Dean e May escrita por esterjuli


Capítulo 14
Inveja


Notas iniciais do capítulo

E não é que não demorei pra voltar dessa vez? Tá aí mais um capítulo pra vocêees! Espero que gostem!



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Pov. Sue

Se ela acha que algum dia vai conseguir ter algo que eu não, está muito enganada. Eu não suportava aquela garota, desde o primeiro dia em que nos vimos não fui com a cara dela. O modo que ela agia perto do ruivinho, como se ele sempre tivesse que estar com ela, simplesmente por serem amigos há mais tempo, me dava nos nervos.

Porém antes, eu só ignorava a existência dela. Digamos que uma vida de rainha como a minha, cheia de afazeres, não deixava muito espaço pra que eu ligasse para os insetos que voavam ao meu redor. Mas isso mudou. Por mais que eu tentasse esquecer que ela existia, o Dean fazia questão de me lembrar, comentando a cada minuto sobre o que ela tinha feito no dia anterior, o que eles fariam depois ou o que ela tinha dito pra ele.

Eu sentia raiva cada vez que ele citava o nome dela com todo aquele entusiasmo e não conseguia entender por que nada do que eu falava parecia tão interessante pra ele. No começo, passar tempo com ele era só uma questão de status, claro que eu não precisava dele para ser popular, mas não podia deixar que ele chamasse mais atenção do que eu. Uni o útil ao agradável quando começamos a namorar. Eu sabia que ele não desviaria se eu tentasse beijar ele, quem rejeitaria Susan Valentine? Eu sempre consegui o que queria e não era dessa vez que isso não ia acontecer.

No dia seguinte a isso, éramos o assunto da escola, mas também como não seríamos? Dois dos alunos mais populares juntos? Era a notícia do mês ou até do ano. Seria tudo maravilhoso, se não fosse por ela, que insistia em estar com a gente a todo momento, como se ela e o Dean tivessem nascido colados. Pior quando o ruivinho dizia que não podia ir ao shopping comigo porque tinha marcado alguma coisa com ela e não podia faltar, afinal ela era a melhor amiga dele. Eu não aguentava mais escutar isso. Então resolvi tomar uma iniciativa.

— Ai amiga, eu tô tãaao pra baixo, eu gosto dele e ele faz uma coisa dessas – disse com a maior cara de tristeza que eu podia fazer. Os anos fazendo aulas de teatro tinham que servir pra alguma coisa, afinal.

— Porque amiga? O que aconteceu? – perguntou minha amiga Maria, já com a expressão de preocupação que no fundo eu sabia que também era atuação, pura curiosidade.

— Olha, vou falar pra você, mas não conta pra ninguém! – eu disse e ela assentiu. – O Dean me traiu com a amiguinha dele. Aquela da trancinha, sabe? – ela fez expressão de surpresa.

Após isso não precisei fazer mais nada, eu sabia muito bem a velocidade com que uma fofoca podia chegar aos quatro cantos da escola. Agora era só esperar que a May entendesse o recado e se afastasse do meu Deanzinho.

Para minha frustração, não foi bem o que aconteceu. Tentei tirar satisfação com o Dean sobre o boato, o interrogando para saber se era verdade e ele ficou irritado, disse que nunca faria isso e que a May era só uma amiga. Então eu aproveitei, disse que acreditava nele, mas que eu precisava que ele se afastasse dela, pra que as pessoas soubessem que aquilo não era verdade. Ele ficou mais irritado ainda e disse que nunca faria isso, que ela devia estar sofrendo com isso também e que se afastar dela só faria ela sofrer ainda mais. Que idiota, pra que se preocupar tanto com outra pessoa? Ela que se vire.

No fim, minha estratégia não adiantou de nada. E quando ela sofreu aquele acidente, então? O Dean não tinha tempo nenhum pra mim, saia correndo da aula direto pro hospital ou pra casa (quando ela teve alta) porque não podia deixar ela sozinha. Nunca pensei que iria torcer tanto pra que ela se recuperasse logo. Quando chegamos na semana do aniversário do Dean (que por acaso é no mesmo dia que o da amiguinha dele) resolvi que iria fazer uma festa surpresa pra ele, talvez assim ele percebesse a namorada maravilhosa que sou. Mas claro, não podia fazer no dia em que ele faz aniversário, por ser muito óbvio e para que pudesse ser uma festa só dele, nunca que iria fazer uma festa pra os dois. Pretendia fazer na minha casa, mas sabia que se fosse lá em casa ele não iria, pois como eu já disse ele não largava mais do pé da May. Então, só me restava fazer na casa dele.

Para isso eu precisava pedir permissão a mãe dele. Um dia depois da aula pedi para que meu motorista me levasse o mais rápido possível na casa do Dean, levei um livro comigo para ter uma desculpa caso ele me visse. Assim que cheguei lá, toquei a campainha e a mãe dele atendeu.

— Oi Sra. Lucy! – disse sorrindo com um dos meus melhores sorrisos.

— Olá Susan, que surpresa você por aqui! O Dean ainda nem chegou – ela disse. Aparentemente ela estava cozinhando o almoço porque estava com um avental todo sujo, tenho pena das pessoas que não tem cozinheiros e tem que ficar usando essas coisas horrorosas. Voltei minha atenção para a conversa.

— Ah sim! É sobre ele que quero falar e ele não pode saber. Quero fazer uma festa surpresa pra ele e gostaria de saber se a Sra. deixaria que eu fizesse aqui. Daqui há 2 dias. – eu disse e ela pareceu não gostar muito da ideia.

— Bom... Não sei se é uma boa ideia fazer uma festa só pro Dean, porque não sei se você sabe, mas ele e a May fazem aniversário no mesmo dia, então eles sempre comemoram juntos. Além do mais, ela está tão tristinha desde o acidente... – ela disse, pensativa. Aff, como sempre essa garota atrapalhando meus planos.

— Mas Sra. Lucy, você não acha que ele merece uma festa só pra ele? E nem vai ser no mesmo dia, vocês podem fazer a festa para os dois no dia do aniversário mesmo. – eu disse, tentando convencê-la a todo custo.

— Não sei... – ela disse ainda pensativa.

— Ok, que tal se for uma festa para os dois? – disse sem a menor intenção de fazer isso mesmo, mas sempre posso fingir. Ela finalmente concordou, mas disse que teria que ser uma festa com poucas pessoas.

— Ah claro, vão ser só os amigos mais próximos, não se preocupe. – Já estava indo embora quando encontrei o Dean, o enrolei com a desculpa do livro e voltei pra casa. Era hora de começar a planejar a festa surpresa e o primeiro passo era convidar todas as pessoas populares da escola e seus amigos. Além de algumas pessoas que conhecia. Sei que disse a ela que seriam só os mais próximos, mas o que posso fazer se tenho muitos amigos próximos?

O dia da festa não demorou a chegar. Cheguei por volta das 14:00 hrs, como o Dean estava no treino de basquete tínhamos tempo de sobra para preparar tudo para a festa que começaria as 16:00hrs. Fui só eu e mais 3 amigas, a mãe do Dean ajudou também na organização, decidimos que seria na área externa da casa, onde tinha uma piscina (bem pequena comparada a minha).

Por voltas das 15:30, já tínhamos terminado e os convidados começaram a chegar. Disse a mãe do Dean que precisávamos comprar mais refrigerante, ela se ofereceu para ir (não podia deixar que ela visse a quantidade de convidados que iriam chegar). Assim que ela saiu, quase todo mundo chegou, todos a espera da chegada do Dean que só viria quando eu avisasse ao Bomba que ele já podia vir.

Colocamos a música para tocar para animar um pouco, enquanto esperávamos. Algum tempo depois, vi quem eu menos gostaria de ver no momento, a menina que tinha sido a causa de todo meu estresse nos últimos meses. Ela chegou com as muletas dela e cara de confusão, provavelmente se perguntando de onde tinha surgido tanta gente (que ela não conhecia porque uma ninguém como ela nunca falaria com os populares). Me aproximei dela e vi que estava diante de uma oportunidade única.

Aparentemente, a mãe dela nunca avisou que era perigoso andar perto da piscina, ela podia cair... ou ser empurrada. Não pude esconder minha satisfação ao ver ela com aquela cara desespero, caindo dentro da piscina. Era apenas uma vingança, por tudo que ela tinha me feito passar nos últimos tempos. Mas minha alegria durou muito pouco, alguns segundos depois o Dean chegou correndo, gritou o nome dela (ainda com a roupa do basquete) e pulou dentro da piscina, a resgatando. Após isso, tive que usar mais um pouquinho das minhas habilidades como atriz.

— May! Você tá bem?!! – Dean perguntou aflito, sentado ao lado da amiguinha dele que estava tentando recuperar o ar. Cheguei perto para me juntar a roda de pessoas que se formou em torno deles.

— S-sim – ela disse, já com o fôlego recuperado.

— Ainda bem! – ele disse e a abraçou. Eu não aguentava mais ver isso, precisava fazer alguma coisa.  

— MEG!!! QUE SUSTO VOCÊ NOS DEU – fingi preocupação, me ajoelhando perto dos dois. Ela olhou irritada pra mim.

— Você! Você me empurrou! – ela disse levantando o corpo e apontando o dedo pra mim. Dean olhou confuso pra mim. – Você podia ter me matado!

— EU?! Meg, eu acho que você está um pouco atordoada, eu entendo, você quase se afogou! Mas é errado acusar as pessoas pelo que elas não cometeram. – eu disse, novamente usando todas as minhas habilidades teatrais.

— May, você tem certeza disso? – Dean perguntou a ela e ela pareceu ficar mais irritada ainda. Tentou se levantar, mas não conseguia apoiar o pé direito no chão.

— Claro que tenho, Dean! Eu vi! Assim que ela me empurrou! – ela falou no tom mais alto que já tinha ouvido a patinha falar. Pena que ela não iria convencer ninguém, eu tinha meus truques.

— Meg, querida. Provavelmente, você só se enganou. Eu estava perto, mas nunca iria te empurrar. Imagina se EU sou capaz de fazer uma coisa dessas? – eu disse, fingindo indignação – Se duvidar de mim, pergunte a qualquer um aqui. – Em seguida, cada um dos convidados foram dizendo que eu não tinha empurrado, que ela tinha caído sozinha. Como era bom ser popular. Ela pareceu incrédula.

— Dean! Pelo menos você, você tem que acreditar em mim, por favor! – ela disse, o implorando com o olhar. Eu estava tranquila, pois sabia que mesmo que ele quisesse acreditar nela, não iria contrariar a mim e a todas as pessoas populares da escola. Ele não era maluco de jogar toda a reputação dele no lixo, afinal esse foi um dos motivos pra ele ter conseguido entrar no time de basquete.

— May, e-eu... eu não sei se posso acreditar. Quem sabe você só viu a Sue perto de você e pensou que ela podia ter te empurrado. Mas eu sei que a Sue nunca faria isso – bom garoto. A amiguinha (ou ex-amiguinha) dele já estava com os olhos marejados. Ela parou por um instante e depois falou.  

— Me dá as minhas muletas! – ela falou pra ele com a voz embargada.

— E-eu te ajudo, a gente tem que enrolar o gesso numa toalha até a mamãe chegar e... – ele falou nervoso, mas foi interrompido por ela.

— Me dá... as minhas... muletas! – ela disse pausadamente, já sem paciência. – Não preciso de ajuda de quem não acredita em mim. – ela continuou, já com lágrimas caindo. Ele pegou as muletas dela e a entregou. Ela levantou com alguma dificuldade e parou de costas.

— Não tem popularidade NO MUNDO que me faça cometer injustiças – ela disse ainda de costas, com a voz trêmula. – E muito menos, que me faça duvidar dos meus amigos. – ela olhou para o Dean e depois virou pra mim. – E Suelen, ou seja lá qual for seu nome, MEU NOME É MAY. E você pode ter se livrado agora, mas saiba que colhemos o que plantamos. – quem ela pensa que é pra falar assim comigo?!

Infelizmente, estava interpretando a menina boazinha no momento, então tive que ficar calada, enquanto ela entrava em casa. Não demorou muito pra que a mãe do Dean chegasse e surtasse com tudo que tinha acontecido. Recebi uma bronca pelo número de pessoas na festa (que foram mandadas embora por ela no mesmo momento). Me defendi dizendo que convidei poucas, mas as pessoas vieram sem ser convidadas. Depois disso, ela teve que levar a May no hospital, que continuou calada, não falou a ela que eu a tinha empurrado. Estranho. Depois desse desastre de festa, tentei falar com o ruivinho, mas ele mal respondia.

— No fim, minha festa surpresa não deu muito certo, né? – perguntei ao Dean que olhava pro lado de fora.

— Hum – foi só o que ele respondeu.

— Bom, uma pena o que aconteceu com a May, né? Que perigo – tentei novamente. Mas ele respondeu a mesma coisa.

— Sue, eu acho melhor você ir embora, o clima aqui não tá legal. Eu sei que você deve se sentir mal pela May achar que foi você que empurrou ela, mas eu acho melhor que você vá antes que ela chegue. – ele disse ainda um pouco fora de órbita e eu achei melhor concordar, antes que ele acabasse suspeitando de mim também.

— Tá bom, ruivinho. Espero que ela esteja bem e que aceite que eu não tenho nada a ver com isso. – eu disse e ele deu um sorrisinho sem graça, enquanto me levava na porta. Tentei dar um selinho nele, mas ele virou o rosto.

— Não tô no clima agora – ele disse e eu fiquei incrédula. Susan Valentine nunca foi rejeitada, ele realmente achava que tinha esse direito? Bom, resolvi ignorar e fui pra casa. Mas se esse garoto estava pensando em terminar comigo, ele mal podia imaginar o que estava por vir.


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Notas finais do capítulo

E aí?! Esse cap. foi um pouco mais difícil de fazer por ser da perspectiva de uma personagem que eu nunca tinha feito antes, mas espero que vocês tenham gostado do resultado! Ansiosos pros próximos? Até breveee



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