"I miss you like crazy. Do you miss me?"

— Alô? — Vinícius finalmente atendeu ao telefone após o sétimo toque.

—Te acordei? — perguntei ansiosa, a ligação caíra tantas vezes na caixa postal que eu estava prestes a desistir.

— Não, não. Eu estava... Acho que estava vendo Hannibal. E aí? Tudo bem com você? — sua voz soava tão doce quando falava comigo.

Conectei o fone de ouvido no celular e deitei no chão gelado.

— É que acabei de encontrar uma foto nossa e lembrei-me das coisas lindas que costumávamos fazer. Só que eu acho que eu nunca poderia ter o suficiente, não é? — falei logo antes que o arrependimento resolvesse aparecer.

— Olha Lorena, nós terminamos há um tempo e eu acho que não vale...

— Ei, espera. É que eu sinto sua falta loucamente.

Eu desejava poder ouvir seus pensamentos. Será que ele pensava em mim?

— Ah Lore, nós já conversamos sobre isso. Não acho que seja adequado que você me ligue quando estiver se sentindo assim. Não nos ajuda em nada.

—Sabe, eu fico me perguntando se você pensa em mim e depois me pergunto se eu conseguiria falar com você. — ignorei o fato de estar sendo quase dispensada. É que eu precisava mesmo, dois mil corações estavam quebrando dentro de mim e a sua voz sempre me levava para longe da escuridão.

Ele não me respondeu e seu silencio me atormentava ainda mais.

— Eu sei que você sempre diz que o diabo é uma noite solitária e agora eu entendo que realmente é terrível passar esse tempo todo sozinha. Vem dormir aqui. Eu deixo a luz acesa.

— Lorena, tá tarde, não acha?

— Você disse que quer ser meu namorado. — não consegui mais reprimir o choro.

— Eu estava bêbado, Lorena. — usou uma justificativa um pouco ridícula.

Eu sabia que sim, mas na hora me pareceu tão sincero. Não dizem que os bêbados sempre falam a verdade?

— Quando você aparece eu me sinto tão bem que penso umas duas vezes antes de te deixar ir embora. Você também sente minha falta, Vinicius?

— Acho que você deveria parar de me ligar. — Vinícius disse e eu não consegui odiá-lo.

— Eu não posso fazer nada. — limpei os olhos com as costas da mão.

— Por que não pode?

— Eu sinto o impulso e disco seu número.

— É sério, Lorena. Você bebeu? — perguntou, mas eu não consegui identificar se era preocupação ou divertimento.

— Não. — respondi magoada.

— Vinícius, você sente a minha falta? — perguntei segundos antes que ele desligasse. Eu tinha a absoluta certeza de que por mais que negasse, ele sentia sim a minha falta.