Seu ódio por Córmaco não era culpa de Hermione, talvez um pouco, mas essa era uma história que vinha de anos atrás. Mais precisamente desde o dia que o garoto zombou de Fred por suas roupas. Os Weasleys nunca tiveram muito dinheiro, eram muitos irmãos e o salário de seu pai dava apenas para o básico, porém eles eram felizes. Fred não havia sentido outro sentimento além de felicidade o ano inteiro, até o dia que Córmaco falou com ele. Nunca sentira tanto ódio na vida.

Ele não entendia. Hermione era tão doce e gentil, enquanto Córmaco parecia estar o tempo inteiro com dor de barriga. Hormônios, ele bufou. Será que ela não percebia o quão idiota ele era e o quanto ele não a merecia? Fred não conhecia ninguém que a merecia, apenas um garoto que adoraria poder tentar. Ele fechou os olhos com esse pensamento.

Considerou dormir, mas ultimamente até seus sonhos eram campos perigosos. Aqueles olhos amendoados o perseguiam, e reinavam sobre sua mente. Era irônico, quanto mais gostava dela, pior a tratava. Chegou ao ponto de acharem que sua real motivação era ódio e não amor. Por que não amor? Por que não amar alguém que conhecera três dias antes? Garotos sofrem de amor à primeira vista também. Ou talvez fosse aquele peixe que ele comeu que lhe dava aquela sensação no estômago, não Hermione.

Fred coçou os olhos. A noite havia sido difícil, acordara diversas vezes. Olhou de canto para sua irmã conversando com Dino. Fred realmente a amava, mas como Gina era uma safada. Riu com esse pensamento. Até rir era difícil ultimamente, tudo que ele queria era dividir seus risos com uma certa morena. Distraído, ele saiu da mesa e conseguiu trombar com a última pessoa que queria encontrar.

Dizem que tudo na vida é predestinado. Tudo acontece por alguma razão. Outros dizem que podemos controlar nosso destino, porém algumas coisas irão acontecer ao longo de nossa jornada e nos resta apenas decidir o que fazer. Fred sentiu que esse era um desses momentos. Os pelos dos seus braços se arrepiaram, suas pupilas dilataram e sua mente foi inundada de pensamentos. Trombar em Malfoy não fora esse momento, mas o impacto do corpo do loiro no seu fora o suficiente para mudar seu campo de visão o deixando enxergar. Esse fora o momento. Hermione encostada na parede enquanto Córmaco conversava com ela, com poucos centímetros separando seus rostos. Ela sorria deslumbrada e corada enquanto seu corpo se movia timidamente para frente e para trás como se tivesse receio do que faria se chegasse perto demais.

O coração de Fred gritava enquanto sua cabeça se enchia de palavras tão baixas que até ele teria vergonha de dize-las no Salão Principal. Como poderia ele ter sido tão burro? Mesmo carregando suas palavras e piadas como espadas na esperança de afastar a menina de si ele nunca havia conseguido apagar a primeira impressão que teve dela. Nada nesse mundo conseguiria apagar de sua mente o jeito que a pele dela brilhava e como seus lábios curvavam em um sorriso capaz de apagar o mundo inteiro ao seu redor. Até naquele momento, cheio de raiva e tristeza, a principal vontade que percorria seu corpo era de acariciar os cabelos da morena e descobrir seu cheiro.

Ele sabia tinha apenas duas escolhas. Ignorar o que seu coração berrava ou ouvi-lo. Se todo esse episódio tivesse acontecido com outra garota, se não fosse Hermione... Ele já teria a beijado ou pelo menos tentado. Porém essa não era qualquer garota, pelo menos não para ele. Era ela, era a Hermione e isso o deixava com a sensação estranha na barriga.

— Foda-se então - ele falou baixinho e tomou uma decisão.

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Seu cabelo moreno caia sobre os ombros dele. Ela estava sentada em seu colo. Era seu instinto que o movia, fazendo o que sua natureza mandava. O atrito aumentava e ela arranhava as sardas das costas dele  gemendo. Os dois berraram de prazer e amor quando chegaram ao seu ápice.
     Fred fechou seu livro violentamente.

— A professora Straws só pode ter ficado louca! - resmungou para Dino.

— Acho que deveriam mudar o nome de Literatura Trouxa, para Literatura Pornô Trouxa - riu o moreno.

— Isso se chama falta de sexo. Nosso Fredzinho sabe tudo sobre isso - zomba Jorge.

— Saibam vocês que eu tenho uma namorada linda e maravilhosa, coisa que vocês nunca vão conseguir ter.

— Então você realmente pediu ela? Uau. Nunca achei que alguém amarraria Fred Cuzão Weasley.

— Shiiiuu! E olha a boca - reclama uma garota da Corvinal sentada perto da mesa deles.

— Porra Dino - Jorge diz com ênfase no palavrão - aqui é a biblioteca.

A corvinal bufa frustrada e o trio ri.

— Vou deixar vocês dois sozinhos com suas infantilidades. Tenho mais o que fazer...

O ruivo saiu assobiando pelos corredores até chegar ao salão principal, quando ele a viu. Silenciosamente foi até ela e a abraçou.

Ana não era o que muitos considerariam uma garota nível Fred Weasley. Cabelos cor de mel e olhos grandes e arredondados. Alguns quilos acima do peso, o que contribuía para sua imagem carinhosa e aconchegante. Não era uma figura essencialmente bonita, era uma figura consoladora e era isso que Fred mais gostava nela.

Observou o susto que a garota levara. Usava sua usual Maria Chiquinha e seu rosto cheio de sardas sorria para ele. Se ela não o amava, merecia um Oscar.

— Então, o que minha namorada vai fazer hoje?

— Fugir de um ruivo perseguidor. Ele é bem alto e feio, se o vir avisa pra ficar bem longe de mim.

— Eu não sou feio! - disse ele um pouco indignado.

— Nunca disse que era - ela diz rindo - mas o seu irmão é.

— Hahaha. Muito engraçado - disse ele e logo foi interrompido com um beijo.

Foi então que ele a viu, Hermione. Seu coração se encheu de alegria com a visão dela e o de Ana murchou mais um pouquinho, como sempre fazia, quando via seu namorado sonhar acordado com a princesa da Grifinória.