar comigo eu fiquei tão feliz, você nem imagina. Mas também pensei que eu não merecia todo esse amor, que você era uma filha boa demais pra mim. E também sei que você sempre me viu como a mãe hippie e aventureira, sem juízo que viaja pelo mundo porque não consegue ficar em uma cidade pequena, o que em partes é verdade. Mas na realidade, eu sempre fui muito medrosa. Sempre me senti um fracasso como mãe, um fracasso como esposa... tanto que seguia o Mark por todos os cantos, com tanta insegurança que um dia ele não me amasse mais... - pelo seu olhar dava pra perceber o quanto essa separação a tinha afetado. - e no fim, foi o que aconteceu. Mas, você não imagina o quão bem me fez saber que você não me odeia, ainda que eu mereça... eu só tenho a te agradecer por ter um coração tão bom, minha filha.

Ela disse aos prantos e eu a abracei, novamente sentindo vontade de chorar. Essas eram coisas que eu nunca soube e era bom saber que ela finalmente se sentia a vontade para falar, para ser sincera comigo.

— Mãe, realmente não foi fácil, todo esse tempo me senti abandonada por vocês. E realmente precisei de um bom tempo pra finalmente conseguir te perdoar, mas eu não quero que se sinta culpada pelo que passou. Acho que esse momento pode ser uma chance pra que a gente comece tudo de novo, juntas. O que acha? - ela assentiu e me abraçou novamente. Depois pude ir para o meu quarto, que para minha surpresa já tinha algumas decorações, de flores claro. Dava pra ver que ela realmente tinha se esforçado pra que a minha estadia com ela, fosse a melhor possível e isso me fazia bem. Resolvi desfazer minhas malas, porque não gostava de deixar esse tipo de coisa pra depois, pois sempre que fazia isso, demorava semanas para fazer.

Abri a mala grande e logo percebi que tinha algo ali que eu não tinha colocado, um envelope. E não era um envelope qualquer, era um envelope que continha uns "garranchos" que conhecia muito bem e que por sorte, sabia decifrar. Meu coração acelerou um pouco ao ler que estava escrito "Só abra se algum dia estiver pensando em voltar". AI DEAN! Não é possível que me faça submeter a esse tipo de coisa! Ele sabia bem que meu código de conduta não me permitiria ignorar o que estava escrito e abrir, apesar da curiosidade. Parece então, que eu teria que esperar.

Pov. Dean

Depois que a May foi embora senti que minha vida tinha mudado completamente. Tudo tinha ficado mais sem graça, parecia que o tempo passava mais devagar, mas ao mesmo tempo mais rápido, dá pra entender? Tentei manter minha rotina de sempre, escola, time, casa e às vezes sair com o Rich, mas um dos afazeres mais essenciais do meu dia passou a ser conversar com a May, por mensagens, video chamada... fazia de tudo para continuar presente na vida dela. Por mais que estivéssemos longe, ainda continuava sentindo o mesmo por ela e não parecia que iria passar tão cedo. Mas pelo bem dela, eu evitava demonstrar isso.

Pra ser sincero, eu achava que Londres estava fazendo bem à May e eu sei que dizer a ela como me sinto em um momento como esse, iria fazer com que ela não vivesse a experiência como deveria. Sei que cometi muitos erros na nossa amizade, mas se uma coisa eu aprendi é que eu não deveria ser egoísta e agora eu só queria deixá-la livre e ser o apoio que ela precisa para essa nova fase.

Enquanto lidava com tudo isso, tentava recomeçar minha vida na escola. Depois do jogo percebi que algumas pessoas se compadeceram da situação e ficaram do meu lado na confusão. O bomba estava sendo muito mais criticado e eu acho que era o justo, por sorte aquele era o último ano dele na escola, então esse ano já não teria que vê-lo mais. O Rich como sempre foi um grande amigo nesse retorno, claro que sentíamos muita falta da May, mas era sempre divertido ir na casa dele jogar videogame, jogar basquete ou ir no centro da cidade só pra jogar conversa fora.

6 meses se passaram e nem dava pra acreditar que eu tinha conseguido ficar tanto tempo longe da May, mas sim. E nesse período, tentei focar no basquete, treinei bastante, pra que eu pudesse ter a chance de finalmente deixar a minha marca na escola e pudesse apagar os erros que cometi nos campeonatos anteriores. Era fofo como a May me apoiava nisso, mesmo de longe ela sempre me dizia que estava torcendo por mim e que eu com certeza conseguiria. Mesmo estando tanto tempo longe dela, era incrível como parecia que tudo aquilo que sentia só parecia aumentar e era muito difícil saber que não tinha nem previsão de quando eu poderia vê-la de novo. Mas eu estava feliz por ela, por estar gostando do colégio novo, por estar mais próxima da mãe dela, estava feliz, de verdade. Mas não podia negar que eu estava morrendo de saudades.

— Dean, vai dar tudo certo - a May dizia através da pequena tela do meu celular. - Você sabe que é um jogador incrível e vai fazer o outro time comer poeira. E agora sem o bomba pra te atrapalhar, você com certeza vai se sair muito bem. - ela dizia e eu sorria, tímido. Por dentro eu estava uma pilha de nervos, amanhã seria o primeiro jogo eliminatório do campeonato e eu já não tinha mais unhas para roer, claro que tive que ligar pra minha melhor amiga, só ela era capaz de me dar um pouco de paz.

— É uma pena que você não possa estar lá... mas prometo que vou te orgulhar! - eu disse, tentando manifestar uma segurança que eu não sentia no momento.

— Eu tenho certeza disso - ela disse e eu suspirei, mas tentei disfarçar já puxando outro assunto que continuou até que fosse muito tarde pra ela e tivéssemos que desligar.

— Boa noite, May - eu disse, com um ar um pouco melancólico.

— Boa noite, Dean - e assim, tivemos que desligar depois de um breve silêncio que denunciava que nenhum de nós dois queria desligar. Deitei na minha cama e fechei os olhos, esperando de verdade que eu fosse tão incrível quanto a May dizia, eu não acreditava muito, mas se ela dizia, então eu podia fazer o esforço de acreditar.

No outro dia...

Faltavam poucos minutos pra que o jogo começasse e eu continuava muito nervoso. O treinador fez um discurso pra nos encorajar e acalmar, mas só conseguiu me deixar com mais medo de fazer papel de bobo de novo. Eu sabia que era bom, mas a minha mente tentava me convencer do contrário e me dizia que eu nunca conseguiria ser um bom jogador. Quando entramos na quadra, senti que minhas mãos tremiam e eu parecia à beira de um colapso, mas escutar a torcida da nossa escola, fez com que meu coração se acalmasse um pouco. Se eles confiavam em mim, eu tinha que tentar também.

O jogo começou e logo senti que todo meu corpo vibrava, sentia como se toda a adrenalina que sentia naquele momento fizesse o nervosismo desaparecer. Comecei jogando muito bem, fazendo assistências cruciais para alguns pontos, nosso time estava muito sincronizado e isso só aumentava as minhas esperanças e força de vontade. Em uma das jogadas, percebi que estava bem posicionado e chamei a atenção de um dos meus colegas que mandou a bola pra mim, desviei de um jogador, depois de outro e por fim pulei, talvez o pulo mais alto que já dei, até que finalmente consegui meu tão sonhado ponto. Fiquei tão feliz e eufórico que até vontade de chorar tive, mas não tinha tempo pra isso. Após uma breve comemoração voltei à minha posição, sentia que dessa vez tudo iria dar certo.

O primeiro tempo acabou e nos reunimos com o treinador e também para beber um pouco de água. Olhei brevemente pra arquibancada e vi minha mãe, meu pai e o Rich que me acenavam e comemoravam, depois olhei mais pra perto da quadra e vi a Susan que olhava pra mim e cochichava com uma amiga que ria. Decidi ignorar isso, até que a torcida do outro time começou a cantar uma música que só falava mal de mim, fazendo referência, inclusive, à coisas que eles não tinham como saber, como toda a situação com o Bomba e a Susan no ano passado. Senti toda a ansiedade voltando, minha respiração ficou mais pesada, olhei pra Susan e ela sorria, com um sorriso que eu sabia que comprovava que ela tinha algo a ver com aquilo. O juiz apitou e estava muito difícil manter a cabeça no jogo, afinal eu estava sendo humilhado por uma torcida inteira, tinha vontade de sair correndo dali.

O treinador gritou comigo para manter o foco no jogo, porque eu estava obviamente desnorteado. Tentei voltar aos poucos, respirei fundo e tentei ignorar o canto que só aumentava, sentia um nó na garganta que se formava, tentei engolir o choro, mas estava cada vez mais difícil. Até que o jogo parou por um instante por conta de uma falta um pouco grave, aproveitei pra olhar pra minha família novamente e todos eles gesticulavam muito e apontavam para o lado, com um sorriso no rosto (o que era um pouco estranho devido a situação). Quando olhei para onde eles apontavam, entendi imediatamente o motivo do sorriso, que apareceu na minha cara também. Descendo as escadas vinha uma May agoniada (mas sempre linda) com o rosto vermelho de quem tinha corrido muito, olhei pra o time e vi que o jogo continuava pausado, então corri na direção dela.

Penso que nunca tinha abraçado alguém com tanta força quanto naquele momento, momento em que também fui abraçado com muita força, um abraço que não durou muito (infelizmente), afinal tínhamos pouco tempo.

— May, o que faz aqui?! Você não tava em Londres até ontem? - eu disse com um sorriso estampado na cara e uma expressão de choque e empolgação ao mesmo tempo.

— Sim, eu tava, mas... - ela foi interrompida pelo meu treinador que chamava de longe pra nos reunirmos antes do retorno. - érr.. não temos muito tempo, então explico tudo depois, mas agora eu preciso fazer algo que se eu não fizer nesse momento talvez eu nunca mais tenha coragem, então lá vai...

Ela disse isso e antes que eu pudesse processar o que ela estava dizendo, ela segurou meu rosto e me puxou para um beijo, um rápido, mas muito significante beijo. No mesmo momento escutei a plateia que gritou e bateu palmas comemorando, enquanto eu, bem... acho que nunca me senti tão feliz. Após o beijo olhei para ela, sem saber o que falar, sentia que meu rosto estava muito vermelho e minha cara de bobo denunciava que aquele era um momento muito aguardado por mim. Ela não parecia tão diferente, sorriu pra mim mais uma vez e disse "você disse que queria que eu estivesse aqui e que iria me fazer sentir orgulho, a coisa é que eu já sinto muito orgulho de você. Mas uma coisa é certa, eu não vim de Londres pra te ver dar ouvidos a essa torcida boba, você vai lá e vai mostrar a eles que é o melhor jogador daqui ou eu não me chamo Mayllibel Abigail Flower." E depois me empurrou pra voltar à quadra, pois meu treinador já estava dando um treco. E eu voltava com tudo para o jogo, ainda sem acreditar no que tinha acontecido, mas muito feliz e pronto para vencer!

Após o treinador nos dar algumas recomendações, o tempo acabou e o jogo reiniciou. A torcida do nosso time que antes estava um pouco morta, após o beijo se empolgou e começaram a gritar mais alto, até que mal dava pra ouvir a outra torcida. Eu ainda estava um pouco eufórico pelo acontecido, mas foquei o jogo e realmente me sentia muito melhor. Senti que nosso time se contagiou pela animação da torcida e todos estavam mais entrosados, jogamos como há muito tempo não jogávamos mais. Fiz algumas cestas, auxiliei outras, mas fato é que nosso time estava com tudo e o outro time não conseguia reagir. Os minutos passaram e, como era previsto, ganhamos de lavada e depois de tantas derrotas e fases ruins, a sensação era como se tivessemos ganhado a final. Eu estava louco pra ir ver a May, mas após o fim do jogo, a torcida veio para a quadra e se tornou impossível encontrá-la, até que meus companheiros de equipe me levantaram e pude vê-la olhando pra mim, um pouco longe da multidão, próxima às arquibancadas.

Tentei fazer com que me deixassem descer e corri, me esquivando da multidão, em direção à ela. Incrível como parecia que o número de pessoas tinha aumentado e que a distância da quadra era muito maior do que costumava ser, depois de alguns segundos que pareceram horas, ela estava ali, bem na minha frente. Tão linda quanto sempre, mas mais do que nunca.

Pov. May

Não houve um único dia nos 6 meses que passei em Londres que eu não tenha pensado naquela carta. Todos os dias, tive uma vontade absurda de abrir e ler o que tinha escrito ali, mas eu tinha certeza de que o que quer que eu lesse ali iria mexer muito comigo e eu sentia que não era o momento de lidar com algo assim, pela primeira vez na vida, eu precisa pensar primeiro em mim mesma... eu precisava cuidar de mim e depois disso, eu finalmente poderia ler a carta. Foi difícil, todo esse tempo pra me adaptar em uma cidade nova, tantas novidades, mas também uma oportunidade de me conhecer mais do que nunca. Comecei a fazer terapia e a entender que era importante me amar, que não era minha culpa que meus pais não tivessem passado minha infância ao meu lado, que eu merecia tudo de melhor na vida, que eu poderia perdoá-los e seguir em frente.

Claro, tudo isso é um processo, que talvez dure a minha vida toda, mas conhecer mais minha mãe nesse período também me fez entender que ela também não sabe de nada sobre a vida e assim como eu, tem tentado acertar, dia após dia. Mas sentia, principalmente, que ela realmente queria recomeçar comigo e isso facilitou meu processo, ao ponto que eu sentia que o meu período em Londres não ia durar tanto tempo quanto pensava e que talvez fosse hora de voltar ao lugar que mais amava, ao lado das pessoas que me acompanharam durante toda minha vida e me conhecem mais do que ninguém.

E foi aí que eu senti que tinha chegado o momento de ler aquela carta e finalmente matar a curiosidade que carreguei por meses. Abri uma caixinha que tinha sobre a minha escrivaninha e lá estava ela, "Só abra se algum dia estiver pensando em voltar", meu coração batia acelerado, eu nunca tinha recebido uma carta do Dean, então nem sabia o que esperar, mas estava louca pra saber. Abri o envelope e, finalmente, comecei a ler.

" Querida May,

Eu não sei por onde começar essa carta, pois pra ser sincero, eu não sou muito bom nisso... mas estamos brigados e eu não faço a mínima ideia de como vou poder dizer isso pra você pessoalmente, então aqui vai. Acho que você já deve saber que você é uma das pessoas mais especiais da minha vida, você me conhece como ninguém, sabe todos os meus podres, mas faz questão de não jogar na minha cara nenhum deles... você sabe exatamente o que me dizer quando estou pra baixo e ainda tem a habilidade de me fazer rir, mesmo nos momentos mais difíceis. Você é a pessoa mais incrível de todas e me dói saber que ao ler isso, você, provavelmente, vai discordar, afinal seu único defeito é que você não consegue enxergar o quão fantástica você é.

Talvez você não esteja entendendo nada, escrever não é meu forte, mas eu espero que esteja ficando mais feliz a cada palavra que lê. Olha, pra mim é meio difícil ir direto ao ponto, você sabe, mas se eu não for mais claro acho que essa carta vai virar um livro.. me desculpa por ter sido tão estúpido naquele dia após o jogo, você estava ali pra me consolar e quando precisou de mim eu agi como um idiota, eu não queria ter ficado tão irritado, não queria ter descontado em você o fato de eu estar triste por você ter que ir, por não ter podido te dizer tudo o que sentia, tudo o que sinto por você.

Pra ser mais claro, há algum tempo guardo esse segredo que não sei se é segredo mesmo, porque pode até ser que você já saiba, mas talvez não seja recíproco.. bom, a coisa é que eu gosto de você, tipo muito mesmo. Tipo amor, quer dizer, não sei se amor, porque nunca amei ninguém na vida, mas é fato que o que sinto por você nunca senti por ninguém na minha vida e sentir tudo isso me fez ser muito estúpido naquele dia, então eu te peço perdão, por tudo.

Mas eu também não quero que saber disso te atrapalhe, se você não sentir o mesmo, tudo bem, não tem problema, eu só não quero que a gente perca nossa amizade, porque é a coisa mais preciosa que eu tenho. E se você decidir que viver aí em Londres é o melhor pra você também não tem problema, eu só quero o melhor pra você. Mas eu não podia deixar de te dizer isso, ou ia viver arrependido por isso, então é isso...

Se a gente nunca mais voltar a ser amigo, eu aceito também. Mas saiba que você sempre vai estar no meu coração e que quero que você seja muito feliz, mesmo que eu não esteja ao seu lado pra ver.

Do seu melhor amigo,

Dean."

De volta ao fim do jogo...

Eu o vi se desvencilhar das pessoas pra chegar até mim, meu coração batia forte, muito forte e minhas mãos tremiam, mas eu não podia me sentir mais feliz. Eu nem podia acreditar no que tinha feito, eu beijei ele! Na frente de todo mundo! Não sei o que me deu, mas eu precisava de uma forma rápida pra que ele entendesse que era sim recíproco, que eu o amo também. Agora ele estava na minha frente e após toda adrenalina, sentia meu rosto queimar de vergonha por toda a situação.

— Oi - ele me disse, coçando a nuca e sorrindo de orelha a orelha.

— Oi - respondi, sorrindo também, mas um pouco incomodada com a platéia que se formou ao nosso redor. Todos queriam ver o que iriam acontecer após o beijo inesperado. Vendo minha inquietação ele me deu a mão e me guiou até os corredores da escola, um pouco mais vazios do que a quadra, pois a euforia da vitória continuava.

Tentamos falar ao mesmo tempo, mas paramos e sorrimos, ele me disse pra falar primeiro, então eu comecei.

— Me desculpa pela... pela cena que fiz no meio do jogo, eu não sei o que me deu, eu... - ele me interrompeu com um abraço, o abraço que me fez sentir tanta falta, eu retribui e escutei ele dizer baixinho.

— Eu devia era te agradecer por ter tido a coragem de fazer algo que queria fazer há muito tempo... - sentia que meu coração batia tão forte que dava pra ouvi-lo da quadra, mas me acalmei um pouco quando percebi que o dele também. Ele se afastou um pouco, me olhou nos olhos e seu olhar parecia querer me dizer tudo aquilo que tinha dito na carta. Mas digamos que não os vi por tanto tempo, fechei meus olhos e ele me beijou. Dessa vez, um beijo de verdade, o som da quadra passou a ser insignificante e parecia que éramos as únicas pessoas no mundo, na minha mente eu pensava que não acreditava que isso finalmente estava acontecendo. Nos afastamos e ele disse. - Acho que isso significa que é recíproco, né? - gargalhamos e eu assenti.

— É claro que é, me surpreendo que você nunca tenha descoberto - eu disse e ele riu.

— Digamos que não sou a pessoa mais atenta de todas... mas tipo, você vai voltar pra cá? Vai viver aqui de novo? - ele perguntou, tentando esconder sua apreensão pela resposta.

— Sim, claro que vou, eu e minha mãe também. A verdade é que não consigo viver longe de vocês... aqui é meu lugar e tenho que dizer que sua carta foi a confirmação de que voltar era a escolha certa. - ele riu, um pouco envergonhado. - Mas agora fico feliz de poder estar com vocês, mas não ficar longe da minha mãe, é como um sonho realizado.. - Ele me abraçou novamente e disse:

— Bem-vinda de volta ao seu lar.

Depois disso, voltamos para a quadra, vi todo mundo e ali senti que um novo momento da minha vida começava e eu mal podia esperar para o que iria vir pela frente.

D: Pois é, depois disso vivemos muitas aventuras...

M: Muitas mesmo, mas acho que o melhor de tudo é que vivemos tudo isso juntos.

D: É sim, agora até narrar a história eu posso, olha só.

M: Digamos que você conquistou esse direito.

D: Assim como conquistei você hehe

M: Okay, acho que chega, né? Senão você vai começar a se achar... Obrigada a todos que acompanharam a nossa história até o fim! Espero que tenham se divertido tanto quanto nós.

D: Até a próxima!

M: Na verdade, não tem próxima, mas foi bom conhecer vocês hehe

D: Ah

M: Agora estamos indo mesmo! Tchaau


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Notas finais do capítulo

E pela última vez, venho agradecer a cada um de vocês que leu até o fim, de verdade, quanta gratidão carrego, pois a cada vez que olhava aqui nesse site tinham novas visualizações no site, mesmo que silenciosas. Claro que queria saber o que vocês achavam, mas só o fato de ver a presença de vocês que liam cada capítulo, já me deu forças pra chegar até aqui. Então um muuuito obrigada a cada um! E até a próxima história, se é que publicarei mais alguma hihihi



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