Sem cerimônia alguma, Miki se joga em sua cama, fazendo Springtrap se ativar, assustado:

—O que houve? –ele se levanta:

—Acalma aí coelhão, eu só tive uma madrugada dura no trabalho. –Miki fala enquanto se ajeitava na cama:

—Você não me falou que trabalho novo é esse. –ele chega mais perto:

—Outra hora, realmente estou precisando dormir, e ainda tenho que ir pra aula depois... –ela boceja, caindo imediatamente no sono.

Springtrap a encara e afaga sua cabeça, voltando em seguida para seu canto.

—---

—Então, sobre aquele favor que me pediu há um tempo... –Letícia vai com Miki até a biblioteca após as aulas –Consegui reunir o máximo de informações acerca da Freddy’s e descobri umas paradas bem legais.

—Tipo? –Miki se senta na mesa enquanto Letícia puxava uma pasta enorme de sua mochila –Caramba.

—Vai dizer que eu não trabalho bem! –ela se vangloria –Bem, vamos começar o tour pelo túnel do tempo! –ela puxa alguns papéis da pasta –Tudo começou com o restaurante Fredbear’s Family Dinner, que foi construído por dois caras que não achei os nomes em lugar algum.

—Fredbear? –um calafrio sobe pela espinha de Miki, era o mesmo nome do tal Golden Freddy e o Nightmare:

—Sim, e adivinhe quais eram as atrações daquele restaurante? –outro papel é puxado da pasta –Um urso dourado chamado Fredbear e um coelho dourado conhecido nosso, Spring Bonnie.

—Espera, está falando que o coelho da antiga atração de terror é, na realidade, um dos animatrônicos originais?

—Issae! E não é à toa que ele estava todo destruído quando montaram a atração de terror, pois seguindo o que encontrei... –mais papéis são postos na mesa –Uma filial foi aberta depois do sucesso da Family Dinner, mas com um segmento diferente, a famosa Freddy’s Fazbear Pizzeria, estrelando os lindos Freddy, Bonnie, Chica e Foxy. –ela aponta uma foto com todos os quatro animatrônicos:

—E a Family Dinner?

—Continuou nos negócios, porém... –ela mostra uma manchete de jornal –Foi fechada de vez quando aconteceu um acidente onde crianças colocaram um garotinho na boca do Fredbear, fazendo assim o garoto perder parte do lobo frontal.

—Esse garoto...

—Está vivo até hoje, deve estar nos cinquenta e tantos anos. Fizeram entrevistas com ele anos depois e ele falou que desde aquele dia tem pesadelos constantes com os animatrônicos distorcidos, cheios de garras e dentes.

Os Nightmares, foi a partir dos pesadelos desse garoto que Stephen e Douglas construíram aqueles animatrônicos. Miki liga os pontos:

—A história não para por aí. –Letícia pega mais papeis –Mesmo com o incidente, a pizzaria não perdeu fama, pelo contrário, eles resolveram inovar! Criaram uma nova pizzaria, estrelando os novos e maquiados Freddy, Bonnie e Chica! –ela mostra uma imagem dos Toys –Junto com Puppet, Mangle e Balloon Boy. –outra imagem:

—Qual era o diferencial dos maquiados?

—Bem, eles eram mais avançados, tinham reconhecimento facial, mais amigáveis, faziam mais truques, algo assim. Só que aí...

—Já sei, Freddy comeu a cabeça de alguém.

—Não, um assassinato ocorreu perto dali, nunca encontraram o corpo, mas rumores diziam que foi alguém de dentro da pizzaria. –a voz de Letícia se tornou tenebrosa:

—Q-quem morreu?

—Uma criança. Só encontraram vestígios de sangue, muito sangue. –ela puxa outra reportagem de jornal –E então teve outro escândalo sobre os animatrônicos atacarem seus guardas noturnos, e a pizzaria fechou.

As palavras ficaram reverberando na mente de Miki:

—E com isso voltamos à primeira pizzaria, que ainda funcionava independente das tragédias de suas vizinhas. –ela respira um pouco –Foxy foi desativado por estar dando problemas, enquanto os outros três continuavam com seus shows. Só que parece que a Fazbear tinha um carma daqueles, outra tragédia aconteceu.

—Deixe adivinhar... Assassinato?

—Assassinatos. –ela corrige –Cinco crianças. Corpos jamais encontrados também, mas... –outra manchete de jornal –Estranhamente, depois de um tempo, denúncias começaram a ser feitas alegando que os animatrônicos estavam com defeito, tinham um cheiro podre e uma estranha gosma saía das juntas deles, principalmente dos olhos e bocas.

—Não me diga que...

—Nunca foi comprovado, mas tenho quase certeza que os corpos das crianças estavam o tempo todo dentro dos robôs. –ela olha com tristeza os papéis –Aí já podemos imaginar o que deu. Pizzaria fechou e os animatrônicos entraram no esquecimento. Até que uns certos loucos encontraram um certo coelho detonado e montaram a famosa atração de terror, que virou pó depois do incêndio.

—E agora eles montaram uma nova pizzaria. –Miki completa:

—Aposto que ela vai fechar do mesmo jeito que suas antecessoras, em uma grande tragédia.

—Tomara que eu não seja uma vítima. –Miki ironiza:

—Quê?

—Então... –ela nota a burrada que fez –Eu meio que... Estou trabalhando na nova Freddy’s.

—É O QUÊ?! –o berro de Letícia faz todos na biblioteca encararem as duas –Pirou na batata?! E por que não me contou antes?! –ela diminui o tom de voz, porém o tom de represália continuava o mesmo:

—Pra não ter que ouvir esses berros. –Miki ri sem graça –E eu tinha que botar minha cabeça no lugar...

—Ah claro, trabalhando na nova pizzaria com certeza vai te deixar sã! –o sarcasmo era palpável na voz dela:

—Muita coisa aconteceu, e eu preciso desse emprego.

—Tipo o que? –ela cruza os braços:

—É longa e complicada a história.

—Resuma. –Miki suspira:

—Eu estou com o coelho no meu apartamento. –ela já vai direto ao ponto:

—Pera, “coelho”, está falando do... –quando ela vê a cara de Miki, arregala os olhos –Tu tá com o Springtrap na tua casa? Como?

—Ele me salvou do Guilherme, e depois ele estava jogado no meio da chuva... Eu tinha que fazer algo!

—Quê? –Letícia estava totalmente confusa:

—Tá, resumindo, eu não sei como ou o que, mas o coelho de alguma forma está vivo, e com vivo quero dizer que ele pensa, fala e tem sentimentos como uma pessoa. –agora era a vez de Letícia ficar surpresa –Ele me salvou, aí tu sabe como sou idiota, levei ele lá pro apartamento e o ajudei.

—E como fica todo aquele teu trauma?

—No início foi difícil, não conseguia nem olhar para a cara dele direito sem lembrar daquela sala, mas aos poucos eu estava superando. –ela suspira –Mas depois que deu aquele acidente e eu voltei para casa, os pesadelos voltaram, só que totalmente diferentes, eram sobre as pizzarias.

—Por isso você me pediu para procurar sobre elas...

—Sim, e de alguma forma, isso tudo estava conectado à nova pizzaria e com certeza com esses assassinatos.

—Por quê?

—Porque enquanto eu trabalhava, um dos animatrônico falou comigo, me atacou, ele agia da mesma forma que o Spring-... O coelho age. –Miki engasga, se repreendendo em seguida –Ele sabia sobre os pesadelos, sabia quem eu era, e falou sobre ter outros...

—Deixa eu ver se entendi. Tem um coelho feioso e possivelmente assombrado dentro do seu apê, você virou uma Mãe Diná e tem pesadelos sobre as pizzarias anteriores e os robôs do teu trabalho estão sendo possuídos por almas vingativas? Perdi alguma coisa?

—Sei que é muito louca essa história, mas tenho como provar.

—Não estou duvidando de você, poxa, te conheço faz tempo! Sei que você não brinca com essas coisas! –Letícia bufa, ofendida –Mas adoraria ver o coelho no teu apê.

—Tu não tem jeito... –Miki ri da amiga –Mas já aviso, pode ser que ele não seja tão amigável.

—Quê? Mas eu sou um amor de pessoa, ele vai me adorar! –com um sorriso, as duas saem da biblioteca.