Gasoline escrita por jupiter


Capítulo 5
Goodbye;


Notas iniciais do capítulo

Olá vocês, antes de começarem sua leitura leiam as notas!
Demorei e muito com esse capítulo, confesso. Comecei, apaguei, comecei e apaguei muitas e várias vezes. Eu sabia onde queria chegar, mas não sabia como chegar... Sempre soube qual era o final que eu queria para essa história, mas algo aconteceu durante o percurso criativo e eu simplesmente não conseguia mais dar continuidade.
Se esse capítulo estiver ruim, fraco ou qualquer coisa do gênero, peço que me desculpem. Não era exatamente o que eu queria que fosse, mas acredito que me deu um arco aceitável. O próximo capítulo será narrado pelo Carter, assim como foi no prólogo, e vocês irão descobrir o que havia escrito na carta que a Cassidy deixou.
Novamente, mil desculpas pela demora, mas eu queria e MUITO dar um final para vocês; acho que todos merecem isso. Enfim, espero que gostem. ♡



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Fazia uma tarde calma, mesmo as mariposas pareciam ter tirado um tempo para descansar. O céu estava cinzento e os poucos pássaros que cantavam pareciam mais lentos que o habitual.

Na casa dos Young, largado sobre uma dos sofás, Carter tentava descobrir qual era o charme de Sonny Crockett enquanto assistia Miami Vice. Pensou que pudesse ser seus olhos ou, talvez, a maneira como óculos escuros lhe caíam bem. Não havia muito que fazer aquele dia, por isso, ele havia tornado aquele momento peculiar em um jogo particular.

Sua mãe estava no andar de cima pintando as unhas e Carter sentia-se muito grato por não ter que lidar com nenhum dos namorados dela. Ficar trancado no quarto apenas para evitá-los não estava dando muito certo. E a última coisa que ele realmente precisava era se tornar um desconhecido dentro de sua própria casa.

Tudo transcorria como tinha que ser, nada parecia fora do lugar. Ele havia combinado de encontrar Joe Alien à noite para que pudessem fumar um baseado juntos, já havia lavado o carro e aparado a grama do quintal. Dera uma resposta abusada para o vizinho da frente e agora estava em seu momento de paz, encarando aquele policial misterioso que tanto o intrigava.

É, paz deveria ser a palavra certa. E era até sua mãe descer as escadas com os cabelos repletos de bobs de plástico coloridos e envolta numa toalha.

— Ei, essa é uma cena que eu preferia não ver — provocou Carter.

Ela ignorou sua provocação com um gesto de mão.

— Não tenho tempo pra gracinhas, só quero que vá até lá fora e peça para aquela garota esquisita ir embora.

— Que garota esquisita? — Carter perguntou mais para si, do que para a mãe. Pulou do sofá e correu até a janela, sendo pego de surpresa. — Cassidy?

— Ah, ela é sua amiga? — sua mãe indagou, parada atrás dele. — Mande entrar, e avise pra da próxima vez ela não ficar parada na entrada como um fantasma...

Carter passou rapidamente as mãos pelos cabelos e correu para a porta, deixando o falatório incessante da mãe para trás. Cassie ainda estava lá quando ele saiu, parada no começo do caminho de pedras, exatamente como a mãe de Carter havia dito. Ele estranhou vê-la ali, afinal, ela nunca mencionara nada sobre ir visitá-lo.

Cassie caminhava até ele devagar, com seus braços finos pendendo inertes nas laterais de seu corpo. Ela estava usando jeans skinny surrado, uma camiseta preta enorme com um desenho grotesco de Saturno e uma blusa xadrez ainda maior por cima que, Carter supôs, deveria pertencer a alguém cinco vezes maior que ela.

— Eu não sabia que você vinha, por que não me avisou? — ele perguntou, sentando-se em um dos degraus de acesso à pequena varanda.

— Precisava fazer algo importante — Cassidy respondeu, em voz baixa.

Seus cabelos estavam mais desgrenhados que o normal e quando ela se sentou ao lado de Carter, ele não pôde deixar de reparar em quão apática ela estava.

— Tá tudo bem com você? Tá passando mal?

Cassie balançou a cabeça, apertando as mãos entre os joelhos.

— Eu não tô nada bem, Carter. Eu não tô bem há muito tempo.

— Então, me fala o que você tem. Já foi ao médico?

— Não é algo que um médico possa dar jeito, não é algo que ninguém possa dar um jeito. Só eu posso resolver. — ela ergueu os olhos para ele, e Carter espantou-se com o misto de insanidade e confusão estampado neles. Ele jamais a vira o encarar daquela maneira.

— O que... O que diabos você tá falando? — indagou. — Dá pra ser mais clara? Não tô entendendo merda nenhuma.

O rosto dela contorceu-se numa careta, como se as palavras lhe machucassem. Ou como se ela sentisse algum tipo de dor.

— Eu vim até aqui pra dizer que não dá mais, Carter. Não iremos mais nos ver. — a voz dela estremeceu, assim como todo o restante de seu corpo. — Eu vim aqui dizer adeus.

Aquela última palavra, aquela que representava um ponto final, o atingiu como um soco entre os olhos. Por um momento Carter esperou que ela começasse a rir e dissesse que era só uma brincadeira, mas Cassie não o fez. Ela apenas permaneceu parada, esperando que o peso de suas palavras se abatesse sobre os dois.

— Como assim dizer adeus? — ele indagou, incrédulo. — São os seus pais? Eles estão te pressionando pra parar de andar comigo, é isso?

Os olhos dela ficaram marejados, e seu lábio inferior tremeu ferozmente. Sem responder sua pergunta, Cassidy apenas agarrou o rosto dele e o puxou para si, unindo seus lábios com força. Carter a envolveu com os braços, sentindo uma sensação esquisita em seu abdômen.

Quando se separaram, Cassie afundou o rosto por entre os cabelos dele. A respiração quente e entrecortada dela estava diretamente no ouvido dele, e então ela sussurrou:

— Me desculpe.

— Cassie...

Ela o empurrou, e seus olhares se encontraram por uma fração de segundos. Naquele momento o tempo pareceu congelar, e a única coisa em que Carter conseguiu pensar foi em quanto ela era bonita. Até ali ele não havia se dado conta do quanto de si ela já havia tomado para ela; Cassidy não poderia ser capaz de imaginar o quanto havia dominado de seus pensamentos, quando não a encontrava, Carter sentia como se faltasse algo para complementar seus dias. Já havia virado rotina tentar imaginar o que ela estava fazendo quando não estava com ele ou mesmo tentar decifrá-la.

Mas antes que Carter pudesse lhe dizer algo bonito ou beijá-la novamente pelo simples prazer de sentir sua boca na dele, Cassie levantou-se e saltou os degraus onde eles estavam sentados, e correu. Um envelope escapou do bolso de trás da sua calça, mas ela não se deteve.

Carter levantou-se logo em seguida e tentou segui-la, mas parou em frente à casa dos Smiths, observando a silhueta dela se tornar cada vez mais longínqua. Observando, impotente e confuso, ela correr para longe. Estava parcialmente decidido a encontrá-la na escola segunda-feira, para lhe perguntar o que poderia ter dado tão errado para que fosse embora daquela maneira.

Sem poder fazer nada, ou, acreditando não poder, achou melhor que era bom dar um tempo só para ela, sem precisar lhe pressionar e nem nada do tipo. Quando voltou para casa, recolheu o papel amassado que ela havia deixado cair e o girou entre as mãos. Em uma grafia pequena e delicada, no canto do papel, ela havia escrito:

Para Carter.


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