Insidious escrita por Bah


Capítulo 1
Alicia Mitchell


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitor, começo aqui mais um projeto e espero de verdade agradar a todos, assim como em Green, minha estória anterior.

O tema abordado será bem diferente e, preciso dizer, violento, mas, ainda assim, jamais isento de romance. Aceito opiniões e dou a liberdade de sugestões. Espero que acompanhem! ♥



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Uma vez, quando eu tinha seis anos, minha prima Betsy se afogou no lago próximo a casa de seus avós.Se eu não soubesse nadar, a teria visto morrer bem em frente aos meus olhos.Mas eu sabia.Essa foi a primeira e única vez em que vi um propósito para a minha vida, o único momento em que tive certeza de que estava no lugar certo e na hora certa.Hoje, doze anos depois, me sinto completamente deslocada, como um animal fora de seu habitat natural.

...

—Alicia!Alicia, está surda?

—Ãh?_Respondi percebendo o quão patética estava segurando um copo e um garfo nas mãos, pensando na vida enquanto minha chefe me chamava por, no mínimo, dois minutos.

—Escute, você praticamente me implorou por este trabalho, eu o confiei a você e é deixando os fregueses irritados que me agradece?Não confunda as coisas, eu sou sua tia, mas também sou sua chefe.Sirva logo esses pratos!

—Eu sei, tia Eleanor, me desculpe, só tive uma noite mal dormida.

—Pois trate de ficar mais ligada, mocinha!

—Não vai se repetir_Eu protestei em voz baixa, mas ela já tinha se virado para gritar no ouvido de outro empregado.

Eu admirava a tia Eleanor, apesar da rigidez.Foi a única a conseguir algo grande na família Mitchell.Começou com uma pequena portinha em um ponto ruim e evoluiu até um luxuoso restaurante de frutos do mar no coração do Maine.Tornou-se a primeira opção de turistas e de moradores que podiam pagar.Era uma boa pessoa, só estava estressada e sobrecarregada, embora não precisasse estar.Tinha dinheiro suficiente para pagar empregados até para conferir as poeiras no piso, mas preferia tomar conta de seu precioso negócio pessoalmente.

O dia se arrastou lentamente e eu voltei para casa exausta como sempre.Joguei meu corpo no sofá e alonguei o pescoço em uma tentativa frustrada de aliviar a tensão.Quase cochilava quando uma mão carinhosa tocou meu braço.

—Querida, não vai jantar antes de dormir?

—Na verdade só percebi agora que estou morrendo de fome_Disse sorrindo.

Enquanto minha mãe me preparava algo para comer, reparei em como ela havia envelhecido sem que eu percebesse.Nunca trabalhou fora, preferiu ser dona de casa cuidando de seus quatro filhos sem nunca reclamar.Até então nunca tinha me perguntado se ela era feliz assim.Eu jamais seria.

De repente, no corredor, Peter surge deslizando em suas próprias meias com um dinossauro de plástico nas mãos, reproduzindo onomatopeias que só ele sabia o que significavam.

—Cici!_gritou ao me ver.

—Oi, meu lindinho!_disse dando-lhe um abraço cansado.

Jantei quase debruçando no prato e fui para minúsculo quarto que dividia com Lilith, minha irmãzinha do meio.Nunca dormia sem tomar banho, mas eu não quis arriscar perder o sono maravilhoso que estava sentindo.Deitei-me e puxei a coberta.

—Cici?Tá dormindo?

Afundei o rosto no travesseiro e não respondi.

—Cici?

—Oi..._eu disse relutante.

—Podemos conversar?

—Não pode ser amanhã?

—É importante!

Sentei-me na cama (não conseguia resistir a sua vozinha suplicante).

—Diga...

—Acho que o papai está doente de novo.

Meu corpo inteiro gelou com aquela frase.Eu sabia o que significava.

—Como...como assim, Lili? Onde ouviu isso?

—Ontem o papai e a mamãe brigaram e eu ouvi alguma coisa de vidro batendo na parede_seus olhos encheram-se de lágrimas e ela tentou ao máximo escondê-las_Acha que vai começar tudo de novo, Cici?

Me levantei e todo o meu cansaço desaparecera.Fui até a cama de Lili, que tremia, e a abracei.

—Você confia em mim, raio de sol?

—Claro_disse esfregando os olhos com ambas as mãos.

—Então acredite que eu não vou deixar tudo aquilo se repetir, tudo bem?

—Vão tirar o papai da gente?

Estremeci diante daquela pergunta.Na última recaída do meu pai a família havia ficado completamente desestruturada (mais do que o normal), a bebida o cegou quase completamente, mas com o pouco de razão que lhe restou, bastou uma conversa franca e os ataques de pânico de Peter para conscientizá-lo, não sendo necessária uma internação.Eu e minha mãe confiamos nele, agora não sabia se poderíamos fazê-lo de novo.Abracei minha irmã e foi tudo o que consegui fazer.Não sei ao certo o momento em que adormeci em sua cama.

Cheguei ao restaurante super atrasada depois de uma conversa franca com minha mãe.Meus fios ruivos e molhados apontavam para todos os lados e não havia sequer um pingo de base sobre minhas sardas.Tentei passar despercebida e colocar meu uniforme o mais rápido possível antes que tia Eleanor chegasse.

—Alicia!_Uma voz firme inconfundível me deteve.

—Oi, eu já estava..._Ela levantou a mão, pedindo para que eu me silenciasse_Nós precisamos conversar.

Sua voz estava oscilante e sua expressão triste.Seus olhos tinham algo que não pude decifrar, mas deduzi que a conversa não seria nada agradável.

Nos sentamos em uma das mesas, já que ainda não havia nenhum cliente e ela clareou a garganta antes de despejar um balde de água fria sobre minha cabeça.

—Estamos em uma crise, querida...talvez a pior de todas.

—Crise? Mas estamos indo tão bem...

Ela deu um risinho debochado que me fez queimar por dentro.

—Não estamos e todos parecem notar, menos você.É justamente por isso que estamos tendo esta conversa.

—Você...está me mandando embora?_Engoli em seco.

Ela apenas abaixou a cabeça e pegou minha mão.Lá estava minha resposta.Tirei a mão educadamente.

—Eu sinto muito, muito mesmo, mas só hoje já dispensei cinco funcionários e...eu preciso manter os meus melhores.

—Como você pode fazer isso?É minha tia, sabe o que eu tenho passado! Preciso deste emprego!_Quis chorar.

—Como sua tia eu sinto muitíssimo e espero que possa me perdoar um dia, mas...

Não esperei que ela pudesse acabar de falar.Arranquei o avental, coloquei-o na mesa e saí torcendo para que as lágrimas aguentassem até que eu pisasse do lado de fora para caírem.

Cheguei em casa e passei direto por meus pais, que assistiam TV de mãos dadas, como se nada estivesse acontecendo.

—Alicia?_Ele chamou duas vezes.Ignorei.

Me joguei na cama, aproveitando que Lilith estava na escola.Era o único momento que eu tinha comigo mesma.Não sabia como contaria a eles, não gostava do emprego, não sabia ao certo o porquê do meu choro, mas queria colocá-lo para fora.

—Posso entrar?_Disse uma voz seguida de três batidas leves na porta.

Não respondi, mas ele, obviamente, entrou mesmo assim.Sentou-se na beirada da cama e acariciou minha panturrilha.

Não entendi muito bem o meu impulso, mas o abracei tão forte que as pontas dos meus dedos perderam a cor.Ele pareceu surpreso.

—Me prometa que não vai acontecer de novo, me prometa!_Implorei entre soluços.

Ele apenas colocou as enormes mãos em meus ombros e me deu um beijo na testa.Também chorava.

—Eu prometo.

Como se estivesse prestes a desabar, saiu do quarto.Assim que ele atravessou a porta me senti uma criança ingênua e indefesa que precisa de promessas vazias.Me senti como Lilith.

Acordei preocupada com o horário, até que me lembrei de que não tinha porque me apressar.Um vazio tomou conta de mim.Contei tudo à família durante o café da manhã.

—O que faremos?_Disse minha mãe com as mãos na cabeça.

Eu esperava que ela me reconfortasse, que dissesse que tudo ficaria bem, mesmo sabendo que não era verdade.

—Cici...seu pai perdeu o emprego ontem.Estávamos contando com a sua remuneração até que ele pudesse encontrar algo para fazer.

Só então percebi a gravidade da situação.Eu precisava fazer algo urgente.Meu pai nem sequer abria a boca e estava claramente envergonhado.Seu bigode ruivo tremia, denunciando toda a angustia que com certeza sentia.Peter comia seu cereal alheio a tudo o que ocorria enquanto Lilith olhava angustiada para todos na mesa.Tentei manter o controle por eles.

—Não se preocupem, eu vou arrumar outro emprego.

—Sabemos disso_ele resolveu se manifestar_mas a comida está acabando, temos que pagar a escola das crianças, minhas...dívidas e não temos um tostão.Vamos ter que recorrer ao Adam.

Adam era o membro que menos havia dado certo na família.Eu tinha apenas nove anos quando as coisas ficaram complicadas, portanto, não sei muito, só sei que herdou o alcoolismo do meu pai, tinha prazer em pichar propriedades privadas e furtar.Foi morar com a namorada igualmente alcoólatra em outra cidade há dez anos e não chegou a conhecer nenhum dos dois irmãos.O assunto "Adam" era proibido e então de repente falavam em pedir dinheiro a ele.

—Vocês estão loucos? Não me deixam nem..._olhei para os quatro olhinhos assustados me fitando e abaixei o tom de voz_queridos, podem comer no quarto hoje?Só hoje, eu prometo.

Lilith pegou apenas o copo de suco e ajudou Peter com o cereal.

—Vocês não permitem que as crianças saibam da existência de um irmão_prossegui_Simplesmente o apagaram de suas vidas e ele fez o mesmo conosco!Vão mesmo ter coragem de dar as caras para pedir dinheiro?Sabe-se lá onde ele e aquela menina de cabelo rosa vivem agora.Deviam ter vergonha!

Mamãe inesperadamente começou a chorar e eu estava com muita raiva para consolá-la.Quando subi vi Lilith tentando acalmar Peter, que chorava com os dedos gordinhos na boca.Fiz algumas brincadeiras, carinho, e foi o suficiente para que fossem dormir.Dessa vez todos no mesmo quarto.

Liguei o notebook e fui procurar por oportunidades de emprego.Todos exigiam qualificações que eu não tinha.Todos menos um.

"Precisa-se de cuidadora experiente em tempo integral.Pagamos bem."

Embaixo havia o número para contato.A frase "pagamos bem" ficou gravada em meu cérebro.Me preocupava em deixar as crianças com uma mãe submissa e um pai alcoólatra para trabalhar em tempo integral, mas isso seria para o bem deles também.O mais perto que já tive de ser uma cuidadora foi no verão passado quando a vovó Willow quebrou uma perna.Ela morreu logo em seguida, mas juro que não teve nada a ver com meus cuidados (que não foram lá muito profissionais).Era minha chance.Eu ligaria no dia seguinte e, se o pagamento valesse a pena, eu me ariscaria a trocar fraldas de um idoso.

Quando o despertador tocou às oito (ainda não o havia desprogramado desde que fui despedida) corri para pegar o celular e ligar para o meu "talvez-futuro-novo-emprego".Uma mulher atendeu:

—Pronto?

—Ãh...

—Alô?_Repetiu.

—É... eu queria informações sobre o emprego que estão oferecendo.

—Ah, é mesmo?! Você tem interesse?_A mulher pareceu se animar.

—Eu preciso saber sobre a remuneração e...

—Precisamos marcar uma entrevista, por telefone falo apenas o endereço.

Marcamos a entrevista para o fim da tarde.Pela voz informal decidi optar por um moletom de lã comprido, calças jeans e all star.Meu cabelo não estava em um bom dia preso no coque, mas a franjinha estava ok.

Meu senso de direção é péssimo, por isso gastei no mínimo vinte minutos para achar a rua certa, principalmente por ficar em um bairro nobre, onde eu não costumava andar.A casa parecia um castelo, o barulho da campainha ecoando por dentro dela me fez encolher.Olhei novamente para as minhas roupas, pensei em dar meia volta, mas já era tarde. Uma bela senhora de cabelos negros e curtos e postura digna da realeza me recebeu, olhou-me de cima a baixo e pediu para que eu entrasse.

—Foi com a senhora que falei ao telefone?_Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.

—Não, foi com Margareth, uma das minhas empregadas.

Ela liderava o caminho e eu a seguia maravilhada com o percurso da sala de estar até a sala de vistas.Cutuquei curiosamente um vaso que provavelmente custava mais que meus rins e quase o derrubei, mas ela nem sequer fez menção de olhar para trás com o ruído que saiu da minha garganta.

—Sente-se_Disse apontando para uma enorme poltrona vermelha em forma de concha.Pegou alguns livros em uma estante e se sentou na minha frente.

—Bom, sou Kimberly Hill e...

—Alicia Mitchell, prazer em conhecê-la.

Ela me olhou com desdém e só então percebi que a havia interrompido.Pigarreei e ela continuou:

—Vou te fazer umas perguntas, tudo bem?

Sua voz era tão firme que quase não havia intonação em suas frases.Não se sabia ao certo quando era uma pergunta, pedido ou ordem.Ela me intimidava.

—Tudo..._Respondi por fim.

—Já teve alguma experiência como cuidadora integral, Mitchell?

—É...já_Ela continuou me encarando na esperança de que eu prosseguisse_É, eu...eu já cuidei da minha v...vontade de me afastar desse trabalho que eu tanto amo, sabe?Já trabalhei em tantas instituições que já até perdi a conta!_Dei uma risada nervosa.

—É mesmo?Em qual, por exemplo?

Eu suava frio.

—Na I..D...F_Disse as primeiras letras que vieram em minha mente.

—IDF?Nunca ouvi falar.Qual o significado da sigla?

—É...Instituição dos Deficientes...Felizes.

Instituição dos deficientes felizes? Que merda eu estava fazendo?

—Engraçado...não conheço.Acredito que não seja bem o caso...enfim, vou te mostrar algumas fotos e te deixar a par da situação da pessoa pela qual vai ficar responsável, tudo bem?

Eu assenti, ainda vermelha pelas mentiras, aliviada pela mudança repentina de assunto.Me mostrou então umas duas fotos de um senhor simpático e forte abraçado ao seu neto.Parecia bem.Fiquei com pena ao saber que hoje precisava de cuidados.

—É seu pai?_Perguntei com os olhos ainda na foto.

—Ah, não, esse era o professor de artes marciais do Oliver.

—Oliver?

—É, Oliver, o meu filho, a pessoa que precisa dos cuidados.

—O...o garoto da foto?

Ela assentiu, ainda organizando alguns livros que eu não sabia o que eram.Estava chocada demais para dizer qualquer coisa.Eu tinha a certeza de que encontraria uma pessoa idosa ou doente, mas por que um garoto saudável o suficiente para fazer artes marciais precisava dos cuidados de alguém?A julgar pela aparência relativamente jovem da mãe e a foto com boa resolução devia ter o quê? Minha idade?

—Ele tem dezenove anos hoje_Disse, como se lesse meus pensamentos_e há dois começou a demonstrar princípios de esquizofrenia.

"Esquizofrenia", "esquizofrenia", "esquizofrenia"

Essa palavra ficou como um eco em minha cabeça.Não devia ter me metido em algo assim.Mal pude cuidar de uma perna imobilizada, quem dirá de uma pessoa com uma doença tão complexa.Estava determinada a ir embora, sair daquela sala deixando apenas um "sinto muito, mas a IDF me chama".

—Nós estamos dispostos a pagar dois mil dólares para que você trabalhe três vezes por semana_Afundei na cadeira_pois o Oliver é um rapaz muito difícil e toma muitos remédios, portanto, sei que não será uma tarefa fácil.

"Rapaz difícil", o que isso queria dizer?Eu corria o risco de tomar uma facada na barriga enquanto dormia?

—Quantas pessoas já passaram pelo cargo?_Perguntei engolindo em seco.

—Cinco só este mês_Disse massageando a têmpora demonstrando o quão exausta devia estar.

Ela me passou dois dos livros e então vi que se tratavam de álbuns de fotos.

—Quero que os estude por um dia antes de decidir se quer trabalhar aqui.A vida do Oliver está praticamente toda aí dentro.A vida antes do incidente, obviamente_ela balançou a cabeça, como se quisesse afastar a dor daquelas palavras_Aí você encontrará seus antigos hobbies, amigos, aspirações...

—E como isso vai me ajudar a lidar com ele nas atuais...condições?

—É importante para mim que conheça meu filho se vai trabalhar com ele.Ele se tornou uma pessoa fechada, portanto, nenhuma informação necessária sairá da boca dele.

Me perguntei se ele não consideraria tudo isso invasão de privacidade. Kimberly se levantou e alisou a saia que já estava fantasticamente bem passada.Deduzi que fosse um sinal para que eu também me levantasse e o fiz.

—Vou te levar até a porta, sim?

Ela abriu a porta e estendeu a mão para que eu a cumprimentasse.

—Então eu estou contratada?Quer dizer...se eu ver as fotos e decidir se quero ficar.

Ela assentiu de modo quase imperceptível.Percebi então que seu olhar era extremamente triste.

Ao chegar em casa mal podia esperar para contar a novidade.Chacoalhei o portão enferrujado até que abrisse e corri para a cozinha.Todos em casa.

—MÃE, PAI!

—O que aconteceu??_Perguntou minha mãe já com a mão no coração.

—Calma, mãe, as notícias são boas_Todos os olhos voltaram para mim cheios de expectativas_Eu consegui um novo emprego!

—Ah, meu Deus, que maravilha!_Disse de braços abertos vindo até mim.O abraço foi sufocante.

—Sabíamos que você conseguiria, minha querida_Disse meu pai alisando meu ombro.

—Em qual restaurante vai trabalhar agora, Cici?_Perguntou Lilith.

—Não é em um restaurante_respondi pegando-a no colo.Estava mais pesada ultimamente_é em uma casa.

—Vai ser faxineira?

Pensei naquela pergunta.Era um bom modo de escapar do tanto de mentiras que havia contado.Sair dessa com mais uma não era lá a melhor das opções, mas ainda sim, melhor que contar que cuidaria de um cara esquizofrênico e, quem sabe, com tendências assassinas, sem nenhuma experiência na área.

—É, mais ou menos isso...como a casa é grande vão me pagar dois mil dólares.

Ninguém pareceu ouvir o resto.Todos estavam eufóricos.

Peter, que antes desenhava alguma coisa sentado no chão, tampou os ouvidos com ambas as mãos e fez cara de choro.Coloquei Lilith no chão e o peguei.Bastou para que o choro não se iniciasse.Seu grau de autismo era leve, mas eu tinha medo de que se agravasse quando crescesse, pois nossa família não tinha estrutura para pagar o tratamento adequado.Era mais um motivo para eu querer continuar meus estudos e me formar em psicologia, mas nas atuais circunstâncias eu não poderia nem pensar nisso.

Subi para o "meu" quarto e abri um dos álbuns.A primeira foto era de Oliver com roupas de esqui, língua para fora e os polegares para cima.Uma mulher morena de lábios exagerados estava ao seu lado.Depois Oliver na praia com uma mão no cabelo exibindo o bíceps.Me perguntei se já havia sido modelo quando me dei conta de que era assustadoramente parecido com o ator Douglas Booth, só que os cabelos negros e compridos e ainda mais bonito, já que algo no rosto de Booth não me agradava.Afastei esses pensamentos ridículos e me concentrei no que devia fazer: Conhecer Oliver Hill.

A mulher morena aparecia em quase todas as fotos: na comemoração do natal, brindando com ele no ano novo na França, ambos com bebidas coloridas nas mãos em festas de socialites e coisas do tipo.A senhora Hill aparecia nas festas mais formais.Apesar do jeito fino e intimidador está mais sorridente e usa mais cor em suas roupas.Um senhor charmoso e igualmente bem vestido está ao seu lado.Supus ser seu marido.Uma das fotos realmente me chamou a atenção: Oliver está no meio, sorrindo autenticamente pela primeira vez e seus pais o beijam ao mesmo tempo, um em cada bochecha.Parecia um cara normal com uma vida invejável, não fosse a tristeza no olhar.

Fechei os olhos e tentei dizer a mim mesma que tudo daria certo.Eu poderia lidar com isso pela minha família.


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