Sete escrita por Jhope
Capítulo 2 - Ganância: O apego descontrolado
— Amanda! - Pedro gritava desesperadamente enquanto corria do mesmo modo; seria cômico se não fosse tão trágico.
A casa de Amanda era no fim da rua; ele não estava muito distante. Já era possível ver as luzes acesas da janela da morena, porém, mesmo perto, não estava próximo suficiente para considerar-se seguro.
André o perseguia como um animal persegue sua caça; voraz, rápido e preciso como um leão persegue o veado. Correndo de quatro em uma velocidade absurda. Pedro passou correndo por dois latões de lixo da prefeitura, não pensou duas vezes e os derrubou no chão, na esperança de atrasar André, porém o mesmo pulou por cima dos latões numa altura fora do comum.
— Merda. Merda. Merda. - Pedro repetia frustrada e desesperadamente enquanto corria do mesmo modo.
Ele sentia seu coração acelerar; seu peito estava doendo, a fadiga fazia seu abdômen doer e seus pés vacilarem. A adrenalina era a única coisa que o mantinha correndo. Chegando no quintal da casa de Amanda, começou a gritar o nome da morena histericamente, chegando na porta da casa, bateu descontroladamente enquanto chamava por ela.
— Amanda! - Pedro deu um alto e preciso grito, berrando a senhorita perto de seu quintal.
André se aproxima;
Seus passos já não estavam tão longe.
Seu rosne já não estava tão longe.
Ele arfava.
Ele vinha.
Amanda ficou pasma ao ver a forma que Pedro entrara em sua casa; batendo sua porta com força e pondo suas costas contra a mesma.
André tacou seu corpo contra a porta, mas a mesma não cedeu.
— Mas que porra? – Ela disse assustada; boquiaberta.
Pedro apoiou em seus joelhos para tentar puxar ar aos seus pulmões.
— É o André! - Pedro dizia histérico e gago entre suas arfadas. - Tranca tudo... Agora!...
— Porra. Isso é o André? - Ela deu um suspiro aliviado. - André, entra logo!
— Você tá maluca, porra? - Pedro a olhou repreensivo; com medo. - Isso não é o André.
Tudo ficou em silêncio.
— Amanda... - A voz do loiro soou nítida por trás da porta. - Me ajuda, por favor. O Pedro enlouqueceu e me deixou aqui fora com esse bicho vindo. - Ele começou a chorar. - Me ajuda.
— Amanda. - Pedro olhou no fundo dos olhos da morena, o que a fez ficar pensativa. - Não. - Ele pôs ênfase em seu não.
Amanda começara a ficar assustada.
— Pedro, é o André. - Ela assentiu com a cabeça, tentando não mostrar sua preocupação.
— Aquele bicho não é o André. Não mais. - Pedro argumentava em clemencia para que a mesma não abrisse a porta.
Ela esfregou as mãos no rosto e pôs em seu olhar o medo.
— Eu vou trancar as portas. - Ela disse um pouco trêmula.
— Eu vou matar vocês dois... - Sua voz ficou rouca e grave, quase gutural.
Amanda sentiu sua espinha gelar.
Logo, se ouvira passos rápidos e precisos para fora do piso da frente da porta seguidos de um bruto e alto rosne.
Amanda correu para a porta dos fundos o mais rápido que pode enquanto André estava correndo em direção a mesma no lado de fora da casa.
Amanda agarrou a maçaneta e trancou
André jogou seu corpo contra a porta.
A porta não cedeu.
Ela correu para que pudesse fechar todas as janelas na mesma velocidade e, logo em seguida, foi para a cozinha.
— Pedro! - Amanda o gritou assustada. - Cozinha. Agora!
Pedro arrastava as estantes para frente das janelas maiores e as inclinava contra as mesmas; André não podia entrar.
Pedro chegou alguns instantes depois em que foi chamado. Viu a morena pegar um faca de frios com alguns desenhos de morangos na lamina, jogando-a para ele.
— É sério? - Pedro disse frustrado com os morangos, mas não reclamou muito.
— Cala boca. - Amanda disse ainda apavorada, porém, buscando mais algum talher para usar contra o loiro que rondava sua casa.
— Isto sou eu tentando não morrer - Ela procurava outra faca nas gavetas - Você tem certeza que aquela coisa é o André?
— Sim, é ele - Pedro respondeu - Eu acho que tem alguma coisa haver com a tatuagem.
Amanda pôs a mão em sua própria coxa; reflexo.
— Ele também foi tatuado? E mesmo se foi, o que isso teria haver com a tatuagem?
Ela achou um cutelo de açougueiro com cabo branco na gaveta de baixo.
— Aí sim. - Disse contente com a descoberta.
— Eu não sei, tá legal? – Ele respondeu as perguntas com essa única e precisa resposta. – Mas ele disse que isso não é uma tatuagem. Ele acordou com o número "1" em seu pescoço hoje de manhã.
— Isso não é uma tatuagem? - Ela disse pausadamente; preocupada.
— Eu não sei, tá legal? - Ele repetiu.
Os dois ouviram o som de vidro se quebrando vindo do segundo andar, o que os interrompeu.
— Merda... - Amanda disse - Meus pais vão me matar! – Ela correu para a sala. - E o pior é que...
A casa ficou completamente escura.
— Porra. - Amanda completou sua frase.
— Era só o que faltava... - Pedro disse indignado - Acabou a eletricidade na casa toda?
Amanda puxou o telefone de seu bolso e, depois de dois toques, ligou a lanterna. Ela virou a luz no rosto de Pedro, o que fez o mesmo por a mão à frente da luz fechar bem os olhos.
— Tira essa luz da minha cara - Ele pediu incomodo.
Ele encostou-se à parede, tentou olhar para os cantos sem deixar suas costas expostas buscando um lugar mais iluminado, porém estava tudo coberto pelo breu.
Algum vidro da sala de estar estilhaçou no chão.
— Ele está aqui dentro... - Pedro disse sorrateiramente enquanto empunhava sua faca de morangos com as duas mãos. - Ilumina a porta.
Não havia nada.
Ele não vinha.
Amanda estava trêmula, segurando o cutelo em uma mão e a lanterna na outra; Pedro estava tão apavorado quanto.
Os dois olhavam de um lado para o outro procurando-o. Nada de achar o loiro.
O clima estava tenso, a única coisa que podia ser ouvida era o som da chuva caindo no telhado e janelas junto à respiração ofegante dos dois. Sem tardar, algumas panelas do outro lado da cozinha caíram no chão, chamando a atenção.
Assim que Amanda iluminou as panelas caídas e viu André, agachado e curvado à sua frente, virado de costas para a parede.
Parecia um animal.
— André? - Pedro apontou a faca de forma hesitante para o loiro, chamando-o.
Os batimentos estavam acelerados, suas mãos suando...
— Amanda. - Pedro chamou sem tirar os olhos de André. - Continua iluminando.
O moreno se atreveu a dar alguns passos pra frente; sem movimentos bruscos.
O loiro ficava cada vez mais ofegante.
Ele rosnou.
André virou-se rapidamente e, junto a um rosne alto, pulou em direção a Pedro.
Pedro pôs os braços à frente do corpo de forma defensiva, mas um estrondo o fez ficar imóvel naquela posição; intocado.
Depois de alguns segundos, ele olhou ao redor. Amanda já não estava com a lanterna virada para o mesmo. Ele estava intacto.
Ele começou a fitar ao redor e, ainda apavorado, viu André, baleado, com o corpo estirado na pia com um buraco em sua testa.
Um buraco de bala.
— Meu deus! - Amanda gritou apavorada; logo, começou a soluçar por nervosismo. O que a fez por a parte superior à frente da boca, ainda com o cutelo em mãos.
— Amanda... - Pedro disse boquiaberto. - Olha...
A subiu um arrepio.
Ela hesitou mas, logo, iluminou a porta da cozinha.
Logo, viu um homem.
Um homem com jaqueta de couro e calças jeans escuras, com a barba a fazer e erguendo uma beretta calibre 22.
Ele soprou o cano da arma e, logo, a guardou.
Os dois ficaram boquiabertos com aquela cena. Não sabiam se ficavam mais tranquilos por não serem mortos ou em histeria por seu amigo ter sido baleado por um homem desconhecido.
— Quem é você? – Amanda hesitou em perguntar, mas o fez.
— Sua nova mamãe - O homem respondeu de forma descontraída, com um sorriso suspeito no rosto.
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