Dean e May escrita por esterjuli


Capítulo 15
Conflito


Notas iniciais do capítulo

Estou de voltaaaa e trouxe comigo alguns novos capítulos! Espero que gostem :)



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Pov. May

Permaneci em silêncio no banco de trás, enquanto a tia Lucy me levava ao hospital. Era fácil perceber que ela estava morrendo de preocupação, olhando toda hora pra mim pelo retrovisor pra ver se eu ia falar alguma coisa, mas eu não estava a fim. Podia até parecer que eu estava calada, mas a verdade é que minha mente estava bem barulhenta no momento e meu coração... partido.

Eu não conseguia entender, como ele podia não ter acreditado em mim? Somos melhores amigos há anos, nos conhecemos mais do que ninguém e ele vem me dizer que por "conhecer" a Susan, ele não acredita que ela teria feito aquilo? Mas e quanto a mim? Ele não me conhece o bastante pra saber que eu nunca acusaria alguém injustamente?

Minha maior vontade no momento era gritar, eu estava com raiva, raiva da Susan por ter me empurrado e depois fingido que não tinha feito nada, raiva do Dean por não acreditar em mim e raiva desse gesso imbecil que me fez afundar como uma pedra naquela piscina, me fazendo passar por um dos momentos mais assustadores da minha vida.

Aparentemente, meus pensamentos estavam estampados na minha cara, pois não demorou muito pra que a tia Lucy me perguntasse - May, você quer me contar direito o que aconteceu? Você parece irritada, tem certeza que você só escorregou? Não aconteceu mais nada? - Ela disse, me relembrando que eu não tinha contado nada pra ela. Pensei se deveria contar a verdade, mas no mesmo momento lembrei do Dean falando que talvez eu só tivesse imaginado que a Sue tinha me empurrado por vê-la por perto quando caí. Lembrar disso ainda me deixava morrendo de raiva, mas a verdade é que eu não podia ter certeza absoluta que ela tinha me empurrado, eu estava de costas e só a vi quando já estava caindo, de fato não tenho provas, apesar de sentir que estava certa, não posso incriminá-la sem ter certeza.

— Não se preocupe, tia Lucy. Nada aconteceu, foi só um acidente, acho que me distraí com aquele monte de gente e acabei não olhando por onde andava. Estou irritada com esse gesso, por quase ter feito eu me afogar. - Eu devo ser muito estúpida mesmo, mas não podia criar toda uma confusão por algo que não tinha como provar, sem contar que a Susan é podre, de caráter e de rica, mesmo que ela tivesse feito isso iria negar até a morte e entre eu e uma ricaça como ela, todos iriam acreditar nela. Não quero que a tia Lucy seja a única a sofrer por ter escolhido o meu lado da guerra, que é definitivamente o mais fraco.

— Hum, tudo bem. Se você diz - ela não pareceu muito convencida, mas resolveu deixar pra lá. - De qualquer forma, já estamos chegando no hospital e pode ser que a depender de como vai sua recuperação, você já possa tirar o gesso hoje. - ela disse, olhando pra mim pelo retrovisor. Finalmente uma boa notícia nesse dia horrível. Agora só me restava esperar pra ver se ao menos passaria meu aniversário livre desse gesso.

Logo chegamos ao hospital e após analisar minha perna, o médico respondeu exatamente o que eu queria ouvir. Eu já podia tirar o gesso! Por sorte, minha recuperação já tinha sido total e agora eu só precisaria fazer fisioterapia por 2 meses pra me acostumar a andar normalmente, além de continuar usando a muleta para não forçar. De qualquer forma, era ótimo poder voltar aos poucos à normalidade.

Assim que a consulta terminou, voltamos pra casa. Quanto mais nos aproximávamos do destino, maior era a angústia que sentia por tudo que tinha acontecido há uma hora, por mais que tivesse resolvido não contar a mais ninguém o que realmente aconteceu, eu não podia esquecer do sorriso que vi estampado na cara da Sue enquanto eu estava caindo. Não pode ter sido pura imaginação e eu não tinha como esquecer isso.

A casa estava uma bagunça, parecia que tinha passado um furacão por ali. Como a Susan podia fazer a maior festança na casa de outra pessoa e nem se dar ao trabalho de arrumar? Bom, ela me empurrou na piscina, então acho que não devia me surpreender com mais nada do que ela é capaz. Não demorou muito para que o Dean descesse correndo as escadas com olhar preocupado.

— May! E aí? Você tá bem? Você tirou o gesso! Que bom - ele disse, um pouco envergonhado, mas genuinamente feliz. Eu adoraria conseguir fingir que nada aconteceu e respondê-lo como sempre, mas dessa vez não dava.

— Sim, estou bem - respondi sem animação, enquanto ia para as escadas. Comecei a subir aos poucos, do modo que conseguia com as muletas.

— Deixa que eu te ajudo - Dean se aproximou, mas o interrompi.

— Não precisa, eu consigo - respondi de imediato.

— Mas... - ele tentou continuar.

— Dean, não precisa. - ressaltei mais uma vez, pra ver se ele entendia de uma vez que eu só queria um pouco de espaço.

— Tá bem, eu só queria ajudar. De qualquer forma, estou indo pro meu quarto, então teria que subir de qualquer jeito. - ele disse, subindo um pouco mais rapidamente do que eu. Quando finalmente cheguei no segundo andar ele ainda estava no corredor, encostado na parede.

— May, eu... sobre o que aconteceu mais cedo, você sabe que eu não... que o fato de eu não acreditar que a Sue tenha te empurrado, não significa que eu não acredite em você - ele disse, parecendo nervoso.

— Dean, eu não quero falar sobre isso agora. Hoje foi um dos piores dias da minha vida e eu, de verdade, não quero que fique pior - respondi, sem conseguir olhá-lo nos olhos. Estava exausta demais pra ter que ficar ouvindo desculpas sem sentido.

— Piorar? Mas eu só estou tentando fazer as coisas se acertarem entre nós, mostrar que você entendeu tudo errado. - ele continuou, desencostando da parede.

— Eu entendi errado? - Não pude deixar de rir, mesmo que pra mim a situação não fosse nada engraçada. - Eu quase morri, você tem noção disso? E ao contrário do que você pensa, eu não sou uma lunática que imagina que foi empurrada por alguém. Eu vi! Eu senti alguém me empurrando e ao me virar lá estava a Susan com um sorriso assustador, acenando pra mim. Se mesmo com todos esses detalhes você não acredita, então sinto dizer que a verdade é que você prefere acreditar em qualquer um, menos na sua melhor amiga! - falei, me exaltando um pouco e dessa vez olhando diretamente nos olhos dele. Ele desviou o olhar.

— Eu sei que você nunca foi com a cara da Sue, mas acho que isso já ultrapassou os limites - ele disse, falando um pouco mais baixo do que normalmente. Senti minha raiva aumentar na mesma hora.

— Você não disse isso - ri, incrédula. No momento sentia uma mistura de emoções, mas a raiva e a mágoa eram as principais. Tinha vontade de dar um soco na cara dele, mas ao mesmo tempo sentia meus olhos marejarem.

— Não estou dizendo que você está mentindo, só acho que foi sua imaginação. Se isso fosse realmente verdade, então a Sue deveria ser uma psicopata ou algo do tipo e ela não é. - ele disse determinado a me convencer que eu estava errada. Engoli as lágrimas, ele precisava ouvir algumas coisas e uma voz embargada não combinava com o que tinha pra dizer no momento.

— Parabéns! - eu disse, com um sorriso sem graça.

— Parabéns? Pelo que? - ele respondeu em confusão.

— Pela sua recente graduação em Psiquiatria, soube que você já está até dando diagnósticos. - respondi com deboche. Ele fechou a cara.

— Eu só estou dizendo isso porque conhe... - ele começou a falar, mas o interrompi.

— Conhece ela, exatamente. Convive há dois anos com ela e de repente sabe de tudo que ela é ou não é capaz. Eu não sei o que se passa na cabeça da Susan, diferente de você eu não "conheço" ela, a única coisa que eu sei é que ela me empurrou na piscina e se você acredita ou não, eu, sinceramente, não me importo mais. - eu disse, já sem conseguir guardar a raiva que sentia dentro de mim. - Se você não é capaz de confiar em mim, então acho que nem deveríamos ser amigos. - continuei, senti minha voz falhar no mesmo momento. Dizer aquilo era mais difícil do que eu pensava, mas não me arrependia. Ele tinha me magoado, o único que eu acreditei que sempre estaria ao meu lado, me abandonou no momento que eu mais precisava. Não é como se eu não estivesse acostumada a ser abandonada na minha vida, mas vindo dele, isso era muito mais doloroso.

— É, talvez não devemos. - ele respondeu e aquela resposta não podia ter doído mais. Olhei pra ele, que não estava mais com aquele olhar irritado, mas um olhar de tristeza. Desviei o olhar.

— Então... - suspirei e tentei fazer minha voz ficar menos embargada - Se não se importa, vou para o meu quarto - falei e ele ficou calado. Fiz como dito e depois de alguns segundos, ouvi a porta do quarto dele fechar. Era isso, tinha acabado de perder o meu melhor amigo. Fechei minha porta, deitei na minha cama e finalmente pude deixar que as lágrimas que eu estava segurando transbordassem.

Os dias se passaram, eu e Dean continuávamos convivendo, mas não era a mesma coisa. Tudo tinha se tornado tão diferente, era como se ele fosse um estranho, um estranho que sabe tudo sobre mim e mora na mesma casa que eu. O pior dia de todos foi o nosso aniversário, certamente nunca tive um aniversário tão baixo astral. Tia Lucy fez de tudo para que curtíssemos, mas levando em conta que toda a confusão tinha acontecido dois dias antes, era impossível. Eu estava muito magoada e ele irritado (por algum motivo que nunca vou entender). Ótima maneira de iniciar minha adolescência, uhu.

Meses se passaram e nos tornamos cada vez mais distantes. Procurei passar meu tempo na casa da Catarina, cuidando do jardim e conversando, ela era uma ótima ouvinte e sempre sabia o que dizer. Quando estava em casa, procurei aproveitar a companhia da tia Lucy e do Rich que ficavam tentando dividir a atenção que davam pra mim e para o Dean. Com o tempo, não falar com o Dean se tornou um hábito, ele continuava andando com a Sue na escola e acho que ele estava bem. Se eu estou bem? Não muito, na verdade. Constantemente, tinha o impulso de querer ir falar com ele sobre qualquer coisa como costumava fazer, mas sempre acabava me lembrando que agora eu não podia. Quanto mais o tempo passava, mais eu tinha a certeza de que nada voltaria a ser como antes e que tinha perdido meu meu melhor amigo pra sempre.

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam desse capítulo? Espero que tenham gostado. Agradeço demaaais se puderem comentar tudo o que acharam, isso me impulsiona demais a continuar! Até a próximaa :D



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