Exile 3: O Renascer escrita por Melehad


Capítulo 32
Capítulo 31: O Mistério do Incêndio: Parte 3...




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Desalento e a ruína da precedência. A catástrofe desfigurada da benignidade e o exílio do imaterial. Algo que uns anseiam e que outros temem extremamente, mas que no final aqueles que o clamam também se apavoram quando sua presença é inevitável. O que sou?”.

A segunda parte do enigma foi dita pela criatura maligna causando, consequentemente, uma maré de desespero em todos nós que implorávamos por algo relativamente mais fácil que o anterior, mas o problema é que o primeiro é sempre o mar de rosas.

—... O que sou? — Fritz termina de ler o enigma para todos os presentes novamente naquela reles saleta repleta de desordem e catastroficamente cercada de um odor que afigurava-se desalento. Novamente a confusão marcou presença em nossas mentes. Começamos a olhar entre si em busca de uma face de entendimento só que apenas se via olhares de incoerência. Aquele não era o único problema, pois se meus sentidos estiverem corretos, a minha alma corrompida lentamente está retornando para me dominar novamente. Este sentimento de repulsão e um pingo de raiva que antes sentia estavam nascendo de novo em meu peito.

De repente, todos pararam de seus pensamentos filosóficos e voltaram seus olhares a minha pessoa. — Então, sábio humano, qual é a resposta desse enigma? — Novamente o SCP-014 resolve me tentar. — Eu não sei e também não sabia o anterior, a resposta foi dada a mim para ser entregue a vocês! — Então onde está essa criatura tão sábia? Deveria estar presente conosco porque pelo menos ela pensa ao contrário de você que apenas fica parado olhando para nós! — Já estava pegando um ódio dele e esse sentimento vil começava a chegar em meu peito. Já estava com meu olhar mudado, sem nenhuma expressão e as veias escuras ao redor de meus olhos estavam vagarosamente surgindo. Ao ver que Alan não estava mais presente naquele momento, Fritz resolveu por um fim a essa discussão de um homem só e com toda força bateu na mesa seguindo até o SCP com uma face séria...

Será que poderia parar com essa briga com ele! — Fritz chegou onde o homem estava sentado e aproximou seu rosto do dele com seu tradicional olhar maníaco que não via desde o nosso último encontro no Exile. A face de Fritz estava voltando ao roxo tradicional e seus olhos pretos com apenas a íris branca demarcava que o velho Purple Man estava guardado em seu interior e poderia ser liberto quando ele quiser. — Quer continuar na sala conosco fique quieto, mas se desejar sair saiba que não voltará mais e se por um acaso você voltar a olhar feio para Alan eu não hesitarei em fazer contigo o que fiz em 1999... — Ao citar a data todos soltaram um pequeno suspiro. Percebi que eles estavam completamente assustados com Fritz e com isso tive minha prova do porque eles tanto respeitam o homem púrpura, eles o temem.

— O que aconteceu em 1999? — Cochicho minha pergunta ao Guardião que estava ao meu lado. — Purple Man pôs contra a parede uma das mais respeitadas creepypastas do Exile, O Hat Man e desde então ele nunca mais foi visto. O que causa medo neles é que eles acreditam que Fritz o matou e isso gerou um temor neles quando eles veem o roxo e aquele sorriso louco dele...Porque acha que ele era meu braço direito em minha ditadura? — Herobrine interrompe.

Fique quieto e isso vale para todos que estão nessa sala, se perturbarem Alan terão que tirar satisfações comigo...

Passaram-se alguns longos minutos e todas as respostas que deram não se encaixavam com o enigma. Falaram tantas em questão que não me lembro de muitas, apenas de doença, o fim e catástrofe (?).

Temos aqui conosco o Guardião, espectro que contém uma biblioteca na cabeça, o Detetive que tem como ajuda os seres celestiais e seu conhecimento, Alan o tão salvador e por que estamos embarreirados nessa confusão? — Jeff The Killer reclama com sua face raivosa.

— Como se fosse fácil eu ir até lá no plano celeste e voltar, eles é que me puxam até lá e mesmo que chegasse, eu não teria acesso a tanto conhecimento — James explica.

Só posso dizer que em meu “mestrado” não concluí enigmas — Mesmo em poucas palavras o Guardião ainda continua sábio.

— O problema desses enigmas não é porque são difíceis e sim porque são fáceis e com isso várias respostas encaixariam nele. Foi uma tacada de mestre colocar essa barreira em nós, pois se os enigmas fossem tão complicados haveria apenas uma resposta e poderíamos pensar mais detalhadamente — Falo e todos concordam.

— Estaca zero... — Purple termina.

Passaram-se mais minutos e já se concluía meia hora. A cada tempo que passava ficávamos mais preocupados por razão de nossa vida estar em jogo e quem lidera esse jogo é essa criatura que tem como mestre o Doppelgänger, demônio ancião com conhecimentos absurdos.

Estava sentado no canto do salão principal ouvindo o tic e tac do maldito relógio, mas que naquela hora desesperadora era como uma sinfonia para meus ouvidos e como uma orquestra para minha mente raciocinar a tão demorada resposta. Olhava para os três cantos da sala com um olhar longe, viajando em minha imaginação quando ela se aproximou e sentou ao meu lado.

— Sabe a resposta? — Falei apenas isso e voltei ao meu transe.

Ele complicou, pode ser qualquer coisa, tantas respostas... — Ela olha em meus olhos e pergunta: — Você está bem? — Não, estou sentindo uma sensação horrível que não sinto desde a minha experiência com Ancestral, quando ele revelou a mim que ele era realmente meu ancestral e que ele era completamente igual a mim. Estou com medo, a cada minuto que se passa sinto a presença dele. O medo que sinto é saber que todos irão morrer menos eu porque ele me quer vivo e irei ver todos desaparecer na minha frente enquanto esse maldito gargalha em meus ouvidos... — Respondo ainda no transe.

Quando eu morri eu tive a chance de ir para a luz me encontrar com Deus, mas eu fiquei com medo e recusei. Minha pior decisão. Eu fiquei vagando pelo limbo todas essas eras observando a evolução e também outras almas enlouquecendo com a solidão eterna e agora você deve se perguntar o porquê de eu não ter enlouquecido como eles. Eu explico, quando estava prestes a surtar eu vi uma luz... era tão linda e bela... e dela veio um homem. Ele me contou que eu tinha um papel, uma missão assim como o anjo falou que a missão dele era você acredito que essa também seja minha missão. O que quero lhe contar é que todos temos uma missão, Alan, e se tudo ocorreu bem até agora, mesmo em momentos impossíveis como você quase morrer empalado em um galho de árvore, quer dizer que vai ocorrer tudo bem até o final só se você quiser... — Ela tinha razão. Eu nunca tinha pensado por esse lado. Tantos momentos em minha vida que pensei que iria morrer e tudo estaria perdido se passaram e isso me mostrou que tenho ao meu lado uma força poderosa e que ela quer que aconteça o final bom, mas eu também tenho que fazer a minha parte...

Bonitas palavras Red — Fritz entra no local possuindo um olhar sereno, um sorriso fraco de canto de boca e repousava suas mãos no bolso do sobretudo roxo. — Essa fala me mostrou um lado que realmente eu não via nisso tudo. Dadas às circunstâncias eu tenho que concordar com uma pessoa que por ser bem antiga detém um conhecimento maior que o meu — Continua ele. Logo após a porta abre novamente e Herobrine adentra o local igualmente ao Purple, com um olhar sereno, porém ele já continha um grande sorriso de confiança. Atrás do ser de olhos brancos entra os outros dois líderes dessa resistência, James que chegou me cumprimentando puxando a ponta de seu chapéu para baixo e o Guardião que apoiado em seu cajado, olhou para meus olhos e me encorajou como todos.

— Só porque você é descendente dele não significa que será igual a ele Alan, ele quer que você se enfraqueça para se sentir seguro porque o único que tem medo aqui é ele... — Aerth entra, de repente me senti um pouco sem privacidade, mas pelo menos eles vieram me encorajar.

— Eu não conheço a origem do inimigo, a única coisa que conheço é a sua raiz e posso constatar que nenhum resquício de Doppelgänger está presente nela. Posso estar errado, mas o que importa é que você é diferente dele e nada os liga diretamente — Ele fala.

— Se por um acaso se sentir triste ou desencorajado fale conosco, converse e nos diga o que sente para livrar seu coração desses sentimentos que o enfraquece, certo? — Aerth termina. Estava me sentindo um pouco melhor e decidi levantar e olhar pela janela. Vi pelo vidro os demônios em volta do prédio parados e quietos, mas por um momento o céu parcialmente nublado se abriu e os raios de sol tocaram a terra deixando-os estranhos. Eles olhavam entre si balbuciando palavras numa língua desconhecida e o principal, eles se moveram. Aerth se aproximou e me contou o que ocorrera:

— Eles sentiram uma presença estranha... — Estranha? — Pergunto. — Estranha para eles porque para mim e você não é, você já sentiu esse sentimento de paz um tempo atrás, certo? — Sim, foi com aquele homem que sempre se vestia de branco e me encorajava, mas por que essa sensação aqui? — Continuo olhando pela janela. — Por que ele está contigo e ficou feliz com sua decisão... — Ele comenta. — Mas eu não falei nada... — Mas seu coração falou e ele ouviu — Era algo muito confuso. Sentia-me meio calmo quando pensava nele, quando me lembrava da primeira vez que o vi lá naquele salão branco onde ele me disse para acreditar sempre e nunca perdera fé. Ele afigurava-se como aquela figura paterna que sempre queria que me pai fosse, pois ele se separou cedo demais e com isso ele fechou seu coração para mim e para as pessoas em sua volta. Eu via no ser iluminado aquela figura sábia paternal onde ensina e guia seus filhos para o caminho do bem.

— Vocês são ótimos amigos, mas tenho que dizer que dadas às circunstâncias o apoio que me dão não consegue derrubar a preocupação e o medo que sinto, mas alegrem-se porque mesmo não tão efetivo, foi algo com que posso me sustentar nos próximos dias... — Herobrine ri baixo e fala: — Esse é o Alan sincero que conheço, ele não tem medo de falar a verdade porque sabe que a verdade mesmo que amarga é melhor que a mais doce mentira — Isso foi uma das poucas coisas que ainda restam nesse corpo cheio de maldade e cercado de morte... — De repente minha mente para e eu percebo algo interessante. Ao longo de seis segundos e meio fiquei paralisado pensando no que acabei de falar e os outros na sala entreolharam-se e até Aerth chega até mim perguntando se estava tudo bem.

— Fritz, qual é o enigma? — Grito inesperadamente. O púrpura começa a passar a mãos nos bolsos de seu sobretudo roxo amarrotado em busca do papel onde escrevera a frase complicada. Logo percebeu que não estava no sobretudo passou para seu terno clássico da década de 50 que ao contrário da peça sobreposta estava bem arrumado. Enquanto procurava o papel o Guardião não aguentou a demora e lembrou-se das palavras falando logo em seguida...

Desalento e a ruína da precedência. A catástrofe desfigurada da benignidade e o exílio do imaterial. Algo que uns anseiam e que outros temem extremamente, mas que no final aqueles que o clamam também se apavoram quando sua presença é inevitável — Após a frase, Guardião olha para Fritz que acabara de encontrar o pequeno pedaço escrito em seu bolso interno de seu terno — Paciência é o mínimo que lhe peço — Fala o homem roxo.

Começo a pensar...

— Desalento e ruína da precedência; precedência é algo que precede no caso, algo inicial... — Inicial como a Criação? — Aerth pergunta, essa era a hora de todos ajudarem para a solução do problema. — Não, não acredito que seja algo relacionado com a Criação, pode ser... pode ser relacionado a nós porque o outro enigma foi dor. O que é a precedência de nós? O que nasce primeiro em nós? — A alma... — Guardião determina. — Isso! Catástrofe é algo acidental, mas não acidental, pois ele fala desfigurada da benignidade e podemos levar à conta de ser algo contrário ao bem — Ele também fala exílio do imaterial, o imaterial pode ser a alma? — Fritz também ajuda.

— Algo que uns anseiam e outros temem, mas que no final todos se apavoram quando surge, certo?... — Minha cabeça estava explodindo, eu realmente odeio pensar e principalmente pensar muito!

Só pode ser morte, outras respostas não fazem tão sentido depois dessa explicação tão detalhada — Diz Herobrine.

— O que nos embarreirava era que queríamos achar a resposta de primeira e não pensar e estudar o próprio enigma em si. Conseguimos! — Meu coração estava aliviado e com certeza mais que absoluta, não só o meu também. Além de achar a resposta descobrimos uma maneira de nos livrar da preocupação do último enigma e consequentemente, o pior e mais complexo de todos.

Com a resposta solucionada a primeira pessoa a ficar eufórica e feliz com certeza foi o Purple, que saiu correndo da sala de entrada para contar a todos que mais um desafio estava parcialmente concluído e que poderíamos relaxar até o badalar do relógio.

Tic e Tac...

Enquanto eles comemoravam eu fiquei na sala de entrada incinerada observando ainda pela janela a hora passar e só saí de meu transe mais ou menos uns cinco minutos antes do badalar da próxima hora.

— Eu não intendo como o barulho desse relógio que antes me causava desconforto agora me deixa tranquilizado e calmo — Falei bem na hora que Red entrou na sala e minha precisão foi absolutamente tão certa que ela levou até um pequeno susto.

Esse relógio me dá calafrios... — Ela se aproxima. —... olhar para esse maquinário fantasma causa em mim uma sensação de angústia — Em mim também às vezes — Red olha pela janela tentando encontrar o que eu estava observando tanto tempo e até pergunta para mim o que chamou exageradamente minha atenção, respondo a ela que é o sol, é o brilho que mais eu senti falta em minha vida. Sempre sinto falta de algo iluminando meu caminho...

Mandaram-me levá-lo até a saleta onde alguns estão reunidos. Você vem? — Vou, estou assim taciturno com esse mau pressentimento que não sai de mim de jeito nenhum. Eu acho que é o Ancestral, ele pode estar nos observando e vendo nossa progressão e consequentemente, me adoecendo para não conseguirmos o que queremos — Falo já me movendo para sair de meu repouso na janela. Ela ergueu a mão direita indicando para ir à frente dela e assim fui. No meado do caminho, no corredor gélido eu fraquejei e minha cabeça turvou-se completamente. Escorei-me na parede e ela assustada tentou me sustentar enquanto eu observava o meu reflexo no vidro da janela. Era eu, mas não era. Era meu rosto, alguém da minha idade, mas tinha o cabelo mais claro e bem grande como se um vento tivesse o jogado para cima. A coisa tinha uma costeleta longa e bem aparada em sua face e suas sobrancelhas eram tão arcadas que ele parecia estar nervoso sempre. Posso ser meio lerdo às vezes só que sabia que aquela era a verdadeira aparência de Doppelgänger quando era vivo e posso constatar que ele é realmente meu ancestral.

— Vá para o inferno... — Falo olhando para a janela. Red não conseguia vê-lo, mas sabia que tinha algo lá me atentando como um tradicional demônio faz com suas vítimas.

Ao chegar à saleta fui recebido com a ajuda de Herobrine que me colocou sentado, porém eu já não me sentia tonto, apenas com o frio na barriga incessante.

Todos me olhavam preocupados, mas o olhar do SCP-014 era o mais estranho de todos. Era um olhar seco – eu sei que ele é chamado de Homem de Concreto, mas é algo pior. Ele não tirava os olhos de mim, contudo, pelo menos não me estressava como antes.

— Algo ruim está aqui, ele não tem tanto poder para usá-lo dentro da barreira então significa apenas uma coisa... ele está nos observando ou algum servo dele está transmitindo sua força através de seu corpo... — Falo e Fritz olha para o SCP-014 sério, mas logo disfarça o olhar para não causar suspeitas indesejadas.

O badalar soa e a lareira da sala ascende causando o caos no recinto. No canto mais escuro da sala surgiram apenas dois olhos macabros na altura de uma criança de cinco anos ou mais.

— Morte! — Grita Aerth raivoso e uma gargalhada infantilmente maligna ecoa em todo o prédio tremendo-o inteiro.

"Acertaram mais uma vez...".

Suspiros foram soltos no final daquela frase e após ele deu seu último enigma:

"O protuberante aríete do sacro gênesis, a Tríade dos Planos, o jazer e nascer do contínuo colapso. Sua hegemonia de liderança é vagarosa e sublime. Suas colunas fortificadas sustentam a Sagrada Criação de Deus impedindo-a de desabar no caos do vazio estático. O que sou?".


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Notas finais do capítulo

Será que o Ancestral conseguiu adentrar na resistência? Ou será que ele utilizou a ajuda de um servo para servir como ponte de poder?
Até...