Cidade Zero-Hora escrita por Yellow


Capítulo 10
Os Outros Condenados


Notas iniciais do capítulo

- Mil perdões pela demora!
— Eu quero dizer uma coisa chata para aqueles que acompanham a fic, e sempre estão aqui. O assunto é desagradável, por isso vou deixar para as notas finais.



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Tália saiu para fazer o que mais adorava fazer quando estava estressada: matar demônios.

 Nascera para isso. Era boa, a melhor que conhecia para tal tarefa. Gostava de sentir as vértebras quebrando aos seus pés, a pele rasgando com seus socos e chutes e, por mais incrível que parecesse, adorava o cheiro de queimado de quando usava seus dons.

 Depois dos sermões de Rafael, precisava se distrair. Sem hesitar ou pensar duas vezes, quando o sol se pôs, pegou sua moto e saiu da garagem do prédio cantando os pneus. Não ligava para o trafego, os carros eram apenas borrões mal pintados ao seu lado, que passavam como flashes de luz.

 Sentia apenas o vento na cara, os cabeços selvagens se esvoaçando. Aquela sensação lhe transmitia calma, a agitação urbana em geral lhe transmitia paz. Não gostava de campos floridos, seu éden era feito de prédios e concreto, nada mais. Cosia os espaços entre os carros tão rápido que mal notou quando passou a esquina que viraria.

 Alguns motoristas buzinavam para ela, outros gritavam grosserias sexistas, ela apenas os ignorava. O mundo a sua volta deixava de existir quando ela se apossava daquele motor, tudo era reduzido a ruídos que mal entravam em seus ouvidos. O coração batia forte no peito. Naquela noite acertaria as contas com Ian, depois de matar alguns demônios insignificantes.

 De acordo com sua visão, eles estariam poucas quadras dali. Poderia seguir alguns metros a frente sem fazer o retorno. Era estranho ser o que era, principalmente quando estava inserida numa sociedade onde todos eram semelhantes a ela. Não era uma bruxa, nem uma feiticeira, mas, igualmente as duas espécie, tinha dons. Habilidades que sabia usar, mas nunca havia testado de fato os limites. Diferente de Daniel, que adorava a monotonia de uma vida ordinária, Tália amava a adrenalina que uma noite de matança poderia causar.

 O fogo saindo de suas mãos liberta-lhe de sua casca ordinária.

 Tália olhou para cima e viu a lua, branca e pálida, a observando no meio nas nuvens carregadas. Não havia estrelas naquele céu escuro.

 Observou quando uma figura alada cruzou a lua, como um borrão sem muita forma. Não era um vampiro, vampiros não tinham asas. Tália riu para si mesma, e girou as mãos no acelerador. Virou o guidão numa curva brusca e começou a acompanhar o demônio alado.

 Foram algumas ruas e avenidas cruzadas apenas para tentar acompanhar a besta com asas. Infelizmente, para o azar do monstro, Tália tinha alguns anos de experiência na pilotagem, e sabia muito bem como perseguir alguém. A figura com asas a levou para os subúrbios da cidade, um bairro onde quase não tinham prédios e comércios, apenas casas.

 Ele pousou graciosamente no telhado de um conjunto de prédios abandonado.

 Tália parou a moto logo embaixo, na frente das portas fechadas com ripas de madeira. Pensou ter apenas duas alternativas: chamar Daniel para acompanhar, ou entrar sozinha. Mesmo confiando muito em si e em suas habilidades, afundou a mão no bolso para pegar o celular.

 Suspirava impaciente para si mesma.

 O número de Daniel estava agora nos seus mais ligados. Ganhando apenas de Ian.

 Com os dedos falhando, ela mandou uma mensagem para Ian.

Lugar novo. Rápido.

***

O lugar abandonado era um depósito velho.

 Muito, muito velho mesmo. Essa era a única conclusão de Ian. Pelo que diziam, ali haviam fantasmas e assombrações que perturbavam a vida de quem ousava entrar. Claro que sabia a verdade, infelizmente sabia a verdade. A noite era fria e nada amistosa para uma história de terror, mas agora aquilo era seu trabalho.

 E, mesmo a noite sendo completamente diferente, Ian continuava a não saber se poderia fazer aquilo de novo. Nas suas memórias confusas, já seria a terceira vez que o faria. Entrar ali era pedir para mais pensamentos ruins o atormentarem nas noites, ricochetearem dentro de sua cabeça como balas num metal resistente, e o despertarem de seus sonos como barulhos agudos e súbitos. Era pedir para rever as cenas em sua cabeça, como havia ocorrido com o lobisomem, e com a vampira.

 Ainda podia sentir o cheiro da carne queimando com a prata, e o sangue quente caindo sobre si. Vislumbrava os restos da criança, aquela cara tão pálida e sem vida o encarando, com as tripas caindo da boca da besta. E a face da vampira ruiva continuava o intrigando. Tudo era confuso, e, de um segundo para o outro, parecia ser o mesmo Ian antes de tudo, um ordinário comum que não sabia de nada.

 Ian se assustou quando percebeu uma sombra se mexendo ao fundo, numa das janelas da fábrica abandonada. Viu os olhos amarelados espiando-o, abertos em fendas e astutos. O alvo em questão era uma ghoul que estava causando problemas a Mikael. Além de ter se instalado no território dos vampiros. Os próprios carniçais haviam dado ordem de morte para ela, não a reconheciam como alguém do bando deles.

 O problema era que ela não estava mais sozinha. Alguns ghouls haviam se juntado a ela, e começado a abater ilegalmente em território inimigo.

 Ian entrou com a beretta em mãos. A arma trazia-lhe segurança, apesar de que nada mudaria se ele não soubesse usá-la. Tinha balas de ouro no pente que portava, e uma faca de caça do mesmo material, a lâmina cerrada, perfeita para penetrar.

 O corredor principal estava escuro, sem nenhuma lâmpada. Aliás, Ian não conseguia ver lâmpada alguma ali. O depósito estava completamente mergulhado em um breu, o que o fez ligar a lanterna, e deixar a faca na cintura. As paredes manchadas de mofo pareciam pior quando a luz os atingiam. As manchas de umidade se expandindo aos poucos.

 Ian seguiu por mais corredores e salas vazias. Todos mudos. Não haviam abrulhos além de suas solas. O cheiro de sangue podre e cadáveres assolava seus narizes, o deixando nauseado. Vomitaria, se não estivesse no covil de monstros carniçais. Ouviu um barulho  de charco abaixo de si, e quando abaixou a luz em suas mãos, viu que pisava num corpo despedaçado. Moscas o circulavam numa dança repugnante, e mais insetos o comiam.

 Virou-se rapidamente, principalmente para não captar as feições dele. Pensar que ali era uma pessoa o causava medo, um ordinário como ele, que, por infortúnio, foi caçado por um carniçal faminto. Qual era a diferença entre eles? Ian refletia. Nada. Eram iguais. Era óbvio que acabaria daquele jeito. Toni estava certo, aquilo não era tão divertido agora.

 Sua chama de coragem se esvaíra do peito há muito tempo, apenas não percebeu. Estava muito ocupado se entrosando com infernais, se divertindo com Nina e flertando com Solange. Ele não era como elas, ambas eram extraordinárias, tinham habilidades que ele não conhecia e mal conseguia imaginar.

 O baque da porta se fechando o fez tremer por completo.

 Seu coração foi preso num bloco de gelo, que espelhava sangue gelado para todo o corpo, fazendo as pernas vacilarem e as mãos bambearem. Com a lanterna, procurou quem tinha o feito, obviamente não encontrou.

 Com a porta de entrava fechada, tinha que continuar a seguir para encontrar a outra saída. Tremendo, avançou.

 Chegou a um espaço amplo, com correntes caindo do teto alto. Eram como vinhas numa árvore de metal. Havia mesas com serras dentadas espalhadas. Era um cenário de fábrica, Ian podia imaginar um operário ali, dentre tudo. Eles ainda estavam ali, de fato. Corpos dispunham, pendurados em ganchos pelas nucas. Já estavam pálidos e sem sangue algum, cinzentos como zumbis.

 Seu estômago se revirou sozinho, e a bile tocou a boca.

 Tocou a face de uma mulher já sem cabelos. Suas entranhas caiam ao chão, graças a um buraco feito em sua barriga. Tentou a tirar dali, mesmo sabendo que nada mudaria. O que era? Estava salvando mortos, mas matava pessoas por dinheiro.

Não são pessoas. Nenhum humano é capaz de fazer isso. São monstros, criaturas sem coração. Dizia para si mesmo.

 Tentou puxar a corrente para baixo para deixá-la no chão. Mas ficou estático onde estava. Quando olhou para cima viu apenas dois olhos amarelados o fitando. Eram tão rápidos como as sombras. O ghoul mergulhou no ar abaixo, como uma serpente furiosa. Ian conseguiu se projetar para trás, fazendo a criatura bater contra o concreto, mas ainda de pé e solene.

 Ian ergueu a pistola para atirar, porém o carniçal fora mais rápido e segurou sua mão. Com a outra mão, Ian enfiou sua adaga de ouro na barriga do oponente. O ouro queimou quando entrou em contato com o sangue do ghoul, assim como a prata havia feito com o lobisomem. Ele gritou, desesperado. Andou para trás quando Ian a retirou, com sangue podre por toda sua extensão. Ian o finalizou com dois tiros, para garantir.

 — Como eu odeio pessoas burras — disse alguém nas sombras. Era mulher, de fato. Ian viu quando ela se revelou, e junto uma única luz acima dela foi acesa. Tinha cabelos curtos, pele pálida e olheiras muito fundas. E claro, os olhos de serpente dos ghouls. Vestia-se com trapos, e, se não fosse pelo seu sorriso sarcástico, não era nada amigável. — Prazer, sou Isabela.

 Ian não respondeu, apenas continuou apontando a arma para a cara dela.

 — Sei que é Ian Vilanova, e que está aqui porque Mikael está te pagando. — Ela deu um passo a frente. — Fique tranquilo não vamos fazer nada a você.

 Ian apontou com o queixo para o cadáver da mulher, pendurado ao seu lado.

 — Certeza? — perguntou, retórico. — Porque não parece.

 — Ah, não leve isso para o pessoal. Eles eram indigentes. Ninguém sentiu a falta deles. — Nesse momento, ela abaixou o rosto, deixando apenas uma meia lua de brilho nos olhos.

 — E você julgou que mereciam isso?! — Ian perguntou, incrédulo.

 — Caso não saia agora, eu julgarei que também quer esse destino — argumentou, tranquila. — Olhe para eles. — Apontou. — Poderiam muito bem ser outros caçadores. Vocês são ordinários, mas se esquecem disso. Além do mais, Mikael não mudou mesmo, não é? Sempre mandando os outros para a morte. Continua a mesmo inescrupuloso. — Isabela estalou a língua, repulsiva, e rindo da reação de Ian. Então ela também conhecia Miakel. E também tinha a mesma opinião que todos. — Não fique tão surpreso. — ela falou, depois de Ian não responder nada. — Nós, infernais, somos todos conectados. Sempre sabemos coisas uns dos outros, é inevitável. Envolvemo-nos uns com os outros, isso é instigante.

 — Já se envolveu com Mikael? — inquiriu, vago. Tinha uma curiosidade mórbida quando o assunto eram os vampiros, em especial Mikael. Queria saber poque era taxado de trouxa por confiar neles.

 Isabela balançou a cabeça em negativo.

 — Não lhe contam nada, não é mesmo? — Ela se divertia. — De onde acha que vem todo aquele dinheiro de Mikael? Boa parte de tudo aquilo é meu. Ele me seduziu e roubou meu pai, e depois me deixou para morrer. Se não fossem os carniçais, eu estaria no fundo do mar agora. — Enquanto ela falava, amargurada pela passado, a face de Mikael era inevitável na cabeça de Ian. Aquele meio sorriso forçado, aqueles olhos ardendo em vermelho vívido. — Descontente, ele armou um golpe com outros carniçais para me derrubar. Tenho que me esconder aqui. Agora ele quer me matar, e mandou você.

 — Isso é… — parou um segundo, procurando uma palavras adequada — perturbador.

 — Fui uma das inúmeras vítimas dele através dos anos. Ele seduz as pessoas e as usa como bem entende, Ian. Vai deixar ser mais um na coleção dele, fortalecerá aquele ego?

 — Infelizmente, Isabela, eu não tenho escolha. — Ela se espantou com a resposta dele, Arqueou as sobrancelhas. Pensava tê-lo convencido, quando, na verdade, apenas lhe deu tempo para pensar. — Se eu não te matar, você irá atrás de Mikael. Se ele sobreviver, irá me perseguir, e ao meu irmão também.

 Isabela respirou fundo e desviou o olhar.

 — Eu te entendo, caçador. Ele te colocou numa posição que morrer aqui não parece uma coisa tão ruim. Você carrega culpa em seus ombros, e isso é mais do que visível. Deixou ele usar isso contra você, e ele sabe que se algo acontecer ao seu irmão, você desmorona. Ele te colocou numa sala com apenas uma porta. Ou eu, ou você.

 Mais três ghouls apareceram atrás de Isabela, com olhos brilhando e famintos para devorá-lo. Com uma velocidade que não sabia que possuía, Ian correu entre os corpos pendurados no ganchos. Os driblou pelo labirinto humano, até estar numa distancia considerável para atirar. Os disparos levantavam o cheiro de pólvora, que atiçavam suas narinas, e faziam os dedos coçar uma sensação boa. A adrenalina já se apoderara de seu corpo desde a conversa com Isabela. Tinha que descarregar toda aquela energia em alguém.

 Conseguiu derrubar uma garota carniçal ao longe, com três tiros. Logo em seguida matou os outros dois que faltavam por pouco, antes que chegassem a ele. Corriam desesperados, como zumbis famintos, sem reação quando eram atingidos. Ian teve que atirar em suas pernas primeiro, para depois empalar suas cabeças.

 Isabela o atingiu com um soco na barriga. Ian perdeu o equilíbrio quando ela o empurrou para trás. Apesar de ser a única ali capaz de falar, não parecia coordenar suas ações muito bem, era um zumbi, acima de tudo, uma morta viva sedenta por carne. Caiu sobre ele, o prendendo contra o chão. A arma de Ian voou longe na queda, e tinha apenas as mãos para se defender dela. Tentava manter as garras pontudas dela longe de seu rosto, mas era difícil quando ela era imensamente mais forte.

 Procurou pela faca tetando o chão a sua volta, todavia, ela estava no último corpo. A única coisa que conseguiu em sua busca precária e às cegas fora uma capsula gasta de ouro.

 Ouro.

 Com os punhos fechados, conseguiu desferir dois socos no rosto de Isabela. A carniçal foi pouco afetada, mas ainda sim ficou estonteada. O suficiente para Ian colocar a casula contra seus lábios, e a fazer engolir.

 Ela gritou agudo, tão alto que Ian pensou ter ficado surdo. Cuspiu a capsula de ouro no instante que Ian tirou a mão de cima dos lábios dela. Isabela se virou de bruços e continuava a babar, com a boca escancarada e uma cachoeira de sangue queimado caindo.

Ela tentou se levantar, mas foi tarde demais. A faca entrou certeira cotra sua boca, a vitimando no mesmo instante. Ian só percebeu o que fizera depois de ver a faca dourada adentrando pela boca de Isabela e saindo pela nuca. O sangue jorrando aos montes, manchando suas mãos. Estava desesperado e amedrontado, tinha que fazer aquilo.

 O corpo de Isabela caiu para o lado, pesado e completamente sem vida. A faca ficou ali, Ian não teve coragem tirá-la. Teria de olhar nos olhos de Isabela, os olhos apagados e sem vida, que ele mesmo havia matado.

 Seu celular tocou alto.

 Acordou do devaneio assutado. Rever aquelas cenas fora como um balde de água fria que ainda o fazia tremer. Aquela noite em especial, que mais questões foram fixadas em sua cabeça, e mais esclarecimento sobre as pessoas que estava se envolvendo.

 Pegou o celular lentamente, preguiçoso. Matar parecia tão fácil quando se falava, quando não tinha-se uma arma em mãos, e não se estava contra a parede com monstros sanguinários.

 Havia ido para casa depois do incidente na loja de Liz, Nina falara que era melhor ele dormir um pouco, para a droga sair completamente de seu sistema. Mas não havia conseguido dormir, os olhos não fechavam. Passou o resto da tarde treinando tiro na mata nos fundos da cidade, e agora, depois de chegar em casa, cansado, estava revisando seus últimos feitos que não se orgulhava.

Viu a mensagem de Tália, se assustou. Lembrou que tinha que a encontrar  ainda.

***

 Nina checou o cartão pela terceira vez, para garantir.

 O endereço era aquele mesmo. Nada muito extravagante, pelo contrário, era bem simples. Uma casa meio afastada que ficava nos subúrbios da cidade, nos bairros menos abastecidos e mais populosos. O movimento na rua era médio, pessoas passavam pelas esquinas e carros pareciam competir para ver quem tinha o som mais alto, mesmo aquela hora da noite.

 As pessoas passavam por Nina e não a notavam, muito menos notavam a casa da CONSULTORA no meio dos dois prédios pequenos. Nas escadarias a frente, estava Luan, sentado, e olhando diretamente para Nina. Aqueles olhos escuros e sem cor, a fitando vagamente.

 — Você veio. — Parecia contente, havia um sorriso em seus lábios pálidos. Ele vestia roupas um pouco mais elegantes, um traje escuro e formal. — Estávamos te esperando a tarde inteira, sabe, você não deu um horário certo.

 Nina não respondeu, apenas acenou com a cabeça e retribuiu o sorriso.

 Seguiu Luan como ele pediu, por uma escadaria curta até chegarem à varanda. Num banco, estavam duas garotas se beijando e desfrutando de um charuto grosso de fumaça rosada. Elas eram selvagens, e mais ainda quando tragavam a droga. Sugavam com vontade, até os olhos revirarem, e soltavam aliviadas, num transe agonizante de se ver.

 Luan abriu a porta de entrada, e Nina viu apenas fumaça. Era uma fumace apenas, uma névoa grossa, cinzenta e pesada. Haviam sombras ali, pessoas que Nina não conseguia ver. Nina tossiu duas vezes, e continuou sem conseguir respirar direito. Sentia a presença de mais bruxas ali, dentre os ordinários drogados. O que aquelas pessoas estavam fazendo ali, estragando suas vidas?

 Em todas as dimensões demoníacas que Nina estudara sua vida inteira, nenhuma era como aquilo. Sentia nojo e pena daquelas almas ordinárias. Homens e mulheres se amavam em sofás, com mãos vorazes e beijos fortes. A maioria dos rapazes, notou, eram ordinários. Enquanto as meninas e mulheres, bruxas em sua grande parte. Nina via suas assinaturas, veias saltando em cores diversas, peles em cores diferentes, rostos escamosos, unhas maiores a ponto de serem consideradas garras e mais uma infinidade que não poderia descrever.

 Viu um rapaz bruxo, que abanava suas pequenas asas escuras num canto, desfrutando de um cigarro e centrado em flertar com uma ordinária.

 Subiram mais um lance curto de escadas. Nina pensou que cairia de lá de cima, principalmente por estar zonza e os degraus não contarem com um corrimão. Mas a mão de Luan era firme, mesmo ele parecendo um zumbi. Ele a levava com cortesia até, tinha de admitir. Com calma, ele abriu a porta de um quarto e deixou Nina lá dentro, evitou ao máximo espiar o que havia lá dentro, e logo fechou a porta atrás da garota.

 Nina ficou estática com a falta de gentileza repentina dele, mas relevou. Ele era um escravo, sendo controlado de alguma maneira por algum tipo de magia suja.

 Eliza estava senda num divã, com as pernas estendidas e um cachimbo entre os dedos. Os cabelos em tons de azuis e roxo estavam apagados pela falta de iluminação decente do quarto quadrado, que contava apenas com o abajur ao fundo para trazer luz por toda sua extensão.

 Nina quase cometeu o erro de julgar Eliza uma garota normal, mas conseguiu perceber os dois chifres, saindo do topo da cabeça dela, escuros na cor do ébano.

 — Então você é a invocadora. — Eliza disse, calma e sem olhar para ela. — É um prazer recebê-la, Nina Vans.

 No meio segundo que demorou para responder, Nina recebeu o olhar gelado de Eliza. Os olhos puxados e escuros como os de um gato eram amedrontadores, e, mesmo que Eliza tivesse a mesma idade dela, parecia ter milênios de experiência.

 — Sim, sou eu. — Nina respondeu, um pouco sem jeito. — Por que me chamou aqui?

 — Oh, querida. — Ela sugou o cachimbo com todo fôlego que tinha, seu peitoral inchou e algumas veias saltaram em seu pescoço. — Você é uma de nós, mesmo que sua vida inteira tenham dito que era diferente, acima de tudo, você é uma bruxa. Achei que seria certo a chamar para comungar conosco.

 Eliza estava certa. Bruxas deveriam se unir, principalmente por traumas já sofridos no passado. Eram um povo sempre vitimado e mau visto pela sociedade, até mesmo pelos infernais.

 — Mikael disse que não posso confiar em você.

 — Aquele hipócrita disse isso? — Eliza cuspiu a fumaça e disse em tom acusatório. — Não me surpreende. Ele falou mais alguma coisa? 

 — Não — Nina mentiu. Mikael tinha deturbado as bruxas, assim como falara mal de todos os infernais, até mesmo de alguns vampiros.

 Eliza gastou alguns segundos pensando nas palavras certas. Nina via o quanto ela era bonita e elegante, com aqueles gestos fios e jeito cuidadoso.

 — Logo quando você chegou, nos tínhamos o plano de trazê-la para o clã. — Eliza começou, não muito entusiasmada. — Mas Mikael colocou as mãos em ti, então recuamos. Nunca se perguntou porque ele te quer tanto? Veja Nina, ele é ganancioso, é óbvio que está interessado nas suas habilidades.

 — Vocês também estão. — Nina replicou, precisa. Os olhos de Eliza se estreitaram, preocupado. — Posso parecer inocente, mas já conheci os mais temíveis demônios, Eliza, poderia tomar chá com eles toda as tardes, se quisesse. Já descobri quando Belzebu tentou me enganar. Sei claramente o que Mikael está querendo.

 Eliza balançou a cabeça em negativo.

 — Está cega, assim como Ian.

 — Não, Eliza. Estou vendo tudo, por todos os ângulos. Trocar você por Mikael é trocar Lúcifer pelo Satã, entende?

 — Não é assim, Nina — Eliza protestou. — Aqui você será forte, muito forte. Sabe do dom que carrega, você é única. Poderá ter o que quiser, se aliando com nós. Somos suas semelhantes.

 — E Caim matou Abel, mesmo sendo seu irmão.

 — Escute, garota. Você deve ficar conosco, ou…

 — Ou o quê? — Nina indagou, forte.

 Eliza abaixou a cabeça e espalmou as mãos.

 — Não, nada. O plano de Hera era usar a força bruta contra você. Quando Luan te convidou, era para ele te sequestrar. Eu o fiz conversar com você. Pensei que seria melhor assim, uma boa conversa civilizada.

 Nina tirou sua athame de uma capa de couro que tinha no cinto, que a blusa larga e grande cobria. Era uma lâmina rústica grande, com escrituras por toda sua extensão. Parecia ser de pedra, por ser escura como ônix. O fio brilhava como uma meia lua. As runas demoníacas ardiam em vermelho.

 — Não ousariam, ou eu convocaria o Nono Ciclo inteiro. — Apontava a adaga de invocação na direção de Eliza, que a fitava, encantada.

 — Então essa é a Lâmina Vorpal? — perguntou, com um brilho nos olhos. A boca fina dela se curva para um sorriso malicioso. — É como dizem as lendas, você é ela…

 Nina abaixou sua athame, estalou a língua. Toda sua vida haviam lhe dito isso, sobre uma lenda, e ela era a escolhida. Odiava ser a messias de um povo, principalmente agora, que todas as invocadoras estavam mortas.

 Sentiu um desconforto abaixo do peito. Sentiu a magia das runas pulsar nas mãos. Era um mau pressentimento, aquela mesma sensação que lhe acompanhara desde quando a noite descera. Algo a ver com demônios, certamente.

 Uma mão forte bateu na porta.

— Eliza — falou uma voz feminina. Era bruxa de cabelos claros, e pele roxa. Os olhos ficaram brilhantes e interessados quando desceram por Nina, até encontrarem a lâmina que ela portava. — Preciso falar com você. É importante.

 — Hera — Eliza falou o nome dela. Nina teve a impressão de que Eliza nutria uma desavença com Hera, pelo jeito que se falavam. Mas se tinham ou não, aquilo não era problema seu. Nina tinha suas próprias coisas para resolver, e sair da teia dos infernais era a primeira. Eliza se levantou do divã, seu vestido azul caiu até o chão, de ceda fina e reluzente — O que foi?

 — É com você, Eliza. — E lançou um olhar hostil para Nina. Aquela era Hera, a bruxa que mandara a sequestrar há dias. — E é muito sério.

 — Não vamos esconder nada de Nina. — Eliza olhou para ela, por cima do nariz. — Isso é uma irmandade, e quero provar isso a ela. O que tiver para dizer, diga.

 Hera revirou os olhos, mas prosseguiu.

 — A atividade demoníaca aumentou essa noite, temo que seja... — ela fez uma pausa. A boca parou, procurando as palavras certas. — o portal, talvez.

 O temor era visível nos olhos escuros e agressivos de Hera. Ela parecia pálida quando soltou as palavras, com um pesar no tom de voz. O roxo desbotava um pouco, deixando as bochechas num magenta degradê.

 — Vocês têm um portal demoníaco? — Nina perguntou à Eliza. Ela o olhou, com um leve sorriso no rosto. Apesar de estar segura, Nina via a boca tremendo e os olhos fundos e perdidos naquela situação.

 — Não é nosso — explicou. Ela acabou com o pouco que tinha do cigarro longo em apenas uma tragada. Respirou fundo antes de soltar a fumaça verde. — É um portal antigo, há muito inativo. Ele não se abriria sem que retirassem seu selo. — Eliza  cruzou o quarto a passos rápidos, pegou um livro numa estante ao fundo. O grimório caiu pesado contra os braços finos dela. Ela folhou as páginas sem sequer passar os dedos, os papéis voavam numa sequência rápida, até pararem numa página específica. Levantou o olhar para Hera. — Alguma de nós tem que ir fechá-lo. Ou a culpa caíra sobre nossos ombros.

 — Sim, Eliza — Hera concordou. — Pelo que sei, Theo foi atacado, e não precisamos de mais lobisomens atrás de nossas cabeças. — Ela saiu da porta. — Vamos logo.

 — Eu vou — Nina se ofereceu. Deu um passo à frente, relutante. Hera lhe olhou com mais desprezo. Ignorando-a, continuou: — Posso fechar qualquer portal.

 — Mas é claro que pode — Os olhos de Eliza brilharam com a proposta. —, Filha de Hécate.

***

 Quando chegou ao bar dos lobisomens, depois de atravessar uma avenida lotada, logo após descer do ônibus, Levi pensava apenas em terminar aquilo o mais rápido possível.

 Por todo o caminho não tirou os olhos de Tati, e com todas as suas forças tentava descascar o feitiço de ilusão que haviam naqueles olhos cor de carvão. Lembravam os de Alex, escuros, mas sempre com um brilho de alegria e esperança. Ela encarava um mundo distante, não parecia estar na avenida lotada de pessoas e carros, que cruzavam rapidamente a todo momento.

 A noite havia acabado de cair sobre a cidade, e, apesar de quente e seca, era repleta de vento.

 Barbara o esperava na esquina do bar, com as costas apoiadas em uma placa. Ela o localizou ao longe na multidão.

 — Ainda bem que veio rápido — disse, aliviada. Os cabelos estavam soltos, caindo numa trança pelo ombro. Tirando isso, e o fato do olhar preocupado, ela parecia a mesma de sempre.  — Ele está muito mal.

 — Ele quem? — inquiriu. Levi tentava ao máximo deixar sua voz amistosa, mas ela saia fria dos lábios. Barbara recuava cada vez que ele abria a boca, que fosse para falar ou respirar. Talvez ela ainda guardasse receio, no dia que Levi quase botou a baixo o bar que ela trabalhava. No dia não notara, mas, depois de horas pensando naquilo, reviu a cena em sua mente. Havia quebrado uma série de copos e garrafas nas prateleiras atrás dela. Engoliu em seco ao lembrar-se da cena, os estouros gelados ainda lhe causando aflição.

 — Explico no caminho, apenas me siga.

 Barbara era rápida, Levi só conseguiu pensar isso no primeiro momento. A jovem dava passadas largas e avantajadas, vencendo o espaço mais rápido do que Levi ou Tati, que estava muito atrás. Ela estava aflita, muito preocupada. Os ombros rijos denunciavam isso, e as unhas ruídas nas mãos também.

 Nos primeiros segundos, ela não entendeu que Tati estava com Levi, e a encarou, pensando que era uma ordinária. Levi disse que ela estava com ele, e era uma espécie de ajudante. De resto, o caminho por um beco — para encurtar o trajeto — fora tranquilo e bem breve. Barbara disse que o licantropo ferido, em questão, era Theo, o mais novo alfa deles.

 — Ele se tornou alfa logo após o novo caçador ter matado seu irmão, Samuel. —  dizia, apressada. — Logo depois começou a investigar uma série de assassinatos que vinham acontecendo com pequenos garotos licantropos também. Ontem a noite ele foi atacado por algo, mas conseguiu me ligar. Acho que foi um demônio. Tem uma ferida horrível no braço dele, acha que pode curar?

Talvez. Levi não respondeu, mesmo querendo. Continuou calado e concentrado, esperando Barbara o levar ao local. Não podia dizer que não conseguiria, acabaria com as esperanças dela, apagaria aquele brilho bonito nos olhos dela. Ela se preocupava muito com Theo. Mas, ao mesmo tempo que queria ir e curar o licantropo, Levi não sabia se conseguiria. Seus conhecimentos em magias de cura eram precários. A única pessoa que curara antes fora Ian, que, mesmo quando Levi não conseguiu realizar com clareza o feitiço, continuou se curando aos poucos, até os cortes no ombro voltarem ao normal. Ficara curioso com o caso do irmão, mas não teve tempo de pensar. Tati e Alex bagunçaram sua vida, além de que teve que aprender a se conter e se controlar para não explodir tudo.

 Subiram por uma escada externa na lateral do bar, o ferro velho e enferrujado ameaçando ceder contra os pés deles. Os estalos eram altos e seguidos.

 — É aqui! — Barbara abriu uma porta e entrou, seguida por Levi e Tati.

 Era um quarto quadrado, com uma cama afastada e alguns moveis fundidos a sombra que era. A única luz entrava pela janela, o amarelado dos postes de luz banhando o tapete marrom. O sujeito estava jogado no chão, amarrado com cordas. Ele tinha espasmos fortes e repentinos, gritava e logo voltava ao normal. Uma espuma branca saia pela sua boca.

 Com as duas paradas ao seu lado, Levi não sabia muito o que tinha que fazer. Foi chegando perto de Theo aos poucos, reparando nas suas características marcantes. A pele bronzeada e rija era marca por marcas e cicatrizes, os cabelos encaracolados anexados a testa pelo suor. Ele revirava os olhos castanhos, deixando apenas a parte branca, de veias tão vermelhas que Levi achou que ele tivesse algum problema de retina.

 Levi buscou seu conhecimento em todas as páginas do grimório de Beth e nas anotações de sua mãe — que achara em um dos armários, no porão. — Os feitiços de cura eram fácies de se fazer, em suma. Mas dependiam muito, principalmente no caso de Theo. Existiam milhares de tipos demoníacos, e Levi tinha que saber qual o mordera, para realizar o procedimento. Enquanto vagava em sua mente, procurando uma forma de fazer um feitiço geral, viu o machucado dele.

 No braço esquerdo, a mancha que achou ser um efeito do jogo de sombra e luz do aposento, era, na verdade, um machucado escuro, que, se não tratado, claramente definharia o braço dele em menos de um dia.

 Levi depositou todas as suas esperanças num feitiço de cura, que unia três dos encantos que poderia usar. As faíscas cor de jade começaram a brotar a esmo enquanto executava a mágica. Enquanto aplicava, mentalizava os feitiços de cura para os demônios mais comuns. Goblins, imps ou espectros.

 Sua energia foi se esvaindo aos poucos. As fagulhas verdes que envolveram suas mãos foram perdendo a intensidade, e vinham com menos frequência. Enquanto sentia o corpo perder o calor aos poucos, e gelando nas extremidades, lentamente, sentia um rastro de sangue escorrendo pelo nariz.

 Parou quando não aguentava mais.

 Barbara correu para não o deixar cair no chão. Ela deixou Levi nas mãos de Tati, e foi verificar Theo. Começou a acariciar a cabeça dele, os dedos se afundando naqueles cachos confusos. Tati colocou Levi em seu colo e limpou o sangue em seu buço.

 Conforme foi voltando a enxergar, fora capitando as feições dela.

 — Está bem? — ela perguntou. Passava os dedos macios pela testa dele, num gesto aleatório. — Você desmaiou.

 — Acho que sim. — Levi levantou o torço, mas continuou sentado. Falava com esforço. Sua prioridade era respirar e recuperar o fôlego perdido. Barbara o olhou, curiosa. — Tive que fazer alguns feitiços, foi difícil, já que não sabia especificamente o demônio que o mordeu. Poderia ter sido um marbas ou um oni, pelo ferimento.

 — Eu poderia ter ajudado — disse Tati, baixo, apenas para Levi ouvir. — Já enfrentei frotas de demônios, reconheceria o tipo, de certo.

 — Por que ele não acorda? — Barbara perguntou, desesperada. A mão dela começou a correr pelo corpo de Theo, rápida e precisa — O pulso está normal, assim como os batimentos. A ferida está ficando pior.

 Levi saltou de onde estava para perto de Theo, e viu que os gritos de Barbara eram verdadeiros. O ferimento, a parte escura estava avançando ao invés de diminuir. Levi olhou para ambas, sem saber o que fazer.

 Theo começou a convulsionar e cuspir uma espuma branca. Barbara gritou para segurarem os braços dele, mas era uma tarefa complicada a se fazer quando Theo era um lobisomem em plena transformação espontânea. Os pelos cresciam e abaixavam pelo corpo inteiro, assim como as garras nas mãos. Os olhos oscilavam entre o âmbar e o marrom apagado. Em um espasmo de dor, acompanhado por um grito rouco, ele jogou um dos braços para cima. O arco de sangue pairou pelo cômodo por meio segundo, e Levi ficou congelado quando viu que o sangue era de Tati.

 Ela caiu para trás, com a blusa rasgadas no ombro e sangue pingando de um corte.

 — O braço! — Tati gritou. Ela estava com uma mão no ferimento, para evitar sangramento grave. — Foi um ravener. Espremam o braço dele, façam o parasita sair pela ferida, rápido!

 Aproveitando o fato de Barbara estar o segurando — por ser a única capaz — Levi apertou o braço grosso de Theo. Não achou que suas mãos finas e ossudas fossem capaz de circular aqueles braços rijos e fortes, mas conseguiu os envolver. Apertou com toda sua força restante.

 Foi automático. A ferida aberta cuspiu uma pequena larva junto com uma secreção de cor escura. Era como uma minhoca no petróleo. Todavia, o pequeno animal não era nada ordinário como uma minhoca. Era uma larva de demônio ravener, com pequenas patas afiadas e micro dentes pontudos.

 Com uma chispa de fogo, Levi o incendiou e o reduziu à cinzas em segundos.

 Levi correu para amparar Tati, enquanto Barbara continuou cuidando de Theo.

 O machucado dela não era nada grave. Levi começou um feitiço para cura, mas a ferida se fechou sozinha. Se assustou com tanta velocidade. Nunca havia visto nada igual. Tati olhou para o ombro, curiosa com o que via. Linhas pretas caiam ombro a baixo. No dia que a achou, Levi as viu quando a alça da camisola escapou. Pensou serem cicatrizes ou marcas, mas, depois de analisar, viu que era uma tatuagem. Os traçados grossos se juntavam com linhas curvilíneas finas, num tribal vistoso, formando uma rosa.

 — Theo! — Barbara falou em tom alto. — Finalmente!

 Levi e Tati foram ver o estado em que ele se encontrava. Ainda estava abatido, isso era fato. O olhar cansado sobre olheiras fundas dizia isso, além de Theo não conseguir retomar para uma postura normal. Ele passou longos segundos olhando para o rosto de Babara, até que percebeu a existência de Levi e Tati.

 Fixou os olhos neles, por um segundo Levi se sentiu muito incomodado.

 Os olhos dele mudaram de cor de repente, passando para um amarelo vívido. Ele rosnou para eles.

 — Calma! — Barbara advertiu, segurando sua cabeça com mais força. — Esse são Levi e Tati. Ele é o feiticeiro que eu te falei, e ela… bem, eles salvaram sua vida.

 — Ela! — disse Theo, entredentes. — Essa tatuagem. Ele tinha uma igual.

 — Ele quem? — Tati perguntou. Estava claro para Levi que nem ela mesma sabia sobre a tatuagem, e que nos dias anteriores não havia reparado.

 — O cara que me atacou.

 — Mas você não foi atacado por um demônio ravaner? — Levi indagou, gélido e sem emoção.

 — Também — a voz dele falhou. —  Esse sujeito, ele estava com muitos demônios. Ele me deixou assim, e deixou uma flor antes de ir embora.

 — Uma flor? — Barbara repetiu.

 — Sim. Uma rosa. Era o que ele ficava repetindo. “Em nome da rosa”. — Os olhos de Theo eram vagos, sem cor, transpassavam o vazio da alma assolada.

Um demônio causaria menos tormento para um ser, Levi tinha certeza


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Notas finais do capítulo

Bem, primeiramente peço desculpas pelos erros que tiveram que ler no texto acima. Cheio de repetições silábicas e não está coeso, de certo. E é por isso que eu decidi dar um tempo, em ambas as fics que eu escrevo. Na verdade, vou continuar postando O Prisma no Wattpad, já que lá eu tenho mais visibilidade. Não é apenas o fato da fic estar má escrita, e sim outros fatores que me desmotivam, e vieram me desmotivando desde sempre.
Comecei a escrever pois não achava nada como o que realmente gostava, então decidi botar minhas ideias favoritas no papel. Fiz isso não só por mim, mas pelas pessoas com gostos parecidos, como a Fernanda, que sempre comenta os caps.
Desculpem pelo texto grande, eu acho que já pedi o foco. CZH vai parar por um tempo. Quero desenvolver isso, tenho ambições como qualquer humano (e infernal suahsuahuas), e não quero que essas estórias que invento morram no word junto comigo, quero as partilhar, de forma grandiosa, como sempre pensei. Aqui e nada está sendo a mesma coisa, e não me levem a mal as pessoas que leem, vocês me fizeram escrever um livro inteiro. Sim, CZH está pronto. Todos os capítulos estão escritos e formatados devidamente. Tenho que acabar de revisar, pois está muito podre a escrita no começo.
Tenho cerca de mais 6 livros para escrever, e nenhum é fácil. Junte isso com meus problemas pessoais e possíveis doenças que eu tenho, e bang, um furacão. Bem, agora com CZh pronto, e daqui a uns meses, revisado, vou tentar a sorte na vida :)
Eu espero que fiquem bem, de coração c:
Para todos que se envolveram com Ian (o caçador inexperiente e inseguro), Levi (o garoto frio e frágil), Nina (a nossa bruxinha cheia de traumas), Tália (que, apesar de parecer durona, carrega o peso do mundo) e Daniel (nosso atrapalhado guitarrista) eu lhes agradeço. Sério, criar esses personagens exigiu muito de mim, e ainda sabendo que vocês gostaram, isso não tem valor (:
Para quem quiser continuar sabendo como as coisas vão ser daqui para frente, me mandem uma mensagem por aqui, trocaremos facebook, ou qualquer outra mídia social. Bem, para aqueles que estão tristes, esse não será o adeus para o mundo dos infernais, onde numa esquina você pode encontrar com uma vampira de batom vermelho. Vocês poderão continuar acompanhando o meu outro livro no wattpad, O Prisma. Depois de término dessa obra, vou publicar CZH, e suas continuações, por lá mesmo. E, enquanto isso, vou terminar outros romances que tenho em mente. Ah, se vocês vierem falar comigo, quem sabe não viremos amigos? Eu tenho uma coletânea de contos, que escrevo aleatoriamente, sem pretensão. São contos que se passam nesse mesmo universo, contando aventura paralelas desses mesmos personagens, se quiserem, posso os mandar alguns, em primeira mão.
Enfim, isso já está grande demais. Todo adeus doí, isso é consumado, mas, de toda dor nasce uma sabedoria. Saber é viver, e viver é experimentar. Eu vivi muito tempo no Nyah! e sei que esse site te leva até um certo ponto, o resto, é com você mesmo. Estou enrolando novamente XD parei!
Para aqueles que forem falar comigo no inbox, e para os que não também, até, meus queridos :3

(Apenas para constar, por hora, a fic vai ficar de pé, não irei a apagar, caso queriam reler. Mas daqui a uns dias, quem sabe, ela pode sumir....)



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