Astra estava quase que travada, não estava conseguindo produzir nenhum som.

– Que foi ruiva? – ele perguntou achando graça da cara dela.

Astra respirou fundo várias vezes e fechou os olhos, numa tentativa de se acalmar.

Quando reabriu os olhos pode ver que ele ainda mantinha o sorriso zombeteiro.

– Tem certeza que quer ir a minha casa? Escuta... – ela tentou falar.

– Escuta aqui ruivinha nem tente me enrolar, vamos tratar desse assunto na sua casa, hoje – ele falou se aproximando dela.

– Não era disso que eu ia falar! Já estou bem ciente das suas condições! – ela falou começando a perder a paciência – Ia falar se tinha certeza, porque vai ver coisas que podem te assustar, e meus tios não sabem dessa história, e eles são um tanto... excêntricos, você vai precisar disfarçar muito bem se eles estiverem por perto.

– Não precisa se preocupar ruiva, lábia é meu sobrenome, agora vamos logo – falou o loiro a puxando pelo braço.

– Como vamos para lá? – perguntou a ruiva, tentando acompanhar os passos apressados dele.

– No meu carro oras – o loiro respondeu como se fosse a coisa mais simples.

Astra abaixou a cabeça de vergonha. Nunca tinha entrado no carro d qualquer rapaz, nem de Will que várias já tinha oferecido carona para a casa dela. No caminho para o estacionamento a ruiva olhava para os lados para ver se ninguém os via. Sabia bem da confusão que seria.

– Pode relaxar ruiva, eu esperei que a escola estivesse vazia para falar com você – falou o loiro vendo o nervosismo da ruiva.

Astra assentiu e continuou acompanhando o loiro, quando chegaram no carro dele, não pode deixar de ficar impressionada com o carro dele, um belo Camaro preto com listras vermelhas. Mas por mais legal que fosse, ainda sim achava que era muita coisa para usar para ir a escola.

– O que achou? – perguntou o loiro.

– É bonito, mas é ostentação demais pra se usar só pra vir na escola – falou a ruiva simplesmente.

O loiro a encarou por alguns segundos, surpreso, ela era a primeira garota que não ficava encantada com o carro dele, isso porque ele tinha outros, aquele era o mais “modesto”, geralmente quando uma garota via um de seus carros já começava a dar em cima dele, ele sabia perfeitamente que caso não fosse rico ou tivesse os carros caros, não teria pegado nem metade das garotas que tinha pego.

“Pelo visto essa ruiva é fora do comum, será que... ” pensava o loiro “acho que dará certo, as duas são parecidas”.

Christopher abriu a porta do carro para que ela entrasse, Astra entrou desconfiada, sem olhar para ele, o loiro rapidamente deu a volta no carro e a ruiva o direcionava, em poucos minutos eles chegaram, a casa dela.

Era um sobrado, embaixo ficava o antiquário dos tios dela, em cima era a casa, o sobrado não era nada demais, não era luxuoso, mas também não estava caindo aos pedaços.

– Não tem cara de casa de bruxa – ele comentou, enquanto Astra abria a porta do antiquário.

– Nós mantemos algumas coisas enfeitiçadas para que os não bruxos, não vejam, daria muita confusão – ela explicava, dando passagem para que ele entrasse.

Christopher entrou e olhou ao redor, aparentemente não via nada demais, na maioria via protetores de sonhos, moveis e artigos de decoração antigos, não via nada de assustador.

– Bem antes de mais nada preciso lhe dizer algumas regras de magia – ela começou – primeiro é proibido usar feitiços ou poções para matar alguém, assim como é proibido usar para torturar alguém... – Astra começou.

– Calminha ae ruiva, te disse que não iria pedir que fizesse esse tipo de coisa, quero duas por hora: poção do amor e uma auto - estima ou confiança, o que for melhor – ele a cortou.

– Escuta... poções do amor não funcionam como vocês pensam, a poção em si não traz o amor, a poção só abre o caminho, mexer com os sentimentos das pessoas é perigoso e pode ser mortal – ela explicou.

– Então uma poção de atração pode ser?

– Bem... isso da pra fazer – ela falou – e para quem é a poção de confiança, porque eu sei para você é que não é.

– Bem espertinha você, bem... antes quero saber uma coisa, essa poção de confiança funciona como a poção do amor?

– Bem por aí, sabe essas poções apenas limpam o caminho para a pessoa, mas traz o amor a elas, ou quem fica confiante são elas mesmas, sabe uma das coisas que mais irritam nas pessoas que não são bruxas é que elas acham que magia poderia resolver tudo, mas não funciona assim, usar magia envolve riscos e também comprometimento, usar um feitiço ou fazer uma poção sem prestar atenção pode trazer prejuízos catastróficos – ela falou irritada.

Christopher ouviu tudo, e entendia bem o que ela queria dizer, e viu o motivo pela qual ela nunca usou magia para se defender das garotas que caçoavam dela. Astra era boa, simples assim, o loiro percebeu que a ruiva além de ser boa, tinha medo de ferir alguém mesmo que esse alguém não fosse bom, “esse deve ser um dos motivos de ela não ter me transformado num sapo”, isso si só já causou uma certa empatia do loiro pela ruiva, mas não deixaria que ela percebesse.

– Bem veja se eu preciso pegar alguma coisa para as poções, mas antes de você fazer a poção de confiança, quero que conheça a pessoa para quem a estou encomendando – ele falou.

Foi nesse momento que Elizabeth, tia de Astra chegou, ela tinha saído para comprar algumas coisas para o jantar e ficou surpresa quando viu sua sobrinha com um belo rapaz loiro de lindos olhos verdes.

– Quem é esse Astra? Seu namorado? – perguntou ela inocentemente.

Astra ficou quase que da cor de seus cabelos, e olhou pelo rabo de olho para o loiro e viu que ele estava com uma feição relaxada e um sorriso zombeteiro.

“Agora sim deu merda total” pensava a pobre ruiva.