Ainda era uma loucura, como tinha sido desde o momento em que Phillippe disse “Sim”.

Quando voltassem para Southampton, seus colegas, os irmãos e Gunther diriam exatamente isso. Porém, o pai, em toda a sua sabedoria de amores afogados, diria que era uma loucura necessária para acalmar um coração em tempestade.

Enquanto Nathaniel atravessava a prancha – com todo o donaire que os capitães têm – entre Valente e o navio espanhol, ele o admirava da amurada. Perguntou-se se acaso o pai teria obtido tal prazer e encanto nos modos de seu corsário, meio século atrás.

– Lorde Harrison – Linho chamou sua atenção, segurando a espada em riste. – É melhor entrar. A luta vai ficar pior agora.

Phillippe viu um marinheiro espanhol perder uma orelha e outro ter a barriga aberta num jorro de tripas e sangue. Assentiu para Linho, deixando-se ser guiado até a cabine do capitão.

Pareceu demorar uma vida entre o som de gritos e o clangor de armas e a porta da cabine sendo aberta. Nathaniel veio com um ombro da camisa rasgado, sujo de sangue e cheirando a suor e valentia. Um sorriso malicioso brincava em seus lábios.

Phillippe soube logo que, oh, teriam uma noite de almirante.