Um boato está correndo pelas ruas, um rumor complementado por fatos verdadeiros.

Assassinatos por toda a cidade, não se sabe quem é o culpado, mas é claro que a imaginação das pessoas já se deu o trabalho de criar o suspeito perfeito a partir de fragmentos de noticias esburacadas.

Tudo o que o assassino deixa na cena do crime é uma marca de beijo na bochecha da vitima, o que fez a maioria envolvida pensar que é uma mulher.

Um homizio descarado.

A divulgação disso foi como jogar pão para cães famintos, todos estavam criando histórias como loucos, um pisando em cima do outro para conseguir o pão, ou o palpite que chamasse mais atenção.

A descrição mais famosa é a que atrai mais clientela, mais dinheiro, menos fome em tempos difíceis.

Uma mulher bela de longos cabelos negros e ondulados, seus olhos como jabuticaba, pretos e deliciosos. E sua marca registrada, o vermelho que banhava seus lábios carnudos.

Uma dama perdida em sua perversidade.

Mas afinal do que saberia eu, uma plebeia sem estudos a escutar rumores.

Deveria me concentrar nos meus afazeres.

Olho para o céu, já está de noite.

Espero o espetáculo, enquanto retoco meu batom escarlate.