E agora, Legolas? escrita por Primadonna


Capítulo 8
VII: O primeiro amigo


Notas iniciais do capítulo

OI MOOOOORES!
Dessa vez eu fui rápida, sim? Sim! Eu agendei o capítulo e posso estar um pouco desatualizada quanto às informações de vocês sobre o último, mas desde já quero agradecer a todos que comentaram porque eu fiquei muito feliz!
Bom, como eu havia dito, estou tentando parear a história original com a fanfic e vocês vão captar uma coisinha aqui dentro. Se você assistiu apenas ao filme d'O Hobbit, deixe-me esclarecer uma coisa: tudo indica que Legolas ainda era beeeem novinho quando tudo aconteceu. Em O Senhor dos Anéis, quando Bilbo aparece bem (quase, não é mesmo senhor Um Anel?) velhinho, Legolas ainda é novo, talvez não nascido. Difícil saber. Enfim, apenas Thranduil participa da Batalha, não há menção do nosso elfo preferido 3 só para deixar bem claro e não causar furdúncio, é importante saber.
Ok, fim da enrolação e bora pro capítulo! Espero que gostem tanto quanto eu, especialmente do nosso novo personagem que até agora foi apenas mencionado. Boa leitura!



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Nove anos

Os livros eram feitos de pergaminhos amarrados uns aos outros por cipós resistentes como madeira. Mestre Taranthiel fazia de tudo para que todos ficassem empilhados de forma correta em sua pequena sala, separando-os pela escrita — desde a linguagem élfica até às palavras dos homens — e pelos relatos que contavam. Há alguns meses, quando Thranduil partira para uma guerra que estavam chamando de Batalha dos Cinco Exércitos pelos arredores, o elfo mais velho havia prometido a tutoria ao primogênito do rei. A tarefa não era tão difícil assim, mas prazerosa.

Legolas havia crescido e amadurecido bem e já tinha quase um metro e meio de altura. De um garotinho que vivia correndo pelos corredores do castelo deixando as criadas e soldados loucos, já estava se tornando um elfo bem mais velho do que a sua idade. Ao contrário do que era antes, agora balbuciava poucas palavras. Não sabia-se se era pela troca constrangida e precoce do tom de voz ou se ele simplesmente perdera o interesse em falar. Entretanto, não deixava a curiosidade passar despercebida e era por isso que Taranthiel valorizava tanto a presença do herdeiro da Floresta Verde — ou Floresta das Trevas, como insistiam em apelidar.

— Interessante a Guerra dos Silmarils, não é? — Perguntou o mestre, desviando o olhar dos próprios pergaminhos para observar os cabelos loiros bagunçados de Legolas atrás do livro.

— É… — Legolas murmurou alguns minutos depois, virando todas as páginas para fechar o livro. — É um pouco vago, na verdade. Algumas palavras não fazem muito sentido.

— Um pouco profundo demais para um rapaz como você, devo dizer. A nossa língua, quenya, está desgastada. Você pode ler outras vezes, como eu fiz, até compreender o que está abrigado dentro das páginas.

— O senhor leu? Mas o meu pai diz que o senhor é o elfo mais inteligente de toda a Terra-Média!

— É exatamente por isso que seu pai diz que sou o elfo mais inteligente de toda a Terra-Média — piscou o mais velho entre uma risada, negando com a cabeça. Legolas franziu a testa e olhou para o livro, determinado a relê-lo desde o começo depois daquele dia, empurrando-o para o centro da mesa. Queria ser tão inteligente quanto Mestre Taranthiel, assim como queria que seu pai dissesse o mesmo sobre ele.

Naquele instante, uma memória acendeu-se na mente do loiro. Se lembrava do dia em que seu pai havia partido com a primeira geração do exército que começara a formar quando ele ainda era um bebê. Havia prometido se comportar para o pai para lhe dar orgulho quando voltasse. Mesmo que a guerra envolvesse todas as espécies da Terra-Média, ele sabia que Thranduil voltaria para casa e não tinha desconfiança alguma de que ele era o elfo mais forte e corajoso que já havia conhecido em toda a sua vida, e era toda aquela coragem que ele gostaria de ter.

— A hora de ir já passou. Deseja ficar mais um pouco? — Mestre Taranthiel tirou Legolas de seus devaneios.

— Não, obrigado. Eu tenho, huh... algo para fazer. — O príncipe alegou, se levantando rapidamente. — Até amanhã, Mestre — despediu-se para então sair da sala, deixando seu tutor um pouco curioso e sem se valer por aquilo.

Legolas quase caiu duas ou três meses enquanto corria para fora do castelo, tentando se recuperar o mais rápido que podia para não chamar a atenção de ninguém. Verificava incessantemente os corredores por cima dos ombros para ter a garantia de que ninguém estava sendo vigilante a seu respeito. Teve a graça de estar livre; àquela altura, já imaginava que alguém desconfiava sobre o que ele vivia fazendo com o amigo rebelde pela floresta.

Vejam bem, não era por maldade. Taurino sempre fora colega de Legolas desde que o filho do rei lhe rasgara a perna com uma pedra pontiaguda para chamar a atenção do pai. Depois que ele se recuperara, a frequência dentro do castelo havia diminuído de forma bruta. Legolas detestava as outras crianças pelo simples fato de não entender porque elas choravam tanto, possivelmente por ignorância de não saber bem como era o mundo lá fora, afinal, a permissão para sair que seu pai lhe dava era rígida e ele nunca fora longe o suficiente. Até agora.

Sem ressentimentos, Taurino era uma ótima companhia. Filhote de elfo ousado, diziam os soldados. Estava sempre no lugar errado na hora certa, fingindo ser um grande explorador como os que Mestre Taranthiel contara para os mais novos em outros sóis. Os cabelos negros e curtos também não ajudavam a melhorar seu conceito: enquanto alguns elfos deixavam os cabelos longos por costume, alguns afirmando a sua glória, Taurino vivia passando facas pelos fios quando eles ameaçavam lhe cobrir os ombros. Individualista, porém, o elfo moreno pouco se importava com o que diziam-lhe ou com as broncas que recebia. Era natural para um elfo ser super comportado e gracioso, mas não para ele. Mal sabiam os outros que tudo aquilo era pelo fascínio que sentira quando avistou o primeiro grupo de homens em sua vida arrastando-se como selvagens em uma estrada. Aquilo sim havia sido admirador.

Depois de embair todos por entre as colunas do castelo, Legolas passou por uma fresta entre os muros — que ele logo não passaria por mais por conta de sua altura — para encontrar o amigo entre as árvores. Não caminhou muito para chegar ao local combinado, marcando exatamente trinta passos. Olho ao redor, tentando escutar algum ruído ao mesmo tempo, quando fora surpreendido por um baque no chão seguido de um barulho improvisado de corneta.

— Legolas Greenleaf chega, após a tardança, ao campo de batalha! Representando o reino da Floresta Verde com seus cabelos loiros tecidos pelo bicho-da-seda e a coragem de um orc! — A voz fina de Taurino ecoou, levantando os dois braços como se glorificasse Legolas. O susto que havia preenchido o príncipe fora despistado logo em seguida por uma suave adrenalina que o motivou a esticar os braços assim como o elfo diante de si. — Você demorou hoje.

— Sinto muito. Acabei lendo demais hoje.

— O que foi hoje? — Indagou o moreno, curioso, enquanto tirava de trás das árvores duas espadas de madeira.

— A Guerra dos Silmarils. É um pouco estranho.

— Ah, meu irmão já me contou sobre essa guerra — Taurino pareceu-se animar um pouco ao falar do irmão, que naquele exato instante, representava a Floresta das Trevas no exército de Thranduil. Ambos, Legolas e Taurino, possuíam a única família longe naquele instante. — Eu não me lembro bem, mas parece ter sido divertida. Gostaria de ter participado. — Lamentou. Legolas apenas desviou o olhar para a outra espada, esticando a mão para pegá-la.

— O que nos chama hoje? — Desviou o assunto, um pouco desconfortável com o pedaço de madeira.

— É um mistério, meu caro. — Taurino começou a andar afrouxando a pose e sendo acompanhado por Legolas. — Não achei nada rentável. A maioria dos soldados estão fora e o senhor Poeyn — mencionou um velho elfo que cultivava amoras por ali — disse sério que iria me dar de presente para os anões caso roubássemos outra vez.

— Vamos ficar de guarda outra vez em cima das árvores da fronteira? — Legolas pareceu desanimado com o prospecto, suspirando alto.

— É a única alternativa, ou vamos ficar andando pela floresta até escurecer. Vamos, talvez tenhamos sorte hoje para ver alguns orcs no horizonte! — Taurino pareceu animado, não querendo voltar para casa tão cedo.

— Pode ser — o elfo loiro se rendeu ao pedido.

Os dois elfos correram pela floresta, fazendo das árvores terríveis trolls, dos pássaros enormes dragões e um pequeno riacho havia se tornado uma tempestade. No final da trilha, ensopados escalaram grandes árvores com tremenda facilidade, se posicionando nos troncos mais largos que conseguiram encontrar. Ao contrário do que a perspectiva lhes sugerira, não avistaram nada além de fumaça ao longe e algumas águias levantando voo.

O sol estava se pondo e as primeiras estrelas estalaram o céu, indicando que já era hora de voltar. Antes que Legolas pudesse incentivar o amigo a ir embora, sentiu algo pesado envolver-lhe o peito.

— Acho melhor irmos — chamou, olhando através do tronco. A expressão de Taurino, todavia, não era benévola.

— Legolas… Quando os elfos não querem morrer, eles não morrem, certo? — Perguntou, pegando o destinatário de surpresa.

Ele não sabia. Nunca havia parado para pensar no assunto. Ele franziu a testa, desviando o olhar para o horizonte outra vez. Sua mãe havia morrido e sabia que os pais de Taurino também. Aquilo significava que os parentes perdidos tiveram opção de ficar mas optaram por ir embora?

— Eu… Eu acho que não. Você acha que seus pais teriam morrido se pudessem ficar? — Devolveu a pergunta, tentando parecer lógico e ao mesmo tempo esperando o que ele pensava, também em dúvida. Taurino apenas balançou um ombro, olhando para baixo.

— Não quero perder meu irmão também — murmurou, balançando as pernas. — Pelo menos confio no rei Thranduil.

— Eu também — Legolas sentiu-se feliz com a declaração, embora um pouco chateado sem razões explícitas para si mesmo. — Não se preocupe. Se algo acontecer, você pode morar no castelo. O Mestre Taranthiel vai te mostrar todos os livros dele e nós vamos poder ser heróis de verdade! Seu irmão pode vir também. — Tentou animar o amigo.

— Fala sério? — Taurino abriu um sorriso radiante, preparando-se para pular da árvore.

— É claro que sim — Legolas fez o mesmo movimento, saltando antes dele. — Quem chegar por último vai limpar as botas do senhor Poeyn!

— Ei, espere! Você está roubando, filhote de anão! — Taurino gritou logo atrás dele, seguindo-o pela trilha de mato entre risadas, esquecendo-se da incerteza por alguns momentos.


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Notas finais do capítulo

OIE, OLHA EU DE NOVO! E então, o que acharam? Espero que tenham, realmente, gostado. Deixem seus comentários com teorias, conversinhas, opiniões, sugestões, elogios ou críticas! Até um simples 'gostei' ajuda, hein? Beijo, até a próxima!



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