Exile 3: O Renascer escrita por Melehad


Capítulo 31
Capítulo 30: O Mistério do Incêndio: Parte 2...


Notas iniciais do capítulo

Aviso:
Esse tempo que quase não postei estive pensando em uma ideia aqui... Andei planejando fazer uma fanfic contando a história do vilão do Exile, o Doppelgänger, porque pelo que imaginei seria bom vocês verem o quão inteligente e mau esse ser foi e é. Ele tem um passado bem interessante e até meio complexo. Essa fic não será muito longa para não atrapalhar o andamento dessa. O que acham?



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É lindo, não é? Essa bela vista para as montanhas e a grande floresta — Me aproximo pausadamente até Fritz com as mãos no bolso de meu blazer marrom-escuro – que estava até um pouco velho.

Causa-me um frio na barriga ao saber que apenas por um descuido nosso toda essa beleza jamais será vista novamente por nós e por ninguém... — Chego até ao seu lado e apoio meus braços na sacada balaustrada de madeira olhando para o além da beleza de uma das criações de Deus, o nosso mundo.

— Eu acompanhei as emoções de Herobrine quando ele era nosso líder, ele carregava a montanha de culpa em suas costas agora vejo que ele passou-a para você. O ser de olhos brancos não falou nada desde que chegou, penso que talvez não seja a luta contra Absolen e sim o medo que ele sente ao saber que o final está mais perto do que nunca — Ele vira seu rosto para mim e meio triste pergunta: — Como está ao ver a fotografia? Pergunto mesmo sabendo a resposta... — Como um ser medonho que não consegue nem mesmo reconhecer seu amigo que conviveu desde a infância. Eu tentei várias formas culpar o meu lado demônio de ofuscar meus olhos para não reconhecer a face de Jake naquele monstro, mas eu agora vejo que na verdade eu é que me ofusquei para o mundo... — Sinto muito Alan... — Quando James me contou lá em Croatoan que Jake estava naquela cidade eu tinha esquecido que já tinha o visto antes e não havia percebido que era ele mesmo. Eu o vi da janela lá na rua virado de costas possuído pelo maldito espírito da loucura só que naquela hora eu não sabia nem da existência dele naquele mundo... — Começo a me sentir mal, mas essa não era a hora de fraquejar, tinha que colocar essa culpa para fora porque cada coisa que guardo em meu coração é mais uma fonte de poder para o Ancestral usar contra mim. — Tem como salvá-lo ainda? — A temida pergunta que me atordoava. Tremia minhas mãos só de pensar no que aconteceria se Fritz respondesse negativamente à minha pergunta acarretando em uma quebra de minhas esperanças mais uma vez...

Eu sinceramente não sei, mas eu prometo que irei fazer o que puder para ajudar expulsar Zalgo do corpo de Jake sem feri-lo fisicamente e emocionalmente — Agradeço o apoio Fritz — Essas palavras já mudaram o rumo de meu dia péssimo, porém o que me causava uma certa estranheza era ele ter prometido e só eu sei que promessas que podem não ser cumpridas acumulam grande dor naquele quem as prometeu.

Estava saindo quando lembrei-me do que a voz me pediu para fazer, ela pediu para avisá-lo sobre a criatura que poderia estar entre nós e que provavelmente irá atacar novamente dentro do mais rápido possível.

— Preciso te falar uma coisa... — Ele desencosta-se da beirada virando e ficando de frente a mim para prestar a atenção, mas ao invés de ouvir ele fala: — Sim, você vai falar da mulher que anda conversando contigo, estou certo? — Fico pasmo e surpreso. — O anjo me contou que viu ela na sala quando falou contigo e após você ir embora ele comentou comigo sobre a aparição dela... — Algum problema Fritz? — Não, só estou lembrando que deveria ter ouvido ela há uns dias atrás quando mencionou que o incêndio foi causado por uma creepypasta do lado do Doppelgänger. Essa é a hora que bate o peso na consciência e junto dela o arrependimento. Morreram seres nesse incêndio e a culpa foi minha... — A culpa não foi sua, quem imaginaria que o ser maligno estaria aqui dentro esse tempo todo? O importante agora é ver o que ela sabe para podermos derrotar essa nova ameaça como fizemos com as outras, juntos iremos conseguir.

A conversa que você teve com o anjo realmente te mudou, não é? — Não por muito tempo, então aproveite o momento Alan bonzinho para procurar esse ser misterioso e deixe o Alan mal para quando acabarmos com ele — Ótima ideia... — A fala dele encerra a conversa.

Saímos do pequeno terraço do prédio principal do velho convento e seguimos até a sala de jantar onde, provavelmente, as creepypastas principais estariam esperando o anúncio do Purple Man sobre o incêndio cruel que além de ter destruído parte da entrada do edifício, matou muitos seres que o ajudavam a conter as chamas.

Fritz colocou as mãos nas duas maçanetas de ferro da porta dupla de madeira rústica e em um movimento apenas abriu-a entrando em seguida e, com certeza mais que absoluta, assustou muitos seres dentro do recinto com a surpresa.  A sala estava cheia de seres bisonhos e horripilantes, sentados à mesa estavam o Médico da Peste, SCP-049, que representava os SPCs Euclídeos que estavam do nosso lado, o esqueleto estranho que não reconheci antes, Skin Talker que representavam o Ocidente do Exile, Sr. Bocalarga que mantinha-se pacificamente calmo, fora os outros que não consigo me lembrar dos nomes...

Até que fim, estava ficando com sono... — Fala o Skin Taker.

Os nossos amigos também estavam na sala, Jeff The Killer estava apoiado no canto afiando sua adaga com um olhar inquietante, Jane The Killer estava ao seu lado só que com um olhar mais interessada ao que Fritz iria mencionar e acariciando Smile.dog, Herobrine ainda estava sentado taciturno e quieto como um monge ao chegar no topo de uma montanha para meditar, o jovem soldado, SCP-011, estava colocando pólvora em sua espingarda e assim como Jane parou para prestar a atenção. Aerth estava ao lado direito de Fritz com os braços cruzados e com uma aparência muito melhor já que provavelmente conseguiu recuperar seu poder do Guardião, falando nele, o espectro protetor estava sentado segurando seu cajado e apoiando sua cabeça sobre a arma.

— Não comecem antes de mim! — Exclama o Detetive James entrando na sala correndo com a mão direita segurando seu chapéu para não voar.

Antes de começarmos a reunião tenho que falar sobre... — Ele para de repente e eis que um barulho perturbador ecoou em todo o prédio deixando todos confusos e nervosos. O som ensurdecedor era o badalar do velho relógio que ficava no rol de entrada do edifício e pelo que sei, estava com defeito.

"A cada badalar um mistério surgirá e se não desvendar, as chamas da morte os cercará...".

A voz predominou a sala, a sintonia era rouca e parecia ser uma voz de criança, mas com um toque macabro e assustador a ela. Todos os presentes começaram a olhar entre si em busca da criatura misteriosa que falou essa tão pequena frase e causou um desespero em cada coração dentro do local.

"A aversão incomoda, a penúria se alastra enquanto o perecedouro de sanidade é longinquamente devastador. O que sou?".

O desespero de todos era bem visível. Seus olhos revirando-se uns para os outros na busca de uma resposta era o que mais se via nos seres residentes. Começo a pensar no enigma com todas as minhas forças, penso até mesmo tentar usar o poder de Ancestral para expandir meus conhecimentos, mas o que vejo é apenas a minha pessoa náufraga em um mar escuro de confusões e desespero que é minha mente.

Saio da sala em um desespero interno para não abalar os outros, pois se ele irá falar os enigmas a cada hora significa que temos cerca de vinte minutos para a próxima virada e para o desafio seguinte. Sigo pelo corredor estreito até o salão principal – o mesmo onde ocorreu o incêndio- extremamente preocupado com o horário. O local estava todo chamuscado, o assoalho estava fino e fraco a ponto de ceder ao pisar, as paredes foram atingidas e também foram devastadas, destruindo assim, as madeiras e adornos do papel de parede da igreja. Alguns objetos como uma cadeira e o relógio velho foram as únicas coisas da sala que não foram atingidas, talvez por estarem longe das chamas.

Precisava pensar, pela cara das creepypastas ninguém sabia a resposta do enigma dessa criatura obscura.

— O que será?... — De repente lembro-me dela, a mulher que me falava sobre esse novo inimigo, ela disse que precisaria de minha ajuda, mas por quê? Agora era a hora de perguntar...

— Você está aí? — Apenas uma simples pergunta ao vazio inseguro fez que uma presença conhecida surgisse na sala acarretando no ranger do assoalho e a ressonância do badalar do velho relógio de madeira. Aquele aparelho complexo me deixava desconcentrado e com isso irritado, gosto de barulhos de relógio só que aquele específico era como se suas engrenagens gritassem de ódio ao invés de apenas sons simples de tic e tac.

Estava na sala, Alan, não se preocupe... — Viro-me bruscamente até a janela que estava a minha frente e uma figura surgira lá observando o mundo afora de costas a mim. Era ela. Uma mulher jovem totalmente pálida, mas com olheiras profundas, tinha cabelos pretos como a noite mais sombria e mais bela também, vestia-se com um belo vestido antigo longo e branco – mesmo que algumas partes estavam manchadas com o que parecia ser velhice - todo adornado com rosas de renda e dava a impressão de uma pessoa que viveu no início do século XIX.

— Você... sabe o enigma? — Minha pergunta não saiu muito bem, estava meio abismado com a aparição repentina e acabou que gaguejei um pouco ao soltar a fala.

Ela começa a virar-se para responder e quando fica de frente a minha pessoa percebo algo bem interessante sobre ela... Foi como uma palavra-chave utilizada para minha mente processar as memórias da minha época adolescente para procurar o conto de terror onde ela é citada, qual creepypasta ela é.

— Belos olhos — Brinco com ela, pois eram estranhos. Não havia nada, nem expressões, nem um sentimento que eu possa descrever, absolutamente um vazio sem fim e algo a mais...

— Red Eyed Spirit. É assim que te chamam, estou certo? — Suas sobrancelhas arcaram em um gesto de mau gosto ao ouvir esse nome que é o mesmo que nomeia a creepypasta que li e ouvi falar na minha adolescência.

Essa creepypasta não é contada pela visão dela pelo que sei...

A história narra a chegada de um homem em um hotel após um longo dia de viagem para sua casa. Fazia horas desde que o anoitecer frio chegou e ele decidiu parar em um lugar para descansar por razão de sua exaustão e por causa de seu medo de adormecer no volante e causar um acidente que poderia ser fatal tanto para ele quanto para o outro veículo. O homem observa na estrada escura apenas iluminada pelo seu farol alto uma placa que poderia dizer algo sobre um hotel, motel ou até pousada, mas pelo que ele percebeu, naquele lugar não tinha nada.

Passou um tempo e de longe ele viu uma placa de madeira velha e desgastada que indicava um hotel que até não ficava longe, porém para sua surpresa ficava no interior de um caminho escuro longe da estrada. Cansado e sem esperanças ele adentrou no caminho e logo viu o hotel, era um prédio antigo classificado como do século XIX por ser ricos nos detalhes só que o passado já se foi e a bela arquitetura envelhecida causava arrepios. Ele entrou e pediu um quarto e logo foi atendido, subiu as escadas e chegou até a porta de seu quarto só que ele percebeu algo estranho... o quarto ao seu lado estava interditado e por curiosidade olha pela fechadura outra vez e o que vê no interior do quarto era apenas uma mulher de costas a ele observando a janela...

Após adormecer na cama um choro estranho o desperta assustado e ele conclui que vinha do quarto ao lado. Ao chegar até a porta ele tenta girar a maçaneta, mas nada acontece porque estava trancado, logo após decide olhar pela fechadura novamente e o que vê é apenas uma cor, vermelho...

Já havia amanhecido e ele já estava saindo, contudo decidiu olhar mais uma vez. Ele se agachou e pela fechadura colocou o olho direito e continuava tudo vermelho.

"Ela deve ter tapado o buraco da fechadura com um pano" ele pensa e vai até a recepção. O atendente pega a chave de sua mão e antes de ir embora ele puxa assunto sobre o acontecido. Ao ouvir o que aconteceu o recepcionista se assusta e começa a contar uma história, uma história que dizia que há muito tempo atrás um homem assassinou a sua esposa e sua filha e os hóspedes contam que em madrugadas frias uma mulher aparece no corredor, nada de mais, a não ser seus olhos vermelhos...

A história é diferente de meu ponto de vista, mas não vou reclamar das falácias que falam em contos de terror, pois este é o objetivo — Ela fala. — Passou pela minha cabeça que poderia ser você após praticamente me mostrar isso no nosso primeiro encontro, mas minha memória não está em seu auge ultimamente. Mas pelo menos me lembrei agora — Termino minha fala observando o velho relógio que estava prestes a badalar. — Você sabe o enigma? Por favor, diga que sim... — Ela movimenta sua cabeça indicando um sim para mim e trazendo com isso uma queda em minha preocupação porque pelo menos estávamos salvos – por enquanto.

— Qual é o enigma? — O ser falou que a aversão incomoda, a penúria se alastra enquanto o perecedouro de sanidade é longinquamente devastador. É uma charada de minha época, lembro-me que um amigo meu contou-me, a resposta é dor... — Dor? — Minha mente começa a processar a resposta comprovando a mim que esta palavra realmente faz o sentido condizente à charada.

Vá até a sala onde todos estão reunidos e conte a resposta, rápido, a criatura nos deu poucos minutos! — Ela fala e na mesma hora corro até a porta do corredor e olho para trás a observando desaparecer lentamente até por último sobrar seus olhos rubros que logo após sumiram também.

Ao chegar ao local, todos estavam desesperados discutindo em relação à resposta do enigma e quando digo desesperados digo que estavam quase brigando.

A resposta só pode ser morte! — Grita uma das creepypastas sentadas á mesa junto com Purple e os outros. Esse ser usava um casaco preto meio degastado pelo tempo deixando pontos como as mangas meio acinzentadas, usava também uma máscara azul sem boca e nem os buracos para o nariz, apenas o buraco dos olhos manchados com um líquido preto que escorria de seus olhos por baixo do acessório.

Pode ser tortura... — Fala um homem atrás de todos e a única coisa que podia ser vista é uma estranha e assustadora máscara de urso velha e rasgada.

— A resposta é dor — Falo entrando e olhando para os olhos de todos no cubículo. Repentinamente eles pararam de brigar e de pensar no assunto para prestar a atenção em mim que entrava na sala lentamente. Enquanto alguns cochichavam entre si para analisar a resposta que lhes entreguei, os outros continuavam me encarando com uma face estranha como se não estivessem satisfeitos com minha presença no mesmo interior que eles.

Como assim é dor? Explique para nós como chegou a essa conclusão humano, porque todas as respostas podem estar corretas ao ponto de vista de seu criador — Fala o SCP-014 arcando suas sobrancelhas e respirando ofegante com uma fina presença de aversão a minha pessoa. Agora era o problema, como poderia responder e explicar a todos como a resposta do enigma é dor sendo que a Red não me contou a lógica por trás desse desafio. — Vamos! Explique-nos! — Fecho os olhos e tento pensar no que fez a lógica na resposta, mas nada saía, apenas uma face de preocupação em meu rosto era o que realmente saía. — Viram? Ele não sabe e se não tivesse perguntado iríamos estar todos mortos. Como podemos confiar nele?A aversão incomoda, aversão é um sinônimo para raiva, penúria que significa escassez pode dar ilustração à nossa fraqueza e a nossas forças se esvaecendo e o perecedouro de sanidade não tem sentido de sanidade mental e sim corporal e emocional como a nossa própria saúde, então, dor — Herobrine fala saindo de seu coma filosófico prolongado e explicando o enigma deixando todos – especificamente o SCP-014 – quietos e sem atitude.

Esse até que foi relativamente fácil, agora esperamos o badalar para responder o enigma e nos safar da morte, obrigado Alan pela luz que nos deu ao contar a resposta — Fala Fritz encerrando a reunião e a preocupação que residia em nossos corações.

Estava tudo indo ao caminho certo. Fritz permaneceu a sala até o badalar do relógio velho soar como um sino estridentemente fúnebre de desavença e agouro e quando a criatura surgiu nas sombras e a resposta foi dita o prédio todo tremeu afigurando-se a um enorme pêndulo ao se chocar em algo. O ser acabou com o suspense afirmando que a resposta estava correta e também que este foi apenas o primeiro e consequentemente, o mais fácil. Antes de sumir ele deixou o outro enigma que dizia:

"Desalento e a ruína da precedência. A catástrofe desfigurada da benignidade e o exílio do imaterial. Algo que uns anseiam e que outros temem extremamente, mas que no final aqueles que o clamam também se apavoram quando sua presença é inevitável. O que sou?".


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Notas finais do capítulo

Está começando a ficar interessante esses enigmas...
Até...