Mesmo após terem convencido a humana a se matar, ela estava lá, viva. Bonnie e Chica ainda não acreditavam que todo esse tempo estavam errados, cegos pelo desespero de retornar ao lugar que pertenciam.

E mesmo tendo quase conseguido cumprir o desejo insano de Freddy, ela foi protegida e agora estavam perto de retornar.

Retornar não por causa de Freddy, e sim porque aquela humana conseguiu de alguma forma mudar o assassino. Seria um eterno mistério para eles como ela conseguiu tal feito.

E agora o assassino lutava com Freddy, disposto a salvá-la, se importando mais com ela do que seu corpo metálico apodrecido.

Eles entendem que de forma irônica, os papéis haviam se invertido, Springtrap lutava por uma vida e Freddy era o assassino psicótico.

Os dois se atacavam de forma feroz, som de metal contra metal soando a todo momento. Freddy atacava indiscriminadamente com a faca, atingindo o torso de Springtrap.

Se continuasse o atingindo, Springtrap iria parar de se mexer devido a dor e desgaste, pois mesmo seu corpo estar apodrecido dentro da roupa, suas sensações continuavam, diferente de Freddy, que era apenas uma casca vazia metálica.

Freddy se prepara e ataca novamente com a faca, mirando no olho do coelho. Com um rápido movimento Springtrap coloca sua mão na frente, fazendo-a ser atingida, e com um rosnar, agarra a faca, assustando Freddy. Aproveitando a distração, ele chuta o urso, que vai ao chão, largando a faca:

—Há uma enorme diferença entre nós Freddy. –ele arranca a faca e a gira entre seus dedos –Eu era um assassino com preferência em facas e você... –aponta a lâmina para o rosto dele –É só uma criança idiota.

Com um grito assustador, Freddy se levanta e se joga nele, desferindo diversos socos enquanto seu grito ficava cada vez mais estridente e metálico.

Os socos não paravam, se Springtrap não desse um jeito, iria desligar. Com um grunhido, crava a faca na cabeça de Freddy, que cessa no mesmo instante os socos, caindo para o lado, faíscas saindo do local atingido.

Com dificuldade, Springtrap levanta, olhando para todos os outros animatrônicos que assistiram a luta:

—A-acabou? –a voz de Miki o faz olhá-la, uma sensação de alívio preenchendo seu corpo ao vê-la bem:

—Sim. –ele começa a caminhar em sua direção. Finalmente havia acabado, aquela que havia o acolhido e o aceitado mesmo após descobrir quem era estava lá, de pé e viva. Chega de sofrimentos, Freddy não podia mais se mexer, todos estavam contra ele. Finalmente poderia viver feliz junto com ela.

A expressão no rosto de Miki muda para horror, gritando e olhando para atrás dele.

Ele se vira.

Freddy se levantava, os olhos com um ponto luminoso, arrancando a faca de sua cabeça:

—Morra.—ele fala, jogando a faca na direção de Miki.

Não daria tempo de desviar, Puppet não ia conseguir protegê-la a tempo. Porém Springtrap podia.

Sem nem pestanejar, ele se joga na frente, sua cabeça sendo atingida:

—Freddy!—Bonnie e Chica correm até o urso, agarrando-o e tentando levá-lo ao chão enquanto ele ria insanamente, porém não conseguiam:

—HAHAHAHA! Ele morreu! Morreu!—sua voz estava indo de aguda a grave em um ciclo sem fim:

—Springtrap! –Miki corre até ele, vendo faíscas saindo de onde estava alojada a faca –Puppet, o que eu faço?!

—Não há o que fazer, a cabeça é o nosso ponto fraco.—a marionete explica, indo até ela:

—M-mas o Freddy…

—Ele está indo além do limite para fazer isso.

Miki olha Springtrap, lágrimas caindo ao ver os olhos dele aos poucos se apagando:

—Não, não vá… Eu nem ao menos te agradeci por tudo o que fez... –ela murmura, abraçando-o.

—Inferno! Ele vai para o inferno!—Freddy continuava a gritar, rindo insanamente enquanto segurado por Bonnie e Chica:

—Ele se perdeu completamente.—Golden Freddy o encara.

Subitamente o ar fica gelado, a luz fica pálida. Todos, com exceção de Freddy, começam a olhar ao redor, recuando ao ouvirem um som indistinguível que os faz tremer de medo. Sombras começam a descer pelas paredes, lentamente se encaminhando em direção de Freddy.

Assustados, Bonnie e Chica largam o urso, que continuava alheio a tudo que ocorria.

As sombras tocam seus pés e começam a subir lentamente seu corpo, chegando em seus ombros, onde mudam de forma e se projetam para cima, formando mãos negras com garras, agarrando a cabeça do animatrônico, que finalmente parece notar o que acontecia:

—Não, não, não! Me soltem! Não sou eu que vocês devem pegar!—ele gritava enquanto as mãos começam a fazê-lo ir com a cabeça de um lado a outro, até que de forma brusca ela é torcida, fazendo um som horrível. O corpo cai, totalmente vazio.

Com horror, as sombras continuavam no mesmo lugar, e no lugar do animatrônico estava uma criança com um balão marrom amarado em seu pulso:

—Não! Não sou eu que devo ir para lá, eu não tenho culpa de nada!—ele berrava enquanto lentamente uma das mãos agarra o balão, pressionando-o –Não! Pare!

O balão estoura.

O garoto puxa o ar, a cara em horror. Seus movimentos cessam, ficando inerte enquanto as sombras refaziam o caminho em que vieram, puxando-o até o teto e atravessando-o.

A luz parece voltar, a temperatura aos poucos voltando ao normal. Miki solta a respiração que havia prendido durante todo aquele tempo:

—O-o que foi aquilo? –ela consegue sussurrar:

—A consequência das ações de Freddy.—todos se assustam ao ouvir a voz poderosa de Fredbear, que caminhava em direção a Miki, juntamente com os Nightmares:

—F-Fredbear? –ela o encara, confusa:

—Freddy teve todas as chances de mudar, de superar a raiva que sentia, porém não quis. No momento que atirou aquela faca, ele condenou a si mesmo.

—D-do que está falando? Puppet, o que eles são? –ela encara a marionete:

—Diferente dos Toys, que são apenas animatrônicos controlados por Freddy, os Nightmares são almas que estavam dispostas a nos ajudar.—ele explica:

—E por que não o parou antes? –ela encara Fredbear:

—Porque ele ainda podia mudar.

Os Nightmares vão até o corpo de Springtrap, tocando em sua testa e então a alma dele sai:

—Bem-vindo de volta, Shaun.

Ele encara todos, até que seu olhar para em Miki:

—Você… Está bem.—ele sorri:

—Claro que estou, você me salvou. –ela tenta pegar na mão dele, porém a atravessa –O que vai acontecer com você? –ele encara Fredbear:

—Pagar pelo que fiz.

—Mas você já não pagou? Todos esses anos preso na roupa…

—O crime que ele cometeu não será quitado apenas com isso, precisará de muito tempo e evolução.

—Mas…

—Está tudo bem Miki.—ela o encara –Eu já sabia que isso aconteceria no final…—ele estende a mão e a coloca na bochecha dela, como se estivesse fazendo carinho –Você fez muito mais por mim do que eu merecia, me fez entender o que fiz e criar coragem de encarar, de ir em frente.

—Você… Também me ajudou… Se você não tivesse aparecido naquele dia, eu jamais teria tido coragem para fazer o que fiz, eu teria continuado vivendo com medo, assombrada pelo passado. –ela sorri –Obrigada.

Os dois sorriem, desejavam que aquele momento parasse, que ficassem assim para sempre, porém sabiam que era impossível.

—Está na hora.—Fredbear anuncia, todos o encaram –Hora de voltarem para onde pertencem.

Os animatrônicos se encaram, aquilo era um sonho se tornando realidade. Finalmente se livrariam daqueles corpos metálicos, o desespero, a dor.

Foxy olha Miki, e então entende o que tudo aquilo significava.

Chegou a hora de darem adeus.

Antes que ela pudesse falar algo para todos, Foxy a abraça, fazendo-a corar:

—F-Foxy?

—É engraçado, por muito tempo eu queria que esse momento acontecesse, e agora que chegou a hora, eu não quero ir...—ele confessa, ainda agarrado nela:

—Nem eu. –ela o abraça de volta. Durante toda essa semana ela se apegou a eles, se preocupou com alguém além dela, aprendeu tanto… Porém sabia que seria egoísmo de sua parte pedir para que ficassem ao seu lado –Mas agora tudo vai ficar bem, vocês vão voltar para onde nunca deveriam ter saído, vão ter paz.

—Mas…

—Não se preocupe, com certeza vamos nos reencontrar um dia. –ela afaga a cabeça dele, e então olha para todos –Eu… Só tenho a agradecer por tudo que vocês fizeram por mim, pelo que me ensinaram, me protegeram… Prometo que jamais vou esquecê-los e farei vocês terem orgulho de mim.

—Boba.—Puppet fica na frente dela, juntando-se ao abraço de Foxy –Já temos orgulho de você.

—Puppet… -e com isso todos os animatrônicos dão um abraço coletivo:

—Obrigada.

Antes que ela pudesse falar algo, todos os animatrônicos caem no chão, sem vida.

Finalmente acabou.