Capa final

—O que você quer que eu faça com essa caixa? –Letícia pergunta, carregando uma enorme caixa:

—Bota na mesa mesmo. –Miki indica uma mesa oval –E com isso, acho que está tudo pronto!

—Que pronto o que, temos que desempacotar todas essas merdas! –a amiga faz um suspiro dramático –Só não me diz que vai me fazer abrir tudo…

—Que nada, chamei ajuda, eles devem estar chegando... –ela olha o celular, esperando um sinal, porém nada –Vai ver se atrasaram.

—Ou deram o bolo.

—Não seja tão negativa, além do mais, teu marido está vindo também.

—Não acredito que tu chamou o James! E sem me falar!

—Hei, ele tem uma vida própria, e além do mais, nós somos amigos.

—Desde quando? Pelo que eu lembre, tu mal olhava na cara dele quando trabalhava na Vovó.

—E tu shipava eu e ele, lembra? –isso faz com que Letícia vire um tomate:

—I-isso já faz anos! E a culpa não é minha se a gente acabou tomando uns cafés juntos e ele se mostrou ser um ótimo cara.

—Ora, fico lisonjeado. –uma voz as faz olhar para a entrada, James entrava acompanhado de mais duas figuras conhecidas:

—Não vá se achando. –Letícia bufa, indo até ele e lhe dando um beijo:

—Sammy, Douglas, que bom que conseguiram vir! –Miki vai até os dois, que sorriam encarando o lugar:

—Nossa, você realmente conseguiu deixar esse lugar bonito. –Sammy fala –Nem parece ter mais aquela atmosfera aterrorizante...

—Nada do que um toque feminino não faça. –ela ri –E você Douglas, como andam os negócios?

—Comecei a lucrar bastante depois que abri a loja online pra compra das peças de computadores, e trabalho é o que não falta, já que todo mundo tem um computador que estraga. –ele sorri:

—Que bom que conseguiu achar um trabalho depois do que aconteceu na pizzaria…

—Bah, pra mim é izzy peasy, mas o Stephen ainda tá puto com tudo que aconteceu. Eu tentei chamar ele pra vir hoje, mas ele ficou naquelas de “pra que ajudar? Foi por causa da bagunça dela que tive prejuízos! ” –ele imita de forma cômica seu antigo parceiro:

—Desculpa… -ela olha para o chão:

—Nah, a culpa não foi sua, ele que é cabeça dura e descrente. –ele afaga a cabeça dela –Afinal, ele nunca entenderia pelo que você passou lá. –o olhar dele se torna tenro, carinhoso.

Douglas tinha razão, ninguém entenderia pelo que Miki passou naquela semana há seis anos atrás.

A semana que a mudou, que a fez ter coragem, enfrentar seus problemas, seguir em frente.

—---

Os animatrônicos estavam caídos no chão, sem vida nenhuma. Miki encara a cena olhando a hora:

—É sério que já está quase na hora de meu turno terminar? Nunca vou conseguir colocá-los de volta no lugar… -ela suspira, encarando Springtrap e se abaixando –Espero que você fique bem onde estiver…

—Mas que merda é essa?!

—Hora de encarar as consequências… -ela se levanta e encara Douglas e Stephen, que estavam parados na frente da porta arrombada –Oi chefinhos! Como vão? –ela tenta sorrir:

—O-o que aconteceu aqui? Por que os animatrônicos estão todos aqui… Meu Deus, Freddy! –Stephen se interrompe ao ver o urso com um buraco na cabeça, faíscas saindo -O que você fez?!

—Olha, não tem como eu explicar sem parecer uma desculpa insana…

—Tente. –o olhar frio dele a faz engolir seco:

—Os animatrônicos estavam assombrados e tentaram me matar, mas finalmente eu consegui “exorcizá-los”! –ela dá um sorriso nervoso:

—Assombrados? Essa é a pior desculpa que já ouvi! Eu esperava mais de você! –isso a faz se encolher um pouco:

—Hei, pode ser que ela esteja falando a verdade, pensa bem, não teria como ela mover todos esses animatrônicos tão rápido, eles são pesados. –Douglas tenta acalmar seu sócio:

—Então ela teve ajuda.

—O que? Não! Só tem nós aqui. –ela suspira –Olha, eu sei que isso tudo é inaceitável, então não se preocupem, eu me demito e não volto mais aqui.

—Acha que vai sair impune assim? Sabe quanto custa arrumar um desses robôs?

—Eu irei pagar, não se preocupe, não me pague, está tudo bem.

—Stephen, não acha que está exagerando? –Douglas tenta tocar nele, que se vira abruptamente com um olhar de ódio:

—Exagerando? Olhe só o prejuízo que ela nos causou! E para piorar a merda das câmeras não funcionam para vermos o que realmente aconteceu! –ele explode –Não sei porque eu aceitei abrir essa pizzaria idiota com você! –e com isso ele sai, deixando Douglas e Miki se encarando:

—Então… Falaí, eles estavam assombrados mesmo? –Douglas tenta puxar conversa:

—Esquece, eu vou apenas arrumar as minhas coisas para ir embora… -ela começa a caminhar, porém ele agarra seu pulso, assustando-a:

—Eu não sou tão cínico como o Stephen, Miki. –ela se assusta com o olhar sério dele, assim como no dia em que esteve na pizzaria para comer –Além do mais, eu quero ouvir de você a verdade e porque o Springtrap está aqui. –ele indica o animatrônico caído no chão:

—Oh, você notou…

—Mas é óbvio. Agora bota pra fora.

E foi entre lágrimas e soluços que Miki contou tudo para Douglas, desde o início. Durante todo o tempo ele só a ouviu, e quando ela finalmente se calou, ele apenas lhe deu um abraço e carinho na cabeça:

—É-é muita loucura para acreditar… -ela começa:

—Mas eu acredito em você. –ele sorri –Obrigado por me contar, e quem diria, os animatrônicos estavam realmente assombrados! –ele volta ao seu jeito engraçado e desleixado:

—Sim… -ela encara a bagunça –Acho que tenho que pelo menos tentar colocar eles nos lugares para pelo menos acalmar um pouco o Stephen.

—Eu ajudo! –ele pega Puppet:

—Douglas… -ele a encara, que sorri –Obrigada.

Com um sorriso, os dois começam a tentar arrumar a bagunça.

——

Depois daquilo, ela foi demitida sem nunca ganhar o salário, Stephen não superou o que aconteceu e acabou por fechar a pizzaria.

Miki se formou em publicidade e trabalhou para uma empresa multinacional, porém sentia que faltava algo.

—Cuidado com essa caixa seu batata! –Letícia berra com Douglas, que quase derruba uma caixa cheia de pratos:

—Pare de gritar comigo, eu sou mais velho que você! –ele berra de volta:

—Então comece a agir como um! –e os dois começam a berrar xingamentos, arrancando algumas risadas de Miki.

Vendo aquela cena, ela viu que havia feito a escolha certa, aquilo que sentia que faltava havia encontrado:

—Gente, parem de agir como crianças e vamos terminar de arrumar isso, só falta essa caixa. –Miki ri da careta dos dois, que levam a caixa para a cozinha:

—Já terminamos tudo da nossa parte. –Sammy chega junto de James:

—Tome, a recompensa de vocês. –ela lhes entrega um prato com uma fatia de pizza:

—É a que vai vender? –James morde o pedaço e sorri –Delicioso!

—Obrigada, e sim, é uma das que vou vender. O que achou Sammy?

—Isso tem um gosto… Nostálgico… -ele sorri, emoção em seus olhos –Está maravilhoso. –ela abraça ele, feliz:

—Terminamos! –Letícia volta com Douglas:

—Que bom, peguem suas recompensas. –ela lhes dá uma fatia de pizza, pegando no final uma para si:

—Ficou daora o local. –Letícia come, encarando o resultado do esforço de todos:

—Sim, vai ser uma das melhores pizzarias da cidade! –Douglas fala:

—Vamos com calma, eu sou apenas uma novata em gerenciar coisas, vamos apenas esperar que não me dê prejuízos. –Miki ri:

—Você vai conseguir, estamos aqui para ajudá-la em qualquer coisa que precisar. –Sammy sorri:

—Isso aí, está na hora de limparmos o nome amaldiçoado dessa pizzaria, principalmente agora que não tem mais assombração! –Douglas para por um momento –Não tem mais assombração né?

—Não, tudo acabou seis anos atrás, não temos mais com o que nos preocupar. –ela ri da cara de preocupação dele –Está tudo bem agora.

Enquanto todos comemoravam, Miki olha para a janela e sorri com o que vê.

As almas das crianças a encaravam com um grande sorriso, acenando.

Ela apenas sorri e acena de volta, sabendo que aquilo era um bom sinal.

O pesadelo acabou, não havia mais desespero, apenas um futuro promissor na nova pizzaria e na vida de Miki.

Fim.

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