Você me encara, esperando uma resposta. Não sei se é sua intenção jogar charme para me convencer, mas com certeza você está jogando charme. É um desperdício, no entanto, pois eu iria contigo para qualquer lugar sem você insistir muito.

Talvez eu seja um tanto quanto ingênuo. Até posso ouvir a voz de minha mãe a admoestar meu comportamento descuidado.

– Tem um amigo meu aqui – digo, olhando para as pessoas ao redor da menina que canta.

– E tem uns meus. Nós voltamos antes que eles percebam.

Você parece tão despreocupado que eu fico tentado a parar de hesitar. Mas não posso deixar Gustavo perdido no sarau. Não quando ele me arrastou até ali e graças a ele podemos conversar.

– Não sei se é seguro deixá-lo sozinho. O cara é tucano.

Você solta uma risada e se aproxima, puxa meu braço.

– Então ele que é uma ameaça.

Registro o contato de cinco segundos de seus dedos em volta de meu antebraço com satisfação antes de você se afastar, esperando que eu te siga. Sua mão é quente. A transferência térmica ocorre por condução.

Tiro o celular do bolso da bermuda e mando uma mensagem para Gustavo. Então vou atrás de você.